Spirit Bound - o Recomeço escrita por Bia Kishi


Capítulo 29
Capítulo 29 - Laços de Sangue (parte II)


Notas iniciais do capítulo

Dimitri beijou meu pescoço, acariciand com a ponta da língua enquanto suas presas arranhavam minha pele, produzindo sensações perturbadoras. Eu fechei os olhos e apenas senti. Sua boca macia e fria encontrou a minha e eu não ofereci resistência. Eu queria. Queria beija-lo, queria que ele me amasse. Queria ser dele uma vez mais. Quantas fossem possíveis.



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Deitada em minha cama, eu podia ouvir o barulho de alguma conversa. Não eram as ordens habituais nem eram choros e lamentos de alguém que eu sabia que estava morrendo, não, desta vez eu reconhecia a voz. Era ela. Ela estava com o moço bonito. Eu reconhecia a voz dele, eu sempre reconhecia a voz dele. E agora, eu reconhecia a voz dela também. Eles estavam conversando tão baixo que eu precisava me esforçar para ouvir. Eu não conseguia entender o que falavam, mas eu podia sentir os sentimentos confusos que ela tinha. Eu sentia nela os mesmos sentimentos que minha mãe me mostrava quando falávamos do meu pai.

De repente a conversa parou. Tudo ficou em silêncio novamente, nem mesmo um sussurro.

Será que ele a havia matado? Será que havia feito com ela o que fazia com os outros?

Um sentimento estranho de raiva, e medo e tristeza me invadiu – eu precisava fazer alguma coisa para salva-la. Precisava encontrar alguém que a ajudasse.

Fechei mais uma vez meus olhos e deixei que meu espírito saísse – não era mais tão difícil, nem era mais tão doloroso como antes, mas ainda era estranho.

Eu não sabia quem procurar, nem sabia o que dizer, afinal eu não tinha nem idéia de onde estava, mas eu precisava dar um jeito.

Apareci no hotel. A garota dos cabelos claros estava penteando-se cuidadosamente, em frente ao espelho.

-           Oi! – eu disse á ela

-           Oh meu Deus! Um fantasma!

      Eu sorri.

-           Hey! Não sou um fantasma, fique calma.

Tentei pronunciar as palavras bem devagar e me aproximar com cuidado, mas acho que não estava funcionando muito, já que a garota estava segurando a escova como se fosse uma arma apontada para mim. Ela parecia mais um gato acoado do que uma usuária do espírito!

Eu me sentei na cama e cruzei minhas pernas.

-           Rose foi mais corajosa!

-           Vo... Você conhece Rose?

-           Sim. Somos primas.

-           Rose não tem primos!

-           Ah ela tem sim!  - eu me espalhei um pouco mais na cama - e por falar em Rose, acho que ela precisa de ajuda.

       A garota ficou ainda mais pálida do que já era.

-            Aconteceu algo com ela?

-           Na verdade, eu não sei. Mas ela está com o moço bonito e sabe, ele não costuma ser muito bonzinho.

-           Ma... Mas Rose está no quarto! Eu a deixei lá!

-            Acredite, ela não está.

      A garota sentou-se ao meu lado.

-           E onde ela está então?

-           Esse é o problema, eu não sei.

-           Você é a filha de Stan?

-           Sim, sou eu mesma! Muito prazer, sou Anita.

A garota sorriu. Um sorriso tão doce que me fez querer abraça-la. Eu sempre soube que Lissa era gentil e educada, mas estar assim tão perto dela, conversar com ela, me mostrou que ela era ainda mais.

-           Eu sou Lissa. Vasilisa Dragomir.

-           Eu disso, princesa. Sei quase tudo sobre você.

      Lissa sorriu ainda mais e me puxou em seus braços. Era bom e confortável.

-           Agora me diga Anita, o que aconteceu com Rose?

-           Ela foi até onde eu estava, com Ivan. Aí o moço bonito apareceu.

-           Dimitri!

-           Sim, acho que esse é o nome dele.

-           Então temos que voltar para lá!

Baixei meus olhos na madeira do piso do chão.

-           Temos.

-           Então vamos!

      Eu não sei onde é.

-           Mas você disse que é o lugar em que você estava!

-           E é.

-           Como você pode não saber?

As perguntas que ela me fazia eram as mesmas que eu fazia á mim mesma por todo o tempo de vida que me lembro. E depois de todos esses anos, eu não tinha resposta alguma.

-           Olha, eu não posso simplesmente caminhar por aí em forma de fantasma. Eu só consigo desaparecer e aparecer em outro lugar! Não é tão simples assim sabe, projeção de espírito é muito complicado!

Lissa me abraçou ainda mais forte. Seus dedos brincavam com os fios escuros dos meus cabelos. Naquele momento, no abraço de Lissa, eu percebi o quanto precisava que alguém cuidasse de mim. O quanto eu queria. Queria só ser uma criança normal e fazer as coisas normais. Eu queria o meu pai. Queria que ele me encontrasse e cuidasse de mim, já que minha mãe não poderia fazer isso nunca.

-           Você se parece muito com ela, sabia?

-           Minha mãe?

Lissa sorriu.

-           Não, Rose!

Rose se parecia com minha mãe em muitos aspectos, e eu me parecia com Rose – bem, ninguém poderia dizer que não éramos uma família de mulheres fortes!

-           Vamos dar um jeito! – a voz de Lissa me arrancou dos meus pensamentos.

Ela pegou o telefone discou algum numero que eu não entendi. Alguns minutos depois, bateram na porta – o outro moço bonito!

Adrian ficou parado na porta com cara de bobo, olhando fixamente em minha direção.

-           Muito prazer, sou Anita – eu estendi a mão para ele.

O moço bonito deu um passo para trás e quase bateu a cabeça no cabideiro, mas não segurou minha mão.

-           Hey, vocês nem parecem usuários do espírito!

-           Quem é ela? – ele perguntou encarando Lissa, como se eu fosse um tipo de aberração da natureza.

-           Anita é prima de Rose, e filha de Stan.

      Adrian parecia cera de tão pálido.

-           É uma longa história e não vem ao caso – disse Lissa, levantando-se e pegando Adrian pela mão – o fato é que Dimitri pegou Ivan, e Rose. Os dois são prisioneiros agora e precisamos ajuda-los.

-           E tem idéia de como vamos fazer isso?

-           É claro que não! Por isso te chamei aqui.

***

            Dimitri deixou que seus olhos se perdessem entre as tábuas do chão.

-           Você o matou! – eu repeti sem saber o que dizer.

Ele voltou-se para mim em uma fração de segundos e segurou meus pulsos tão apertados que pensei que fosse quebrá-los.

-           Já disse Roza, eu não o matei – e então ele completou – ainda.

Eu engoli em seco, enquanto os olhos de Dimitri percorriam meu rosto e corpo. Algo quente e perturbador começava a tomar forma dentro daqueles olhos vermelhos. Eu engoli em seco novamente – desta vez, sem saber exatamente o que eu também começava a sentir.

            Os olhos de Dimitri continuavam nos meus, quando um sorriso sedutor nasceu em seus lábios.

-           Sabe de uma coisa, Roza – ele me disse tocando minha pele com a ponta do nariz – eu não me alimentei de Ivan, você sabe o que isto significa?

Sim, eu sabia. E meu corpo também. A lembrança das endorfinas de Dimitri em meu sangue fizeram minhas pernas amolecerem tanto que agradeci por ele ainda estar segurando meus pulsos.

Dimitri continuou.

-            Significa que estou com sede. Muita sede – os lábios de Dimitri brincavam na pele do meu pescoço, aumentando a tortura – eu quero matar minha sede Roza. Eu preciso.

Eu queria gritar, queria gemer que “sim eu queria que ele me mordesse”, mas sabia que não poderia fazer uma assim. Então eu permaneci em silêncio, rezando para que Dimitri só estivesse brincando mesmo comigo – o que eu duvidava.

            Lentamente, as mãos afroxaram meus pulsos e escorregaram em minhas costas, trazendo meu corpo para o dele. Frio, mas ainda era ele. Meu Dimitri. Por mais que eu quisesse fingir e por mais que eu quisesse engana-lo, eu nunca poderia enganar á mim mesma. Era meu Dimitri, ali, em meus braços.

            Dimitri beijou meu pescoço, acariciando-o com a ponta da língua enquanto suas presas arranhavam minha pele, produzindo sensações perturbadoras.  Eu fechei os olhos e apenas senti. Sua boca macia e fria encontrou a minha e eu não ofereci resistência. Eu queria. Queria beija-lo, queria que ele me amasse. Queria ser dele uma vez mais. Quantas fossem possíveis.

            O beijo se tornou mais faminto, mais intenso, até que eu não encontrava mais o ar. Dimitri me puxou mais perto e segurou minha coxa contra seu corpo até que eu estivesse encaixada nele completamente.

            Suas presas cravaram em minha pele com a mesma fome que eu via em seus olhos. Eu perdi os sentidos nos braços de Dimitri. Nada me dava mais prazer que estar com ele. Nada me dava mais prazer que sentir Dimitri sugando sua força das minhas veias. Eu gemi baixinho.

-            Hummmmm.

Dimitri me apertou mais forte, enquanto combinava os movimentos de beijar mau pescoço e sugar meu sangue.

-           Minha Roza. Sempre.

Eu não discuti. Não poderia. Eu era, e seria mesmo, sempre sua Roza. Pelo tempo que ele me permitisse, eu seria.

            Meu Strigoi me carregou junto ao seu corpo até uma mesa de madeira no canto oposto á entrada. Ele me sentou nela e puxou meu corpo mais perto do seu. Meu casaco se foi e os botões da camisa de Dimtri tiveram o mesmo destino – o chão.

            Embora a neve caísse com toda a sua fúria lá fora, na cabana, não existia frio ou neve, ou nada. Apenas eu e Dimitri.

            Sua pele contra a minha, seu corpo contra o meu, eu queria mais. Deixei que meus dedos encontrassem os o zíper da calça dele e o puxei para baixo. Dimitri segurou minha mão.

-           Não!

      Eu congelei.

-           Não vamos fazer amor, Roza.

      Eu engoli em seco novamente – como assim, não vamos fazer amor?

            Desta vez, meus olhos é que encontraram o chão.

            Dimitri segurou meu rosto entre suas mãos.

-           Eu disse, Roza, que precisava me alimentar. Já me alimentei. É isso. Você é minha prisioneira agora.

Eu queria gritar e chutar e queria socar Dimitri, mas não fiz. Tudo que eu fiz foi deixar uma lágrima ridícula escapar dos meus olhos.

            Dimitri não se comoveu. Não me pediu desculpas ou algo do tipo. Ele apenas estendeu a mão para que eu descesse da mesa.

-           Posso fazer isso sozinha – eu disse empurrando seus braços.

-           Como quiser.

O Strigoi me conduziu por uma escada estreita e escura, para o andar de baixo. Um porão, provavelmente.

O lugar era úmido e frio e sem ventilação nenhuma. O cheiro de mofo se instalava em toda parte.

-           É aqui que vai me deixar? – eu praguejei.

Dimitri sorriu.

-           Por enquanto.

      Ele abriu a porta de uma cela e me empurrou para dentro. A porta se fechou em seguida.

Agora eu queria me socar! Como eu pude confiar nele? Como pude confiar em um Strigoi? Eu era mesmo muito burra! Havia esquecido tudo que aprendi, com ele inclusive!

            Uma respiração entrecortada me tirou do meu “lamento pessoal”. Quando olhei para o lado, no fundo da cela, um vulto escuro se mexeu. Eu focalizei o mais que pude, acostumando meus olhos com a falta de luz. Quase não acreditei no que vi.

-           Anita!


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