Father father

What have you done done done done

You made a monster and now I gotta run run run run

Papai, papai
O que o você fez, fez, fez, fez?
Você criou um monstro e agora eu tenho que fugir

Três meses haviam passado desde a guerra que havia devastado a todos. As manchas de sangue que Lord Voldermort e seus seguidores haviam deixado ainda eram visíveis por todos os lados, os horrores da guerra eram vividos todos os dias de novo e de novo. Hogwarts estava sendo reconstruída. Mas isso não era nada. A guerra não havia mudado só a paisagem, também havia mudado todos no mundo bruxo. Os aurores caçavam incessavelmente os ex-comensais da morte, sem chance de julgamento os comensais estavam fadados a morrer se achados e todos aqueles que os ajudassem teriam o mesmo destino. Draco se encontrava naquela situação há muito tempo, correndo de vilarejo em vilarejo, parando em bordeis sujos e bares clandestinos, a culpa não era dele, mas a marca em seu braço era agora um passe livre para o tumulo. Tudo porque seu pai lhe arrastara para aquele mundo sem chance de dizer não. Tudo porque Lucius havia feito dele uma cópia fiel de si. E agora Draco tinha que fugir de todos e de tudo... Talvez não de todos.

Darling darling

You know I never meant to drag you down

Standing at the bar with your scars and your lonely heart

So lets leave this dead end town

Querida, querida.
Você sabe que eu nunca quis te chatear
Ficando no bar com suas cicatrizes e seu coração solitário
Vamos embora dessa cidade imprestável

A morena no bar parecia mais velha, mais cansada, ela parecia mais cansada a cada encontro. Draco sabia que uma hora ou outra ela cansaria de correr atrás de um comensal, de ser deixada para trás quando o sol chegava, de ser tratada como uma qualquer. Mas ela não era qualquer uma, não, ela nunca fora qualquer uma. Ela era Hermione Granger. A bruxa mais inteligente da sua idade, a nascida trouxa mais encantadora que Draco já tinha visto, e agora naquele bar sujo, com um sobretudo preto e um copo de uísque ela parecia ainda mais linda. Aos poucos o garoto se aproximou dela se esgueirando para o banco do lado dela com a agilidade de uma cobra. A garota estremeceu, ele pode ver isso, mas não o olhou. Era sempre assim, ela ficava chateada com ele por ter saído antes que ela acordasse, então o achava de algum jeito e corria mais uma vez atrás do sonserino e mais uma vez era deixada para trás. Draco sabia que era errado brincar com a garota daquele jeito, mas era melhor para ela, quanto mais cedo desistisse dele mais cedo poderia encontrar alguém que a merecesse e seguir em frente.

- Granger.

A voz soou rouca e baixa, como um sussurro preguiçoso, mesmo sendo caçado, mesmo abatido, o garoto não perdia o charme que as garotas amavam. Hermione rolou os olhos.

- Malfoy...

A voz da garota não era firme, não era rouca, era apenas um fiapo, uma incerteza, ele podia ver a batalha dentro da mente dela. Ela podia entregar o garoto quando quisesse, mas preferia a companhia dele por motivos que não ficavam claros para Draco. Hermione nunca tinha motivos claros para Draco, mas mesmo assim ele adorava tê-la. A mão dela tremia enquanto o copo era enchido, os olhos cinzentos do garoto a observavam com atenção, como um predador observando sua indefesa presa.

- Para onde vamos?

Uma pergunta simples que fez o loiro sorrir de lado e pegar a mão da garota.

- Para longe daqui...

If I if I run away with you tonight tonight

We can make the wrongs feel right so right

We could do some damage

Fuck me in the paris lights

Se eu, se eu fugir contigo hoje à noite
Podemos fazer os erros parecerem certo
Podíamos fazer algum estrago
Trepe comigo sob as luzes de paris.

As risadas ecoando pelo quarto eram a única coisa que fazia Draco seguir em frente, se ele podia ter ela, nem que fosse por uma noite por semana, então ele podia viver, talvez um dia a esperança da garota se tornasse verdadeira. Talvez um dia os comensais seriam absolvidos de seus crimes e eles poderiam ser felizes. Não, isso não aconteceria, ambos sabiam que eram sonhos de crianças imprudentes. Crianças imprudentes suadas e ofegantes em uma cama luxuosa sob as luzes de paris. Uma linda cidade para um amor tão feio. Um erro cometido o tempo todo. Hermione sabia disso, sabia que se fossem pegos seriam mortos, mas estar nos braços de Draco parecia ser tão certo, como se fosse destinada a se aninhar com o loiro. A olhar pela janela e pensar que a noite poderia não passar.

- Você vai ficar? Quando eu acordar ainda vai estar aqui?

A garota sabia a resposta, mas ela esperava ouvir a mentira de sempre, para poder dormir com um pingo de esperança. A morena sentiu o peito de Draco subir e descer enquanto ele respirava fundo.

- Sim, só durma, eu não lhe deixaria sozinha em uma cidade tão romântica...

Uma risada baixa e cansada foi solta por Draco.

Babe babe
I never looked so gorgeous on your arm
Wearing last nights dress like a hot hot mess
All our money’s gone gone gone

Querido, querido
Nunca pareci tão linda em seus braços
Vestindo a roupa de ontem à noite, bagunçada e gostosa
O dinheiro acabou

Paris fora deixada para trás, NY fora abandonada pelo casal e agora a Londres bruxa era a única coisa que lhes sobrara. Perigosa e sedutora a cidade era a única coisa que lhes trazia uma sensação de paz. Os olhos de Hermione se apertaram e abriram aos poucos, o calor de Draco não tinha saído de seu lado, mas o dia havia chegado. O rosto do loiro não era mais o rosto de um príncipe da sonserina, agora as feições haviam ficado duras, os cabelos loiros estavam crescidos, assim como a barba. Os lábios rachados traziam certa sensação de pena a Hermione. Ela sabia que o garoto havia acabado com toda a fortuna que havia resgatado da mansão Malfoy, ela sabia que cedo ou tarde ele se cansaria de correr e se entregaria. Seu coração apertou com o pensamento de Draco morrendo, ela morreria junto, não no sentido figurado. Não no sentido “uma parte de mim morrerá”, ela realmente iria morrer com ele, havia decidido isso há muito tempo. Decidira isto no momento em que as noites haviam se tornado em dias, quando as semanas haviam se tornado meses e quando finalmente os meses se tornaram um ano todo. Uma fuga que parecia interminável. E que talvez estivesse chegando ao seu trágico fim.

When the night is young and we look 25 but we’re sweet 16

Can I be the one to turn your nightmare into a dream?

When the night is young and we look 25 but we’re sweet 16

Can I be the one to turn your nightmare into a dream?

Quando a noite é uma criança e aparentamos ter 25, mas temos doces 16.
Posso eu ser quem transforma seu pesadelo em sonho?
Quando a noite é uma criança e aparentamos ter 25, mas temos doces 16.
Posso eu ser quem transforma seu pesadelo em sonho?

O vestido de Hermione era longo, vermelho e decotado nas costas, não que isto importasse para qualquer coisa. Ela estava linda, como uma rainha dos anos 50. As luzes batiam no rosto da garota refletindo as lágrimas da mesma. Draco sabia o porquê do desespero, era o fim. Para ele e para ela. Por um momento desejou ter vestido algo melhor que um moletom e uma calça jeans velha. Mas ele iria morrer, então porque se preocupar com sua vestimenta? Os gritos de ameaças foram ouvidos pelos amantes antes mesmo que os aurores alcançassem os dois. Hermione abraçou Draco, as lágrimas molhando a camisa do garoto. Em sua mente algo gritava para correr, mas os braços da morena pareciam tão quentes e macios, não havia motivo para sair dali. Os dois se olharam, os dedos finos e longos de Draco limparam gentilmente as lágrimas de Hermione.

- Eu te amo.

A voz de Draco estava embargada, era a última oportunidade de dizer aquilo a ela, e ele não perderia isso por nada.

- Eu te...

A frase foi cortada por gritos de feitiços, maldições da morte para ser exato. Não ouve gritos de dor, ou lamentos. Apenas o baque surdo dos corpos de Draco e Hermione no chão frio e duro.

I put my high heels on so I’m closer to god

Tonight we’re gonna dance till the devils drop

And I need someone need someone

To stop me stop me

Stop me stop me

Stop me stop me

They can’t stop me stop me

Stop me

Coloquei meu salto alto e estou mais perto de Deus
Hoje nós vamos dançar ao som do tambor do diabo
E eu preciso de alguém, preciso de alguém para
Para me parar, me parar
Me parar, me parar
Me parar, me parar
Não podem me parar, me parar
Me parar