Alleine In Die Nacht escrita por Maty


Capítulo 24
Capítulo 24 - Mundos distintos




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        Eu e Arabella nos encontramos naquela tarde para ver o filme. Acabei por escolher uma comédia qualquer, a clínica não tinha muitos filmes disponíveis (sem contar que não é qualquer filme que se pode passar para pessoas com problemas psicológicos). A sala estava vazia, com a exceção de um cara novo que chegara no dia anterior e a enfermeira responsável por nos observar. Como não tínhamos dormido quase nada eu e Arabella acabamos pegando no sono nos primeiros 10 minutos do filme.

 

      Naquela noite eu a esperei impaciente do lado de fora da janela, a noite estava quente e eu usava uma calça jeans, camiseta velha e chinelos. Abri um enorme sorriso quando a avistei andando apressada em minha direção com um vestido florido e o cabelo preso em um rabo bem no alto de sua cabeça, dando mais forma ao seu rosto fino e delicado. Diminui a distancia entre nós com passos grandes e antes que qualquer palavra fosse proferida juntei nossos lábios com urgência, sanando a vontade que me consumira o dia inteiro.

 

-Vai ser um inferno te ver o dia inteiro e só poder te beijar a noite... – suspirei colando minha testa á dela.

 

-È bom se acostumar... – sussurrou de volta rindo baixinho. Andamos até o fim do jardim, como sempre, para não acordarmos ninguém ou correr o perigo de sermos pegos, e nos deitamos na grama.

 

-Eu tenho um grande dilema... Sobre o qual venho pensando muito ultimamente. - disse meio aéreo.

 

-O que?

 

-Nós somos de dois mundos completamente diferentes... E apesar de querer ficar para sempre ao seu lado, não posso viver no seu mundo, Bells. - Arabella afundou seu rosto em meu peito e me direcionou seus grandes olhos verdes e inocentes. - Você vive em seu próprio mundinho, onde o céu é repleto de estrelas brilhantes, tudo é mais colorido, todas as pessoas podem ser perdoadas e todo dia é novo em folha, onde você pode fazer o que quiser! Eu não posso viver nele, por que já não tenho fé nessas coisas.

 

-Então eu deixo o meu mundo e você me mostra o seu.

 

-Você diz que quer conhecer o meu mundo... No meu mundo não há estrelas, por que eu não tenho tempo pra observá-las. Não há o silencio, a calma e eu nunca acordo pensando no que vou fazer por que já tenho o dia inteiro programado. E dificilmente é por mim. No meu mundo há pessoas que mentem, pessoas materialistas e mesquinhas. Há pessoas que te machucam e nem ao menos se sentem culpadas por isso. – a envolvi em meus braços. – Eu não sei se quero que você faça parte de um mundo assim.

 

-Se no seu mundo não tem estrelas eu roubo as estrelas do meu céu e coloco no seu. Se o silencio faltar nós temos um milhão de lugares distantes para os quais podemos fugir. Se você me mostrar seu mundo, vou ser sempre imprevisível e nunca deixar seu dia ser como programou, para que ele seja sempre uma surpresa! – sentou na grama, enquanto eu continuei deitado, e olhou para mim sorrindo de leve sem mostrar seus dentes, formando duas covinhas em suas bochechas. - E Bill, no meu mundo também há pessoas más que machucam as outras... Eu vivo num mundo repleto de dor! Eu já vi a dor em milhares de rostos, milhares de vezes! Todas as pessoas, quando chegam aqui, tem a tristeza, a dor, o medo e o desespero em seus rostos. Você só precisa aprender a lidar com elas! Eu aprendi a lidar com você. – passeou com suas mãos sobre meu rosto enquanto eu permanecia atento ás suas palavras. – Mas no seu mundo também há pessoas boas, como sua família e seus amigos, há bilhões de pessoas diferentes, lugares diferentes, há filmes, há música, há milhares de coisas que eu não conheço... Você convive comigo há alguns meses e já conhece o meu mundo inteiro, mas mesmo se vivermos 1.000 anos não vamos conseguir conhecer o seu por completo. Entende a diferença?  

 

-O mundo ao meu redor é enorme. Mas o mundo em que eu vivo, com a fama, é minúsculo e reservado. Você não vai querer conhecê-lo, se sentirá presa.

 

-E o que nos impede de escapar para o mundo ao seu redor? – voltou a se deitar sobre meu peito, se ajeitando até que se sentisse confortável. – O Doutor Mayer diz que eu não posso ser criança para sempre, mas como posso crescer em um mundo que não me permite isso? Se eu puder explorar um mundo grande, como o seu, então eu também vou poder ser grande.

 

-Você já não fala como uma criança... Às vezes fala como adulta.

 

-È por que eu tenho você! – sorriu, - Você é como minha pequena passagem para o mundo de gente grande.

 

-Ok, então. Quando eu sair vou te levar comigo e você poderá crescer e fazer tudo o que quiser! – sorrimos os dois. – Você é a minha pequena passagem para um mundo inocente que eu havia esquecido há muito tempo.

 

-Viu só? Nós precisamos um do outro... – se apoiou sobre seus cotovelos, aproximando seu rosto do meu para que eu pudesse olhar bem fundo em seus olhos. – Por isso você está estritamente proibido de me abandonar, ouviu?! – apontou seu dedo fino para mim. – Nunca, nunca, nunca!! – sorri e mordi seu dedo de leve.

 

-Bells, eu estive procurando alguém como você há muito, muito tempo... E precisei perder o meu irmão, ficar louco e tentar me suicidar para te encontrar. Acha mesmo que vou te deixar agora?


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Notas finais do capítulo

próximo capítulo:
 
" -Você... – apontou seu dedo em direção ao meu rosto. – Como faz isso comigo?! – começou a socar meu peito, olhando para baixo evitando meus olhos. "
 
" -Você sempre esteve escrito no meu destino. O homem que me ensinaria a amar e ser grande. – me beijou, e eu me deixei envolver pelo seu gosto doce e toque delicado. Ela desencostou nossos lábios e juntou sua testa á minha. – E eu estava escrita no seu destino, como a menina que lhe ensinaria a sorrir de novo. "



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