-Bill? Hey! Olha para mim!

-Ele vai derrubá-la... – sussurrei observando Georg correr como um louco pelo jardim com Arabella nas costas. – Vai tropeçar no banco! – gritei dessa vez. - Georg!!

-Deixe-os, Bill... Estão se divertindo! – mamãe riu acariciando carinhosamente a cabeça de Annie. Arabella havia a deixado sob os cuidados de minha mãe, temporariamente.

     Desde que começamos a nos encontrar á noite Arabella já não passava tanto tempo arrastando aquele ursinho de um lugar para o outro. Ela dizia que Annie já não era tão divertida quanto antes. Bem lá no fundo, eu tentava acreditar que isso significava que ela estava crescendo. Finalmente.

-Mas...

- Continuando... – Gordon me interrompeu, pegou em meus ombros e me obrigou a desviar os olhos de Arabella e olhar para ele. – Você realmente gosta tanto assim dela? Tem certeza que é o certo se prender tanto a ela dessa maneira?

-Todo dia eu me sinto um pouco mais feliz ao lado dela, raramente ouço a voz em minha cabeça! – exclamei alegre. – Está vendo como ela sorri? – apontei para um ponto do jardim a alguns metros de distância onde Arabella gargalhava próxima á Georg, Gustav e Andreas. – È esse sorriso que seca minhas lágrimas. E isso é o quanto ela é importante para mim.

-Como uma mulher ou como uma criança?

-Como os dois. – disse sério. – Gosto de sua inocência e sorriso de criança, e também gosto dos arrepios que sinto quando ela arranha minha nuca ao nos beijarmos. Eu nunca fui como os outros, sempre fui diferente de todo mundo. Penso e ajo de um modo diferente, por isso a mulher que eu sempre procurei também tinha que ser diferente de algum modo. – soltei um suspiro misturado com um riso. – Arabella é diferente de todo mundo em todos os modos possíveis! Não há ninguém mais perfeita do que ela para mim.

-Quero que vocês dois fiquem juntos e sejam felizes... Mas você vai sair daqui logo. O Doutor Mayer está cogitando te dar alta nos próximos meses! E você não pode arrastá-la para fora daqui com você.

-Arabella só vê o mundo de um jeito diferente, isso por acaso é uma doença? Sei que posso cuidar dela lá fora.

-Aquele homem deitado na grama conversando com os besouros só tem uma imaginação fértil. Isso por acaso também é uma doença? – me analisou com seus olhos castanhos. Baixei a cabeça sem resposta para sua pergunta. – Pense nisso, ok? – bateu de leve em meu braço.

    Conversei com Gustav, Georg e Andreas pelo resto do tempo de visitas enquanto Arabella conversava com minha mãe e Gordon. Ela estava feliz por que minha mãe havia lhe trazido um presente. De acordo com eles meu paradeiro estava deixando todo mundo louco, já fazia quase meio ano que eu estava aqui e do lado de fora as pessoas começavam a entrar em uma situação caótica devido ao meu sumiço.

-O que minha mãe lhe deu? – perguntei me atirando ao lado de Arabella no sofá, apontando para a sacola rosa que trazia nas mãos.

-Ela pediu segredo. – olhou para cima com um sorriso enorme nos lábios. – Mas eu fiquei muito feliz com o presente, ando pedindo algo assim para ela á tempos! – abraçou o presente.

-Segredo?! De mim!? – apontei para meu próprio peito fingindo indignação. – Tudo bem... Mais cedo ou mais tarde eu vou ficar sabendo. – sorri, toquei de leve sua mão com meus dedos. Algo discreto para não chamar a atenção de ninguém. - Bells, hoje á noite eu quero que você me faça um favor.

-O que é?

-Sabe aquela música que eu nunca deixei você ouvir? Por que disse que doía? – ela assentiu com a cabeça. – Você poderia ouvi-la comigo esta noite? E sorrir se eu sentir vontade de chorar?

-Por que quer ouvir uma música que te traz dor?

-Por que eu sinto falta dela. Era minha música e do Tom, é importante para mim. Eu quero poder ouvi-la e me lembrar das coisas boas, não das ruins... Mas eu a cantei no dia que ele morreu e por isso é difícil... Preciso de você. Pode fazer isso por mim? – me afundei um pouco mais na almofada fofa do sofá analisando seus olhos com cuidado. Arabella sorriu e se jogou em meu colo, ajeitando sua cabeça em minhas pernas como um bebê. Sorri enquanto penteava seus cabelos com meus dedos.

-Eu faria tudo por você.