Contos nunca contados escrita por Antonio Carlos


Capítulo 2
Amor


Notas iniciais do capítulo

Fico feliz por te ver novamente aqui, não se acanhe, sente-se pois trouxe mais uma historia para você então a leia com atenção



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Naquela manha abri meus olhos com calma, inalei o ar viciado pelo cheiro da rua, sim cheiro da rua, aquele cheiro que ela exala de manha cedo, uma mistura de nevoa, gasolina, álcool e cigarro, apesar de tudo o que esses aromas malditos significavam havia algo doce no ar, me olho no espelho, vejo apenas um pobre coitado abandonado por um deus malicioso que se existe fazia questão de manter o mundo em trevas.

O mesmo mundo aonde se um dia existiu o amor, ele não faz mais questão de dar o ar de sua graça e aparecer para tornar o mundo mais leve, as trevas menos tensas e a minha vida assim como de tantas outras pessoas um pouco mais suportável, caminho ate a janela com um copo de café em mãos, vejo uma mulher jovem com um grande menino nos braços e um grande sorriso nos lábios, o menino fala com a mãe sua conversa infantil e meiga, ate que o ônibus escolar chega.

Olho o motorista, me lembro dele e do dia em que o vi andando de mãos dadas com outro homem, com um sorriso tão aberto, uma felicidade tão oficina que me doeu os olhos, ele sorri para a mulher e fecha a porta logo atrás da criança, ela fica parada olhando o ônibus se afastar, porca hipócrita, se realmente se importasse com a criança não a daria nas mãos desse pervertido.

Vou para o ponto de ônibus, a poucos metros de distancia um grupo de pessoas entrega café e pão para os mendigos, provavelmente são riquinhos que não percebem que fazer isso não muda nada, para minha sorte meu ônibus chega e posso finalmente parar de ver cena tão humilhante.

Ele segue pela avenida principal, e para novamente, outro maldito sinal vermelho, olho distraidamente para fora, vejo um casal sentado no banco da praça, riam abobalhados, imagino se eles sabem que aquele lugar já foi cenário de vários assaltos e mortes, em meio a meu sorriso de descaso o ônibus volta a andar abandonando os pombinhos a própria sorte.

Chego a meu desprezível emprego, trabalho pelo qual guardo um ódio que talvez só seja comparável ao meu ódio pelo cara que se senta a meu lado e fala bom dia como tamanho otimismo que me faz pensar que ele realmente acredita que o dia será bom, ele gosta de perturbar e fazer com que eu me sinta mal fazendo o trabalho do meu jeito, sempre aqui cantarolando e cheio de gracejos, olhares e palavras doces para com nossa gerente, cobra, assim o chamo, o que espera? Que conquistando a ordinária poderá subir mais alto na empresa? Pois bem ele que faça o que bem quiser, tudo que e conquistado com suor e trabalho e mais belo.

Despeço-me deles com grande alivio e um seco boa noite, muito mais do que eles merecem, oh sim, caminho pela avenida em direção ao terminal, no caminho encontro um musico daqueles de beira de pista, de violão em punho ele toca uma musica lenta que com sua voz grave se torna dolorosamente profunda, olho para ele, porem desvio olhar, algo na musica, talvez o ritmo ou na letra me fez sentir como se algo faltasse, afasto o pensamento, como quem espanta uma mosca que muito incomoda, entretanto aqueles pensamentos não foram embora, algo que deveria estar ali não estava.

Sigo sem pressa, só existe presa quando existe algum lugar aonde se quer ir, o que sem duvida não era o caso, por obra do destino o ônibus continuava ali, sempre achei divertido como suas frentes me lembravam sorrisos, porem naquele dia aquele sorriso não lembrava uma risada divertida, e sim uma cruel e sádica gargalhada, será que ate aquele ônibus sabia o que me faltava? Coisa que para mim era apenas suposições, com uma risada cansada zombo de mim mesmo.

Sentado enquanto o ônibus começava seu caminho observo as prateadas estrelas, sois que aquela distancia pareciam minúsculos pontos de luz no meio da escuridão gélida celeste, sim, sois que procedem sois, cada um com seus planetas e suas luas, naquele momento com aquele pensamento me senti pequeno, senti como se meus problemas fossem um nada nas tramas universais. Senti-me um ser pequeno, minúsculo com problemas minúsculos, meu coração ficou leve, e por um momento a nevoa em minha mente abaixou e quase consegui ver o que realmente faltava, sim, havia algo doce no ar daquele dia, um cheiro adorável me avisa que alguém sentou ao meu lado.

Ao olhar descubro que uma meiga garota esta sentada lá, por um segundo sorrio para ela e ela sorri para mim, quantas vezes esse pequeno ritual aconteceu? Quantas vezes eu sorri para ela e ela sorri para mim? Me senti perdido, confuso por sorte chegara meu ponto, agora eu sentia que aquilo que não estava lá era quase palpável, olho uma ultima vez para ela, por um momento penso que o que preciso esta nela, sem duvidas um sentimento estranho.

Quando desço do ônibus um casal se beija apaixonadamente, um beijo de despedida, com amargor me pergunto quantas meninas ele havia beijado daquele jeito.

Continuo o caminho andando, ombros caídos e cabeça baixa, naquele momento era como se todo o peso das nuvens de tempestade estivesse em minhas costas, me sinto um grande idiota, como alguém que bate em um poste que estava lá a sua frente, pois para mim a verdade acabara de se erguer como um poste no qual eu acabara por dar uma vergonhosa batida, caminhei pra casa rapidamente, não queria que as gotas caíssem enquanto não estivesse em casa, e por sorte a chuva começa na hora em que cruzo a porta, olho para as gostas em minha janela e me sento com as mãos no rosto, a água que cai e salgada, choro, não por mim, mas sim pelo mundo, um lugar tão sem amor.


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Notas finais do capítulo

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