Quando as aulas terminaram, Elisa e Klaus agiram conforme o combinado. Os dois foram juntos aonde Elisa sempre ia buscar Lucy e a encontraram sentada esperando-a com um sorriso.

– Oi maninha! Quem é esse?

– É meu amigo Klaus, ele vai para casa hoje.

– Ah!

– Muito prazer Lucy.

– Prazer.

Klaus apertou a mão de Lucy, ele sentiu uma grande aura negativa emanando dela, mas não falou nada. Os três foram juntos esperar pelo senhor Cantbell.

– Seu pai vem sempre rápido, neah?

– Sim, ele nunca se atrasou.

– Acha que ele vai se importar se eu for junto?

– Não. Claro que não!

– Que bom.

Depois de poucos minutos eles avistaram o carro do senhor Cantbell se aproximando.

– Olá meninas como estão?

– Oi pai!

Responderam as duas juntas.

– Pai, o Klaus pode vir hoje com a gente?

– Claro que pode! Como vai Klaus?

Perguntou o pai de Elisa olhando para o jovem nas sua frente.

– Eu estou bem, muito obrigado senhor Cantbell.

– Bom então, vamos entrar?

Klaus sentou-se ao lado de Elisa. Tinha muitas coisas que ele queria perguntar para ela, mas não achou uma boa ideia com Lucy e o pai delas pór perto. Era a primeira vez que ia na casa de Elisa e estava bastante ansioso, mas ao mesmo tempo preocupado. Para tentar quebrar um pouco aquele clima e fingir que estava tudo bem, eles começaram a conversar normalmente, a única que não falava nada era Lucy, ela apenas ficava observando as árvores e sorrindo.

– Pronto chegamos! Até mais tarde crianças.

– Tchau pai!

Elisa levou Klaus para dentro de casa, ele parecia estar gostando de lá, de repente levou um susto quando o gato começou a ronronar nas suas pernas.

– Vejo que já conheceu o Borris.

– Ei! Parece que ele gostou de mim!

Elisa sorriu.

– Eu na ficaria tão animado se fosse você.

– Por quê?

– É por causa do seu cheiro, como é a primeira vez que você vem aqui, o Borris está estranhando o seu cheiro, por isso ele esta tentando deixar o cheiro dele esfregando-se em você..

– Oh! Ainda acho que ele gosta de mim.

Lucy foi a ultima a entrar e assim que o fez, Borris foi ate ela, começou a cheira-la e no mesmo instante seus pelos ficaram eriçados, ele deixou os dentes e as garras a mostra e soltou um miado ameaçador. Klaus e Elisa não conseguiram entender o que estava acontecendo, apenas observavam pasmos. Lucy agia com indiferença, ela foi se aproximando do gato que ficava cada vez mais nervoso, ele apenas soltou um miado agudo e saiu por uma janela aberta.

– Humpft, gato idiota!

Lucy continuou caminhando calmamente passando por Elisa e Klaus que ainda permaneciam imóveis e subiu para o quarto.

– Você viu aquilo Klaus? Você viu?

– É eu vi! Foi tudo muito estranho.

– Eu sei, o Borris sempre gostou da Lucy, ele nunca ficou assim com ela, desde que...

– Desde o que?

– Vem comigo!

Elisa puxou na mão de Klaus, mas na mesma hora sua mãe aparece.

– Oi Elisa! Vejo que trouxe um amigo.

Ela estava tão preocupada com Lucy que até se esqueceu de apresentar Klaus para a mãe.

– Oh desculpe mãe, esse é o meu colega de sala, Klaus.

– Olá Klaus seja bem vindo!

– Obrigado senhora Cantbell

– Huh! Onde esta a Lucy?

Os dois se olharam.

– Ela subiu.

– Está bem, estarei terminando o almoço, se precisarem de mim.

– Klaus vamos aqui fora, precisamos conversar.

– Está bem.

Klaus seguiu Elisa. Os dois sentaram juntos debaixo de uma árvore. Ela precisava esclarecer tudo com ele, precisava contar que sentia estar sendo observada e que Lucy estava correndo perigo.

– Como você mesmo pode ver a minha irmã vem agindo de uma forma cada vez mais estranha, ela ate parece outra pessoa.

– Sim e foi por isso que você pediu que eu viesse para sua casa.

– É mas, eu não lhe contei tudo.

– Hã?

– Um dia Lucy estava quase entrando na floresta, eu a encontrei escondida em um tronco. Quando estávamos voltando, ela começou a acenar para alguém, fui olhar e vi o que parecia ser um homem, mas não era humano! Você se lembra da descrição que aquela menina Lisa deu na entrevista sobre o sequestrador?

– Sim! Um homem alto de terno e sem rosto. Você acha que pode ser a mesma pessoa?

– Claro! Quem mais? Minha irmã está correndo perigo e não sabemos nada sobre o sequestrador.

– E se procurássemos mais coisas sobre ele?

– Como? Se nem a policia não sabe de nada.

– Elisa vem comigo.

Klaus levou Elisa até onde estava a mãe dela, esta já estava colocando os pratos na mesa. Klaus perguntou para a senhora Cantbell se havia uma biblioteca perto de onde moravam, usou a desculpa de que iriam estudar, ela concordou em deixa-los ir até lá, mas antes deveriam sentar para almoçar.

– O que você esta pretendendo?

– Você vai ver Elisa.

De repente surge Lucy, ela sentou-se á mesa sem falar nada e começou a comer. Elisa e Klaus preferiram não falar mais nada e também começaram a comer.

Quando todos acabaram a senhora Cantbell levantou-se e começou a lavar a louça, ela pediu para Elisa tomar cuidado quando fosse com Klaus, ela até os levaria, mas não poderia deixar Lucy sozinha em casa. Elisa concordou na mesma hora.

– Você não vai destrocar de roupa?

– Não, vou assim mesmo.

– Esta bem, vão com Deus!

– Amém!

A senhora Cantbell acompanhou-os ate a porta. Elisa e Klaus andaram sozinhos na rua.

– A sua mãe deixa mesmo você andar sozinha?

– Sim, eu já tinha feito isso antes, pode não parecer, mas eu sou muito responsável, alem do mais a biblioteca fica aqui pertinho.

A biblioteca ficava menos de uma hora da casa de Elisa, não era muito grande, mas era agradável e bem organizada. Ao entrarem lá Klaus pediu para Elisa que o ajudasse a pegar livros que falassem sobre mitos e lendas urbanas,

– Pra que você quer isso?

– Você já vai saber.

Os dois se separaram, havia uma grande variedade de livros e algumas pessoas estavam sentadas lendo. Eles procuraram cuidadosamente pelos títulos para mãe deixar nada passar pelas estantes e quando reuniram uma boa quantidade de livros, combinaram de sentar em uma mesa para começar a lê-los. Haviam vários livros que falavam sobre lendas de diferentes países, Klaus pediu para Elisa pegar um.

– Não estou entendendo o que você quer isso.

– Logo você entenderá.

Elisa começou a ler e viu sobre várias lendas nórdicas, japonesas, americanas, africanas, egípcias, romanas e até mesmo brasileiras, algumas das lendas tinha como título Niflheim ( O Mundo do Gelo Eterno), Álfheimr ( Mundo dos Elfos Claros), Izanagi e Izanami, Tsukuyomi ( Deus da Lua), Shinigami ( Deus da Morte), Osíris, Zeus, Odin, Fenrir, The Killer in the Backseat, The Clow Statue, Mapinguari, Pisadeira, Matinta Pereira e muitos outros, mas nenhum deles parecia ser útil naquele momento, ela viu que Klaus estava deixando uma pilha de livros que acabara de ler, o que será que ele estava procurando?

– Caramba! Será que não tem aqui?

Exclamou frustrado.

Por fim, Klaus pegou um livro grosso de capa escura, quase soltando, páginas amareladas e o cheiro característico de livro muito velho. Klaus começou a lê-lo, seus olhos foram passando de página em página até finalmente exclamar contente.

– Achei!

Elisa parou de ler e olhou surpresa para ele, Klaus mostrou para ela uma das páginas do livro onde estava um desenho em xilogravura de uma criatura humanoide de braços longos ao fundo estava uma floresta com árvores secas. Abaixo da figura estava escrito der großmann, Elisa também viu uma pequena inscrição que ela não conseguiu ler.

– O que é isso?

– Steigen sie nie in seinen Wald ein.

– Traduz por favor.

– Isso é alemão e significa ''Nunca adentre em sua floresta.’’

– E desde quando você sabe falar alemão?

– Ah Elisa, já se esqueceu que meus pais são alemães?

– Oh é mesmo! Eu tinha me esquecido completamente.

– Estou vendo, mas é normal, faz muito tempo desde que nos mudamos aqui para a Eslováquia.

– Esta bem, mas por que você me mostrou isso?

Perguntou Elisa apontando para a xilogravura do homem deformado.

– Essa é uma lenda famosa no meu país e na Romênia, eu normalmente não falaria nada sobre isso para ninguém, mas devido as coisas que tem acontecido com Lucy, acho que essa é a única forma de tentar ajuda-la, mas também estarei te expondo a um enorme perigo. Quer continuar?

Elisa ficou perplexa, Klaus não parecia estar brincando. Ela não sabia o que deveria fazer, mas então pensou em Lucy e se deu conta de que aquela seria a única maneira de entender o que estava acontecendo com ela e quem ou o que era aquela coisa que vira na floresta.

– Sim quero continuar!

Falou decidida.

– Essa é a sua última chance, depois não tem mais volta. Se está mesmo decidida a conhecer der großmann, então terá que arcar com as consequências de tal ousadia.

– Você esta me assustando, mas eu não mudei de ideia!

Klaus não falou nada, ele se sentia responsável por ela e no fundo tinha medo, mas também sabia que Elisa era muito determinada e precisava saber o que iria enfrentar para salvar a irmã. Ele virou a página e grandes letras estavam destacadas.

Wenn Sie Klug genug sind, Werden aufhören Zu lessen hier.

Elisa levantou uma sobrancelha e Klaus entendeu que deveria traduzir.

– Se você é esperto o bastante, pare de ler aqui.

Elisa engoliu em seco.