You ain't gotta worry, it's an open invitation
I'll be sittin' right here real patient
All day, all night, I'll be waitin' standby
Can't stop because I love it
Hate the way I love you
All day, all night
Maybe I'm addicted for life, no lie

–Selena Gomez, "Come & get it"

***

–Ben, nós precisamos seguir em frente, essa é a chance! -Eu digo já perto de casa.

–Quando nós vamos nos mudar? -Rosie interrompeu-me sorrindo.

–Assim que encontrarmos a casa perfe… -Quando eu ia terminar de respondê-la Ben me interrompeu.

–Você vai tirar de nós a nossa maior lembrança dela… -Ele disse derramando algumas lágrimas.

–Ben, você lembra o que sua mãe nos disse há dois anos, “Sigam em frente, sem mim, se aventurem, façam mudanças…” -Eu digo derramando algumas lágrimas que seco rapidamente.

–Papai, você está chorando? -Rosie perguntou preocupada.

–Não querida, estou bem! -Eu digo forçando um sorriso.

–Certo, quando escolhemos a casa nova? -Ele pergunta e agora eu abro um sorrisão.

–Amanhã de manhã! -Eu digo parando no sinal, já que estava vermelho.

–Eu não vou poder ir, tenho prova, mas tenho certeza que vocês vão escolher algo bom! -Ele diz parecendo dar uma trégua o que me deixa aliviado.

–Papai, você está pegando o jeito, a mamãe ficaria feliz! -Rosie disse sorrindo.

–Você acha princesa? -Eu pergunto olhando-a pelo retrovisor e sorrindo.

–Tenho certeza! -Ela disse confiante como Madge fazia.

–Nós vamos poder ter um bicho de estimação na casa nova? -Rosie perguntou.

–Sim, vamos procurar uma casa maior! -Eu digo com um sorriso verdadeiro estacionando o carro na frente de casa. E Rosie sai em disparada a porta deixando eu e Ben para trás.

–Não acho que esteja pegando o jeito! -Ele disse baixinho mas pude ouvir bem.

–Do que está falando? -Eu pergunto, mas sei exatamente do que ele fala.

–Não está aprendendo a viver desse jeito novo! -Ele diz me deixando pra trás e a suposta trégua que eu imaginei parece ter ido para o espaço.

É difícil, mas tenho que admitir que Ben tem razão, não tenho vocação pra isso, não mesmo!

–Pode ficar com a Rosie? Eu vou dar uma volta…preciso respirar! -Eu digo a Ben.

–Como quiser senhor preciso respirar! Você está fugindo da sua obrigação! -Ele me diz de forma rude.

–Quando eu chegar, vamos conversar! -Eu digo pegando meu casaco e entrando no carro.

Vou direto para o jornal, olho no relógio, ótimo, falta uma hora pra fechar, ainda dá tempo. Estaciono o carro e ou até o 10º andar.

–Preciso falar com a Paylor, sou Peeta Mellark! -Eu digo a secretária que interfona imediatamente para minha chefe.

Paylor é a dona do jornal em que trabalho:

–Pode entrar senhor Mellark! -A secretária me diz e eu entro rapidamente na sala.

–Peeta o que faz aqui a essa hora? -Paylor me pergunta um pouco divertida.

–Eu me demito! -Eu digo e ela fica séria.

–Não pode fazer isso Peeta… -Ela diz séria. -Digo, você tem dois filhos e…

–Paylor, eu não faço um bom artigo há dois anos, não quero trabalhar em algo que eu esteja ganhando por pena e não por esforço. -Eu digo.

–Em grandes empresas não chamamos isso de pena, e sim compaixão, talvez… -Ela diz.

–Mas eu não gosto desse tipo de compaixão, eu me demito! -Eu digo calmamente.

–Não, então eu te demito, assim você recebe e… -Quando ela termina eu já estou longe.

Estou prestes a entrar no carro quando sinto meu celular vibrar, quando olho no visor vejo Finnick. Áhh, que ótimo, Paylor já deu com a língua nos dentes. Atendo entrando no carro e fechando porta.

Cell on#

–Oi Finni… -Eu ia dizendo quando fui interrompido por um escandaloso,

–FICOU MALUCO, DEMISSÃO, SÉRIO PEETA? -Ele dizia fazendo um escândalo como se fosse o fim do mundo.

–Oi Finnick, eu estou vivo e você? -Eu pergunto divertido.

–Você tem muito o que explicar mocinho! -Ela fala como se fosse meu pai.

–Eu só quero viver novas experiências, eu estava escrevendo artigos péssimos, o jornal parecia ter pena de mim! -Eu digo.

–Não é verdade, eu leio seus artigos todos os dias! -Ele disse, e eu sabia que era mentira.

–Áhh é? Qual o nome do meu artigo do dia? -Eu pergunto.

–É…é…é sobrevoando ao furacão Charles… -Ele disse tentando me enrolar.

–Eu fiz esse artigo há dois anos e meio se você não lembra! -Eu digo e começo a dirigir.-Estou na coluna “Faça você mesmo” Finnick! -Eu digo já perto de casa, o jornal não é longe, na verdade é bem perto.

–Na verdade Peeta, eu não vou brigar com você porque pediu demissão ou algo assim, se é que você acha, só vou dizer que…que…Você é grande e sabe o que faz. -Ele diz um pouco relutante, mas diz.

–Obrigada! -Eu digo um pouco divertido.

–Você vai pra Vegas apostar em cassinos? -Ele perguntou preocupado.

–Não, eu vou começar a apostar em cavalos! -Eu digo irônico, rindo, porque foi isso que Finnick fez quando se divorciou.

–Áhh, pega leve, eu tava me divorciando… -Ele disse enquanto eu estacionava o carro.

–Ok Finnick, mas eu não vou apostar em cavalos, amanha vou começar a procurar uma casa nova! -Eu digo saindo do carro.

–Certo, eu tenho que ir, tchau! -Ele diz.

–Tchau! -Respondo quando estou entrando em casa.

Cell off#

–Papai, estou com fome! -Rosie disse assim que entramos em casa.

–Ta, vamos preparar algo para o jantar! -Eu digo carregando-a, indo em direção a cozinha e abro a geladeira onde tem mais de 15 tigelas de lasanha.

–Sabe, um dia você vai ter que comer essa lasanha! -Ela diz divertida e eu franzo o cenho. -Ou jogar fora.

–Vamos preparar um sanduíche, ei cadê seu irmão? -Eu pergunto.

–No quarto… -Ela diz, coloco-a no chão e vou até o quarto dele.

–Ben, vem, vamos jantar daqui a pouco! -Eu digo.

–Certo… -Ele diz um pouco inseguro.

–Por que aquele desenho? -Eu resolvo perguntar. -Tão sombrio e cheio de tristeza.

–Porque gosto deles assim! -Ele diz.

–Ta bom, quando quiser me falar, eu estarei aqui! -Eu digo calmamente. -Vou pedir pizza. -Digo por fim. Eu sei cozinhar, mas ultimamente cozinha me faz lembrar de Madge porque tudo que sei de cozinha é graças a ela.

Pedimos uma pizza de mussarela e uma coca, eu sei que não é bom pra eles, mas infelizmente eu não me encontro estável emocionalmente pra cozinhar.

–Boa noite Rosie! -Eu digo colocando-a para dormir, mas um som alto ecoava pela janela do quarto dele, mais uma festa na casa dos vizinhos, eu suspirei e dei um beijo nela.

–A felicidade deles é alta demais! -Ela diz divertida.

–Eu sei! -Eu digo.

Depois de um tempo ela pega no sono, passo no quarto de Ben, o vejo dormindo, vou pra sala onde encaro um porta-retratos onde tem eu e Madge sorrindo. Os cachos louros dela caiam pela face dela perfeitamente, os olhos azuis pareciam felizes, eu a abraçava por trás, aquele dia foi incrível, nossa formatura da faculdade, eu e Madge fizemos literatura, ela era escritora e deixou um livro incompleto, me fez prometer que ia terminar ele, mas infelizmente eu nem consegui ler.

Flashback on#

–Por favor...Peeta, diga as crianças que eu…eu as amo…mais…mais…que qualquer coisa! -Ela disse com a voz embolada, o estágio da doença dela era muito avançado e ela mal conseguia falar.

–Não Mad, por favor não me deixe. Eu te amo! -Eu disse entre lágrimas e soluços.

–Ohh querido…Eu também te amo e sei que seu coração é grande bastante pra você amar outra vez, você é jovem, cuide das crianças pra mim! -Ela disse firmemente.

–Mas eu preciso de você, demais, me promete quer se manter viva. -Eu digo.

–Não posso prometer algo que não posso cumprir, meu amor! -Ela disse divertida. -Áhh, não esqueça de terminar o livro pra mim.

Quando ela terminou de falar as crianças entrou no quarto na companhia de Finnick, Ele carregava Rosie que chorava baixinho no seu pescoço e o braço dele estava pousado entre os ombros de Ben.

–Não chore querida… -Mad disse a Rosie. -E você continue sendo um bom menino! -Ela disse a Ben.

–Eu prometo mãe! -Ele disse mantendo-se forte.

–Querido, não precisa se manter forte, inteligente é o homem que chora e coloca pra fora, não aquele que prende os sentimentos…-Ela disse com sinceridade e abraçando Ben que caiu no choro logo em seguida, ela o conhecia melhor do que eu.

–Vem cá meu amor! -Ela disse chamando Rosie que sentou na cama ao lado dela.

–A mamãe vai está sempre no coração de vocês, a hora que vocês quiserem conversar eu estarei aqui presente! -Ela disse depositando um beijo na face de Rosie.

–Plomete? -Rosie que ainda tinha três anos mal sabia falar.

–Prometo! -Madge disse. -E você Finnick, cuida do Peeta!

–Pode deixar minha cunhadinha predileta! -Ele disse derramando algumas lágrimas.

–Eu preciso que vocês sigam agora sem mim, se aventurem, vivam novas coisas e se precisar façam mudanças! Eu amo todos você! -Ela disse derramando uma lágrima solitária e fechando os olhos. Essas foram suas últimas palavras.

Flashback off#

Derramei algumas lágrimas ao me lembrar, fui direto para o chuveiro, tomei um banho quente para relaxar, vesti meu pijama, tomei um remédio pra dormir, às vezes tinha alguns pesadelos e precisava de remédios pra ter uma boa noite de sono. Dormi rapidamente.

–Papai, papai... -Acordei com a voz de Rosie, olhei no relógio e eram três da manhã. -Eu tive pesadelos. -Ela disse chorosa.

–Vem cá! -Eu digo deitando ela ao meu lado e fazendo-a dormir novamente.

Acordei as seis, deixei Ben na escola e fui encontrar um corretor. Olhamos diversas casas na companhia dele:

–Essa não! -Rosie disse fazendo uma careta, em relação a uma casa cinza e moderna com moldura vermelha nas portas e janelas.

–Não! -Eu disse quando paramos na frente de uma casa luxuosa. Eu tenho condição de pagar, mas não é do jeito que a gente quer.

–Quase! -Rosie disse quando estávamos na frente de uma casa branca com lareira e um belo jardim.

–Agora estamos sem opção senhor Mellark… -O corretor disse um pouco lamentoso.

–Que tal essa! -Eu digo quando estava olhando o mostruário de imóveis.

–Não sei se essa é a casa ideal… -Ele disse hesitando, mas depois de muita insistência levou a gente até lá.

–Essa casa é perfeita! -Eu digo referindo-me a casa de fazenda que fica a duas horas de Cleveland, uma propriedade enorme, e a casa era tão receptiva e aconchegante de repente escutamos um rugido.

–É que… -Ele ia dizendo.

–É que? -Eu perguntei agoniado.

–É que… essa casa tem um zoológico! -Ele disse um pouco assustado.

–Oba, eu amo zoológicos! -Rosie disse saltitando e sorrindo, o corretor me olhou assustado e preocupado.

–É a casa perfeita para nós! -Eu digo feliz e confiante.

Ele nos leva até a jaula onde tem um leão:

–Acha isso bom? O senhor tem filhos, não pode morar aqui! -Ele disse sério

–O Ben vai amar! -Eu digo. -E a Rosie já amou…

–Falando nisso, cadê a Rosie? -Ele perguntou preocupado.

–Áhh, essa não, eu a deixo faltar aula um dia e ela é devorada! -Eu digo enquanto corremos a procura dela.

Depois de tanto andar encontro-a conversando com uma moça de cabelos castanhos perfeitos e olhos cinzas hipnotizantes.

–Rosie, onde você estava? -Eu pergunto preocupado e checando se ela está com algum machucado e me lembro da moça… -Ahh, obrigada por encontrá-la. -Eu digo virando-me para a mulher que me olha divertida.

–Na verdade ela estava me ajudando a dar comida aos pavões! -A moça disse sorrindo.

–Peeta…Peeta Mellark! -Eu digo estendendo minha mão para ela.

–Katniss Everdeen, ou só Katniss! -Ela disse sorrindo e me cumprimentando. -Pretende comprar a propriedade?

–Na verdade eu estou só olhando… -Eu digo. -Você trabalha aqui?

–Sim, sou veterinária e moro na propriedade! -Ela diz fitando meus olhos.

–Papai, nós podemos ir, eu to com sono… -Rosie disse coçando os olhinhos e eu percebi que já estava escurecendo.

–Claro querida, nós já vamos… -Eu digo. -Droga, esqueci de Ben…-Eu murmuro baixo e vejo meu celular tocar: Finnick.

Cell on#

–Relaxa, eu peguei o Ben, sabia que você estava a procura de casas... -Ele disse me tranquilizando.

–Obrigada Finnick! -Eu digo. -Tenho que desligar,tchau.

Nem espero ele responder e desligo.

Cell off#

–Eu tenho que ir... -Digo a moça, a gente se despede e pegamos uma rodovia extremamente movimentada em direção a nossa casa.