Lembranças de Uma Mente Instável escrita por MahDants


Capítulo 1
Um Rato Dormiu Na Minha Boca


Notas iniciais do capítulo

Sobre o título: eu não sou tão criativa quanto o tio Rick, mas eu vou tentar apdkspkaksdpk.
Enfim, aqui estou eu, postando uma fic que eu não deveria estar postando, haha. É um capítulo curtinho, mais parecido com um prólogo do que um capítulo, mas eu espero que gostem.



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Percy sentia como se um rato tivesse morrido em sua boca. Um mau gosto dançava em sua língua e, com uma careta, ele se esforçou para abrir os olhos verdes. Sua cabeça latejava e ele sentia o corpo com pelo menos uns sete quilos a mais de tão pesado, mas, mesmo assim, não deixou de observar o ambiente em que estava.

Era um quarto de hospital. Lençóis azuis o cobriam, e ele tinha fios o conectando a uma extensa e complicada máquina posta ao lado de seu leito. Estava frio e ele sentia um cheiro forte de álcool entrando em suas narinas. Por que raios ele estava ali?

A última coisa que ele se lembrava era de apostar uma corrida com sua namorada, Annabeth, na colina Meio-Sangue, e então mais nada. Mais nenhuma lembrança. Ele acordara ali, sozinho, no frio, e com um hálito horrível saindo da sua boca.

Sentia-se preocupado, muito preocupado com a possibilidade de algo de ruim ter acontecido e os semideuses estarem novamente se preparando para uma guerra. Esforçava-se para lembrar o que havia acontecido, mas parecia que seu cérebro havia optado por um blackout de lembranças.

Impotente. Essa era a palavra que o definia.

A porta se abriu, de onde sua mãe entrou. Ela levou as mãos até a boca, com os olhos marejados, como se parecesse muito feliz ao ver que Percy estava acordado. Parecia mais velha (que pensamento rude!) do que ele se lembrava, e o novo corte de cabelo a deixava com um ar mais sério, mas ainda era sua mãe. Ela correu até a cama e o abraçou, resultando nele uma série de gemidos de dor.

- Desculpe, querido – ela pediu, rindo. Estava realmente chorando. – Mas você acordou, Percy! Estou tão feliz!

- Onde está Annabeth? – sua voz estava rouca. A visão falhava também, mas ele precisava perguntar sobre ela. – O que aconteceu?

- Onde está quem? – perguntou Sally, como se realmente não fizesse ideia do que ele estava falando. – Mais tarde conversaremos sobre o que aconteceu. O que importa agora é que você está acordado.

- Eu sinto como se tivesse dormido minha vida toda – ele resmungou, tentando se sentar. – Quero saber o que aconteceu.

Sally suspirou.

- Se passaram cinco anos, Percy – contou, segurando a mão do filho. – Você estava em coma.

Parecia que alguém tinha socado em sua nuca. Cinco anos desde a guerra contra Cronos? Cinco anos submetendo Annabeth ao sofrimento e incerteza se ele acordaria? E seus amigos: Grover, Rachel, Nico? A cabeça dele girou um pouco mais rápido.

- Eu quero ver Annabeth – ele pediu. – Como ela está?

Sally franziu a testa.

- Quem é Annabeth?

Percy riu, achando ser uma piada da mãe, e brincou:

- Você sabe, mesma idade que eu, loira, bonita... Minha namorada.

- Eu sabia que era demais para sua cabeça – ela tocou em sua testa. – Você está fervendo de febre.

- Acha que estou alucinando? – ele questionou, soltando uma risada nasal. – Ela aceitou, mãe. Lá no Acampamento. Quero saber se-

- Do que está falando, Percy? Que Acampamento?

Como sua mãe podia esquecer? Era quase como uma traição aos melhores – e mais perigosos – anos da vida de Percy. Mas então, Percy percebeu que sua mãe não estava brincando. Ela o olhava preocupada, sem de fato entender o que ele estava falando e perguntando. Percy franziu o cenho.

- Não sabe mesmo do que estou falando?

- Não, querido.

- O que... O que aconteceu?

Ela foi doce ao responder:

- Você e o Grover... Lembra-se do Grover? – questionou e Percy assentiu, esforçando-se para não revirar os olhos. – Vocês estavam naquela excussão da escola, com o Sr. Brunner e a Sra. Dodds. O ônibus virou, lembra?

- Não. Mãe, eu não faço ideia do que a senhora tá contando.

- Vocês capotaram na estrada. Grover perdeu o movimento das pernas, assim como o Sr. Brunner. Além de vocês três, Nancy Bobofit foi a única sobrevivente. Sinto muito, sei que eram seus colegas.

- Não, não, não pode ser.

- Foi o que aconteceu. Você tinha doze anos. Não ouve a própria voz? Ela engrossou desde então.

- Eu sei que ela engrossou, mas eu acompanhei o... Engrossamento dela.

- Se você se olhar no espelho, verá uma barba e um lindo rapaz formado. Fará dezessete em um mês, meu bem.

- Wow, wow, wow. Mãe! Eu... Eu não tinha doze anos. Eu me lembro bem, minha última lembrança eu tinha quase a mesma idade. É impossível que eu tenha dormido por cinco anos.

- Sua última lembrança é com doze anos, Percy. Na excussão escolar.

- Mas... Os deuses... O Acampamento, mãe. Eu me lembro da Sra. Dodds virando uma fúria e uma caneta que virava espada. Isso não foi apenas na minha imaginação. Eu fui pro Acampamento, tinha outros de mim, tinha a Annabeth!

- Outros de você?

- Semideuses – ele respondeu. – Eu sou filho de Poseidon, não sou? Mãe, cinco anos da minha vida não foram... Foram um sonho?

- Seus últimos cinco anos foram nessa cama, Percy.

- Você está mentindo. Você não é minha mãe! – gritei, tateando o bolso procurando Contracorrente. O bolso estava vazio. – É a névoa! Annabeth, Annabeth! Eu quero minha espada!

Percy saltou da cama, mesmo dolorido, e sentiu a pressão cair. Ele estava tonto, com reflexos baixos, mas golpeou o ar como se pudesse trazer seu mundo de volta. Ouviu sua mãe gritar por uma enfermeira, e logo o líquido de uma seringa retardou seus movimentos. Sua vista cansou e tudo ficou preto.

Algumas horas depois, quando despertou, não foi sua mãe que encontrou, mas sim Grover, com suas espinhas e barba rala na ponta do queixo, apoiado em suas muletas. Percy suspirou aliviado, diante da visão do melhor amigo, e sorriu.

- Oi, homem-bode – ele cumprimentou, alegre, mas Grover o olhou como se ele fosse louco.

- Er... Oi, Percy, como você está?

- Eu quero sair daqui. Me sinto vulnerável tão debilitado fora do Acampamento. Depois de tudo que eu fiz para o Olimpo, o mínimo que Zeus podia fazer era ordenar que Apolo me curasse. Mas não, eu tenho que vir para um hospital, enfrentar a névoa e ainda ver minha própria mãe olhando para mim como se eu fosse louco. Exatamente como... Você está me olhando. O que foi, cara?

Grover pigarreou.

- Você aí falando de Zeus e Apolo – riu nervosamente. – Que papo é esse, Percy?

A porta do quarto se abriu. Um médico entrou atrás de sua mãe, e ambos, preocupados, o olharam. Percy se sentiu desconfortável com toda essa atenção, mas apenas tentou ficar apresentável diante do profissional em sua frente.

- Perseu Jackson – disse o doutor. Ele era loiro e não muito mais velho que Percy. – Meu nome é Kyle Turner. Como está se recuperando?

- Bem. Quando poderei sair daqui?

- Ele tem hiperatividade – explicou mamãe ao médico. – Está ficando maluco nessa cama.

- Amanhã, talvez.

- Graças aos deuses – disse Percy, e Sally trocou um olhar com o médico.

- Andei conversando com sua mãe – ele disse. – Sonhar enquanto está em coma é algo extremamente comum entre os pacientes. Mas o seu caso é especial. Você tem dislexia, déficit de atenção e hiperatividade. São coisas demais para uma cabeça só. O que quero dizer é que, psicologicamente falando, sua mente é... Instável. Ela não é capaz de perceber o que foi sonho e o que foi realidade. Você sonhou, Percy. Sonhou os cinco anos em que esteve nesse hospital. Mas não se passam de lembranças vazias. Aconteceu um acidente, e você está aqui agora, graças a um único Deus.

- Não – Percy balançou a cabeça. – É claro que não. Eu sei o que eu vivi. Vocês estão... Isso é uma pegadinha da TV Hefesto, não é?

- Ele tem uma criatividade imensa – comentou o médico.

- Aconteceu! – teimou Percy.

- Você pode usar o resto do verão estudando, para recuperar o tempo de estudos perdido. Grover o ajudará com isso. Quem sabe eu não consigo te colocar para completar o último ano em uma escola na Califórnia?

- Para alunos especiais – completou Sr. Turner. – A melhor do país.

- Vocês acham que eu estou louco?

- Não está louco – respondeu o Sr. Turner. – Anda tendo alucinações?

- Não.

- Então a única coisa que eu posso dizer é que em breve distinguirá o que aconteceu do que não aconteceu, e a escola pode te ajudar com isso.

- Vocês estão me mandando para uma escola de gente retardada. Um hospício com professores.

- Não é nada disso. Slugworth não é um hospício. É o melhor pra você agora, Percy. É uma ótima escola, você vai ver.

Percy piscou. Todos olhavam para ele com pena e expectativa. Esperavam que ele dissesse sim. Sua cabeça, ainda confusa, mandou-o aceitar a oferta. Ele ainda tinha certeza que tudo tinha acontecido, mas algumas coisas estavam começando a embaralhar os seus pensamentos.

Ele suspirou e, mesmo à contra gosto, assentiu.


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Notas finais do capítulo

Eu pesquisei se alguém em coma ficava completamente inconsciente ou se era possível sonhar, e a resposta é sim, é possível, então a história faz sentido. Me julguem por não sabe disso apdkpsokdp
Por favor, comentem, sim? Quero saber a opinião de vocês. Até o próximo!



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