Uma sala de aula, vários alunos e seus grupos de amigos conversavam animadamente nas manhãs.

O anônimo sentado em seu canto podia ouvir tudo. As risadas; as conversas que envolviam todo tipo de assunto; as palavras idiotas; as pessoas que pareciam idiotas, mas todas se divertindo.

O anônimo sorria às vezes com as graças deles, porém de longe.

Estava ali, ouvia e via tudo, mas quase nunca era visto e nem ouvido. Nem pelos adultos. Tinha que elevar um pouco a voz.

Estava vivo o mesmo tempo que todo. Mas não sabiam de sua existência e nem sequer se interessam em saber sobre sua vidinha sofrida e entediante.

Seu nome... Ah seu nome... Chamado pelos adultos para confirmar presença. Nome tão esquecido que sempre tem que dizê-lo para a mesma pessoa.

Nunca presente em fotos ou vídeos. Um completo desconhecido. Jamais participando das brincadeiras, momentos felizes. Sempre longe das pessoas. Muitas vezes por falta de coragem ou por estar pensando em suas próprias dores.

Muitos o julgavam como alguém sem graça; idiota; falso; estranho.

Mas se enganam muito aqueles que pensam que o anônimo gosta de ser assim, na verdade ele odeia!

Sua boca quase sempre era silenciosa e discreta, mas seu cérebro não.

— HEY, EU ESTOU AQUI, ESTOU VIVO! — Era o que sua mente gritava.

Em todo lugar, o anônimo era apenas o anônimo. Andando em meio ao sol cujos raios evitavam iluminá-lo. Vivendo frente aos olhos de todos, que não tinham visão para enxergá-lo ou ignoravam.

Mas o que as pessoas não sabem, é que ele também é vivo e tem sentimentos. Deseja ser visível.

Assim ele apenas segue sua vida.

Afinal é apenas um anônimo, mas vivo.