Entretenha-me, Sebastian escrita por Beilschmidt


Capítulo 12
Zwölf


Notas iniciais do capítulo

Wifi voltou! E para comemorar...trago este capítulo novinho para você.
Sem crossover hoje u3u



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A meia-noite, as ruas de Londres pareciam que estavam completamente vazias. Em alguns becos a iluminação era precária e mal se podiam ver os vultos ágeis dos gatos à procura de alimento em surdina. De repente, uma sombra aparece detrás de um poste. A capa preta cobria-lhe muito bem o corpo e a bela cartola que usava parecia meio torta, arrumou-a e ajeitou os fios de cabelo que escorriam pelo seu rosto. Virou-se e focou a visão em um beco do outro lado da rua; a espera de um sinal.

— Acho que estou decepcionado… pensei que teríamos uma luta épica que tornasse tudo mais difícil. — apertou o braço do garoto — Mas não tenho do que reclamar, já com meio percurso andado.

O rosto já muito machucado da vítima estava voltado para o chão, parecia que estava esperando que algo brotasse da estreita calçada de pedras e o salvasse; ou apenas para manter o contato visual com seu sequestrador. O sorriso sarcástico do homem apenas confirmou que pensara ser a segunda opção. Com a enorme mão cheia de calos ergueu a face do garoto, este nem pensou em se debater, pois pioraria sua situação. Tinha de suportar o máximo possível de acordo com o plano.

— Ficaste calado porque sabes que ninguém virá lhe salvar? — apertou mais ainda o outro — Ótimo! Continue sendo um menino obediente e lhe contarei sobre o que quiseres.

O plano estava dando certo, mas até arrancar uma confissão completa do homem ele teria de continuar calado e colaborando. Seus punhos doíam, seu estômago revirou ao sentir aquelas mãos em seus ombros o forçando a sentar em um canto mais escuro do beco. Os dedos atrevidos arrancaram a blusa já amarrotada que usava, arrebentando assim os botões de uma só vez. Quase soltou um grito, mas mordeu seu próprio lábio inferior ao fazer.

— Então… era sobre os garotos que sumiam e eram encontrados mortos sem a cabeça e mutilados para dificultar identificação, não? — retirou o próprio casaco — Digamos que fora obra minha e de um amigo. Divertimo-nos bastante, sabe? — deu uma gargalhada, nem mesmo se importava de ser descoberto — Pena que esse meu amigo meteu os pés pelas mãos e eu tive de me livrar dele.

Soltou uma risada e rasgou a calça do garoto, fazendo-o cair deitado. Desta vez ele resistira e com um chute na altura dos ombros o jogou com toda a força na direção oposta. Seu rosto estava horrorizado e no desespero não conseguiu sequer levantar; a mão foi até a camisa arrancada tentando cobrir seu peito desnudo.

Garoto insolente! — em um pulo ficou de pé — Achas que podes comigo? — puxou um punhal que carregava no cós da calça — Vais ter o que merece.

Tirou o tapa-olho já temendo o pior.

Sebastian! — escondeu o rosto no tecido manchado de terra.

No segundo seguinte a cabeça do homem rolara pelo chão, formando uma poça de sangue. O mordomo largou o punhal utilizado e foi acudir o garoto. A pouca luz que batia no local fora o suficiente para ver os ferimentos de Ciel. Repreendeu-se, era para ter dado uma morte menos rápida e com mais sofrimento aquele homem.

— Vamos indo.

Aconchegou seu próprio casaco nos ombros trêmulos do pequeno Mestre; pegou-o nos braços o acomodando da melhor forma possível e em um único salto, pulou para o telhado, passando a correr até a mansão.

.x.

Os empregados dormiam sossegados em seus aposentos. Príncipe Soma que aparecera ali na manhã anterior, dormia esticado no sofá, a cabeça no colo de Agni; dormiam tranquilos.

Já no quarto, Sebastian arrumava a camisa de dormir no garoto. Com seus ferimentos cuidados e de banho tomado, Ciel queria apenas dormir muito. Sem esperar que o mordomo levantasse e saísse do quarto, o puxou pela gravata, fazendo-o cair em seu colo.

— Fique aqui comigo. — escondeu o rosto no tecido macio de sua roupa — É melhor para eu dormir, não quero lembrar que aquele ser ousou me tocar daquela forma.

Sorriu com a fofura que fora lhe dedicada naquela frase.

— Sim, jovem Mestre.

.x.

— Por que o jovem Mestre está com esses machucados? — Finny preocupou-se assim que viu o conde sentar à mesa.

— Nada de mais Finny, volte ao trabalho.

A voz dura de Ciel era a mesma de sempre, mas apenas Sebastian sabia que havia algo a mais em seu tom. O garoto se sentia feliz por tê-lo ao seu lado, protegendo-lhe. Podia afirmar que o garoto estava crescendo, mas continuaria sem dizer nada sobre isso porque gostava de ver a cara de raiva quando sua altura era questionada.

.x.

No dia seguinte, Sebastian entrou no quarto de seu jovem Mestre como de costume; abriu as cortinas e preparou seu chá. Tudo ocorrera sem pressa, mas paralisou ao vestir-lhe a roupa. Analisava os pulsos do garoto, embora ainda estivessem arroxeados podiam ser escondidos por completo pelas mangas dos casacos que ele vestia. Havia outros hematomas nas cortas, ombros e braços, mas menos visíveis.

— Mais alguns dias e as marcas somem. — arrumou a manga e deu um laço na fita de seu colarinho, azul cobalto — Não achei que fosse chegar ao ponto de deixa-lo tocar-lhe.

— Eu precisava confirmar minha suspeita, faz parte de meu trabalho. — suspirou.

— Trabalho este que lhe custou hematomas. Toda vez que os vejo sinto que devia ter torturado aquele espécime imundo até seu último suspiro, imerso em agonia. — seus olhos brilhavam de ódio.

Ciel observava a expressão do outro.

— Vamos indo, Soma deve estar a se perguntar por que eu não desci. — suspirou — Ele programou, sem minha ordem, um passeio pelo jardim. Logo hoje! Tenho de organizar toda aquela papelada da empresa e me programar para o último lançamento do próximo mês.

Sebastian sorriu e abriu a porta.

.x.

— Agni, traga-me aquelas frutas vermelhas iguais as que o Sebastian enfeitou o bolo.

Jo agya! — foi até a cozinha.

O príncipe encontrava-se deitado no sofá da sala quando Ciel apareceu à porta.

— Achei que já tinhas voltado a Londres.

— Bom, tem esse fim de semana aí, então resolvi passa-lo aqui com meu amigo Ciel. — abraçou-o.

Sebastian entrou no cômodo trazendo bolo de morango com menta. Apenas uma leve alteração no olhar dele fora percebida pelo garoto, o suficiente para saber que se tratava de ciúmes. Afastou-se do moreno e sentou-se em sua poltrona.

— Apenas comporte-se, esta é minha casa. — fora servido pelo mordomo e fisgou um pedaço de morango — Lau estará vindo para entregar mais uma carga de especiarias de teu país, eu estarei na aula de economia, então podes jogar algo com ele e sua irmã.

— Ótimo! — viu Agni entrar com uma tigela cheia de morangos — Essas frutinhas são tão bonitas, nem dá vontade de comê-las. — pegou um.

— Realmente esses morangos estão ótimos, o pequeno conde e seu mordomo utilizam sempre os melhores ingredientes para seus deliciosos doces.

Lau estava sentado ao lado de Agni e provava um pedaço do bolo, Ran Mao mordia um pedaço da fruta. O príncipe tomou um susto.

— Quando foi que entraste?

Lau! — o cenho franzido de Ciel de certa forma era fofo para o mordomo — Quantas vezes eu não lhe falei para não se referir a minha pessoa como “pequeno”?

— Mas alto que não é; conde.

Sebastian! — levantou-se aborrecido— Cuide das visitas e depois volte, estarei esperando para a aula.

— Sim, jovem Mestre.

.x.

Suspirou, virou a página e começou a leitura de outro capítulo do livro. Sebastian beijava o ombro coberto pelo tecido da camisa de dormir do garoto, subiu até o pescoço. Apertou-o pela cintura e roçou seu rosto no cabelo sedoso e com cheiro de rosas. Adorava aquela pele clarinha e aveludada, quente e delicada de seu Mestre, seus dedos brincavam com o fino contorno de sua cintura.

— É impressão minha ou estás mais carente hoje? — Ciel fechou o livro e o deixou no colo. Estava sentado entre as pernas do mordomo.

— Pode-se dizer que sim.

Uma das mãos pegou o braço direito do garoto, acariciou com carinho os hematomas do pulso; Ciel ainda reclamava de o local ainda estar dolorido. Deu um beijo ali e passou para os dedos assim que o pequeno resolveu deitar em seu peito, fechando os olhos para apreciar mais dos toques.

— Não quero lhe perder.

A frase o pegou de surpresa.

— Não vais me perder, e sabes muito bem por que. É seu dever cuidar de mim, não? — sorriu.

— É meu dever cuidar do jovem Mestre como seu servo… mas também como amante.

Ciel não entendia o porquê daquela conversa estranha.

— Não quero lhe perder para eu mesmo.

— O que?

— Por favor, jovem Mestre… quando sentires que não podes mais, faça-o. — seu olhar parecia carregar muito mais que tristeza, solidão — Não sei que será de mim se eu o perder, se eu tomar sua alma.

— Então chegastes a esta conclusão? — espantou-se.

— Faça-o, e se não me disseres a resposta, eu mesmo o farei. A não ser que ordenes o contrário. — o garoto sentia algo expressado na frase, mas não sabia o que exatamente.

Soltou seu pulso dos dedos de Sebastian e pegou-o pelo rosto. Beijou-lhe rapidamente, passou os braços pelo pescoço do moreno, nem se importou com a sua posição meio desconfortável.

— Então que tenhas a resposta desde agora.

Sorriu imensamente e derrubou o garoto no colchão passando a distribuir beijos por todo o rosto dele.

Em uma espécie de pega-pega, os dois ficaram nisso até que o mordomo decidisse que já era horário de dormir. Mas na manhã seguinte, os empregados perceberam uma mudança de humor de Sebastian; estava mais radiante que nunca e parecia transbordar sempre que via Ciel.

E quem disse que o demônio ligava para os sermões e os olhares assassinos do conde? Nada que alguns beijos fossem necessários para dobrar seu pequeno Mestre.


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Notas finais do capítulo

Que acharam? :3 Espero que tenha dado pra saborear bem



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