A noite em Londres era calma, silenciosa. Você poderia muito bem sentar em um banco de praça e ouvir o som do vento bater nas folhas que dançavam até chegar ao chão.

Todo aquele ambiente quieto escondia, na sua mais profunda escuridão, medos e segredos que ninguém jamais deveria descobrir.

Oliver fazia parte deles.

O rapaz tirava pedaços de carne humana e jogava no liquidificador de qualquer jeito, evitando ossos ou partes mais duras. Sorria inocentemente enquanto misturava junto a massa de cupcakes e já pensava em uma bela decoração para aquele.

Já estava na hora de colocar para assar e limpar aquela bagunça.

Oliver então pegou o balde azul cheio de sangue e foi até o porão, onde o cheiro de podridão o denunciava.

Restos de pessoas estavam jogadas pelo chão. Era uma visão que dava náuseas em qualquer ser humano normal...

Mas Oliver não era um ser humano normal.

Oliver era o pior tipo de psicopata: O Canibal.

Durante as madrugadas tranquilas de dias de semana em Londres, Oliver escolhia uma vitima, a estudava e depois se aproximava dela. Era um trabalho cauteloso.

Suspirou, juntando mais pedaços no balde. Havia um grande buraco em um canto do porão. Ele juntava os pedaços e os jogava ali.

Passou-se um longo tempo até que limpasse o chão e guardasse tudo para que ficasse “limpo”.

- Hoje foi um dia produtivo. –Sorriu e foi até o banheiro se lavar.

Tomou um banho e, quando finalmente saiu do banheiro, o despertador apitou avisando que os seus cupcakes estavam prontos.

O barulho de batidas na porta ecoou por toda a casa.

Oliver soltou um suspiro seguido de “Quem será a essa hora¿” depois de olhar o relógio e ver que ainda era três e cinquenta da manhã.

-Hey, cupcake. – Era Alfred.

-Poppet! – Oliver arregalou os olhos e o abraçou. – O que você está fazendo aqui? - Ele tinha um sorriso de orelha a orelha – O que... – analisou bem o rapaz – O que aconteceu com você?

O rapaz estava em trapos! A camiseta rasgada com arranhões e sangue pelo seu peitoral, as bandagens mal amarradas em seus braços manchadas pelo vermelho.

-Briguei com o old frog de novo. – falou enquanto passava o braço pelos ombros do menor e andava em passos lentos até o sofá.

-Eu já disse pra vocês pararem de brigar! – o menor fez bico. Ele era completamente diferente perto daqueles de quem gostava.

Todos os seus amigos eram desconfiados e nenhum deles era “Flor que se cheirasse”, mas ele não queria ser assim, pelo menos não perto deles. E, embora soubesse que os outros descobririam cedo ou tarde, continuou fazendo o seu teatrinho de bom moço e bom amigo e tutor para seus dois “afilhados”.

-Poppet... – ele passou a mão pelo rosto de Alfred. Havia dois arranhões em sua bochecha e o sangue já havia secado.

-Não faça essa cara de pena. – ele disse, dando um leve tapa na mão de Oliver. – Mesmo sendo você, eu não gosto quando sentem pena de mim. Não preciso disso.

Oliver o encarou por alguns segundos. Ele sabia que não importava o que dissesse, só deixaria o outro mais chateado.

-Pode passar o resto da noite aqui, se quiser. – ele disse – E-Eu... vou dormir um pouco. – Oliver se levantou.

-Está bem, Cupcake. – Oliver andou até a porta do seu quarto em passos lentos, esperando por alguma coisa. – Hey, Oliver! – ele se virou para o mais alto. – Obrigado. – e sorriu.

~

A manhã foi agradável com Alfred. Oliver suspirou de alivio ao ver que ainda tinha roupas dele no armário e assim que cuidou de suas feridas, mandou o rapaz tomar um bom banho e se vestir.

Após tudo isso eles ainda teriam que ir à uma reunião entre os amigos, por sorte desta vez seria ali mesmo, em Londres, o que explicava o fato de Alfred estar lá.

-Ah! Cala a porra da sua boca! – Luciano gritou com Flávio, que não parava de tagarelar sobre as atuais modas da Itália.

-Arg! – Matt falou, se levantando e batendo na mesa com força. – Os dois, se aquietem! – bateu com tanta força que os óculos, que antes estavam no topo da cabeça, agora caiam sobre seu nariz, cobrindo seus olhos.

-Fica quieto, Matt! – Alfred falou. Ele estava se divertindo vendo aqueles dois discutindo e quase brigando.

-Que merda. – François falou, recebendo um chute na perna logo em seguida.

- Frog! – Oliver gritou – Olha a língua!

Esse era mais um mandamento que fazia parte da “Politica de bom moço de Oliver Kirkland”: Nada de palavras de baixo calão.

-Frog é o meu... – pensou em falar mais alguma coisa, mas viu o brilho diferente nos olhos de Oliver e preferiu ficar quieto em sua cadeira.

Após algumas horas de discursão, cochilos e alguns chutes a reunião acabou. Era por volta de nove da noite quando Oliver resolveu sair para “Procurar companhia”.

Os cabelos rosados caiam sobre suas grossas sombrancelhas. O sorriso bobo fazia com que as bochechas cheias de sardas se inflassem um pouco. Aquele era o two player.

Andava pacientemente pelas ruas sem sua mascara. A mascara que ele precisava usar sempre que algum de seus conhecidos se aproximavam.

Achava que estava tudo bem que apenas seguisse alguém aleatório, então assim o fez.

Andou e andou, até chegar a um bairro onde as pessoas eram desprovidas de decência. Era ali que toda a diversão de instalava.

As raparigas de roupas curtas riam com copos de bebida alcoólica em suas mãos. Elas olhavam para Oliver com os olhos cheios de luxuria. Era disso que ele gostavam.

~

“Mas uma jovem desapareceu entre os becos escuros de Londres! Será que essa cidade já não está mais segura? E o pior de tudo: Sequer achamos rastros das pessoas desaparecidas.”

-Você deveria ser mais discreto, Oliver. – Alfred falou enquanto desligava a tv. – Nunca se sabe, né? Seria ruim se te pegassem.

-Ora, ora! Está preocupado comigo, poppet? - sorriu enquanto pegava uma bandeja cheia de cupcakes e levava até a mesinha da sala.

-N-Não! – Alfred desviou o olhar.

-Você gaguejou! É tão fofo. – o sorriso de Oliver ia de orelha a orelha. – Então, Poppet... o que quer comer hoje? - Alfred deu um de seus sorrisos maliciosos e puxou Oliver para seu colo.

-Você sabe muito bem.