– Samantha e Castiel por favor venham até o palco! - O apresentador comandava e um tumulto de pessoas cercaram a minha volta menos Ambre que pude ver no fundo sentada e parecia aborrecida, o resto estava aplaudindo e gritando, eu caminhava em direção ao palco sem muita consciência do que estava fazendo, acho que aquela bebida estava fazendo efeito. Dei um passo em falso e me desequilibrei, também com aquele teor de álcool pulsando no meu sangue e aqueles saltos, era um milagre eu não ter fraturado uma vértebra ainda. Alguém segurou minha cintura por trás num instinto protetor pra que eu não caísse, me virei e vi que era Castiel, murmurei um obrigada enquanto ele me acompanhava até o palco.

– E a música que o público escolheu hoje é... - O rapaz anunciou enquanto nós nos posicionávamos em frente aos microfones. Eu estava nervosa mas Castiel ainda parecia confiante e seguro. Meu estomago revirava e minha cabeça começou a doer, doer tipo muito.

– Castiel... - Eu o chamei e ele me olhou assustado

– Meu Deus Sam você está branca, tá tudo bem? - Ele parecia realmente preocupado, mas de repente eu não tinha mais força pra nada e tudo fico preto. Droga, porque eu nunca escuto meu instinto de vai dá merda.

POV SAM OFF

POV CASTIEL ON

Estava tudo bem, subimos no palco e ela parecia um tanto nervosa, mas nada de mais, o público estava alvoroçado, o apresentador falava alguma coisa quando Sam me chamou com a voz fraca e eu a olhei espantado, ela estava pálida.

– Castiel... - Ela não parecia nada bem, o ar saiu dos meus pulmões eu a olhei preocupado

– Meu Deus Sam você está branca, tá tudo bem? - Foi tudo o que eu consegui falar, o público já percebia que alguma coisa estava acontecendo, os gritos pararam enquanto ela desmaiava e eu a pegava no ar.

Tudo o que eu pensava era em tirá-la daquele lugar, olhei ao redor com ela em meus braços procurando o melhor caminho entre a multidão de pessoas que agora se perguntavam o que tinha acontecido, mas eu não ligava, só me preocupava com ela, não importava o que estivessem pensando.

– Ehhh pessoal parece que a nossa vencedora, abusou demais e resolveu terminar a noite! - O Apresentador falava na maior calma, um fdp mesmo, mas não tinha tempo pra discutir o que ele falava ou deixava de falar. - Parece que Castiel será o grande vencedor de hoje! - Ele anunciou.

– Cala boca! Não ligo pra esse prêmio idiota! - Disse isso saindo do palco com Samantha no colo.

O pessoal então começou a aplaudir e gritar coisas do tipo "Isso sim que é homem!" mas eu não prestava atenção, era como se eu estivesse programado pra fazer aquilo naquele momento, protege-la e só, ela era leve, parecia somente um peso extra em minhas mãos. Abri passagem entre as pessoas e a coloquei deitada, sua pele estava gelada eu tirei o casaco sem pensar e o coloquei sobre ela ao mesmo tempo em que os outros se aproximavam. Rosayla com uma cara de preocupação, Lysandre parecia desapontado com rumo que a noite estava tomando e Nathaniel... Bem, Nathaniel parecia que ia me tirar dali de perto com uma voadera a qualquer minuto mas ignorei, estava ocupado demais pra isso.

– Ela vai ficar bem? - Rosayla perguntou se aproximando da amiga.

– Creio que é só uma reação ao álcool, vi ela bebendo uns drinques que Alexy ofereceu - Tentei explicar, enquanto um Alexy bêbado chegava com as mãos assustadas cobrindo a boca.

– Santo Deus do Glitter! Eu prometi que não ia deixar nada acontecer! - Alexy estava bêbado e bem dramático.

– Calma mano ela tá bem - Armin tentou ajudar. - Ele tá chapado vou leva-lo pra casa. - Ele falou conforme Alexy começava a falar umas coisas sem sentido, aquilo estava ficando cada vez mais bizarro.

– Eu posso leva-la - Nathaniel ofereceu e eu o encarei.

– Não! Tá louco! Você tem que ME levar! - Ambre gritou atrás dele, e seu rosto se transformou em frustração, até que a Ambre ter vindo serviu pra alguma coisa.

– Eu levo. - Falei decidido, nada de bancar o herói hoje representante. - Eu estou de carro, e moramos no mesmo prédio, eu levo. - Afirmei olhando pra Nathaniel.

A peguei com cuidado colocando o casaco em volta, já com ela em meus braços ia saindo em direção ao estacionamento, ela ficaria bem eu sabia, ela tinha tomado muito daquela coisa que o Alexy trouxe. E não a vi comer nada.

– Ei cara toma cuidado - Lysandre me avisou, e eu assenti com a cabeça. Não sei como podia dizer isso, mais eu simplesmente não poderia fazer nada pra machucá-la muito menos deixar outro fazer isso.

Depois de coloca-la no meu carro, sentei no lugar do motorista e puxei o carro para o tráfego, olhei o no rádio onde o relógio marcava três horas da manhã, o céu era negro e o ar lá fora tinha cheiro de chuva, as ruas da cidade eram iluminadas porém poucas pessoas se arriscavam naquela hora. Parei em um semáforo e pude olhar pro lado, ela dormia pesadamente, seu rosto era suave enquanto ela se acomodava dentro da minha jaqueta, eu sorri ao ver aquilo ao mesmo tempo em que a luz verde acendia e eu seguia o rumo até o prédio.

Só quando parei em frente a sua porta que me dei conta de que tinha esquecido de pegar suas chaves, ela estava sem bolsa e sua saia não aparentava ter nenhum bolso. Droga Castiel! Só me restou abrir a porta do meu apartamento, sei que isso iria parecer meio estranho quando acordasse, mas o que eu podia fazer?!

Eu a depositei cuidadosamente em minha cama, tirei seus sapatos e puta merda não conseguia imaginar como alguém podia ficar tanto tempo em pé com uma coisa daquelas, puxei o edredom por cima dela, peguei uma calça de pijama, um cobertor e um dos travesseiros que tinha na cama e a deixei dormindo enquanto eu ia de volta pra sala, onde coloquei o cobertor e o travesseiro, olhei pro sofá e soltei um irônico "olá cama". Tirei aquela roupa e vesti a calça que tinha pegado, deitei no sofá e apaguei mesmo estando o mais desconfortável possível.

POV CASTIEL OFF

POV SAM ON

Acordei com a claridade em meus olhos, olhei ao redor e percebi que não estava no meu quarto, droga eu não lembrava de nada! Era um quarto com paredes vermelhas e uma preta que era coberta de pôsteres de diversas banda, era o quarto de Castiel sentia seu cheiro no travesseiro, mas como eu fui parar ali? E onde ele estava?

Fui tomada por uma dor de cabeça latejante, e a vontade de vomitar, os apartamentos costumavam ser iguais então corri até a porta que seria o banheiro. Puta merda não dava acreditar naquilo, eu estava de ressaca na casa de Castiel. Percebi que ainda estava com a mesma roupa da noite passada, pelo menos tinha certeza de que nada tinha acontecido entre nós. Saí do quarto com passos cautelosos e me deparei com a melhor cena da história! Castiel só com uma calça pijama, concentrado enquanto preparava alguma coisa no fogão, ele parecia habilidoso como se fizesse aquilo desde sempre. Era a cena mas sexy que eu já havia presenciado, fique só admirando por uns segundos, tinha que ter certeza de que lembraria de cada detalhe depois.

– Oi. - Falei chamando sua atenção.

– Oi, a bela adormecida acordou! - Ele disse se virando pra me ver. - Toma. - Ele falou me entregando o que parecia ser uma roupa.

– Pra que isso? - Eu perguntei confusa, calma ai cara tem alguém de ressaca aqui e uma dor de cabeça horrível.

– Bom se quiser continuar com sua roupa... - Ele respondeu voltando a atenção pra comida, que estava com uma cara ótima.

Voltei ao quarto e coloquei a roupa que ele havia me dado era uma blusa de moletom gigante que chegava até o meio das minhas cochas, andei de volta à cozinha e Castiel parecia surpreso ao me ver, até parecia que estava apreciando a paisagem me olhando da cabeça aos pés, eu corei ao perceber aquilo. Olhei em volta e vi um ipod conectado ao alto-falante caminhei até ele imaginando as preciosidades que ele escondia, as músicas favoritas, as que ele mais escutava...

– Posso? - Perguntei apontando pro aparelho.

– O prazer é seu. - e eu abri um sorriso ao escutar aquela frase, passei o olho por todas as playlists, tinha umas trocentas músicas e eu parei em "With or without you" e deixei tocar.

– Vai precisar disso. - Ele colocou um copo de água e um comprimido em minha frente. Nem precisava saber pra que aquilo servia, minha cabeça doía demais e necessitava de qualquer coisa que se chamasse de remédio. Pensei nisso enquanto tomava o comprimido e acabava com a água do copo. Em seguida ele pôs um prato com panquecas na mesa, pareciam maravilhosas na verdade, mas não pensava em comer nada naquele momento.

– Não acho que vou conseguir comer alguma coisa no momento. - Falei encarando o prato.

– Bom o problema aqui bela adormecida, foi que ontem você bebeu demais e não comeu nada, e agora tem um comprimido fervendo ai dentro, então acho melhor você comer se não quiser passar mal de novo. - Droga! A explicação dele fazia sentido, sentei e comecei a devorar aquelas coisas nem tinha me dado conta da fome que eu tinha. Como assim?! Estavam muito boas! Ele cozinhava muito bem tinha que admitir.

– Hum, isso aqui tá bom demais - Falei entre uma garfada e outra, ele me olhava com um sorriso.

– Que bom, também estou impressionado com essa sua habilidade, como cabe tanta coisa ai dentro hein? - Ele me provocou e retruquei com uma cara feia.

– Então, como vim parar aqui? Não me lembro de nada. - Perguntei olhando pra ele.

– Não? Do que se lembra?

– Bem, lembro de subir no palco com você e puf uma vazio na minha cabeça - Falei fazendo um gesto com as mãos.

– Nós estávamos no palco e você simplesmente ficou muito branca e desmaiou... - Ele explicou

– E por que me trouxe pra sua casa? - Eu perguntei curiosa pra saber sua resposta.

– Só quando cheguei aqui percebi que não tinha pegado suas chaves e você não tinha levado nenhum tipo de bolsa, então só me restou te trazer pra cá. - Ele disse acabando a história e limpando o prato.

– Entendi - Falei lembrando que tinha deixado minhas chaves e meu celular na bolsa de Rosayla. - Deixei minhas coisas na bolsa da Rosa - Esclareci pra ele, enquanto um cachorro já conhecido meu pulava encima de mim.

– Oi rapaz! - Percebi ele tinha uma coleira e no pingente seu nome estava escrito. - Dragon, um bom nome pra você. - Falei o acariciando e lembrei de Kia, merda merda merda... Como eu pude esquecer completamente dela, ela não podia ficar tanto tempo assim sozinha.

– Castiel, posso usar seu interfone? - Comecei a ficar inquieta precisava entrar naquele apartamento, ele acenou com a cabeça conforme eu discava o número da portaria. - Aqui é a Samantha do 302 eu estou sem minhas chaves e queria saber se vocês têm uma reserva?

– Sinto muito senhorita, mas a chave reserva foi entregue a você quando sua tia viajou. - O porteiro explicou e meu rosto se fez em preocupação.

– Hum ok obrigada mesmo assim. - Disse isso colocando o aparelho no gancho.

– O que foi? Eles não tem uma reserva? - Castiel me olhava

– Parece que a minha chave era a reserva. - Expliquei. - Preciso ligar pra Rosa tudo bem se eu usar seu celular? - Ele assentiu com a cabeça apontando o celular que estava encima da bancada, disquei o número de Rosa na esperança de que ela atendesse.

– Alõ? - Ela falou com uma voz de sono.

– Rosa! Sou eu Sam! Minhas chaves e meu celular ficaram na sua bolsa noite passada, preciso da chave pra entrar no meu apartamento. - Eu expliquei de forma rápida e um tanto resumida.

– Hum sim, eu estou no apartamento de Lysandre você pode vir aqui pegar - Ela disse com a voz sonolenta, mas sinceramente não fiquei mal em acordá-la.

– Ok, estou indo. - Falei desligando o celular e o entregando a Castiel que analisava cada movimento meu com cautela.

– Ela está no apartamento do Lys, vou lá. - Avisei já no caminho da porta.

Só quando cheguei no elevador que percebi que estava só com aquele moletom que não cobria quase nada, só restava torcer para que eu não topasse com ninguém no caminho.

– Que roupa é essa? - Foi a primeira coisa que Rosayla disse ao me ver.

– E o que você tá fazendo aqui hein? Disse que não tinha nada sério rolando - Revidei, ela estava só de calcinha e sutiã com um blusão por cima.

– Longa história te conto tudo depois - Ela sussurrou e eu sorri já sacando o que rolava entre os dois.

– Estava na casa de Castiel porque estava sem minhas chaves - Falei olhando pras minhas coisas que estavam em sua mão.

– Que?! Como assim? - Ela perguntou curiosa agora e eu ri.

– Longa história te conto tudo depois. - Imitei ela, e ela fez cara feia enquanto me entregava as coisas. - Murmurei um obrigada e sai dali antes que mais alguém me visse naquele estado.

Tinha que voltar ao apartamento de Castiel pra pegar minha roupa que havia ficado lá. Fiz meu percurso de volta, e ele me atendeu quando eu bati na porta.

– Humm.. É que eu preciso da minha roupa de volta - Pedi, e ele me deu um par de saltos que eu havia usado e minhas roupas.

– Obrigada.. Eu quero dizer por tudo, por ter me ajudado (e praticamente me abrigado e cuidado de mim enquanto eu simplesmente desfalecia em público). - Falar aquilo soou mais estranho do que parecia até pra mim mesma.

– O prazer é meu mulher-maravilha - Ele respondeu sorrindo, com uma frase que tinha usado no dia anterior quando me deu uma carona de moto, eu sorri sem pensar deixando sua porta e voltando pra minha.

Assim que entrei no que era pra ser minha casa, Kia correu pra me ver, eu a acariciei, pedindo uma desculpa telepática que esperava que ela entendesse. E de repente aquele lugar não parecia ser meu, lembrei o quanto tinha me sentido a vontade no apartamento ao lado onde agora eu conseguia escutar a música alta recomeçando e de repente eu queria comer aquelas panquecas de novo,e de repente eu sentia aquele cheiro no moletom, e de repente eu queria ter visão raio-x e atravessar paredes... E de repente eu só queria voltar pra lá...