Os Filhos de Umbra escrita por Rarity


Capítulo 9
Capítulo Nove: 1988 – 2290 dias antes


Notas iniciais do capítulo

Oie povo Gente, vocês ainda se lembram dessa fanfic? Meio esquecida ela, né? Foi mal, galera, de verdade. Eu terminei tem décadas, mas fiquei enrolando pra postar. Agora, meu cabelo tá uma merda, minha unha pior ainda, tô me sentindo muito culpada por ter feito uma coisa e decidi postar agora. Eu posso não estar exatamente feliz no momento, mas eu acho que sempre posso animar um sábado a noite de alguém aí, né? Ou o domingo de manhã, eu whatever. A intenção da fic sempre foi fazer alguém sorrir e dizer "Oba! Atualizou!". Autora escrota, nem fala da fic. ADIVINHA, GALERA. VAI TER MARATONA FILHOS DE UMBRA! QUANDO? NÃO SEI. MAS VAI TER Esse mês, se der, e eu espero que dê. Vou escrever agora, já. E o capítulo especial? É o próximo, Êêê. Tenho que escrever ainda? Tenho, maaaaas. Vai ser Maria, gente E em 3º pessoa, dessa vez EU vou narrar. Vamos combinar que o Pedro não pode narrar né? E eu só não dedico o capítulo pra Mary, a dona da 1º super fofa recomendação da fic, que me deixou com um super sorriso no rosto. Se eu usei esse sorriso na hora de escrever? Não. Sorry, se vocês leem isso antes do capítulo, saibam que esse é bem triste. Se despeçam da Belle, ela foi tão protagonista dessa história que eu enjoei dela. O Pablo nem tá tendo importância. Próximo capítulo foca no Rick, depois chega de Belle. Bjos da tia



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Capítulo Nove: 1988 – 2290 dias antes

Quando eu for, um dia desses,

Poeira ou folha levada

No vento da madrugada,

Serei um pouco do nada

Invisível, delicioso

Que faz com que o teu ar

Pareça mais um olhar,

Suave mistério amoroso,

Cidade de meu andar

(Deste já tão longo andar!)

E talvez de meu repouso...

Mario Quintana

13 de agosto de 1988

Lembra de quando eu disse que, uma hora, todos crescíamos? Bem, outro fato: todos nós morremos. Aliás, tudo que está vivo, morre, assim como tudo que está morto, já viveu. E não me refiro apenas às seres humanos, isso inclui, infelizmente, os animais.

Dor: sensação penosa, desagradável, produzida pela excitação de terminações nervosas sensíveis a esses estímulos, e classificada de acordo com o seu lugar, tipo, intensidade, periodicidade, difusão e caráter.

Essa seria uma definição de dor, mas não expressa exatamente o que é sentir isso. Disseram que foi infecção, uma que se espalhou rapidamente pela cidade, matando cavalos de várias pessoas que papai conhecia, e se transmitia de burros para cavalos. Se espalhou pela cidade numa velocidade incrível, e todos demoraram pra perceber. Quando perceberam, era tarde.

Eu sabia que Seu Otávio fez tudo que pôde. Veterinários, remédios, até Belle e Maria colaboraram. Eu sabia disso, vi o esforço deles para manter Rubi e Chocolate vivos. Mas eu não ligava, só sabia que não estava funcionando. Eu comecei a ficar muito nervoso, preocupado e idiota com Belle, especialmente, e consequentemente com todo mundo.

Não importava mais. Enterramos os dois na floresta, perto de dois pinheiros, com uma estrela de madeira, porque eu achei que seria mais relevante que uma simples cruz. Otávio escreveu “Amados” na estrela, mesmo que eu não conseguisse ler, e mamãe fez uma breve dedicatória, sobre a importância deles nas nossas vidas. Gostaria muito de lembrar o lindo discurso dela, mas não consegui. Então, os adultos nos deixaram ali, eu especialmente. Estava acabado. Eu tinha visto aqueles cavalos a minha infância inteira. Uma mão no meu ombro.

“Uma mão tocou meu ombro, com cuidado. Provavelmente Leo, achei. A mão começou a fazer um carinho no meu braço, e eu levantei a cabeça.”

A mão fez um carinho, que ativou essa memória de anos atrás, no dia em que eles foram embora. Dessa vez, eu sabia que não era Leo.

—Vai embora, Belle. –pedi.

—Pedro, eu....-ela começou, e vi que ela estava tão abalado com aquilo quanto eu, os olhinhos azuis completamente vermelhos.

—Vai embora, Belle. –repeti. Não queria vê-la.

—Isabelle. –ela disse, com a voz chateada.

—Analícia. –Mel murmurou.

—Argh, não. É Isabelle. –Belle estranhou.

—Não. Analícia. –Emily apontou.

Vi uma cena memorável. Analícia estava linda. Poucas vezes a tinha visto tão... Incrível. Acho que era o ambiente verde. Ela usava uma blusa rendada branca, uma saia preta e botinhas pequenas pretas também, com um colar de pedra no pescoço e o cabelo solto. Analícia parecia ter ganhado uma cor, ao mesmo tempo que parecia branca. Ela estava incrível.

—Analícia? –estranhei.

A loirinha me deu um longo abraço, e percebi um papel em suas mãos. Dessa vez eu aceitei, sentindo o perfume dela. Quando o abraço terminou, ela me mostrou o papel. Um desenho do Chocolate e do Rubi, com auréolas.

—Ficou lindo. Obrigada. –agradeci, fazendo ela me dar um sorriso lindo.

—Sinto muito. –ela falou, colocando a mão no meu ombro. –Sabe que eu também gostava muito deles, não sabe? Foi uma surpresa.

—Também achei. –comentei, meio irritado com a vida, meio decepcionado com ela também. Quando olhei ao redor, nem tinha percebido que só restava eu e Analícia ali. Todo mundo havia ido embora.

—Seus amigos não gostam de mim. –ela observa.

—Você não é bem legal com eles, né Analícia? –retruquei.

—Pode me chamar de Ana. Ou de Lícia, como minha mãe chama. –ela conta.

—Ok, Lícia. –brinquei, e comecei a voltar para a casa de Belle, mas ela segurou meu braço.

—Não quer vir comigo? –ela chamou, com um sorriso meio nervoso. –A gente pode brincar pra variar. A casa da mamãe tá sempre cheia de gente.

Olhei de volta pra casa, me lembrando de que não queria ver Belle. Olhei pra Analícia, que me olhava cheia de expectativa. Naquele momento, não foi difícil escolher.

—Vou com você. –confirmei. Ela sorriu e foi na frente, enquanto eu pegava a única flor que havia trago no bolso e jogado para Chocolate. –Você também foi único, campeão. –murmurei, segurando as lágrimas. Doía muito saber que não o veria amanhã.

Guardei minha dor no bolso onde estava a flor. E percebi a grande metáfora que isso poderia ser, pois, conforme você cresce, a dor vai se apoderando de onde já havia estado uma flor.

(***)

A casa de Analícia, pra mim, era um paraíso, como o quintal de Belle. Era cheio de crianças com seus doces saindo do forno, correndo, e Berenice as olhando com aquela cara de feliz. Berenice não era só mãe, ela tinha o espírito de mãe.

Bem, coração de mãe sempre cabe mais um mesmo.

Ela acenou ao ver Analícia voltar, que me puxou pela mão enquanto eu acenava para as crianças que estavam quase que diariamente ali. Geralmente as que moravam perto, Aurora, por exemplo, nunca estava ali, pois morava no centro de Sococó da Ema. Mesmo assim, eu amava ficar ali.

—Pedro!

—Pedro, e aí? Vem brincar!

—Pedro, vem, vamos andar no cavalinho!

—Pedro, quer um pedacinho?

—Como você é popular. –Analícia exclamou, enquanto eu dei de ombros.

—Eu gosto de fazer amigos. –justifiquei.

—Claro. –ela deu uma risadinha, me levando até Berenice.

—Oi, Jumenta Voadora. –brinquei com o nome que nós demos pra Berenice.

—Jumenta Voadora? Que raios de nome é esse, Pedro? –uma voz falou do meu lado, mas nem me preocupei em ver quem era.

—Pedro, como está? Soube do Chocolate. É uma pena mesmo, criança. –A vez de Berenice se pronunciar, se abaixando até ficar na minha altura.

—Mamãe, eu e o Pedro vamos brincar lá no meu quarto. –Analícia comunica, me puxando, e me deixando com cara de tacha.

—Analícia, tem muita gente lá fora pra brincar. Por que aqui se podemos ir lá brincar todo mundo junto? –perguntei.

—Porque eles não sabem brincar. –ela informa, pegando duas bonecas.

Não. Vai. Rolar.

—Analícia, eu não vou brincar de casinha com você. –avisei.

—Mas você já brincou, e foi a única pessoa que brincou direito. –ela briga, batendo o pé.

—Não, eu brinquei do jeito que você queria. Mas eu não vou mais fazer isso, é brincadeira de menina. –reclamei.

—Pedro!

—Analícia! Vamos lá pra fora, brincar com o pessoal. –sugeri, fazendo ela bater o pé e me olhar magoada. Então, ela se sentou no chão de costas pra mim. –Analícia!

Ela só encostou a cabeça nos joelhos.

—Lícia.

—Analícia. –ela respondeu, me trazendo um flashback da discussão com Belle.

Isabelle.

Suspirei, pegando uma das bonecas. Sentei perto de Analícia e mostrei a boneca, a Liza.

Ela olhou pra mim, os olhinhos azuis brilhando. Se fossem mais puxados pro roxo ou azul escuro, seriam como os de Belle, mas os dela eram águas azuis cristalinas. Analícia sorriu.

—Vou pegar o resto. –ela falou.

Suspirei.

(***)

Analícia foi bem feliz a tarde inteira, contanto que eu concordasse com tudo que ela queria, o que era meio complicado. Comecei que a pensar que ela só me chamou porque sabia que eu era o único que faria isso. No final da tarde, Analícia apagou e minha mãe apareceu na porta pra me buscar, junto com Leo.

Leo olhou feio pra mim.

—Você magoou a Belle. –ele jogou.

—A Belle me magoou também.

—A Belle não fez nada. –ele ralhou.

—Chega, os dois. E Pedro, que história é essa de você brigar com a Belle? –minha mãe interrompeu.

Olhei para trás, a casa de Berenice ficando pequena enquanto ela mesma se movimentava ao redor da criançada, oferecendo doces e garantindo que ninguém se machucaria.

—Pedro? –minha mãe repetiu.

Coloquei as mãos nos bolsos que estavam com as flores e abaixei com a cabeça, andando. Acho que a morte do Chocolate foi a primeira pitada de tristeza que eu realmente senti na vida, a tristeza de verdade.

A que te faz largar os amigos. A que te deixa com vontade de colocar um capuz no rosto e sair andando. A que te faz se sentir sufocado, irritado. A que te deixa insuportável, chato, dramático e que te afasta das pessoas. Mesmo assim, eu só a aceitei. No fundo, eu queria me sentir triste, porque, nessa altura, era tudo o que poderia fazer por ele. Eu devia isso pra ele, triste por ele.

Na casa de Belle identifiquei os carros de tia Gina e de Seu Matheus na porta, então Pablo, Dete, Henrique, Mel e Emily ainda estavam com ela. Por um minuto, imaginei que Belle também estava triste, mas não era a mesma tristeza que a minha. Por isso mesmo, eu não consegui ligar, só continuei caminhando, enquanto Leo me olhava irritado.

Na frente da casa de Pablo, senti a falta dele me esperando na varanda, então era a certeza que faltava pra eu confirmar que ele estava bravo comigo, me fazendo ficar bravo com ele por estar bravo comigo. Fez sentido? Enfim, queria que ele tivesse um pouco de consideração comigo também.

Em casa, fui direto pro quarto, e coloquei o lençol em cima da cabeça. Minha mãe o tirou pouco tempo depois, com um pouco de suco de laranja e um pão com queijo, me olhando com a cara de quem queria falar alguma coisa, mas estava pensando em como começar. Quando eu terminei, ela colocou o prato do lado.

—Pedro. –ela chamou. –Eu quero te explicar uma coisa: todos nós vamos morrer um dia. Por mais que você queira que não, eu, o papai, a vovó, todos iremos embora um dia. O mesmo vale pro Chocolate, a Belle tentou. Muito. Você viu o quanto ela se esforçou, ela e o Otávio. Mas nenhum dos dois, Pedro, tem poder sobre a morte. Não é culpa deles. E eu não vou permitir que você aja como um desses mimadinhos, e se não pedir desculpas pra Belle, vai apanhar até ficar vermelho. Entendeu?

—Sim, senhora. –respondi.

—Pode dormir um pouco. Sei que levantou cedo. –ela permitiu, me deixando no quarto. Adormeci.

(***)

Alguém me cutucava. Achei que era o Leo, e resmunguei. A pessoa fez de novo.

—Pedro. –alguém falou.

Pablo?

—Pablo? - perguntei, tirando o lençol da cabeça. Belle estava do lado dele, com Mel, Emily, Henrique, Leo e Dete.

—Oi, Pedro. –ele falou. Olhei pra Belle, que me olhava brava.

—Desculpa. –pedi. –Fui indiota.

—Idiota. –corrigiu Emily.

—Foi mesmo. –confirmou Mel.

—Totalmente. –continuou Henrique.

—Obrigada. –ironizei.

—Tá tudo bem. –Belle respondeu, mas triste, seca, sem emoção. –Sempre está, Pedro.

Fiquei sem reação. Não imaginei que seria desse jeito.

—Sinto muito, Belle. –repeti.

—É, eu entendi. –ela falou, antes de sair do meu quarto.

Olhei pra Pablo, que deu de ombros.

—Não posso culpa-la por estar chateada. –ele justificou.

Olhei pra ele com cara de tacho.

—Só levanta da cama. Sua mãe vai fazer bolo de fubá pra gente. –ele chamou.

Eles foram, enquanto eu me enrolava até conseguir sair da cama. Afinal, quando se está muito triste, a melhor solução são os amigos. Então, não afastes os seus. Eles valem mais que um tesouro pirata.

Belle apareceu no quarto, sentando na cama e me olhando. Ela suspirou.

—Palavras doem, sabia? –ela falou, mexendo as mãos.

—Sinto muito. –pedi de novo.

Belle me deu o clássico olhar de “não queria, mas não consigo ficar bravo por muito tempo com você”, que ainda me daria várias vezes ao decorrer dos anos, e bufou. Sabendo que ela me perdoava, lhe deu um beijinho na bochecha, a fazendo corar.

—Pedro! –ela gritou.

—Foi só um beijinho. –eu ri, vendo Belle um pimentão. Ela tacou o travesseiro em mim.

—Chato. –ela fez bico.

—Vamos logo, Isabelle. –chamei ela, pegando em sua mão. Dessa vez, ela aceitou sem maiores comentários, e fomos juntos para a cozinha, esperar o lanche de mamãe.

—E eu sinto muito pela morte do Chocolate. –disse a ela no caminho. –Não foi sua culpa.

—Obrigada. –ela agradeceu, com um sorriso. –Sabe, precisa ir na casa do Henrique algum dia. É muito legal. Ele tem um porão super sinistro que a vó dele não deixa mexer.

—Parece história de terror. –respondi.

—Realmente. Scooby está um amor, papai está me mandando treiná-lo. Maria está querendo trabalhar, então eu ficaria com Lerina na escola. Não veríamos desenhos. –ela contou.

—O quê? Eu preciso dos meus desenhos matinais! –reclamei, mas Belle riu.

—Vemos isso depois, bobo.


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Notas finais do capítulo

Então, é isso povo. Ele morreu. Foi mal, me chamaram no face e eu esqueci completamente o que estava falando. Comentem muito, não se esqueçam. Recomendações são bem vindas também, sugestões :v
E deixem uma MP no meu facebook, ajuda muito Sou a Anna Laura Paula, com uma super diva na foto de perfil Podem me mandar solicitação de amizade, adorarei responder perguntas e críticas ou elogios.
Galera, vi Tomorrowland hoje. Tá top. Avengers também, muitooooo top Agora vai estrear Pixels e Divertida Mente, socorro Depois tem CIDADES DE PAPEL AI MEU DEUS É isso galera. Deixa eu postar logo e liberar pra vocês, BJOS
Ninguém sabe de uma fic Liesel e Max não? Eu confesso que shippo, e queria achar