De volta para a terra média escrita por MillyyUchiha


Capítulo 3
Caçada no bosque e a cruz de prata


Notas iniciais do capítulo

Meu jardim continua sendo o meu jardim — disse o Gigante. — Todo mundo entende isso, e ninguém pode brincar nele além de mim.

Oscar Wilde, O gigante egoísta



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Passados alguns dias no condado, Emma acabou se acostumando com o local, embora ainda sentisse muita saudade de seus pais, Rory e Amy, e não entendesse por que o mago a chamara. De toda forma, já havia se afeiçoado com alguns hobbits do lugar e todas as tardes se dividia entre os livros de Bilbo, as explorações e as conversas sobre botânica com o jardineiro oficial dos Baggins, Ham Gamgee também conhecido como feitor, e seu filho Samwise, embora este fizesse grande parte do trabalho uma vez que o pai reclamava da velhice e das juntas endurecidas.

– Faz muito tempo que vocês trabalham aqui? – perguntou a menina segurando uma cesta contendo ervas que haviam sido arrancadas do jardim.

– Sim, há quarenta anos – disse o pai de Sam com um tom orgulhoso – Porém, a maior parte é feita pelo meu Sam. Além disso, o senhor Bilbo e o senhor Frodo são muito gentis e não há o que reclamar.

– Sem falar – continuou Sam – que o senhor Bilbo conta ótimas histórias! Adoro quando ele fala sobre Elfos e dragões! – disse sorrindo.

– Samwise Gamgee, quantas vezes tenho que dizer que cenouras, repolhos e batatas são melhor para você? – ralhou o pai – Perdoe a rudeza, senhorita, mas o Sam vive sonhando com elfos e tudo mais... Chega a ser irritante!

– Perdão! – disse o Hobbit com os olhos voltados para as flores de Bilbo

– Quando o senhor Bilbo e Frodo voltarão? – perguntou Emma, pois os dois tinham ido visitar alguns parentes Tûks do condado e ainda não tinham voltado.

– Antes do meio-dia – disse Sam enquanto pegava uma tesoura de jardinagem – Pelo menos foi isso que disseram.

– Está preocupada, senhorita? – perguntou o Feitor.

– Sim, senhor. Ouvi algumas pessoas falando muito mal sobre Bilbo e não gostei nada disso! – disse cruzando os braços e fazendo cara feia.

– É verdade! Os hábitos reclusos e calados do senhor Baggins sempre chamaram muita atenção das pessoas, dizem até que está ficando louco, imagine...

– Que horror! – exclamou a loira.

– E o senhor Frodo é quem mais sofre por ser o herdeiro de Bilbo – completou o Feitor – As pessoas invejosas vivem falando sobre ele.

– Perdão, mas os pais de Frodo...

– o senhor Frodo perdeu os pais quando era muito jovem, desde então Bilbo tem cuidado dele.

– Entendo... – disse a garota abaixando a cabeça com algumas lágrimas nos olhos.

– Estamos de volta! – disse uma voz familiar fazendo com que Emma enxugasse as lágrimas rapidamente e fosse até o local para abraçar o velho hobbit.

– Tio Bilbo! – disse ela rodopiando com o abraço.

– Finalmente conseguiu me chamar assim, sobrinha? – disse ele piscando um dos olhos e fazendo todos rirem.

– Onde está Frodo?

– Hmm, Frodo encontrou Merry e Pippin no caminho e ficou conversando com eles, mas não vão demorar – disse sorrindo – Está na hora do almoço,vamos todos entrar.

Falando isso os jardineiros Gamgee entraram com Emma e foram ajudar Bilbo a por a mesa, quando Frodo chegou.

– Olá, Emma, bom dia! – disse o jovem hobbit – Posso ajudar?

– Bom dia! – disse Emma sorrindo – claro que sim! – ouvindo isso Frodo pegou os pratos que ela segurava e os colocou em seus lugares. Após a refeição Sam e seu pai continuaram com o trabalho no jardim enquanto os hobits e Emma foram para o escritório.

– Frodo, meu rapaz, você não disse que iria levar Emma para dar uma volta com Pippin e Merry?

– Claro, se ela quiser, Pippin disse que até poderíamos fazer um piquenique depois – disse Frodo. – Gostaria de ir?

– Eu adoraria!

– O que estão esperando, crianças?

– Certo, estamos indo! – disse Frodo saindo com Emma logo atrás dele.

Eles abriram a porta redonda e verde da toca e foram de encontro a Sam.

– Não gostaria de ir passear um pouco conosco? – perguntou o hobbit – Merry e Pippin já estão a caminho.

– Eu adoraria ir com vocês, Senhor Frodo - disse Sam enquanto podava uma árvore. – Mas, como vê, ainda tenho muito trabalho a fazer, mesmo assim espero que se divirtam bastante.

Assim os dois saíram e encontraram Peregrin junto com Meriadoc logo na saída da vila dos hobbits. Sendo que ambos levavam duas cestas enormes nas mãos.

– Boa tarde, Emma! – disseram em uníssono.

– Boa tarde! – respondeu. - Onde estamos indo?

– Para a terra dos Buckys – disse Merry – Pip deu a ideia.

– A terra dos Buckys? Não é onde você mora?

– Sim, vamos! – disse Merry muito empolgado.

– Tem certeza de que não será perigoso?

– Claro! Você não confia nos seus amigos?

– Claro que sim! – gritou pegando uma das cestas. – Vamos logo!

Emma saiu na frente enquanto os garotos ficaram boquiabertos por alguns segundos e ela se culpava por ter gritado. Após uma caminhada que parecia não ter fim eles pararam em um lugar com um extenso gramado e árvores robustas e começaram a lanchar.

Após o piquenique com várias iguarias, dentre elas bolo de sementes, chás diversos – morando era o preferido de Emma e Frodo – muffins, sanduíches e muitos cogumelos, estavam todos exaustos da caminhada e acabaram deitando na longa toalha verde. Foi quando ouviram um barulho estranho que se aproximava deles.

– O que é isso? Ouço barulho de patas pesadas se aproximando – disse Emma se levantando de um salto. – Merry, você não disse que era seguro? – gritou.

– Não faça barulho! – disse Pippin baixinho encostando a orelha no chão. – São Wargs! – disse assim que se levantou.

– Wargs?! – disseram todos com medo.

– Vamos sair daqui, rápido! – disse Pippin – Todos para o bosque.

Não tardou muito e as feras gigantes já podiam ser vistas se aproximando quando Meriadoc teve a ideia de fazer com que todos subissem nas árvores.

– Subir nas árvores? – indagou a garota loira.

– Você prefere ficar e virar comida de lobo?

– Nunca subi numa árvore, Merry... - desabafou a garota fazendo com que Frodo a ajudasse a subir.

Quando já se podiam ver os animais os hobbits estavam na seguinte disposição: Emma e Frodo em uma Faia, Pippin em um castanheiro e Merry num carvalho gigante, todos tremiam e suavam, imaginando o que iria acontecer com eles. Até Merry maldizia a ideia de saírem para lanchar. Aí quando as esperanças pareciam ter morrido e os Wargs tentavam subir onde eles estavam, ouviram um zumbido cortando os ares e uma flecha atingiu um dos lobos direto no coração fazendo-o tombar e assustar os outros. Assim, várias flechas surgiram e mataram todos os animais ferozes, enquanto os hobbits apenas observavam em misto de medo e surpresa. Só quando desceram puderam ver ao longe algumas mechas loiras e ruivas passando entre as árvores com grande rapidez.

– O que foi isso? – perguntou Emma.

– Elfos! – disse Pippin pegando uma flecha caída, e ao dizer isso dois elfos apareceram diante deles montados a cavalo e discutindo muito.

– Eu que atirei aquela flecha! – dizia a ruiva de cabelos cacheados.

– Eu atirei! - dizia o loiro. – E foi a melhor de todas!

Merry que aproveitava a descida para comer uma maçã ao vislumbras as figuras, acabou se assustando e deixou cair a fruta que foi parar aos pés de Emma, fazendo com que um círculo verde se abrisse ao redor dela e desaparecendo com a mesma, deixando no chão um colar prateado com um pingente em forma de cruz celta.

– O que foi isso? Emma! – gritou Frodo.

– Ela desapareceu... – disse Merry.

Os garotos correram todos afobados até o condado para encontrar o Gandalf, o cinzento, e explicar toda a situação.

– Era isso o que eu temia. – disse o mago com a voz triste. – Emma abriu a passagem para o mundo dela.

– Ela ainda vai voltar? – Perguntou Frodo ainda muito pálido.

– Veremos... – Disse o mago. – Agora me levem ao local.

Chegando lá ele encontrou o colar e colocou no bolso recitando algumas palavras mágicas e uma barreira apareceu diante deles.

– Apenas alguns conseguem passar – disse ele. – Não gostariam de tentar, rapazes?

Os três hobbits se aproximaram, dois deles foram repelidos e para a surpresa de todos apenas Frodo consegui entrar com o mago, os dois desapareceram diante de Pippin e Merry, chegando à biblioteca da família Boyd, lá ouviram gritos e as vozes dos pais da garota.

– Onde você estava, emma? – dizia Amy chorando.

– O que está esperando, Gandalf? – sussurrou Frodo. – Vamos falar com ela!

– Essas pessoas se recusam a entender a missão da pequena. – pensou o velho. – Vamos, Frodo, não há mais nada há fazer aqui. – dizendo isso Gandalf bateu com o cajado no chão e o círculo se abriu novamente engolindo os dois e os levando de volta seu mundo. Foi quando Emma correu para a biblioteca chegando a tempo de ver as últimas fagulhas mágicas.


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