Prologue – Live a new life.

“A garotinha de cabelos ruivos, que aparentava ter no máximo 5 anos de idade, corria sorrindo alegremente, afundando seus pezinhos na neve branca e fria de inverno, deixando para trás um rastro de pegadas.

Ela se esconde atrás de uma árvore que tinha suas folhas cobertas por finas camadas de gelo. A menina respira ofegante, enquanto sorri sapeca, e devagar vira seu rostinho a fim de espiar atrás da árvore, e tudo que encontrou foi um rastro de pegadas que logo percebeu não ser dela, pois eram muito maiores que seus pequenos pés.

Assim que ela percebe a presença de alguém ao seu lado, não hesita em olhar, encontrando um homem de cabelos negros que a fitava com um sorriso vitorioso.

A garotinha arregala seus olhos e tenta correr, mas o homem a segura e começa a fazer cócegas em sua barriguinha, causando gargalhadas intensas e divertidas na pequena garota, que logo contagiaram o homem.

Tropeçando em seus próprios pés ele cai, e o corpo da garotinha despenca sobre o dele, e os risos divertidos se intensificam mais, até suas barrigas doerem devido às longas e altas risadas.

– Eu te amo papai. – a menina fala, olhando para seu pai com um sorriso sincero.

– Eu também te amo minha princesa. – ele declara verdadeiro, recebendo um abraço de sua filha... ”

– Natasha.

A voz de minha mãe adentra meus ouvidos, fazendo-me rapidamente abrir meus olhos, encontrando sentada ao meu lado uma mulher de cabelos ruivos e olhos verdes iguais aos meus, com uma expressão cansada em seu rosto.

– Sim? – respondo, com meu tom de voz carregado pelo cansaço que as horas de viagem me trouxeram.

– Acorde, estamos quase chegando. – ela avisa, e automaticamente esfrego meus olhos, tentando ficar mais desperta.

Certamente que mudar de cidade não estava sendo nada agradável pra mim, mas o que eu penso não importa, pois não tive escolha alguma em relação a isso.

Minha mãe é uma advogada muito bem sucedida, e recebeu uma proposta irrecusável de emprego em uma agência de advocacia em Nova York. Bom, foi irrecusável pra ela, pois significa que receberá mais dinheiro do que recebia no escritório que ela trabalhava a pouco tempo, localizado na pequena cidade russa em que morávamos, pelo menos até algumas horas atrás.

Por mais que eu não gostasse da ideia de morar em um país no qual eu nunca coloquei os pés em toda minha vida, sabia que era uma chance de nós duas recomeçarmos, construirmos uma vida melhor.

Desde a morte de meu pai há quase cinco anos, minha mãe e eu temos passado por situações difíceis, tanto na parte financeira quanto em nossa relação como mãe e filha, que por motivos que eu nem me lembro, acabou se tornando bastante complicada. E pode ser que morar em Nova York nos ajude a melhorar nossas vidas e nos faça esquecer tudo de ruim que passamos.

– Senhores passageiros, o avião irá pousar em alguns minutos. – a voz do piloto soa pelos alto falantes, cortando meus pensamentos – Sejam todos bem vindos à Nova York.

Direciono meu olhar para a janela do avião, tento a vista deslumbrante da cidade repleta de prédios e arranha-céus, e confesso que é mais bonita do que imaginei.
Solto um longo suspiro.

Vou encarar tudo isso como uma chance de recomeço, e tentar de alguma forma me conformar com o fato de que a partir de agora as coisas irão mudar completamente, e eu espero muito que seja pra melhor.

Está na hora de viver uma nova vida.