Não sinto mais a humanidade em mim

Sinto meu corpo enfraquecer com o tempo

Parece que eu caminho por um deserto sem fim

Sem ninguém.

Antes disso eu estava feliz

Eu estava no topo

Sendo quem eu sou, sendo eu mesmo

Eu amava minha mulher

Eu amava o que eu fazia.

Era empresário, cuidava das economias da empresa

Empresa de computação

Mexia com peças e entre outras coisas

Mas então veio a crise

Muita gente foi demitida

Graças a Deus eu não

Ou talvez eu devia...

Aqueles que foram demitidos culparam a empresa

Inventaram mentiras e mais mentiras

Fizeram de tudo para acabar com ela

Mas ela e nós resistimos.

Mas a maré não acaba ai

Ela só acumula mais e mais água para depois afundar tudo de vez

Minha esposa ficou com depressão

Um fase difícil

Eu achei que eu ia superar isso...

Ela naqueles estado deplorável

Eu olhava para ela e sentia vontade de chorar

Ela cortava os pulsos, se isolava, falava com “pessoas invisíveis”

Agredia-me

Eu não aguentei, eu a internei.

Me senti culpado depois de um tempo

Percebi que talvez fosse melhor ela ficar aos meus cuidados

Quando fui busca-la, era tarde demais

Ela tinha se suicidado.

Mas, a maré se espalhava mais

A empresa faliu

E eu fiquei na rua

Eu procurei por emprego

Mas... Tudo o que eu recebia era um Não

O mundo parecia estar se fechando para mim.

Eu chorei, bebi, fumei

O tempo passou

Perdi minha casa

E quanto mais o tempo passava eu sofria mais

Eu me acabava mais

Até que chegue na deplorável vida

E agora eu simplesmente ando

Ando, ando, ando

Com fome, sem dinheiro, sem felicidade

Simplesmente ando nesse deserto infinito da solidão.