As Chamas da Vingança escrita por Tayle


Capítulo 1
As Chamas da Vingança Ainda Ardem


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é apenas introdutório, então os próximos capítulos terão em média o dobro do tamanho.

Pretendo lançar um capítulo por semana (a não ser que vocês peçam mais).



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Era um dia comum em Wynlla, o tão famoso reino da magia em Arton. O céu estava praticamente sem nuvens e Azgher, o Deus-Sol, mostrava a sua face para todos enquanto vigiava cada movimento de todos os homens daquele lado do mundo. Ryer Solaris estava dormindo sobre os livros e pergaminhos da biblioteca do reino, quando um dos funcionários acordou ele usando uma magia sonora que fazia um barulho ensurdecedor.

Apesar de não ter gostado daquilo, ele ficou quieto. Ali, a única forma de batalha que ele conhecia era praticamente inútil, afinal todos sabiam magia. Todos exceto uma única pessoa. Enquanto Ryer estudava em Wynlla para melhorar suas habilidades como mago, seu irmão, Kurt, treinava em casa. Tudo para se adaptar melhor ao presente que seu amigo lhe dera.

Três anos atrás, quando Ryer não passava de um pirralho indefeso e Kurt ainda treinava para se tornar um dos poucos homens no mundo que consegue dominar o fogo sem a ajuda da magia, um incidente aconteceu. Ou melhor, um ataque aconteceu. Graças à esse ataque, Ryer agora desfrutava de uma magnífica cicatriz de queimadura em toda a cabeça que não permitia que nascesse cabelo. Um careca de quinze anos com uma cicatriz verdadeiramente aterrorizante.

Por ser o irmão menor, ele era sempre protegido por Kurt, cujo objetivo era se tornar mais forte para poder proteger melhor seu irmão mais novo de todo e qualquer possível inimigo. Para isso, ele treinava diariamente com seu amigo e rival desde pequeno. Os dois sempre empatavam em batalhas, de forma que nunca havia um vencedor e isso os estimulava ainda mais a lutar e desafiar um ao outro.

Uma noite, um incêndio aconteceu na mansão Solaris, moradia da mais rica família do reino das Montanhas Uivantes. Nesse dia, uma figura apareceu nos aposentos do estudioso Ryer e o carregou até o celeiro enquanto ele dormia, quase nos limites do território da família, onde foi interceptado por Kurt, com os braços pegando fogo, mas sem sentir as queimaduras, porque simplesmente as chamas o obedeciam e não machucavam seu corpo. Kurt atacou o inimigo com o fogo que tinha nos braços e o inimigo revidou com aço. Ryer assistia horrorizado a luta dos dois amigos enquanto eles dançavam através do fogo e o fogo, por sua vez, dançava através dos corpos dos dois guerreiros. Quando Kurt percebeu que as chamas não eram capazes de ferir seu oponente, dois golpes foram sentidos. Um arrancou sua confiança nas pessoas, porque só então ele havia percebido que estava lutando contra seu melhor amigo. O outro doeu na carne e lhe custou metade do braço e metade de uma perna.

Mesmo com o braço e a perna do lado direito em frangalhos, ele conseguiu sacar o aço e revidar, ferindo o inimigo, mas sem mata-lo. No fundo, ainda tinha um sentimento de amor fraterno misturado com incredulidade. Ryer tentou correr, mas foi interceptado por uma coluna de fogo criada pelo inimigo que queimou sua cabeça, fazendo sumir seus cabelos e suas sobrancelhas e lhe dando a cicatriz que ele tanto odiava.

A dor do irmão não foi em vão. Kurt saltou em direção ao adversário com nada além de raiva por ele ter ferido o seu precioso irmão, mas antes de terminar o golpe, o inimigo viu que os guardas do reino estavam chegando e decidiu fugir sem levar o que queria.

Ryer estava queimado, sem cabelos e por pouco não havia ficado cego, enquanto Kurt estava com um braço e uma perna mutilados e o orgulho ferido por não ter conseguido matar o invasor naquele local, mas mesmo assim, ambos estavam salvos e bem, na medida do possível.

Mais tarde, Kurt teve seu braço e pernas reconstruídos por um grande professor que era especializado no uso de máquinas para tudo. Por pura curiosidade, Kurt teve vontade de aprender o ofício que envolvia engrenagens de metal. A magia também ajudou Kurt na sua reabilitação, mas tanto o cientista quanto o mago perceberam que seria necessário muito treino para que o garoto recuperasse sua habilidade e pudesse correr ou usar a espada. Era por isso que Kurt treinava todos os dias.

- Ficou sabendo do dominador de chamas que surgiu em Ahlen? – A voz de um de seus colegas de estudo trouxe Ryer de volta à realidade.

- Dominador de chamas? – Ele se interessou pelo assunto.

- Sim, disseram que ele é imune ao fogo e pode controlá-lo. O boato se espalhou por todo o reino de Wynlla porque, apesar de alguns magos terem essa mesma habilidade, parece que o tal dominador nunca estudou magia e nem nasceu com dom de feiticeiro.

- Ele pode ser apenas um guerreiro de Thyatis, o senhor supremo das chamas, capaz de controlar o fogo. – Disse Ryer, ainda cético sobre o boato.

- Não sei se existe um servo do Deus da Ressureição com tais habilidades. Não acho que seja isso. Acho que ele arranjou outro meio de dominar as chamas. Caso contrário, porque ele só tem habilidades com o fogo?

- Essas informações podem não ser verdadeiras. Não podemos confiar num boato, ainda mais um vindo de Ahlen. – Disse Ryer, lembrando a fama que tinha aquele reino.

- Se é verdade ou não, não sei dizer, mas o fato é que essa história é muito curiosa. Gostaria de saber se é verdade e saber como esse tal dominador das chamas faz isso sem conhecer magia.

- Realmente, é uma história muito intrigante. Se for verdade, daria uma boa aventura, digna de ser cantada por muitos bardos em todo o Arton. Bem, tenho que ir agora. Meu irmão vai brigar comigo se eu chegar atrasado para o jantar.

Foi assim que Ryer saiu correndo da biblioteca, percorrendo cada rua com mais esperança do que quando tinha feito o caminho contrário, indo estudar. Enquanto passava pelas ruas e becos de Wynlla, ele viu muitas pessoas pregando peças em outras, usando magia simples e outros jogando cartas nas varandas de suas casas, enquanto observavam o movimento da cidade. Wynlla era um reino pacífico com uma arquitetura que separava a cidade em blocos, e as casas daquela área eram quase idênticas. Todas feitas com o mesmo tipo de rocha e com os mesmos materiais nos detalhes, somente a divisão interna das casas era diferente.

Ryer também viu alguns homens batendo em um cara que tinha tentado roubar num jogo qualquer. O homem clamava por ajuda, mas ele não se importava. Nada podia abalar o bom humor de Ryer, assim como nada abalava o sentimento de vingança de Kurt ao terminar de ouvir todo o boato que o irmão havia conhecido enquanto estudava.

Os irmãos Solaris jantaram, pegaram duas bolsas e encheram com cantis, um kit de disfarces, uma corda e diversas outras ferramentas. Depois, Ryer e Kurt vestiram suas armaduras leves de metal e embainharam suas armas. O mais novo com seu grimório, para estudar suas magias, seu arco, para o caso das palavras arcanas não funcionarem bem e sua inseparável guitarra elétrica, que só ele poderia controlar, já que era um dos poucos que dominava os relâmpagos e a magia da eletricidade. O mais velho pegou uma espada longa de duas mãos do tamanho de uma lança, que mais parecia um poste, que os mestres de armas costumavam chamar de "montante" e colocou nas costas, além de uma foice curta na cintura. Estavam prontos para sair em mais uma aventura depois de tanto tempo parados e o destino dessa vez era Ahlen, o Reino da Intriga.


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Notas finais do capítulo

Como vocês devem ter percebido (se jogam RPG de mesa), essa história se passa em Arton, que é um dos mais conhecidos cenários de RPG em vários sistemas. Essa história é de uma mesa na qual eu sou mestre atualmente e essa história foi criada durante as partidas, ou seja, eu contei com a ajuda de amigos meus. Ryer, Kurt e, futuramente, Leônidas e Aegis são tão responsáveis quanto eu pela história que vocês leram. Espero que tenham gostado.



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