League of Legends: A História Não Contada escrita por Gustavo3450


Capítulo 14
Arco III - Veigar - Além da Morte


Notas iniciais do capítulo

O capitulo demorou para ser lançado, pela falta de tempo para poder escrevê-lo. Peço desculpas a todos e espero que gostem. Boa Leitura.



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Arco III - Veigar

Capítulo 4 - Além da Morte 

Uma fração de segundos e era o fim... O palácio voador de Syndra se desfez em pedaços sob uma explosão de luz púrpura, sobre chamas de magia, lado a lado em um único momento.

                Veigar foi lançado por uma das janelas que permaneceu de pé até aquele momento, onde um corpo a atravessa seguido de uma explosão mágica. Ferido, exausto, inconsciente, Veigar havia usado todo o poder que lhe restara e isso ocasionaria em sua morte.

Seu corpo despencando em queda livre, rodopiou após bater contra alguns pedaços de parede, vigas, partes do castelo que viajavam mais rapidamente rumo ao novo lar na terra firme.

                E sob um segundo... O ultimo segundo de vida consciente, onde Veigar foi capaz de abrir seus olhos negros mais uma vez... Viu ao seu lado alguém que teve orgulho de chamar de amigo. Morgana despencava com suas asas envolvidas pelo fogo negro que a consome e a perece em um sonho eterno.

Até agora... Sobre um suplico arfar de vida, Morgana desperta dos sonhos da morte e expulsa as chamas que consomem suas asas, para uma vez mais, erguer vôo.

Ao bater de asas negras, queimadas pela magia, penas são deixadas para trás, enquanto tudo o que seus olhos são capazes de ver é a luz negra... A escuridão eterna de um pós-vida, mas então... Uma luz diferente cria um caminho para sua alma.

                O coração de Veigar ainda pulsa fracamente, enquanto sua alma luta para não definhar e essa batalha que acontece dentro de seu corpo, é a luz que guia os olhos envolvidos pela escuridão de Morgana.

Envolvido em seus braços, Veigar é acolhido por um anjo de asas negras, cabelos longos e roxo como a magia das trevas, enquanto seus olhos cintilam um tom parecido de magia... Cega parcialmente, Morgana os leva até a terra... Seja lá onde estejam, estariam seguros por enquanto.

                Destroços do palácio continuam a atingir o solo com voracidade, destruindo as poucas arvores que persistem em se manterem de pé, a colina verdejante está deserta e agora possui um novo detalhe para seu contemplar de sua beleza. As ruínas do palácio voador de Syndra, juntas em sua maioria, mas algumas partes insistiram em pousar longe de seus familiares, criando pequenas crateras.

O zumbido... A dor... A queimação sobre seus olhos... O oxigênio lutava por abandoná-la, enquanto Morgana se recusava a voltar a dormir. Suas mãos apoiadas contra a grama verde, seus joelhos trêmulos impedindo que seu corpo despenque, a visão turva de um mundo caótico lhe eram tudo que sobrará.

                Morgana podia sentir no fundo de sua alma... Seu ódio por Kayle era tudo que a mantinha de pé. Não se sabe ao certo o que aconteceu segundos antes da explosão, mas ela sentia... O poder de Syndra fluindo por suas veias... Morgana foi banhada por magia negra e isso fez seus olhos tornarem-se grandes globos de luz púrpura. Se um dia Veigar olhar em seus olhos novamente, não encontrará a pessoa que conheceu... Tudo que enxergará será uma versão distorcida de uma anja traída, do qual seus olhos derramam magia em forma de lágrimas.

— Veigar... – Sua mão se força a alcançá-lo, mas foi como um estalo, um despertar para a realidade... A mão tremula tinha vontade própria, com os dedos em torno do pescoço do Yordles inconsciente, seria fácil terminar o serviço. – Não... – A anja se força a se afastar, caindo para trás com olhos arregalados, enquanto lágrimas luminosas escorrem por seu rosto... Mas não são lágrimas, são resquícios de magia que transbordam.

— O que está acontecendo comigo...? – Observando com temor a palma de suas mãos tremulas, Morgana observa a transformação de suas unhas perfeitas em malévolas garras negras. E então, vem a dor... Um grito agudo de sofrimento e a marca em sua testa queima até as profundezas de sua mente.

                Suas asas bateram forte e rapidamente ergueram seu corpo do chão, afastando-a daquela terra deserta e destruída... Sob o sol ás suas costas, a imagem do pequeno Yordles desvanecia a medida com que ela se afastava. Sozinho ele morrerá. Ela pensava e tinha razão, mas Morgana havia sido corrompida pelo poder de Syndra e assim como a Imperatriz, ela sentia cada aspecto de seu corpo clamar por poder.

— Me desculpa Veigar... Mas eu não posso mais acompanha-lo. –

                E sob suas ultimas palavras, Morgana desaparece voando rumo ao sol do fim de tarde, abandonando o pequeno Yordles e tudo o que deixarás para trás foi uma lembrança... Uma pena negra que se recusou a seguir com suas irmãs e assim permaneceu ao lado do rosto de Veigar, como uma mensagem a se entregar.

...

 

                Seus olhos se abrem para o vazio... Veigar despertará em um mundo de trevas, onde tudo é negro e esfumaçante, como se uma constante corrente de ar cortasse o mundo, mas se ela o faz, ele não a sente.

O pequeno Yordles olha ao seu redor em busca de algo, de alguém... Morgana! Sua voz ecoa como no interior de uma caverna, mas sem resposta. Olá?! E nada.

                Seus passos calmos e firmes caminham sobre aquelas terras de escuridão, seus olhos viam a grama sem cor, mas mesmo que a tocasse com a ponta de seus dedos... Ele não as sentia. Seus ouvidos, Veigar achava que havia perdido-os para a explosão, pois estava surdo, ou pensava que sim.

Neste mundo, se não houve, não se sente, não se tem nada... É como se o mundo tivesse morrido e esquecido de estar morto.

De repente... Algo surge no horizonte.

                O que é isso? Pensava Veigar ao ver uma gigantesca massa de calor subir aos céus, irradiando sua luz por todo o mundo... Uma luz vermelha sangue, mórbida e sem vida. Ele correu em sua direção, tentando alcançá-la, mas quando se deu conta seu corpo estava caindo, caindo e caindo... Não havia gravidade, não havia chão para ser tocado e de repente, Veigar pousa em um plano, mas não o sente.

                Confuso e assustado com aquela nova dimensão, seus olhos presenciam um novo cenário... Uma aldeia, destruída. Bandópolis... Reconhecerá imediatamente os grandes portões de sua terra natal, quebrados, abertos a todos que quiserem passear por uma terra cinzenta.

Ao toque de seus dedos os portões viram cinzas e são levados pelo vento inexistente daquele mundo, seja onde estiver, tudo definha com facilidade.

— Quem é você? – Uma voz familiar e estranha ao mesmo tempo. Em um minuto atrás, Veigar estava sozinho em sua terra natal e de repente, havia alguém ali... Um misterioso e pequenino ser de vestes negras com a gola do casaco feito de pelos brancos.

— E- eu me chamo Veigar... O que aconteceu aqui? Onde estão todos? – Perguntou o jovem gato negro.

— “Veigar”? Impossível... Veigar está morto.  Assim como todos em Bandópolis. - O ser de costas para Veigar, o assusta, mas não mais do que a idéia da maior cidade Yordles ter sido erradicada. Ele parecia velho... O cajado negro com uma gema esmeralda flutuando em seu topo, parecia servir como um apoio para um corpo cansado.

— Está mentindo... Nem mesmo o mais poderoso guerreiro é capaz de matar a todos em Bandópolis!  Eles tem seus campeões! – Gritou Veigar e de repente, todos os campões de sua terra natal estavam mortos diante seus olhos. – O que!? –

— Acredita em mim agora? – Ao virar-se, Veigar sente como se tudo agora fizesse sentido... Ele sente a culpa, a dor, o sangue em suas mãos. – Olá Veigar... Bem vindo ao fim. –

                E diante de Veigar estava aquela criatura... O ultimo Yordles, o próprio Veigar, mas não uma versão atual dele e sim algum tipo de ente futuro. Sua pele sem pelos, seus olhos sem globos oculares, o Yordles era um ser feito de escuridão e seus olhos eram os faróis dourados que guiam os mortos no pós-vida.

O capuz sobre sua cabeça e aquele olho... O olho de gato na gema de seu cajado, o olho que observa tudo. Havia algo nebuloso naquela versão de Veigar, ele não transmitia emoção e se transmitisse, não era amor, ou alegria... Era desprezo, ódio, magoa, culpa.

— O que é você...?! – Apavorado, Veigar recua com cautela, mesmo sem saber para qual lado da escuridão correr, seu corpo sentia a necessidade de se afastar.

— Eu sou o Ultimo Chefe. O Rei das Trevas e Senhor da Escuridão. – Sua voz era a do próprio Veigar, mas há algo mais... Uma distorção sombria. – Eu sou a Morte. –

— Você fez isso... Você matou meu lar... Minha família... - Incrédulo, Veigar caí sobre os joelhos e dor... Ele sente o aperto em seu coração, sente a solidão. – Por que...? –

— Já se faz tanto tempo... E eu me lembro de vislumbrar esta terra. – O futuro Veigar observa o horizonte sombrio, enxergando sua realidade... O mundo banhado pela luz vermelha do sol de sangue. – Eu tinha uma visão do futuro... A magia falava comigo e ela me disse qual é o meu propósito nessa vida. –

— Ser um assassino?! – Berrou Veigar furioso.

— Trazer a paz... – Respondeu serenamente. – O mundo estava mergulhado no caos e na discórdia. Eu só precisei fazê-lo... Adormecer eternamente. –

                Guerreiros e guerreiras dos quais Veigar desconhece, surgiram ao seu redor... Em um cenário do qual jamais sonhará, uma imensa estrada ao sul, sobre um centro de cidade arruinado e grandes guardiões de preta destruídos. Pequenos seres, com a metade do tamanho de Veigar, apenas existentes por seus esqueletos esquecidos... E fragmentos de uma pedra sem cor, esparramado pelo local.

— Que lugar é esse...? –

— Aqui... É o Nexus. – E a palavra parecia como uma espada afiada que corta a realidade e revela o místico.

— “Nexus”? O Nexus é uma lenda! Um conto de fadas criado para assustar crianças! –

— O Nexus existe! – Sua voz se eleva aos céus e afasta as nuvens vermelhas. – Existiu, na verdade... Você conhece a lenda. “Cinco guerreiros escolhidos pelo Nexus irão batalhar por sua honra e glória, duas equipes que lutaram até o fim de suas forças para provar o poder de seu ancião. Até que só aja uma equipe vencedora... A Liga dos Lendários.” – O relato do futuro Veigar era como uma lembrança perdida para tal, mas um conto místico para o jovem gatuno.

— Hm... Você está brincando com minha mente. Nada disso é real.  –

— Talvez ainda não. Mas um dia será... Assim como eu, um dia você lutará pelo Nexus e... A paz terá inicio. Após vencermos nossos adversários, eu tomei o controle da escuridão dentro de mim e dei um fim a tudo isso. Nunca mais o caos irá prevalecer! Se não há campeões, não pode haver um jogo dos deuses! –

— Você... O que?! – Como em um filme de horror, Veigar presenciou o seu antepassado destruindo a sangue frio, cada um dos campões desconhecidos por si próprio.

— Cada um deles caiu aos meus pés... Ashe, Tryndamere, Rengar, Garen, Syndra, Gnar, Lili, Tristana, Vayne, Catlin, Mundus, Malzahar, Katarina, dentre muitos outros. – Aterrorizado pela pilha de corpos tombados sobre uma relíquia em ruínas, Veigar é tomado de pavor.

                Seus lábios clamavam pelas palavras de arrependimento que são coração carregava, mas algo dentro de sua garganta o impedia de pronunciá-las. “Você será o causador do fim, Veigar! Cedo ou tarde, as trevas o consumiram assim como foi comigo!”.

Desesperado com as visões de um futuro incerto, seus pés se apressaram para afastá-lo daquele mundo de tormento e trevas sem fim... Até o chão não passar de uma miragem e o gatuno despencar sobre as profundezas do abismo do vazio.

— Não!! – Suas palavras cruzam a noite gélida sobre uma terra paradisíaca, enquanto o suor compete com as lágrimas para ver quem escapará primeiro de sua face pálida.

— Finalmente acordou. – A voz lhe familiar, mas antes de perceber quem fazia companhia a seu corpo a pouco adormecido, um pedaço de pano caí sobre suas pernas cobertas pelo lençol velho e surrado.

— Você...? Achei que estivesse morto... – As palavras de Veigar são quase sussurrantes, devido ao seco que corta sua garganta e os lábios ressecados.  

— Eu estaria, se não fosse por você. Alias... Obrigado. – Malzahar, o antigo guardião da civilização perdida de Icathia. Lá estava ele, sentado do outro lado da fogueira que os aquecia sobre aquele vento da costa que era carregado pelas ondas do oceano.

— Eu...? – De repente, os flash que sobressaltam os olhos do Yordles, o relembram de um fato curioso... Pouco antes da magia de teleporte ser conjurada, Veigar havia puxado o corpo semi-morto de Malzahar para junto de Morgana sob influencia da magia. – Certo... E digamos que você não queira me matar, ainda... Por que me ajudou? – Os olhos dourados de Veigar refletem as chamas que queimam em brasas ao vento.

— Você me libertou... Salvou minha vida, pequeno Yordles. Sabe... Há muitos anos atrás, eu era um jovem como você... Obstinado e determinado a me tornar um poderoso feiticeiro... Até que uma noite... Eu presenciei o fim do mundo em meus sonhos. E quando despertei... Meus olhos já não enxergavam mais a realidade mundana, mas fui abençoado com o olhar das divindades. – Jogando alguns galhos para manter viva a fogueira, Malzahar relatou como se tornou o Profeta e por conta própria decidiu seguir a única trilha que seus olhos enxergavam... Icathia chamava por seu guardião. –

— Sinto muito... Deve ter sido uma droga isso. –

— No inicio foi... Acreditava ser um ser amaldiçoado, condenado a viver a eternidade entre este mundo e o Vazio. Mas então... Quando você me derrotou, eu pude ver uma nova esperança... Eu não preciso passar séculos em uma caverna esquecida por deuses, esperando o fim do mundo... Eu posso lutar. – A cintilância dourada dos olhos de Malzahar encaravam as profundezas vazias daqueles globos mel. – Diga-me, Veigar... Do que tem tanto medo? –

— Hm... Tenho medo do futuro... –

— Hahaha!! – A gargalhada do Profeta poderia ser ouvida há quilômetros, se o estrondo das ondas sobre a praia não ganhasse a disputa. – Não me chamam de Profeta, atoa! Eu sei o futuro e mesmo assim não o temo. Por que você deveria temê-lo? –

— Hehehe... – E pela primeira vez após muito tempo, Veigar sentia aquilo que desapareceu no dia que deixou seu lar... Alegria. – Malzahar... A jóia de Icathia, ela me mostrou coisas terríveis... Coisas que eu farei... – Interrompido pelas palavras duras do Projeta, o Gatuno se espanta.

— Veigar. A Jóia de Icathia é poderosa e leva quem a consome a loucura... Muitos foram tomados pelo seu poder e eu fui encarregado de protegê-la. Eu sou Malzahar: O Profeta de Icathia! E a jóia te mostra apenas o que ela quer. Destruir ou reconstruir o mundo é uma decisão sua! –

— Isso não muda o fato de que uma guerra se aproxima... -  Seus olhos perdidos no ardor das chamas que consomem os restos de madeira que queimam em brasa.

— Eu já ouvi rumores... Relatos sobre um velho aprendiz de feiticeiro, que viu seu mestre se corromper com o poder que protegia. E para que outros não tomassem tal destino, o jovem feitiço entregou-se para o poder, transformando seu próprio corpo em um receptáculo. – Veigar já havia lido contos semelhantes em muitos livros em sua terra natal, quando a magia ainda não fizera parte de sua vida. – Hoje... O feiticeiro é talvez o maior bruxo de Runeterra. Seu conhecimento é amplo e sua sabedoria invejável, talvez, com a ajuda dele, você possa ter uma ideia melhor do que o aguarda. –

— Hum... – Seus olhos repousam sobre a pena negra em suas mãos. – Malzahar... Preciso que me ajuda a encontra-lo. Não conseguirei fazer isso sozinho. –

— É claro, Veigar. –

— Pois bem. Vamos encontrar o sábio... E depois... Irei atrás dela... Eu tenho um péssimo pressentimento sobre Morgana. –

                 E durante um dia inteiro Veigar repousou e mesmo não estando totalmente recuperado de sua batalha contra a Imperatriz das Sombras, o jovem Yordles recusou-se a esperar sequer mais um dia, então, eles partiram rumo a Runeterra.

Acompanhado pelo Profeta do Vazio, Veigar carregava a pena negra de sua desaparecida companheira, como um pingente por baixo de suas vestes.

                 O que aconteceu com Morgana ainda lhe era um mistério, mas a joia de Ichatia pulsava dentro de seu bolso e o gatuno sentia que o poder lhe corrompia, por isso, seus desejos ficariam de lado e Morgana haveria de esperar... Pois a contenção dos poderes que Veigar carrega eram de total prioridade.

E durante dias eles viajaram, um mês havia se passado desde o início da jornada... Famintos, exaustos, os dois feiticeiros repousavam em uma hospedagem no meio do deserto já nas terras de Runeterra.

                E por onde passava, as pessoas lhe olhavam torto, pois não era comum um Yordles estar tão longe de casa... Longe dos seus, mas a presença de Malzahar, um nativo daquelas terras, lhe era muito bem visto. Afinal, o Profeta de Ichatia sempre transcendeu dessa aparência de nobreza, como se fosse alguém que já servirá a família real de Shurima.

— Não gosto dessa terra... – Veigar sussurrou, puxando um pouco mais o capuz de seu manto, para cobrir-lhe melhor sua face animalesca.

— Não se preocupe. Acredito que não teremos problemas, vamos apenas nos manter longe de encrencas. – Malzahar termina sua taça de hidro mel, uma bebia muito pedida nas tavernas de Runeterra, ainda mais tão próximos do deserto e do soberbo calor que se passa naquelas areias.

— Precisamos obter informações quanto ao sábio... Mas há quem perguntaremos? – Perguntou Veigar, antes de sua audição apurada capitar palavras sibilantes. “Com licença... Mas quanto a senhora, estaria interessada em ganhar para me escoltar?”. – Ali... No fundo. Aquela mulher encapuzada, ela fala como uma naja traiçoeira. –

— Hm... – Malzahar olha por cima dos ombros, pois não gostaria de levantar suspeitas. E reconhece a mulher sentada ao lado da dama encapuzada, como sendo uma jovem e bela guerreira das terras de Shurima, carregando uma grande lâmina em forma de disco. – Veigar... Aquela é uma guerreira da perdida terra de Shurima. Os povos daquele lugar são tão raros hoje em dia, quanto os Ichatianos... Se ela está aqui, significa que algo interessante está para acontecer. –

—Hum... Não viemos atrás de Shurima ou de seus seguidores. Se a garota não tem ligações com “ele”, ela não me interessa. –

                Haviam muitos homens e mulheres encapuzados naquela taverna, especialmente por estar de noite, onde muitos mercenários e ladrões se reúnem nestes bares em busca de trabalho. Mas um em especifico chamou a atenção do Profeta... Um homem que esteve sentado na mesa do barman, acabará de sair e curiosamente havia uma marca em sua mão. No momento do pagamento dos serviços consumidos, o homem possuía uma estranha tatuagem nas costas de sua mão... Uma runa.  

                Segundos após a saída do tal Bruxo, Veigar e Malzahar o seguiram pelas ruas obscuras da calorosa noite em Runeterra, com esperanças de terem finalmente encontrado o Bruxo que procuram.  

A dupla caminhava a passos largos, mas mantendo uma distância segura de seu alvo, que adentrava cada vez mais as misteriosas e tortuosas ruas da cidade do deserto. Mas algo de estranho aconteceu... No momento em que fazem a curva para a boca de um beco obscuro, seus corpos se tornam imóveis e somente aqueles dotados pelo toque da magia é que são capazes de enxergar a energia mística fluindo por seus corpos.

— Quem são vocês? E por que estão me seguindo? – E da escuridão do beco, uma voz imponente e rígida. A cintilância da runa tatuada nas costas das mãos em conjunto com os olhos florescentes.  

— Hum... Você é “ele”, não é? – O sorriso sádico em sua face de loucura. – Ryze! O Mago Rúnico! Finalmente, o encontrei... – A loucura beirava a sanidade e Veigar... Estaria prestes a sucumbir mais uma vez.

— O meu nome é Malzahar e este pequenino é Veigar. Precisamos da ajuda do senhor. – Disse pacificamente.

— Hm... Precisam mais do que minha ajuda. – O encanto se desfaz e os dois se veem livres. – Sim. Eu sou Ryze. E vocês estavam certos de virem atrás de mim... Seja o que for que tenha acontecido, a mente deste Yordler está se desfazendo. – O homem oculto nas sombras de sua cidade analisava friamente os aspectos da loucura no pequenino, percebendo sua obsessão doentia pela runa exposta em seu corpo. – Garoto... Diga-me. Deseja este poder? –

                E por um momento, Veigar recobra a razão e percebe a runa posta diante seus olhos, brilhando magnificamente, exalando um incrível poder... Um poder que mexe com sua alma. Assustado, Veigar recua em passos cuidados, apertando seu peito em uma tentativa desesperada de conter sua loucura.

— Veigar...? – Sussurrou Malzahar em preocupação.

— Yordlers são consumidos pela loucura quando vivem sozinhos. E este pequenino continua lutando por sua sanidade, mesmo que seja em vão... –

— Em vão? – Perguntou Malzahar. – Ryze, precisamos conversar com você. Precisamos da sua ajuda! –

— Sim, sim. Tudo ao seu tempo, caro Profeta. – Malzahar se vê perplexo ao perceber que Ryze já sabia exatamente quem ele era. - Mas não podemos conversar aqui fora. É perigoso... Venham. –

                O poder das runas incomodava Veigar da mesma forma que o poder da Imperatriz lhe perturbava, talvez houvesse uma ligação entre eles, mas o gatuno só poderia descobrir os segredos deste mistério com a ajuda do grande Bruxo de Runeterra.

Ryze, o homem de pele roxa, os levou até seu lar, uma pequena casa de barro por fora, mas um gigantesco palácio por dentro. Encantado pelas magias de seu criador, Ryze ocupava o lar de seu antigo mentor e protetor de Runeterra, onde agora guarda o posto.

O palácio possui a maior biblioteca que Veigar havia visto em sua vida, talvez fizesse a biblioteca de Syndra parecer apenas uma pequena feira de livros velhos e usados.

                O local todo era belo e aconchegante, nada extravagante se comparado ao palácio voador da Imperatriz, mas tudo ali era fino e possuía um toque magico. Afinal, o mestre de Ryze sempre foi muito elegante e dizia “Se é para se viver, que vivamos da melhor forma possível”.

                Obviamente, após tanto tempo de viagem, Veigar e Malzahar estavam exaustos além de sujos, portando Ryze sugeriu que ambos tomassem um banho, desfrutassem de uma boa refeição e fossem dormir nos aposentos dos hospedes. Onde pela manhã, começariam sua longa jornada nos estudos dos problemas do Yordler.

                E assim o fizeram. Veigar se perguntava como ele poderia ajuda-los tão facilmente, como alguém que presenciou a loucura Yordler fosse capaz de tamanha hospitalidade? Mas Malzahar já sabia a resposta de suas dúvidas, as mesmas dúvidas, Ryze não estava ali por acaso... Ele os esperava naquele bar, tudo havia sido planejado. Afinal... Como ele saberia do Profeta?

                E como haviam falado... Aos primeiros raios de sol, os três já estavam reunidos em uma pequena sala fechada, sem moveis, sem janelas, apenas uma entrada e saída. Veigar percebeu rapidamente que aquilo não era uma sala comum, não era um cômodo para hospedes desejados... Aquilo era uma cela de prisão, feita para bloquear a magia.

— Obrigado. –

— Pelo o que? – Perguntou Veigar.

— Por não destruir minha casa. Tive medo que sucumbisse a loucura. –

— Hum... – Sorriso felino. – Sou mais forte do que aparento. Mas admita... Nos trouxe aqui pois tem medo do que sou capaz de fazer. Ou acha que não percebi? Essa sala foi feita para inibir poderes arcanos. –

— Hehe... Você é muito esperto, pequeno Yordler. Sim, a loucura é algo poderoso e não deve ser subestimado. Mas... O que os trouxe até mim? –

— Sua visão não é tão precisa assim. – Comentou Malzahar. – Vejo que posso manter o meu título de Projeta então.

— Hehe. Não seja presunçoso, jovem Profeta. Algo bloqueava minha visão sobre vocês... Eu sabia que vinham para cá, mas não sabia quando e nem onde estariam. Foi puro destino encontra-los naquele bar, ontem à noite. –

— Chega dessa conversa sem rumo. – Exclamou Veigar. – Nós precisamos que você nos ajude com isso. – Veigar sorria com o espanto do Bruxo ao presenciar a perdida Joia de Icathia.

— Co-como conseguiram isso?! –

— Não importa. – Replicou Veigar. – Essa joia esta se alimentando de minha loucura, tornando-se cada vez mais poderosa. Ela me mostrou o futuro... – Os flashes dos corpos ao seu redor, o sangue, a repulsa da morte e o fedor do caos reinando sobre Valoran. – Ryze... Eu preciso saber. Eu preciso saber o que fazer com isso! –

— Hum... Intrigante. – Sem tocá-la, ele analisa a pequena pedra na pata do felino. – A lenda diz que quem portar a joia, terá o poder para destruir ou salvar o mundo. Ela não pode ser destruída e se esta aqui, significa que sua prisão já não é forte o bastante para detê-la. – Ele anda de um lado para o outro, pensativo, relembrando de todas as lendas que já ouviu falar. Enquanto seus convidados permanecem em torno da mesa redonda, sentados sobre almofadas, enquanto a joia se mantem em seu centro.

— A Imperatriz tentou obter o poder da joia. Mas Veigar a deteve. – Relatou Malzahar.

— O que? – Espantou-se. – Você derrotou a Imperatriz Syndra? Como? –

— Eu não estava sozinho... E além do mais... – Suas lembranças eram confusas, mas a voz de sua mãe ainda era fixa em sua mente. – Eu não tenho certeza do que aconteceu, mas... Acredito que seja a joia. Ela me deu poder para superar Syndra. –

— Hm... Isso é muito misterioso... Hum... – Ryze aproxima-se cuidadosamente da pedra e somente sua presença já era o bastante para atiçar a joia, que começou a emitir uma luz tênue.

— O que isso significa? – Perguntou Malzahar.

— Ela repudia as runas... Mesmo inativas por esta sala, seu poder ainda é capaz de se rebelar contra mim. Manter a joia entre nós é perigoso, devemos encontrar uma nova prisão para ela. –

— E onde você sugere que a escondemos?! Afinal, Icathia não existe mais! – Exclamou Veigar em fúria, guardando a pedra consigo.

— Acalme-se, pequenino. Icathia pode não existir mais, mas Shurima existe. –

— Shurima? Ryze, sinto muito em dizer, mas... A cidade de Shurima já não existe a séculos. Foi soterrada pelas areias de Runeterra, após o príncipe ter sido traído em sua condecoração a rei. E assim como Icathia, ninguém sabe onde sua cidade mergulhou. – Relatou Malzahar.

— Está certo, caro Profeta. Mas errado... Eu sei onde Shurima descansa eternamente. E posso nos levar até lá, mas preciso de algum tempo antes de partir. Precauções devem ser tomadas. E ah... Por favor, Yordler, não saia desta sala. As runas atiçam a loucura em você e não queremos nenhum acidente. –

— Hm... É claro. Só espero que você dê um jeito de se manter perto de mim, sem me fazer querer mata-lo. – Respondeu Veigar já repousando sua cabeça sobre os braços, procurando a serenidade de seus sonhos.

— Voltarei em algumas horas. Profeta, não deixe nosso amigo sozinho. – E assim, Ryze se retira para preparar tudo o que irá precisar para sua viagem a cidade perdida de Shurima. 

                E em seus sonhos... Veigar retornava ao mundo de caos futuro, onde o Chefe Final sempre era ele mesmo... Poderoso, maligno e insano. Todos os sonhos terminavam da mesma forma trágica com morte e violência.

E por mais que tentasse dialogar com seu “eu” futuro fosse inútil, Veigar sempre insistia nos diálogos ineficazes, tentando não sucumbir ao poder que carrega em sua alma.

                Horas haviam se passado, até que finalmente Ryze retornou de seus preparativos. “Tenho um presente para você”. Foram as palavras de Ryze para o pequenino, presenteando-o com um par de luvas e botas metálicas.

                Os acessórios foram criados pelas mãos de um excelente artesão, mas encantados pelo próprio senhor das runas, Ryze. O presente não era apenas uma vestimenta leve, versátil e bela, não... As luvas e botas foram encantadas com as runas mágicas de Ryze, para que possam neutralizar os poderes insanos de Veigar.

                A princípio o Yordler sentiu-se indefeso, fraco, perseguido por aqueles que caçam sua raça como animais irracionais, mas não demorou para ele compreender... Ryze não queria neutralizar Veigar, não, as runas iriam apenas impedir que seu poder explodisse a ponto de permitir sua loucura assumir o controle. Assim, Veigar não precisaria temer seus poderes e com isso, o gatuno viu uma segunda chance para o uso de sua maldição.  

                E foi ao meio dia, quando o sol brilhava forte no céu cerúleo em que o trio deu início a jornada para a antiga cidade perdida de Shurima. Cidade que tem sua lenda contada através de gerações pelos habitantes de Runeterra, sobre o glorioso príncipe de Shurima que no dia de sua coroação, foi traído por seu melhor amigo, o vizir sedento de inveja pelo poder que príncipe receberia em conjunto com a coroa.

                E dessa forma, o príncipe e seus guarda-costas foram aprisionados em uma terrível armadilha arquitetada pelo vizir, porem... Mal sabia ele que o trono carrega uma horrível maldição. O vizir alcançou a coroa e o poder tão almejado, mas sua ganancia havia um custo, algo maior do que a traição de uma antiga amizade... Seu corpo foi destruído pelo poder que o consumiu, o vizir passou a ser parte do poder místico que envolvia Shurima e que era concedido aos reis e rainhas da cidade, protetores de Runeterra. E assim... Sem alguém para guiar seus habitantes, a cidade fez sua escolha e levou tudo e todos para o descanso eterno sob as areias de seu país.

                E enquanto o trio cavalgava pelo deserto com os camelos viajantes, Malzahar presenciou algo que não acontece há anos... Os deuses lhe mostravam outra profecia. Shurima seria destruída para sempre quando o desejo ganancio de uma víbora despertasse a fúria dos deuses antigos.

— Ryze! Temos que ir até Shurima agora mesmo! – Gritou Malzahar em pleno deserto.

— O que o aflige, meu caro amigo? -  

— Eu tive uma visão! Shurima corre perigo! Temos que nos apressar! –

— O que?! – Gritou Veigar espantado.

— Isso não é possível... Ninguém mais sabe onde ela está. Mas acredito em você, caro Profeta. Desçam dos camelos! – E assim, os três pisaram sobre a areia escaldante.

                Seus olhos cintilavam como estrelas e suas mãos mais ainda, as runas perante seu corpo azulado se iluminavam como pontos de luz que se interligam em uma noite estrelada. Ryze começou o encantamento e aos poucos, um grande circulo rúnico começou a se formar em torno dos três viajantes do deserto. As runas se transcreviam ao redor do circulo e uma intensa luz os cegou, Veigar e Malzahar não conseguiam abrir seus olhos para o que estava por vir... E de repente, o dia se tornou noite, ou pelo menos, a luz do sol havia desaparecido.

                O local era quente e abafado, há pouca iluminação existente vinha das tochas acessadas nas paredes e colunas erguidas naquele monumento. Fragmentos de areia choviam do teto como se tudo estivesse para desmoronar, o chão estremecia de forma tormenta e em meio ao caos da penumbra, o glorioso túmulo era iluminado pela luz do sol de um teto prestes a despencar.

— Ryze! Onde estamos?! – Gritou Veigar tentando segurar-se em uma das colunas de pedra, confeitada por hieróglifos.

— Esta é a câmara onde o príncipe de Shurima foi enterrado! Estamos em seu túmulo! –

— Estamos em Shurima... – Sussurrou o Profeta em espanto.

                E em meio ao caos que se estalava naquela sala, uma explosão fez com que pedaços do teto caíssem e o trio foi obrigado a correr por suas vidas, saltando para uma possível sobrevivência. “Vejam! É a garota do bar!”.

Veigar e os demais presenciavam uma incrível batalha entre a consagrada guerreira de Shurima, dançando com sua voracidade em saltos magníficos, enquanto seu disco laminado era arremessado em um vai e vêm repetitivo.

                Seu combate é com alguém do qual nenhum deles era capaz de enxergar, mas seja quem fosse, era ágil o bastante para escapar daqueles golpes mortais. Mas parte do teto desmorona perante eles e se não fosse pela barreira de Veigar, os três teriam sido esmagados. Ryze explode as rochas com sua magia rúnica e os três partem em uma corrida desenfreada pela sobrevivência. “Sua visão foi em cima da hora, Profeta! O lugar não será destruído, ele já está se destruindo e nos levara consigo!”.

                Malzahar convoca as criaturas do Vazio para que limpem o caminho de sua fuga e assim o fazem, as pequenas criaturas que perambulam perante o templo que se corrói, destroem tudo em sua vista e uma passagem livre é aberta aos invasores.

Mas os disparos de Veigar e Ryze foram precisos para eliminar os grandes pedaços das paredes e do teto que desabam sobre eles, talvez não houvesse saída daquele labirinto antigo, pois por mais que corressem, não encontravam uma rota segura.

                Mas graças a Ryze e suas runas, os três foram capazes de se transportar novamente para as areias seguras de Runeterra e assim, respiram fundo o ar quente da liberdade. Porem... O tremor os alcança e logo a terra parece se partir, onde os camelos já desapareçam, os três colocam-se a correr. “Não vamos conseguir!” O que Veigar disse era verdade, eles não conseguiram escapar da fúria dos deuses antigos e seriam engolidos pela terra.

                Os três despencam pela fenda na areia... Porém, o Guardião Rúnico jamais permitia seu conhecimento ser perdido nas profundezas da areia de Runeterra. E em meio a queda, agarrando-se ao Profeta e o Yordler, Ryze convoca mais uma vez as runas para servir ao seu propósito, transportando-os pelo espaço tempo-contínuo.

                Os três encontravam-se em segurança nas areias do deserto, longe demais para serem atingidas pela fúria despertada por aquela guerreira de cabelos negros. Entretanto, as runas cobraram muito de Ryze e o sábio encontrava-se adormecido, enfraquecido pelo uso excessivo de seu poder.

E assim, como veio de repente, o tremor se vai em um ultimo movimento suave... As areias se quietaram e a grande fenda começou a ser preenchida pela terra que por si era sugada. Veigar e Malzahar não se alertaram, pois estavam há uma distancia segura da fenda, mas o que houve com a misteriosa guerreira de Shurima era um mistério.

— Malzahar... Faça-me um favor. – Disse Veigar. – Quando tiver outra visão, guarde para você. –

— Hehe... – Ele ri. – Isso é incomum. Por que os deuses me mostrariam um presságio de morte? Não faz sentido, “o dom da clarividência” não vê segundos antes, mas sim, horas, dias antes de acontecer. –

— Bem. Parece que que você precisa de olhos novos.

                E aconteceu, uma vez mais, o tremor repentino. Mas dessa vez, a terra não foi comprometida, não era um tremor comum, era mais uma pressão espiritual. Veigar e Malzahar sentiram-se atingidos por essa “pressão”, era como um gigantesco poder há tanto adormecido, agora, despertado uma vez mais.

                Da fenda do deserto uma explosão de areia se eleva aos céus, e enquanto o radiante cerúleo do céu é coberto pela chuva amarelada dos graus de areia, algo plana como um Deus. Um “celestial, talvez?” pensara Malzahar, mas não era... Era um ascendente, um glorioso e imponente pássaro dourado segurando uma mulher em seus braços.

— Malz, veja! É a guerreira! – Exclamou Veigar.

— Mas quem é aquele? – Malzahar já se pôs em prontidão, assim como o Gatuno. Ambos protegendo o corpo adormecido do Guardião Rúnico.

                Aquele ser tão magnifico com incríveis olhos flamejantes como uma luz primordial, desce calmamente até próximo dos magos reclusos. Seu pisar sobre a areia é suave, como se a sensação do toque fosse uma novidade e antes mesmo de pôr a mulher de pé, ao seu lado, o guerreiro alado observa-a uma vez mais... Uma troca de olhares profunda, não amora, mas algo mais penetrante, mais espiritual.

— Você está bem, Sivir? – Perguntou o hibrido de homem e pássaro dourado.

— Sim... O-obrigada. – Ela relutava. – Você me resgatou da catacumba, mas... Quem é você? – Ela se põe de pé e então percebe os outros ao seu redor, onde os encara com certa estranheza.

— Eu receio dizer, mas você foi quem me salvou. Graças ao seu sangue, eu pude renascer... Despertar de minha prisão. – Sua voz é tão imponente quanto sua aparência intimidadora. – Eu sou Azir: Soberano de Shurima! –

— Senhor... É uma honra. – Malzahar curva-se diante o lendário faraó.

— Você é... Azir... – Veigar, por outro lado, estava impressionando demais para conseguir sequer curvar-se.

— E quem são vocês... Magos? – Mesmo tendo despertado tão recentemente, Azir era capaz de sentir a magia fluindo por aqueles forasteiros.

— Eu sou Malzahar: O Profeta do Vazio. – E ele se ergue. – E nosso companheiro adormecido, é Ryze: O Guardião Rúnico. -

— Veigar. Só Veigar. – Respondeu.

— Sivir. Prazer, meninos. – Ela responde com um leve sorriso de canto de rosto, com olhos voltados para o Profeta.

— Hm... E onde esta Cassiopéia?! – Exclamou Azir em fúria.

— Cassio-quem? – Perguntou Veigar.

— A Mulher-Serpente que ousou ferir minha descente! –

— Sua o que?! – Exclamou Sivir completamente pasma.

— Você não... Sabia? Sivir, desde o momento em que pôs os olhos em você, eu percebi... O sangue que corre em suas veias, é o meu sangue. Você é minha descendente. É por direito, Princesa de Shurima. –

— Receio estragar esse clima familiar, mas... Nosso amigo precisa de ajuda, ele gastou muita energia para nos proteger. – Relatou Malzahar.

— Hm... É claro. Irei buscar a cabeça da víbora após nos recuperar-mos de nossas feridas. – E seus olhos cintilantes eram voltados para sua descendente, completamente machucada. – Por favor... Se afastem. –

                E como foi ordenado pelo faraó, Malzahar apoiou o corpo de Ryze em torno de seus braços e o afastou do Ascendente, enquanto Veigar e Sivir fizeram o mesmo. Azir: O Imperador das Areis, começou a concentrar-se em todo o poder místico há tanto tempo oculto dentro de seu corpo renascido.

E com isso, uma aura celestial surge em torno de seu corpo, todo o poder há tanto adormecido começava a aflorar, enquanto seus olhos cintilavam como nunca chamuscaram antes e bastou apenas o tocar de suas mãos sobre as areias de Runeterra, para o mais forte de todos os temores se iniciar.

                Veigar, Malzahar, Sivir e Ryze foram todos atiraram para o chão sem terem a menor chance de se segurarem, enquanto Azir estremecida toda a capital de Runterra, enquanto seu antigo palácio se erguida das catacumbas perdidas do deserto e uma vez mais, Shurima se erguida em toda a sua glória.

                Nenhum deles podia acreditar no que estavam presenciando... A antiga cidade de Shurima havia se erguida das areias por ordens do Imperador. Isso era inacreditável, nem nos melhores livros de Bandópolis, Veigar jamais sonharia com algo tão belo e magnifico quanto aquela cidadela.

— Aah... Aah... Esta feito... – Azir arfava, enquanto apoiava-se contra o chão cimentado de seu antigo lar.

— Isso é incrível! – Exclamou Sivir.

— Realmente... Inacreditável... – Malzahar não consiga nem acreditar que pisava em Shurima.

— Pessoal... Temos companhia... – Disse Veigar, recuando diante a gigantesca escadaria que os levariam ao templo de Azir. Onde em seu topo, diante as portas que guardam o túmulo do Faraó, estão eles... Os guarda-costas, renascidos como seu imperador.

— Nasus! Renekton! Meus amigos, vocês estão vivos! – Exclamou Azir em meio a arfadas exaustivas.

— Azir! Meu Senhor! – Nasus: O Curador das Areias, estava renascido como seu Senhor. Mas diferente do mesmo, Nasus não havia assumido a forma uma ave majestosa, mas sim, de um imponente chacal negro.

— Não acredito nisso, meu irmão! Estamos de volta a vida! -  Renekton: O Carneiceiro das Areias, irmão de Nasus e também um renascido do sangue de Sivir, mas diferente do irmão e de seu Imperador, Renekton retornou na forma de um impiedoso crocodilo.

                O Imperador abraçou seus guarda-costas com uma alegria exuberante, pois acreditava ter sido o único a renascer, mas graças aos Deuses Antigos, não foi. Após uma apresentação rápida, Ryze foi levado aos aposentos de Azir, onde seria tratado por Nasus e que por sorte, o local continuava impecável como sempre fora, não havia um traço de areia no interior dos cômodos e isso era muita sorte.

                E enquanto o Guardião era tratado, Renekton relatou que havia despertado em meio as catacumbas e encontrou Sivir gravemente ferida, mas seu instinto foi partir para cima de Cassiopéia, a mulher transformada em uma górgona. Infelizmente, ela havia conseguido desaparecer em meio as chuvas de pedregulhos e Renekton estaria esmagado por elas, se não fosse seu irmão Nasus, despertando no momento certo.

                E em seguida veio a história de Veigar e como ele havia parado tão longe de sua terra natal... Cativado pela história do pequeno Yordle, Azir concordou em ajuda-lo. Mas recusou-se a manter a Joia de Icathia em sua terra, pois segundo o Imperador, o artefato é poderoso demais para ser mantido perto de um Deus.

                E ainda existe um outro fator... Quatro foram enterrados, mas somente três estavam ali. Se o Imperador despertou, seu traidor também haveria renascido. Azir relatou que possivelmente Xerath estava oculto em algum lugar e retornaria para terminar o que começou, roubando o resto do poder que Azir carrega. Manter a joia em Shurima, seria um risco muito grande a se correr, pois se Xerath obter a joia... Ninguém seria capaz de detê-lo.

                E foi nesse momento que Veigar percebeu no que havia se metido... Suas visões não eram meras coincidências, a joia não seria abandonada tão facilmente. Na verdade, parecia uma tarefa impossível se desfazer daquele objeto de tamanho poder, mas isso seria um assunto que o Imperador e o Guardião Rúnico passariam horas e horas discutindo.

                Veigar e os demais aproveitavam o tempo para recuperar suas forças, refletiram sobre os últimos acontecimentos e traçarem os planos para o futuro que os aguardavam. E próximo da meia noite, quando o deserto quente que cerca Shurima, se tornava agradavelmente encantador, foi que a reunião teve um fim.

                Ryze, Azir e Malzahar, haviam se reunidos para discutirem o destino da joia e de seu portador, onde horas de uma intensa discussão se prolongou até o pico da noite. E com o fim do conselho, os três chegaram um veredito... A joia não pode ser escondida em um local e não existe ninguém sã o suficiente para protege-la.

                Portanto, foi decidido que Veigar se tornaria o guardião da joia de Icathia. Seu descontentamento foi imediato, sua reluta por ser consumido pelo poder da joia e as visões se tornarem uma verdade, era apavorante. Mas Azir o garantiu que nada daquilo se tornaria real, pois Veigar era mais poderoso do que imaginava e sua loucura era a chave para proteger a pedra de consumir seu usuário.

                E assim aconteceu... Dia e noite se passaram até que finalmente Renekton terminou de forjar o cetro na forma de machado negro para o Yordle, onde Ryze e Malzahar cautelosamente incumbiram a joia ao cetro, sem tocá-la.  

— Aqui, pequenino... Aceite o seu destino. – Disse Azir, entregando o cetro negro, segurando-o sobre o pano de sua forja.

— Mas... E se eu não for forte o bastante? –

— Ninguém é. Mas a loucura dentro de você, o torna imprevisível, e portanto... A joia não irá controla-lo. – Disse Ryze com um sorriso sábio.

— Hm... Vocês são mais loucos do que. –

                E no momento em que sua manopla metálica protegida com runas mágicas toca o cetro, uma massa de energia purpura é liberada e faz com que todos sintam uma energia maligna tão intensa que chega a ser ameaçadora. Mas Veigar o aponta para o céu noturno e dispara uma esfera negra que explode em uma grande bola de luz violeta.

— Veigar de Bandópolis. – Disse Azir. – De agora em diante, eu o nomeio Mestre do Mal. Que sua loucura Yordle, nos proteja de si próprio. – E em uma forma de reverência, Azir e todos ao redor de Veigar, curvam-se em honra ao grande dever incumbido ao pequenino.


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