Vidas Paralelas escrita por CelticSponsor


Capítulo 9
Dumbledore


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem a demora descomunal. Vamos lá.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/572840/chapter/9

Quando eu e Snape estávamos saindo da Estação King's Cross com os vários livros nas mãos, o cobertor sobre os ombros e um medo crescente no peito, uma coisa caiu do céu em cima de mim. Uma bola de penas grande o suficiente para ser confundida com um pássaro. Mas era um pássaro! Uma coruja das torres grande e escura estava com seus olhos alaranjados encarando os meus. Ela trazia algo preso no tornozelo esquerdo.

— Calminha, garoto, o que você tem aí? - perguntei, deixando minhas coisas no chão e pegando o pergaminho do pé da ave.

— O que está fazendo Lílian? - Snape me questionou com um risinho nervoso.

— Este é o correio-coruja. Deve ser importante para terem-na feito me encontrar - eu disse enquanto desembrulhava o papel.

Era um papel estranho. Havia um diagrama linear com várias rupturas, linhas paralelas rompidas. Embaixo, em letras finas e elegantes, havia uma mensagem: me encontre na Ponte de Londres. Agora.

Aquela era uma mensagem de Dumbledore, e disso eu não tinha dúvidas.

— Venha - falei para Snape, que carregou minhas coisas e me seguiu a caminho da ponte. A coruja bateu suas asas e seguiu seu rumo enquanto nos movimentávamos no espaço cheio de pessoas assustadas, algumas ainda correndo com medo do atentado na estação. Levaria alguns minutos chegar até a ponte, então fui pensando em tudo que havia acontecido.

Primeiro: encontrei um Snape muito estranho no caminho para a escola. Ele é descolado, usa uma jaqueta de couro, os cabelos curtos picotados, os olhos escuros de sempre, a pele bonita, espere. Deixa eu respirar. Então... Ele é forte e, só um detalhe: eu já mencionei que ele é TROUXA? É sim... E eu estou ficando louca. Parei um segundo a mais para respirar. Severo me esperou, esfregando a testa.

Segundo: enquanto volto a andar, lembro do atropelamento, das conversas que sugeriam que esse Snape não é o mesmo, ou que eu não sou a mesma, e em todas as memórias que começo a questionar terem sido verdade. As diabretes aparecem de repente e o taxista diz que Snape deixou no carro. Não podem haver dois, não é? Não é? Mas...

Terceiro, e agora estou pensando que penso demais: o que essas diabretes faziam com Snape afinal? Elas são proibidas para uso pessoal pelo Departamento de Proteção de Animais Fantásticos, e Snape estaria com problemas... Elas ficaram quietas durante todo o tempo que eu olhava para elas no carro, no caminho para cá. Porquê? Olhei para a gaiola em minhas mãos, e elas ainda estavam me olhando. Elas estavam com o objeto nas mãos pequenas, que tremiam.

— O quê? - perguntei - O que foi?

Eu não esperava exatamente uma resposta, porque elas não tem um vocabulário tão desenvolvido assim. Mas ouvi um pequeno chiado vir delas. Estavam tentando falar. Se esforçavam para passar alguma mensagem. Sentei-me num banco próximo da escadaria para a ponte. Tínhamos chegado. As pessoas passavam com pressa perto de nós, olhando enviesadas, mas eu não estava mais ligando para isso.

— Snape - disse a diabrete, aquela que foi acariciada, com muito esforço - perigo.

Olhei para Snape na velocidade de uma Cleansweep.

Ele apenas olhava admirado para as "araras".

— O quê mais? - segurei a gaiola mais próxima do rosto, agora tenso de medo.

— Profecia. - a outra disse solene.

Mas... Profecia, Snape, Perigo. Onde essas palavras faziam sentido, pelo amor de Deus!

Um bruxo alto e magro simplesmente se moveu e pegou a gaiola das minhas mãos. Ele surgiu de lugar algum, de algum lugar. Alvo Dumbledore acabava de aparatar na minha frente, a barba comprida e acaju começando a despontar ao branco. Os olhos azuis fitaram os meus, e num movimento de varinha, todos nós fomos atraídos até ele.

E aparatamos.

 

***********************

 

Lílian e Snape colocaram o grande e fino cordão de ouro do vira-tempo nos pescoços, e o garoto, com a varinha em punho, girou o dispositivo quatro vezes. Ali estava a oportunidade de fazer uma pequena experiência.

— Segure-se em mim, Lilian. - disse ele.

— O quê? - o ambiente começava a girar e se mover. Estavam voltando o tempo.

— Agora!

Ela o abraçou com muita força, e então ele focou seus pensamentos na Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. Pensou com todas as forças nos javalis alados da entrada. E então o mundo desanuviou e simplesmente pausou, como usar Petrificus totalus. Eles não só e simplesmente voltaram no tempo, ou aparataram. Eles fizeram um belo, e bem sucedido, teletransporte mágico.

— Consegui! Nós... Conseguimos Lílian! Conseguimos fazer isso! - ele segurava nos cotovelos dela e sorria na entrada gramada do colégio, onde as chamas bruxuleavam nos archotes, prestes a se apagar. Estavam a alguns minutos do amanhecer, e o céu possuia aquele tom acinzentado, tornando-se dourado no extremo do horizonte.

— Conseguimos... o quê? - Lílian perguntou, tirando o cordão do pescoço, e observando o entorno. Ela parecia não ver a magnitude do colégio, logo a frente dela.

— Nos teletransportamos para o passado. Eu não corro o risco de me encontrar no passado, porque acabei de substituí-lo! - ele fez uma expressão de triunfo, o que, com os olhos escuros e os cabelos compridos colados no rosto, lhe tornavam uma pessoa irreconhecível.

Ela parecia num misto de confusão e atordoamento. Como quando Petúnia 'azara' ela. Ela não sabe o que significa, mas parece mau. Traz sensações ruins.

— De qualquer forma, temos que correr. Lilían está prestes a descer as escadas.

Mas ele parou de repente, quando percebeu que ela não o seguia.

— Se viemos para cá, o que aconteceu comigo, quero dizer, com a sua amiga? Você disse que foi substituído, então...

A cara de Severo ficou amarelo pergaminho. Ela estava certa. Ela era a nova Lílian. Agora, talvez, fosse tarde demais.

Ele poderia nunca reverter isso.

 

*******************************

 

— Lílian - o professor Alvo começou a falar, enquanto eu ainda estava sentada no banco, o qual eu sequer levantara. Para você ter noção do poder do bruxo, tudo num raio de três metros veio conosco. Viera um vaso de planta, o banco, Snape, eu e as diabretes. Os livros e o chá, que eu guardei na bolsa, permaneciam intactos - eu espero que já tenha entendido o que esteja acontecendo. E espero que esteja preparada.

Eu tentei respirar e organizar meus pensamentos, mas de repente eles pareceram confusos.

— Lílian, você está em posse do papel verde? - o professor me perguntou.

— Eu estou sim - consegui articular enquanto mexia na bolsa. O papel de sonserina, muito amassado, foi tomado da minha mão com urgência.

Dumbledore olhou para Snape e sua expressão era de tamanha preocupação que eu pensei, por um momento, no perigo iminente das maldições imperdoáveis. Então ele olhou para o papel e tocou-o com a varinha, cinzenta e com nódulos como os dedos da Morte.

— Revelio!

E o papel sibilou de forma crescente, e num piscar de olhos, saltou para o ar parado do... Agora que vi onde estamos. O ar, que antes se mexia e levava as folhas que tinham vontade própria carregando meus sonhos e segredos. Meus e de Snape... Era a nossa antiga vizinhança, o local onde nos conhecemos. O pequeno lago, a casinha atrás da árvore. A floresta carente de árvores, onde um dia vimos uma corsa correr para proteger outra. Ou ela protegeu um cervo? Eu estava confusa... Eu estava sentindo minha memória se esvair.

Outra parecia chegar em seu lugar, opressiva e avassaladora. Era a memória de outra pessoa se infiltrando em mim. O que estava acontecendo? Olhei para o papel verde, que não era nada mais que uma folha frágil agora, no qual as letras acendiam como brasas e voavam para o ar da noite, formando uma frase:

"Tom Marvolo Riddle deverá viver. Por ora, deve ser apenas impedido".

— Quem enviou esse papel? - perguntou Snape, olhando para as letras, que se refletiam no escuro de seus olhos.

— A pergunta é válida, mas não é a correta.

Dumbledore jogou a varinha no ar, que permaneceu flutuando.

— Eu não sei a quem ela pertenceu. Mas possui vontade e consciência própria. Há algo mais que você precisa saber, Lílian.

Dumbledore tirou de um de seus bolsos fundos da túnica azul-petróleo uma esfera oscurecida e pequena, como aqueles globos de neve que as crianças gostam de ganhar no Natal. Eu não reconheci de primeira, mas então me veio a palavra da diabrete.

— Isso é uma profecia?

As diabretes começaram a fazer barulho e gritar na gaiola, batendo um objeto na grade e tornando a conversa ainda mais difícil.

— De fato, minha cara, esta é uma profecia. Por instância, eu não deveria tê-la, mas era uma necessidade urgente. Havia na placa, no Departamento de Mistérios, o seu nome, Lílian, junto ao de Snape. Firenze, o centauro que mora em nossas propriedades, foi quem produziu esta. Produziu-a na minha presença.

— E o que ela... espere... o que diz? - algo falhou em minha mente, e eu pensei que não conseguiria completar a frase.

Mas, inesperadamente, foi Snape quem respondeu.

"Do vermelho de seus olhos a resposta encontrará. O fervido chá da vida à morte ceifará. Dois casais apaixonados um ao outro conhecer. Realidades paralelas, a maldição desfazer".

Todos nos entreolhamos, sob a luz esverdeada que surgiu de repente, despontando do alto e tornando a cena fantasmagórica. A varinha de Dumbledore brilhava, apontando diretamente para o peito de Severo. E ela fazia isso sozinha. O mundo pareceu tornar-se lento, eu podia ver as coisas claramente. Uma faísca, energia verde, saía da ponta da varinha em direção a Snape. Dumbledore mexeu suas mãos com incrível perícia, e algo dourado surgiu entre o professor e a varinha. Havia uma imagem como esta em algum livro de Hogwarts, uma história semelhante... Aquilo era Priori Incantatem.

A diabrete jogou alguma coisa em mim, no calor do momento, e eu senti algo descer de minha testa, já arranhada: um fio de sangue saía dela. A diabrete me jogou uma lâmina cortante!

— Ah diaba!

Snape parecia preso em um sonho observando tudo, apesar de ter me olhado xingar a diabrete. Peguei o objeto no chão, atrás do banco, e lá estava. Uma pequena placa. Uma placa com os dizeres:

"Firenze para A.P.W.B.D

Lilian Evans e Severo Snape"

Aquilo era pra valer. Só então, quando a luz dourada da luta se intensificou, percebi: minhas mãos estavam se apagando. Eu podia ver através delas. O que estava havendo? O que estava...?

A última coisa que me lembro é de cair no esquecimento do escuro.

 

**************************

 

— Precisamos correr!

— É o que estou fazendo! Ou tentando!

Snape gritava com Lílian para correr, mas ela ainda não podia ver claramente a escola. Sua visão pregava-lhe peças. Enquanto o garoto corria livremente pelos corredores do colégio, tudo que Lilian via era um castelo abandonado e cheio de buracos e falhas no assoalho, ameaçando quem quer que pisasse ali. Ela não conseguia correr. Não com buracos do tamanho de uma corsa espalhados pelo chão.

— Não acredite no que vê. Continue correndo, confie em mim! – Snape gritava , enquanto subia escadas estranhas e mais saguões vazios. Ele precisava chegar até Dumbledore.

Lílian tropeçou.

Snape parou para ajudá-la, enquanto os quadros observavam a grande jornada esbaforida dos dois. Eles começaram a sorrir da queda dela, mas isso não era importante. A vida das duas estava em jogo, se levassem em conta que cada uma, sendo a mesma, tinham vidas paralelas.

— Vamos Lílian , precisamos ver Dumbledore!

Eles se levantaram, mas um quadro fez “psiu!” Lilian ouviu e ficou confusa. Ela não podia ver nada alem de uma parede vazia.

— O que foi? – Snape disse rudemente ao cavaleiro no quadro, que vinha acompanhado de um pônei branco. Sir Cadogan.

— Cachorros imbecis do fim do mundo, parem e ouçam, o cavaleiro da luta é quem vos fala!

— Diga logo, estamos com pressa!

O cavaleiro levantou a aba de seu elmo e deu um sorriso, que parecia amarelo na pintura envelhecida.

— O professor Alvo - ele pigarreou - Percival Wulfrico Brian Dumbledore, ufa, não se encontra na propriedade. Ele saiu.

A cabeça de Snape viajava em possibilidades. Para onde eles deveriam correr agora? A quem deveriam pedir ajuda? O objetivo era apenas entregar o papel para Lilian e ir embora. Erro dele. Não sabia quase nada das artes das trevas e se achava no direito de usá-la para seu bem.

Idiota.

Não parece haver uma maneira de usar as trevas para o bem. Parece que tudo se desfaz, como mágica.

"Se desfazer como mágica... Pensa Snape. A missão era entregar o papel, o que tem escrito no papel?"

Ele olhou para os dois lados do corredor e tirou do bolso o papel verde. Lá estava, nas letras inconfundíveis do próprio, o feitiço desenvolvido por ele: Levicorpus.

Então é isso, ela vai salvar alguém usando esse feitiço. É para isso que esse feitiço das trevas foi criado. Para o bem. É preciso que ela possua este pergaminho na bolsa.

"Mesmo que agora, ela possa ter deixado de existir. Ela não pode ter deixado de existir".

Algo no modo como Lilian o tocou o fez acordar de seus próprios pensamentos.

— Precisamos ir ao Salão Comunal da Grifinória.

Snape não teve tempo de questionar como ela sabia essas informações.

Concordou com um aceno de cabeça e ambos correram em direção à Torre da Grifinória, em direção à possibilidade de, com sorte, salvar a garota ruiva a quem ele tanto ama.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Em breve mais.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Vidas Paralelas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.