As Mulheres de James Sirius Potter escrita por Lia Galvão, Miss Stilinski


Capítulo 25
May Cornelia Thomas


Notas iniciais do capítulo

Não foram três anos hein, quem amou? A gente disse que ia tentar ser o mais breve possível e, repito, ainda temos aqui as questões da vida adulta e a inspiração que não é a mesma de antes, mas seguimos a todo vapor e, tá, 9 meses? beleza, mas menos do que 3 anos é uma vitória para todos nós!
Nosso cafajeste favorito está de volta e pra ser sincera eu não tenho muito o que dizer, esse capítulo fala por si só! Estamos nos aproximando do fim, queria como de costuma deixar aqui nosso eterno agradecimento a quem continua por aqui, firme e forte, lendo e comentando e, enfim, aproveitem! /Lia

Oiii, gente! Voltamos e, dessa vez, não iremos - com a graça do senhor - demorar um ano para postar cada capítulo, porque, acreditem ou não, estamos inspiradas E porque a fic está bem pertinho do fim. Portanto, sim, isso mesmo, minhas queridas, vocês saberão, em breve, quem é A ESCOLHIDA. Espero que gostem do capítulo e aproveiteeem!
AH! Obrigada pela INCRÍVEL recomendação, Colour! Eu li e reli ela kkkk muuito obrigada mesmo! Agora, realmente aproveitem!
Beijoo / Laís



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Após as comemorações matutinas com a família, ao cair da noite Domi revelou ter combinado de continuar a festa com alguns amigos no badalado pub O Caldeirão Dançante. Dos familiares convidados estavam a maioria dos primos e eu. No ápice da minha juventude, após anos morando praticamente sozinho e tomando conta de mim mesmo, tive que implorar para meus pais para poder ir também. E quando eu digo implorar, eu falo sério, nível ajoelhar no chão, palmas juntas enquanto repetia sem parar “por favor, por favor” até vencê-los pelo cansaço. Depois de muito tempo, que eu tenho certeza que eles prolongaram apenas para me ver sofrer, consegui a permissão requerida e, assim, recuperei minha varinha, que meu pai tinha prometido devolver semanas atrás, para finalmente ir para à festa, onde todo mundo já estava pois ninguém lá em casa quis ficar me esperando magicamente virar um adulto.

Quando aparatei no Mercado Carkitt, percebi que as ruas estavam muito movimentadas para aquela hora da noite. Apesar de muitas lojas estarem fechadas, alguns bares e pubs iluminavam os quarteirões e bruxos de variadas idades passeavam por ali com canecas em mãos, cantarolando ou aproveitando os badalos de uma terça à noite de verão. Sem me alongar, segui para o pub indicado por Dominique antes de sair e notei que lá era um dos lugares mais cheios.

Com uma breve fila na entrada, a música lá dentro, apesar de não sair para o lado de fora devido a feitiços, fazia as paredes tremerem e os jogos de luzes vistos brevemente pela abertura da porta prometiam uma boa festa no interior. Fazia um tempo que eu não ia a uma festa. Na realidade, a última vez que eu fui em uma boate de verdade foi quando Saphira ainda estava viva. Me recusei a pensar naquilo. Apesar de eu já ter aprendido a lidar com toda a situação, ainda não era o tipo de pensamento que eu queria ter antes de ir para uma festa ou coisa do tipo. Então guardei as boas lembranças da adolescência no fundo da mente e tomei meu lugar na fila.

Quando chegou a minha vez, dei o meu nome e, graças a Deus, Dominique o tinha colocado na lista. Entrei e imediatamente meus ouvidos foram cobertos com a música de uma banda bruxa que eu desconhecia. O lugar estava cheio, a ponto de ser impossível andar por ali sem esbarrar em alguém ou sentir algumas gotas de bebidas variadas caindo no meu pé, mas após breve esforço consegui finalmente achar o lugar reservado para o aniversário de Dominique Weasley.

Assim que eu pisei ali vi Fred e fiquei aliviado; eu não conhecia muitas pessoas por lá. Vi Albus e Luna dançando mais para um canto — eu ainda não consegui assimilar esses dois namorando — e mais um monte de gente que eu poderia ter visto em Hogwarts, mas que no momento não estava me lembrando. Então eu fui onde era mais confiável: meu primo, que apesar de aparentar estar feliz apenas por estar ali transbordava desconforto, como se ele não soubesse muito bem o que fazer ou como agir.

— Adivinha quem conseguiu permissão para sair de casa? — eu tive que gritar, pois a música estava muito alta. — Isso mesmo: eu!

— Ai, graças a Merlin! Eu tenho certeza que se continuasse sozinho por muito mais tempo as amigas da Dominique iam arrancar minha cabeça, mesmo a gente falando que estamos bem. — O alívio dele ao me ver era evidente, nem parecia que apenas algumas semanas atrás ele estava tentando me matar a base de socos. E obviamente eu ia tirar um mínimo proveito dessa situação.

Aproveitando a alegria do meu primo para comigo, dei generosos e encorajadores tapas no ombro de Fred com toda a minha força, o que possivelmente nem chegou a lhe fazer cócegas, e então o abracei de lado. Sim, eu me contento com pouco.

— Olha só, é o dia dela, ok? As amigas dela tem os motivos necessários pra desconfiarem de você, então apenas… tente curtir ao máximo e não fazer parecer estranho. Vamos, vamos buscar algumas bebidas e vê se dessa vez você consegue pensar com a cabeça de cima. — Encorajei e então tomei a dianteira em direção ao bar.

Naquela noite, James Sirius Potter 2.2 estava na pista. Entre a faculdade, estágios, o desenvolvimento da minha poção, amores perdidos, namoradas loucas e tentativas de assassinato sequenciadas da minha família, eu não tive muito tempo para festejar nos últimos meses e, bem, hoje eu iria aproveitar. Eu sei, eu sei. Vocês devem estar pensando: “Mas, James, você não estava narrando sua história com mulheres diferentes ao longo dos anos? Tem anos que não vemos você ficar com nenhuma mulher, queremos saber quem é seu verdadeiro amor” ou qualquer coisa do tipo e: eu sei! E por isso que eu usaria esse aniversário da Domi para voltar para a pista, de todas as formas que você puder interpretar isso.

No caminho até o bar eu acabei me perdendo de Fred e, com a quantidade de pessoas no caminho, apenas ficar na ponta do pé e procurá-lo por sobre a multidão não tinha dado muito certo. Então apenas dei de ombros e concluí que logo nos encontraríamos novamente.

— Hey! Me vê um Tongue Tying Lemon Squash por favor. — Acenei para o garçom que me olhou de um jeito esquisito, mas concordou.

— Com firewhisky ou sherry? — Questionou sobre o barulho da música e eu balancei a cabeça.

— Puro.

Não é como se eu não pudesse beber álcool ou coisa do tipo, mas era minha primeira noite de volta a ativa e eu ainda estava num período de sobriedade que eu mesmo tinha me colocado porque, sinceramente, desde toda a confusão com Dione eu vinha prezando bastante em manter-me são em qualquer ocasião, então o álcool seria dispensado sempre que eu achasse necessário. Enquanto esperava por meu pedido, olhei ao redor para estudar melhor o local e as pessoas que ali estavam. Fiquei observando e escutando a música alta que tocava ali. As luzes brilhavam em um monte de cores diferentes e, de vez em quando, piscavam. Eu não sabia se era eu, mas realmente estava enferrujado. Agitei meu corpo de acordo com o ritmo, o que não deve ter sido muito bonito de se ver, e o bartender voltou com a bebida que eu pedi.

Me virei para ele e agradeci com um aceno de cabeça, deixando um sickle sobre o bar e então me virando para observar o cenário novamente quando percebi uma belíssima mulher escorada sobre a bancada perto de mim. Cabelos escuros e longos, sorriso sexy e olhos expressivos. Sua pele negra brilhava em contraste com as muitas luzes que a iluminavam e, eu não quero soar um grande escroto, mas o vestido que ela tinha escolhido para a noite realmente chamava a atenção. Vocês devem estar pensando: “Ah, James, precisava manjar a garota desse jeito?” E eu respondo meus caros: sim, ok? Foi mais forte que eu, eu estava na seca já há um tempinho e ela era absolutamente maravilhosa! Sorry not sorry.

E como eu bem prometi que estaria voltando para a pista, me inclinei de um jeito sexy em direção a ela — sim, eu tropecei no processo, mas nós não vamos falar sobre isso! — e dei meu melhor sorriso para a garota.

— Uau, se eu soubesse que esse lugar recebia sua ilustre presença, eu teria voltado para festejar na Inglaterra muuuito antes. — Comentei, piscando apenas um olho enquanto ela virava para me olhar.

E quando ela o fez, eu desejei que ela não tivesse feito. A garota me olhou de baixo a cima e, a cada centímetro de mim que ela observava, maior se tornava sua expressão de desgosto. Ajeitei minha postura e deixei o sorriso morrer enquanto olhava pra baixo buscando algum defeito na minha figura, mas não encontrei nada de imediato e voltei a olhá-la ao tempo que ela terminava de me escanear.

— Urgh, nos seus sonhos. — Foi tudo que ela disse antes de alcançar o copo sobre o balcão e sair, como se eu fosse alguém que andava pelas ruas sem máscara em 2020.

Eu já não tinha apanhado o suficiente pra uma vida inteira? Quero dizer, vocês me conhecem, aquilo me afetou e bastante. Eu parei, voltei a olhar para baixo em busca de alguma mancha, algum possível feitiço lançado sem que eu tivesse percebido e não encontrei nada. Olhei ao redor por um segundo para, discretamente, levantar um pouco meu braço e checar se eu estava fedendo. E tava tudo ok. Nada, simplesmente nada no mundo justificaria aquele tipo de reação à minha pessoa. Porque, bem, eu sou eu! Larguei minha bebida intocada para trás e então segui em direção ao banheiro, afinal podia ter alguma coisa no meu rosto e tudo mais. 

A caminho de lá, devido ao fato de eu estar desconcertado, porque eu nunca tinha sido rejeitado daquele jeito, acabei esbarrando em outra mulher. Sim, eu já tinha levado nãos antes, mas nunca tinham me olhado com aquele tipo de nojo, a não ser por Holly ou Alisson porque elas tinham motivos, mas eu tinha me dedicado antes de chegar ali, tomado um bom banho, passado um perfuminho, vocês sabem… não estava nos meus planos ter minha autoestima dilacerada daquela forma e olha que eu sou muito autoconfiante! Virei-me para pedir desculpa para a garota em quem tinha esbarrado e então parei. Era a mesma mulher de minutos atrás, mas agora ela me olhava diferente.

Segurando a bebida que ela tinha retirado no bar ela me olhou de cima a baixo (sim, tinha diferença da olhada anterior de baixo pra cima) e conforme os olhos dela passeavam por mim, o sorriso dela tendia a aumentar. Minha testa enrugou e eu não falei nada esperando ela me destruir um pouco mais novamente.

— Eu acho que conheço você de algum lugar. — Mencionou e então eu inclinei minha cabeça para o lado. Começava a puxar o ar pra responder que sim, nos conhecíamos de minutos antes quando ela me olhou como se eu tivesse spattergroit, quando ela estalou os dedos e então tocou meu braço. — Ah… é claro… — E o sorriso dela aumentou. — Você é aquele cara dos meus sonhos.

Vocês estão tão confusos quanto eu, né? Olhei da garota para o copo que ela segurava e de volta e… o que raios tinha naquela bebida?? Eu ainda estava um pouco sem reação quando ela continuou a conversa.

— Ora, ora, não achei que você fizesse o tipo tímido. — Provocou, chegando um pouco mais perto e aumentando a expansão territorial do toque dela em meu braço.

— E-eu… você… han… eu… o que… como… ? — Ela riu, se deleitando com minha completa inaptidão em formar uma frase.

— Vem, vamos dançar, isso vai te ajudar a se soltar um pouquinho. — Disse, me segurando pela gola da camisa e então me levando para a pista de dança. Como eu estava tendo problemas para processar toda aquela situação, eu só fui.

Mais uma música que eu não conhecia preenchia as paredes do clube e, apesar de não conseguir cantar junto com a letra, o ritmo era animado o suficiente para me fazer mexer no ritmo da melodia. A princípio, eu ainda não sabia bem o que fazer, mas a garota sabia dançar e como ela continuava jogando seus braços ao redor de mim, rindo e fazendo convites muito próximos ao meu ouvido para juntar-me a ela, eu acabei esquecendo todo o acontecido de anteriormente e me rendi de vez, aproveitando que ela tinha mudado de ideia para me divertir.

Quando eu percebi que tinha uma mulher bonita dançando em mim, eu caí na real e coloquei a mão em sua cintura, me movimentando com ela. Eu a puxei para perto, abraçando-a por trás e sincronizando meus movimentos aos dela; depois de não muito tempo eu estava ficando animado demais para o meu gosto e ela percebeu. O sorriso que ela me deu foi astuto e sexy, o que a fez rebolar ainda mais contra os meus quadris.

Eu a virei para mim e deslizei minhas mãos pelo seu corpo, ainda me movimentando conforme a música e o seu ritmo. O olhar que ela me lançou foi faminto e eu fiquei ainda mais excitado. Eu acho que ela estava tão na minha que eu não precisava de muitas palavras. Voltei com a minha mão até sua nuca e encaixei meus lábios nos dela. Meu corpo se retesou e minha língua pediu passagem. Ela não ofereceu nenhuma resistência, então a colei ainda mais contra mim.

Eu não fazia ideia do porquê aquela garota era tão bipolar, mas seu beijo realmente era muito bom.

Após mais algumas músicas, eu percebi que toda a situação ali plus a grande quantidade de pessoas no local estava me deixando com calor e lembrei que não tinha aproveitado do meu primeiro drink pedido, então pedi licença a ela e prometi encontrá-la naquele mesmo lugar.

— Traz uma latinha de Gamp’s pra mim por favor? — Pediu sobre o som da música e eu concordei, indo até o bar e solicitando as duas bebidas.

Eu deveria, porém, ter previsto que voltar para ela não seria uma tarefa fácil, visto que eu já tinha perdido meu primo anteriormente e ainda não o tinha encontrado — não que eu tivesse procurando — e que o lugar era muito maior do que parecia ser do lado de fora. O drink já começava a ficar quente na minha mão, e o meu eu já tinha tomado por completo, quando eu finalmente a encontrei novamente na pista de dança e me aproximei, passando o braço pela cintura dela e oferecendo a bebida.

— Esse lugar tá uma loucu… — Não pude terminar a frase pois naquele instante eu levava uma cotovelada no estômago.

— Se você chegar perto de mim mais uma vez, você vai desejar uma cotovelada, esquisito. — Ela não gritou, mas eu consegui sentir a raiva dela enquanto tossia e segurava minha barriga para me recuperar do golpe inesperado.

Ela pegou a bebida da minha mão e saiu de perto e eu fiquei ali, parado, mais uma vez sem entender absolutamente nada.

— Você tá bem, cara? — Um outro cara perguntou passando por mim, mas acho que ele não queria realmente saber porque ele só continuou andando antes de eu responder.

— Hey, se você não vai dançar sai da pista de dança. — Uma garota resmungou enquanto me empurrava um pouco para o lado pra tomar meu lugar.

— Achei você! — Virei o corpo para ver a… bem, doida, que agora se aproximava novamente com sorrisos e cheia de toques. Instintivamente eu dei um pulo para trás.

— Hã-ã, nã-não. Não vou cair nessa.

— Quê? — Ela me olhou confusa. Repito. Ela. Me. Olhou. Confusa. Tipo… sério??? — Vem cá, estou com uns amigos, é melhor para conversar! — Mas superou logo a confusão, voltando a me puxar pelo braço e me levar até uma das áreas vips do clube.

— Ah! Aí está você! — Ouvi a voz de Dominique um pouco aliviada.

— Se você tivesse sumido de novo, mamãe ia me matar. — Albus acrescentou.

— Eu ia achar ele e matar com minhas próprias mãos. — Lily sorriu, fantasiando com a ideia.

— Espera, vocês conhecem ele? — A mulher doida que me negava e depois me puxava pelos cantos perguntou.

— Esse é o James, May. — Dominique foi a responsável pela apresentação. — James, essa é a May e aquela ali é a April, lembra delas? Elas eram do nosso ano, irmãs do Stephen… — Dominique então apontou para um cantinho onde uma garota exatamente igual à May estava no colo de alguém que me parecia muito familiar, mas eu estava distraído demais olhando de uma garota à outra para focar no rapaz. Ao ouvir seu nome, a garota ergueu o rosto e, mais uma vez, me analisou de baixo pra cima.

— James Sirius Potter? — Ressoou meu nome pelo local em que estávamos. — Isso faz sentido.

— O quê? — O cara com quem ela estava questionou. April deu de ombros.

— Ele tentou dar em cima de mim algumas vezes hoje a noite.

— Eu nã…

— Com minha irmã??? — May, do meu lado, perguntou meio indignada.

Bem, eu tinha de fato. Mas, a) Eu não sabia que ela era comprometida. b) Eu não sabia que elas eram irmãs, ou melhor, eu não sabia que elas eram duas pessoas diferentes até exatos quinze segundos atrás e c) Não, eu não me lembrava delas de Hogwarts. Além de Dominique, Lisa e os rapazes, eu não saia muito com outras garotas do meu ano da grifinória e, mesmo que saísse, aquelas duas estavam beeeeem diferentes. Os cabelos estavam muito mais volumosos, assim como… bom, alguns atributos corporais, elas não tinham mais espinhas no rosto e, enfim, tinham se tornado em baitas mulherões que em nada se pareciam com as adolescentes que eu poderia ter uma ligeira lembrança sobre.

— Você estava dando em cima da minha namorada, Potter? — O garoto perguntou, existia um tom de desespero em sua voz, como se eu realmente representasse uma grande ameaça a ele e eu pisquei lentamente, tentando entender como tudo tinha saído de controle tão rápido.

— Não, eu não… eu tava com a May e daí eu saí pra pegar umas bebidas e voltei e… e vocês duas tão com o mesmo vestido. — Observei, olhando de uma para outra pra comprovar que elas não apenas eram gêmeas idênticas, como tinham escolhido trajes absurdamente similares para aquela noite. — E as luzes e o barulho… eu não quis… sinto muito. — Tentei me justificar, só então dedicando alguma atenção ao rapaz e o avaliando melhor, eu realmente o conhecia de algum lugar, mas minha mente se negava a lembrar.

Dominique olhou de mim para o outro e depois voltou para mim. Dava para perceber que ela estava no brilho, mas não comentei nada.

— Você é um manezão. — Dominique disse rindo.

— Algumas coisas nunca mudam. — E então eu ouvi uma voz que eu pensei que nunca mais ouviria e me virei para encontrar Elena Brothback brindando um drink com minha irmã. — Quanto tempo, Potter. — Saudou com um sorriso e eu acenei.

Se eu já estava perdido daquele jeito sóbrio, imagina se eu estivesse bebendo.

— Não seria eu, gata — pisquei um olho em sua direção e Elena riu.

Ela própria também estava um bocado diferente da nossa época de escola, eu só tinha sido capaz de reconhecê-la por, bom, vocês sabem os motivos. Elena tinha de alguma forma conseguido ficar ainda mais bonita e o look escolhido por ela naquela noite tinha atraído meu olhar para algumas regiões específicas. Ela exalava ainda mais confiança do que à época e definitivamente ela tinha superado aquele encosto do Klaus pois ao, tempo que Lily fechava minha boca de forma discreta, que eu nem mesmo tinha reparado se abrindo, um homem mais ou menos do tamanho de Dimitri abria espaço entre nosso grupo, sussurrando algo no ouvido de Elena e então a puxando pra longe dali.

— Okay, seus manezões, eu amo essa música! — Dominique gritou e então puxou uma pequena corrente de volta para a pista de dança.

— Vamos continuar nossa brincadeira, gatinho. — May ressurgiu perto de mim, ronronando em meu ouvido e puxando-me pela camisa atrás do bondinho de Domi.

Eu a segui apenas para descobrir que aquilo era demais para mim. Sério. Descobri, depois de tudo o que eu passei naqueles anos, que eu não era mais feito para ficar até tarde em uma balada, onde eu não conseguia ver metade das pessoas e nem diferenciar dois tipos de tom de rosa. Rosé gold e rosé?! Era o mesmo fucking vestido!

Depois de duas músicas e com May saindo de perto para uma dança só de garotas, eu concluí que já era pra mim. Acho que àquela altura Dominique nem prestaria atenção se eu tivesse ido embora ou não, mas eu precisaria avisar aos meus irmãos e a Fred. Assim que eu o fiz, descobrindo sete novas variações pejorativas para a palavra “velho” graças a Lily, voltei para o silêncio e conforto da minha casa, com meus ouvidos ainda zumbindo por conta da música alta. 

Passei pela porta e levei um susto com meu pai e minha mãe sentados no escuro. Nem quando eu era adolescente eles faziam isso! Por Merlin!

— Aiii! — gritei, colocando a mão no peito. — Meu Deus, gente... não façam mais isso!

Eles se olharam e depois voltaram a me olhar novamente. Meu pai acendeu a luz da sala com a varinha e me observou.

— Pensei que voltaria com seus irmãos — disse ele e eu caminhei até uma das poltronas, me jogando ali.

— Descobri que eu tenho a alma de um senhor de setenta anos — respondi. — Mas não se preocupem, eu avisei a todo mundo da nossa família que estava naquela festa que eu estava voltando para casa.

Tirei a minha varinha do bolso e mostrei para os dois.

— Posso tê-la de volta? — perguntei com certa esperança. Eles hesitaram. — Ah, fala sério! Eu não vou embora, achei que vocês tivessem percebido isso quando eu levei todos aqueles socos e não desapareci. E o simples fato de vocês me largarem aqui todo dia sozinho e eu continuar aqui quando vocês voltam, porque, varinha ou não, ainda tem a rede de flu, vassouras e, bem, eu sei andar.

Harry e Ginny Potter tinham uma estranha comunicação que eu jamais entendi. E havia desejado por algum tempo. Agora, eu já não tinha mais certeza se teria, ou queria, isso em minha vida. 

Ouvi os dois suspirarem e me encararam de volta.

— Está bem — cedeu a minha cara de pimenta e eu comemorei. — Mas se você sair um dedinho da linha, eu pego de volta!

— Pode deixar, minha cara de pimenta. Vocês vão ficar cansados de me ver por aqui — respondi, com um sorriso animado. Me levantei e fui até ela, lhe dando um beijo estalado na bochecha, o que a fez suavizar o olhar feroz, como sempre fazia quando estava brava comigo, e depois dei um abraço em meu pai. Ele tinha um cheiro bom, sei lá. — Obrigado, pessoal! Agora vou tomar um banho e dormir. Minha lombar está me matando...

Dei tchau para os dois e subi as escadas para o meu quarto.



Senti meu corpo sendo sacudido. 

Resmunguei algumas coisas e rolei para o lado da parede. Mas a pessoa era insistente e continuou a me balançar, me fazendo abrir os olhos cheios de indignação e irritação.

O que foi!? — perguntei rispidamente.

— Você foi embora cedo e tem alguém me perturbando pra te ver — ouvi a voz de Dominique no escuro. 

Franzi a testa e olhei para o relógio. Eram quatro da manhã.

— O que raios você está fazendo aqui em casa, Dominique?! — perguntei, me levantando da cama.

— Lily me deixou entrar. Eu vim com ela e... Mas isso não vem ao caso — respondeu minha prima e eu senti o leve hálito de álcool vindo dela. — Tem alguém que quer te ver.

Eu a olhei por algum tempo e bufei. Coloquei as cobertas para o lado e me levantei, vestindo uma camisa que estava pendurada numa cadeira. A luz da lua invadia meu quarto e era o que me fazia enxergar uma Dominique com os cabelos revoltados e maquiagem borrada.

— É melhor que valha a pena. E se der qualquer merda, você levará a culpa! Eu acabei de recuperar a minha varinha de volta e não estou nenhum pouco afim de tê-la apreendida de novofalei em um sussurro revoltado, enquanto abria a porta e seguia para as escadas.

— Só cala a boca — foi tudo o que a minha prima disse.

Descemos as escadas na ponta dos pés. Quando chegamos ao térreo, a luz da cozinha estava acesa e os cochichos que eu ouvia pertenciam a minha irmã e... May?! Elas atacavam um sanduíche de frango e riam baixinho. Assim que as duas perceberam a nossa presença, Lily levantou a cabeça e me mostrou a língua e May abriu um sorriso sexy.

Eu olhei de volta para a minha prima, com a sobrancelha erguida. Ela apenas deu de ombros e foi se juntar às outras duas. Balancei a cabeça e a segui, sentando-me à bancada que havia ali.

— Cadê Albus e Fred? — perguntei.

— Fred tá roncando no quarto do Albus e Albus está na casa da Luna — respondeu Lily, terminando de mastigar. Estalei a língua, um dia ainda entenderia essa química dos dois.

— Então isso daqui vai ser uma espécie de festa do pijama? — estiquei a mão e roubei um pedaço do sanduíche da Lily.

May jogou os cabelos para trás e se inclinou sobre a mesa, fazendo com que os seus seios se espremessem um no outro. 

— Quer brincar de verdade ou desafio, gato? — o seu sorriso me deixou desperto.

Eu a encarei, divertido.

— Suponho que você seja a gêmea que não me odeia — brinquei, mordendo outro pedaço do sanduíche roubado. Óbvio que eu sabia que era ela, pois a outra jamais pisaria na casa em que eu vivia uma hora daquelas e com aquele tipo de proposta.

— Isso já é a brincadeira? — ela inclinou a cabeça, sem tirar o sorriso malicioso nos lábios... e que lábios! Eram bons de beijar...

Antes que eu pudesse devolver o flerte, escutei o som de alguém fazendo barulho de vômito e me dei conta que era Dominique. Fiz uma careta em sua direção. Fazia muito tempo desde que eu flertava com alguém por flertar. Todos os flertes que eu tive nos últimos anos acabavam comigo e a outra pessoa namorando, eu estava um pouco enferrujado, mas, olhando May, eu sabia que ela não queria nada sério comigo e eu poderia aproveitar aquela festança por um tempo.

— Deixa de ser chata, Dominique — May disse, ainda animada. Ela me lançou um olhar de que, se pudesse, me despiria aqui e agora. — Você pode participar também.

— Eu não... da última vez… muitas intrigas — explicou minha prima sem realmente explicar nada, pegando o sanduíche das minhas mãos e o mordendo.

May revirou os olhos e piscou um deles para mim em seguida. Merlin, ela está tão na minha!

— Bem, acho que tá na hora das senhoritas escovarem os dentes e fazerem o camão de vocês. E, não, não irá dormir com Fred no quarto de Albus, Dominique — falei antes que eu me esquecesse que estava na casa dos meus pais e virei para minha prima, que bufou diante da minha ordem e me mostrou a língua. — Dormirão com a Lily. Minha mãe matará vocês se houver algum tipo de fornicação dentro da casa dela.

— É verdade — concordou Lily, que até então estava quieta demais. — Vamos, garotas. — O tom de Lily indicava que aquela frase era de alguma música, mas não consegui reconhecer.

Começando um trenzinho de dança e sussurros seguidos de “shhs” elas foram passando uma a uma por mim, sendo May a última, que não teve problemas em criar um buraco de vagões naquele trem para enrolar os dedos no tecido da minha camisa.

— É uma pena que não possa ter fornicação... eu poderia… passar no seu quarto... — disse ela, passando a mão lentamente em minha barriga. — Sem calcinha... — acrescentou ela num sussurro em meu ouvido.

Na mesma hora meu amiguinho acordou. Um arrepio perpassou pelo meu corpo, não seria tão ruim assim quebrar algumas regras da minha mãe, né? Eu podia me dedicar mais à magia sem varinha e…

— MAY! — Era Dominique retornando e a segurando pelo pulso, May gargalhou e piscou enquanto saia da cozinha rebolando. Eu fiquei ali e aproveitei pra jogar um pouco de água gelada na minha cara, mas cara, ela estava tão na minha!

 

(...)

 

Pela segunda vez em menos de oito horas eu fui novamente acordado, mas daquela um pouco diferente da anterior. Ao invés de pulos na cama eram beijos em meu pescoço e carícias em meu abdômen, o que, após um tempinho bem curto, bastou para me fazer abrir os olhos.

— Hmmm... bom dia, senhor Potter. — Era May, que estava sentada na minha cama ou, melhor dizendo, em mim. Eu permaneci imóvel, pois qualquer movimento era perigoso demais. May pareceu perceber e riu. 

Ela estava no meu colo, ou um pouco mais abaixo disso, em uma região extremamente sensível, se vocês estão entendendo bem o que eu quero dizer. Eu virei o rosto para vê-la melhor, o que me fez despertar de vez. Fiz menção de levantar, mas as mãos quentes e macias de May me empurraram de volta para os travesseiros.

Seus olhos estavam cheios de malícia. Meu coração estava disparado em meu peito quando, novamente, sua mão subiu e desceu pelo meu peitoral desnudo. Engoli em seco. Eu já estava há quanto tempo em casa? Pois parecia que havia um século de distância entre o meu namoro rápido com Dulce na Espanha e agora.

— Você tem um lindo tanquinho, James Sirius Potter — disse ela, admirando meu corpo. — E dorme sem camisa... assim é uma tentação.

— Quer experimentar? — consegui achar a minha voz e dei um sorriso torto para ela.

— Adoraria — respondeu May, inclinando-se mais sobre mim e beijando sensualmente abaixo do meu umbigo, eu tremi. Ela riu. E aquilo me fez entrar no jogo.

Meu sorriso se espalhou ainda mais pelos meus lábios. Passei os dedos em seu braço levemente e depois a puxei um pouco mais para cima, seus cabelos soltos e castanhos escuros ficaram ao lado do meu rosto. Eu conseguia ver o seu sorriso malicioso e aquilo me acordou mais ainda.

Eu já estava pensando em ignorar tudo o que a minha mãe disse, eu na verdade já não lembrava mais quais eram as regras da casa, a não ser por uma vaga e distante lembrança de que eu nunca antes tinha levado garota alguma para o meu quarto, mas mesmo isso foi embora para longe ao apenas encostar os lábios nos dela. Eu levantei um pouco o corpo e, quando eu ia aprofundar o beijo, May se afastou. Rindo.

Safada.

— Acho que a sua mãe não iria gostar disso — ela se levantou da minha cama. Eu a olhei, incrédulo. — Não me olhe assim, lindinho. Não queremos que fique sem varinha de novo, queremos? — ela olhou diretamente para o meu membro ereto. Depois seus olhos voltaram para os meus. 

— Ela não precisa saber. — Arfei, agora eu já estava envolvido demais, a brincadeira tinha que continuar. May riu baixo, sua voz era grave e ao mesmo tempo melódica.

— Bem que me avisaram que você adora quebrar algumas regras, senhor Potter.

— Só faço isso quando tenho certeza que valerá completamente a pena, para todos os lados envolvidos. — Pisquei, sentando-me na cama de uma só vez e alcançando o pulso de May, que pareceu considerar a possibilidade, mordendo seu lábio inferior discretamente

— Por mais tentadora que seja sua proposta, senhor Potter. — May começou, lentamente puxando seu braço para longe de mim enquanto caminhava em direção à porta. — Eu realmente preciso ir agora. — Confessou e um biquinho manhoso surgiu em seus lábios. A mão alcançou a maçaneta e então o rosto dela se iluminou, como se ela tivesse acabado de ter uma ideia brilhante. — Eu posso, porém, te recompensar por isso. Esteja pronto amanhã às 18h. Passe na minha casa para me buscar, Dom pode te dar o endereço e então nós podemos, você sabe, quebrar algumas regras em outros lugares. — Sua voz mantinha a mesma tonalidade sensual e arrastada de antes, o que apenas me fez concordar antes de ela sair e bater a porta atrás de si, me fazendo cair de volta na cama extremamente disperso e frustrado.

 

(...)

 

Enquanto eu me arrumava no dia seguinte para o meu encontro com a May, eu me perguntava se eu estava sendo rápido demais em sair com outra garota. Há quase dois meses eu jurava estar apaixonado por Dulce, no mínimo gostando muito dela a ponto de me envolver em um namoro e, vez ou outra, fazer planos para futuros próximos, porém distantes o suficiente, e agora, de repente, eu estava tentando dormir com outra. Será que eu era tão insensível assim?

Tudo bem, eu sabia que não deveria estar pensando em outra enquanto eu vestia a camisa para um encontro, mas eu gostei de Dulce. E eu nem me expliquei com ela sobre o que tinha acontecido, eu tinha simplesmente fugido pela janela do apartamento dela, ok, com meus motivos, e desaparecido por completo, não tinha nem mesmo voltado para o apartamento atrás das minhas coisas, só… puff. O que ela estava achando eu era? Com certeza, um completo babaca.

Assim que desci as escadas, meus pais estavam na sala, sentados juntos, vendo alguma coisa na televisão. Algo passou pela minha cabeça e eu me encostei na parede, os olhando.

— Pai — chamei e ele me olhou.

— Vai sair, filho? — perguntou e eu assenti. — Bom... por favor, não saia pelado outra vez.

Minha mãe sentou ereta no sofá e meu pai apenas balançou a cabeça, como se ela não quisesse saber o porquê.

— Isso não vai acontecer de novo... na verdade... — hesitei e ele me olhou. — Como ficou a garota com quem eu estava, a Dulce? O senhor sabe me dizer?

Harry Potter ficou me encarando por alguns segundos e depois suspirou.

— Tivemos que obliviá-la... ela foi até a casa que dividia com Juan e nos viu usar magia para reunir as suas coisas — ele parecia arrependido disso, mas que não tinha outra escolha. Eu assenti e meu pai acrescentou: — Mas não se preocupe, ela não te acha um idiota por ter… fugido, ela acha que terminaram. Juan cuidou disso na verdade, acabou apagando um pouquinho mais de memórias do que o necessário e tentou se redimir com você amarrando algumas pontas para que ela ficasse bem. Agora ela acha que vocês perceberam que não tinham nada a ver um com o outro e colocaram um ponto final e ela só foi ao apartamento buscar alguns brinquedos de cachorro que tinha deixado para trás. Sinto muito.

— Ah, sim... Está tudo bem. — Eu não sabia se ficava aliviado ou não. Gostar não é um sentimento que vai embora de repente, não que eu tivesse de fato pensado em Dulce nas últimas semanas. Mas agora não tinha muito o que fazer. Certamente, eu não voltaria para Espanha e eu esperava de todo o coração que ela ficasse bem. — Bem, vou indo.

— Não chegue tarde, meu bem — disse a minha mãe e eu assenti, estava me dirigindo para a porta, quando a ouvi sussurrar para o meu pai: — Que história é essa dele sair pelado, Harry?

Eu ri e meu pai suspirou novamente. Do lado de fora de casa, eu aparatei.

É... eu realmente precisava terminar aquela poção.

 

(...)

 

Quando eu toquei na campainha de May graças a Merlin foi ela quem abriu a porta. Minha boca se abriu um pouco ao vê-la. Ela estava sexy e elegante ao mesmo tempo, usando uma saia colada, que ia até as coxas, combinada à uma meia fina que cobria suas pernas e um sapato pontudo de salto. O top escolhido também reforçava seus atributos corporais, mas o casaco dava certa sobriedade à roupa, não que aquilo tivesse bastado para tirar minha atenção de onde importava. Seus cabelos estavam com cachos bem definidos e sua maquiagem era feita para uma noite romântica e quente, com os lábios bem avermelhados em evidência.

— Uau. — Foi tudo o que consegui dizer, ainda embasbacado, olhando-a de cima a baixo. May sorriu abertamente e então deu uma voltinha e uma reboladinha, provavelmente satisfeita com minha reação. — Você tá… uau. — Repeti, piscando algumas vezes para sair do transe e ela riu novamente, parando de frente a mim.

— E você é bem pontual para um rebelde. — retrucou ela.

— E bonito também — acrescentei, indo até ela. May revirou os olhos com o meu comentário, mas um sorriso malicioso cresceu em seus lábios.

Descemos os degraus de sua casa e eu me virei para ela.

— E então... vai me levar para onde? Saiba que eu sou um garoto de família e como tal eu adoraria quebrar todas as ideias que você tem sobre como um garoto de família deveria se comportar. — comentei em meu melhor tom de flerte, olhando-a de esguelha.

May segurou o meu braço, atitude que eu aceitei de bom grado, e virou-se para me olhar.

— Bom, eu não esperaria menos de você. — Disse em um ronronado, tocando meu outro braço e subindo lentamente até meu ombro. — É um lugar legal e bem reservado. Você vai gostar de lá — respondeu por fim. 

— Então me guie, milady — disse eu, envolvendo sua cintura por fim e puxando para mais perto.

May ergueu as sobrancelhas e me lançou um sorriso malicioso e sexy. Logo depois, eu senti que estava sendo sugado para a costumeira escuridão que a aparatação nos proporcionava.

Aterrisamos em um beco escuro. Eu estava muito próximo de May e resolvi aproveitar para ficar ainda mais perto de seu corpo esguio, enquanto sentia os efeitos da aparatação se dissiparem. Ela reclamou sobre como ficava enjoada com aquilo e eu pensei comigo mesmo que a minha poção ajudaria contra os efeitos e destrunchamentos.

Ela segurou a minha mão depois de alguns segundos e me guiou para fora do beco. Carros passavam apressados pela estrada, havia casas e lojas espalhadas pelos dois lados da rua, a maior parte ainda estava aberta, com letreiros brilhantes e chamativos convidando as pessoas a entrarem.

May me levou para o outro lado de onde estávamos. Esperamos os carros diminuírem e atravessamos. Ela, sem tirar a mão da minha, foi direto para um restaurante rústico e mal iluminado que eu jamais imaginaria ser um restaurante se não fosse pelo letreiro elegante que informava o que era aquele local.

— Boa noite. Eu fiz uma reserva mais cedo. — Ela disse à recepcionista que ficava logo na entrada. — May Thomas.

A mulher olhou para a listinha que tinha consigo e depois assentiu.

— Claro. Um garçom irá levá-la até a sua mesa — disse a moça, indicando o espaço atrás de si.

Agradecemos a recepcionista e entramos, sendo atendidos por um garçom logo em seguida. O restaurante tinha uma iluminação meio amarelada, mas muito chique e intimista. As luzes eram lustres e cada mesa possuía um, estas que estavam dispostas pelo salão, cada uma em uma pequena bolha que era reservada com divisórias, criando um ambiente ainda mais privado para os casais que escolhessem o local para uma noite mais romântica. A mesa escolhida por May era uma das mais discretas, localizada bem ao fundo do restaurante de forma que, a não ser pelo garçom, ninguém seria capaz de nos ver por ali.

Puxei a cadeira para que May se sentasse, como o cavalheiro que eu era, e logo depois, me sentei de frente a ela. Era impossível negar: quando o meu olhar se encontrou com o dela, pude sentir a tensão sexual no ar. Seu olhos me devoravam todo e eu tinha um leve pressentimento de que os meus faziam a mesma coisa. Já tinha um tempo que eu não sentia isso, visto que eu acabava me apaixonando logo em seguida pela pessoa, mas com May... ah, eu sabia que era apenas um lance carnal. Eu queria transar com ela. E ela queria transar comigo. Só isso. Não tinha começado a vê-la em câmera lenta e meu coração não tinha dado pulos e cambalhotas no ar. Graças a Merlin.

Talvez eu finalmente tivesse feito as pazes com o fato de que amor não era mais para mim, então agiria de acordo com a vida a mim direcionada. Se o universo queria que eu voltasse a ser aquele adolescente desapegado que vivia pulando de um joguinho para outro sem realmente se apegar a ninguém, eu iria. E a melhor parte era que May aparentava estar de acordo com minhas intenções.

Eu era um pedaço muito gostoso de carne para ela. E eu não me importava.

O garçom retornou e eu e ela escolhemos nossas bebidas e entradas. Eu a olhei e inclinei um pouco o meu corpo para frente. Meus olhos brilhavam com malícia.

— O lugar é muito aconchegante. Tem bom gosto, May — comentei, com um sorriso de lado. Ela jogou os cabelos para trás, revelando o seu belo pescoço.

— Eu sei que tenho. Para restaurantes e para homens — May passou a língua nos lábios ao me olhar. Aquilo era muito sexy. Fiquei olhando para os seus lábios e depois passei para os seus olhos. 

— Nisso eu não posso discordar — sorri, apoiando os braços na mesa. Eu estava louco para ficar com May, mas estava enferrujado. Fazia muito tempo que eu não saía com uma mulher por sair. Graças a Merlin, ela não pareceu notar.

O garçom retornou com nosso pedido, servindo um vinho tinto em nossas taças, enquanto centralizava a comida na mesa arredondada. May não pareceu se importar com a presença dele por ali, tendo os olhos castanhos como chocolates fixados em mim. Imerso naquilo, também concentrei-me nela, até que o funcionário se retirou com certa pressa pedindo licença e nos deixando ali, May alargou seu sorriso.

— Okay, James Sirius Potter… — Começou virando a cabeça em outra direção e fazendo seus cachos se moverem. Eu reparei, naquele momento, que fazia um bom e longo tempo desde que eu tinha beijado alguém que realmente sabia quem eu era. — Aqui está minha proposta. Eu não quero um relacionamento, de forma alguma. Não quero me apaixonar, nem que você só saia comigo ou nenhuma baboseira desse tipo, meu objetivo com você não é esse. — Começou, mudando o tom da conversa para uma coisa mais direta e séria. — Eu saí de um namoro longo recentemente e a verdade é que eu apenas quero curtir, sabe? Viver um pouco a minha juventude. Mas ao mesmo tempo eu não tenho muita paciência para lidar com esses homenzinhos medianos flertando em baladas e, bem, como sua reputação realmente fez seu nome durante nossos anos em Hogwarts e como eu ainda tenho certas… necessidades, eu adoraria tirar a prova se James Sirius Potter é realmente tudo isso… — O tom dela foi aos poucos recuperando a suavidade e sedução. — Eu realmente acho que, se você estiver de acordo, nós podemos nos divertir bastante neste verão. — Concluiu, piscando um olho para mim e aguardando a resposta, eu sorri.

— Bem… senhorita May Cornelia Thomas… — Iniciei, me inclinando um pouco em direção a ela. — Considerando que nossos objetivos parecem ser muito similares, eu acho que teremos os momentos de nossas vidas nesse verão. — Alarguei meu sorriso, algo que refletiu no rosto do May e então ergui minha taça, brindando com ela antes de iniciarmos o jantar.

 

Como ainda estávamos em um encontro, nos comportamos como tal. Conversamos um pouco sobre lembranças da escola e eu percebi que tinha passado mais tempo com as gêmeas naquela época do que meu cérebro tinha feito questão de registrar, então falamos sobre os anos após a formatura, sobre alguns planos e realizações. Eu contei do intercâmbio, que interessara muito a May, então rendeu alguns minutos de conversa, e ela me disse sobre como tinha se inserido um pouco na cultura trouxa e como os achava extremamente interessantes e tudo que tinha descoberto sobre eles, apesar de no momento estar tentando encontrar uma profissão mais ligada ao mundo bruxo, visto que sentia saudades da liberdade de ser quem era, algo que, no fundo e ao meu modo, consegui compreender perfeitamente.

A noite tinha passado com rapidez e o garçom tinha acabado de deixar a sobremesa, o tópico sobre se o uso de pelo de unicórnio no núcleo de varinhas deveria ou não ser considerado crime, visto que a criatura poderia ser ferida no processo, morria com uma curta risada de May após uma piada sem graça que eu tinha compartilhado e eu tinha me divertido o suficiente para esquecer o objetivo inicial que nos levara ali. Mas May não.

Tão logo o garçom foi embora eu percebi a mudança em seu olhar e postura e me ajeitei na cadeira, arrancando uma nova risada dela, mais rouca e interessada.

— Então, James Sirius Potter… — Ela disse, puxando a colher do doce casualmente. — Quando é que você vai me mostrar todas as vantagens de quebrar algumas regras? — A colher então tocou os lábios de May e ela sugou o utensílio, prendendo minha atenção naquilo por um instante. No segundo seguinte, porém, eu senti um toque quente sobre minha calça e soube imediatamente que May tinha se livrado de seus scarpins e agora usava seus pés convidativamente calorosos para acariciar minhas pernas.

Eu levei um pequeno sobressalto quando a perna longa e morena alcançou o meio das minhas pernas. Eu olhei para baixo. A mesa não era muito larga e eu pude perceber que May continuava com as costas eretas e me encarava com um brilho forte no olhar.

Um sorriso malicioso surgiu em meus lábios e uma das minhas mãos desceu para baixo, para a sua perna entre as minhas, e acariciou a pele macia. Ainda suavemente, seu pé começou a acariciar o meu membro por cima da calça, esse que fez questão de dar um “alô”, indicando que estava gostando da ousadia de May naquele momento.

— Todo mundo sabe que eu não quebrava as regras por mal, May... — engoli em seco, enquanto ela continuava com aquela carícia, enrolando os dedos do pé e os esfregando com mais afinco em meu amiguinho. Em resposta, meu corpo relaxou um pouco mais na cadeira, dando-a espaço para continuar com a brincadeira. — Eu as quebrava porque era… eu… porra. — suspirei, travando meu maxilar ao sentir o ritmo da carícia em meu membro aumentar e meu peito começar a subir e descer ao tempo que May puxava a colher de sua boca de forma extremamente sugestiva.

— Então quer dizer que o universo lhe dava a chance de quebrar as regras? — perguntou May, os olhos transmitindo uma falsa inocência enquanto o sorriso revelava a verdade de suas intenções, ao mesmo tempo que, por baixo da mesa, seus pés continuavam a me estimular.

— Exatamente eu apenas… eu… — May se ajeitou na cadeira, deixando seus seios mais em evidência e atraindo minha atenção toda para aquela região.

— Você? — Provocou, e então parou abruptamente as carícias sob a mesa, eu tenho quase certeza que guinchei no processo, ela riu. — Você? — perguntou novamente e eu a vi se levantar, contornando a mesa lentamente.

— Eu… a gente tava falando do quê mesmo?

Mais uma risada. Acompanhei May com olhar atento enquanto ela se sentava ao meu lado e deslizava para perto de mim, sua palma deslizou pela minha coxa, apertando o interior dela e May se aproximou mais, colando seus lábios aos meus por segundos muito breves antes de descer os beijos pelo meu queixo e pescoço.

— Como o universo te deixava quebrar regras. — Lembrou-me e eu suspirei, conforme a outra mão dela subia pela parte de dentro da minha camisa, arranhando meu abdômen.

— E-exatamente. As encrencas me chamam… chamavam — gaguejei e abaixei o olhar para observar quando sua mão deslizou delicadamente para o cós da minha calça e abriu o zíper. Meu membro estava ali: mais duro do que nunca. Eu queria muito estar dentro dela e May pareceu satisfeita com a visão que tinha. — Gostou?

May levantou o olhar e sorriu, sua mão envolveu todo o meu membro. Tive que conter um gemido alto quando senti seus dedos macios e leves começarem a subir e descer. Era quente e May passava os dedos na ponta e depois deslizava para baixo, enquanto eu tentava não jogar a cabeça para trás. Imaginei como seria sua boca ali.

— Eu sempre gostei de quebrar algumas regras também, sabe? — Ah, eu sabia, estava sentindo muito bem o que ela queria dizer. May continuou, pressionando a glande e me fazendo morder meus próprios dentes para conter um barulho alto. — Acho que tem algo extremamente excitante sobre isso. — Sua voz era um sussurro rouco ao pé do meu ouvido e eu não pude deixar de exibir um sorriso de canto naquele momento.

— Vai achar ainda mais quando eu te comer — sussurrei e May emitiu algum som e eu levei aquilo como aprovação.

— Então é melhor eu me apressar — respondeu e a sua mão começou a me masturbar com mais rapidez e mais precisão. Uma parte de mim queria lembrar que estávamos em um lugar teoricamente público e que o garçom poderia surgir a qualquer momento por ali, mas as mãos e boca de May tinham feito um ótimo trabalho em me distrair daquele detalhe até que, não muito tempo depois, ela me fez gozar ali mesmo no restaurante, enquanto ainda mordia e sugava minha clavícula.

Eu arfava, sentindo aquela onda incrível de prazer que ela me proporcionou aos poucos diminuírem e então em um movimento rápido a puxei para meu colo. Eu sabia que ela estava louca por debaixo daquela mini saia e eu conseguia sentir o calor que emanava dela quando segurei sua nuca para beijá-la.

— Por que nós não vamos pra um lugar mais… reservado? — Sugeri entre o beijo e May então deslizou para longe de mim, quebrando o beijo e nosso contato ao ajeitar sua saia e retomar o assento que ocupava anteriormente, enquanto com um movimento de varinha eu limpava a bagunça que tínhamos feito.

— Vai ser um prazer. — Ela respondeu, enfim, umedecendo seus lábios e piscando para mim antes de chamar pelo garçom.



Decidimos então ir a um motel. 

Honestamente porque encontramos um após caminharmos por dois quarteirões, enquanto nos beijávamos no meio da rua de uma forma que, se não encontrássemos logo um local para nos hospedar, acabaríamos presos antes da meia-noite.

O quarto que pegamos era grande, com uma cama redonda e espelhos por todo o local. Eu sentia toda a chama crescer entre nós dois e, assim que a porta se fechou atrás de nós, May pulou em mim, me beijando. Mas agora era minha hora de brincar, portanto, puxei-a para meu colo e avancei com ela pelo quarto, encostando-a na parede.

May ficou um pouco surpresa e o meu instinto primitivo de antes acordou. O sorriso se espalhou no rosto dela, antes de eu tomar os seus lábios nos meus. May soltou um gemido assim que uma das minhas mãos apertou sua bunda e a puxei mais para mim. A palma da minha outra mão estava aberta na parede, me dando apoio.

Minha boca se movia com a dela, eu sentia o gosto do seu batom em meus lábios. Suas unhas arranharam a minha nuca e eu soltei um gemido; aquele era o meu ponto fraco. Minhas mãos deslizavam por suas curvas, apertando, descobrindo mais do corpo dela e ela era uma delícia. O corpo, a boca... tudo nela estava despertando aquele cara que tinha os hormônios à flor da pele. 

Eu a afastei e a olhei, descendo a sua saia. May usava uma lingerie vermelha de renda e eu senti meu membro se apertar dentro de minha cueca ao vê-la daquele jeito. Eu tinha tido um orgasmo incrível há pouquíssimo tempo no restaurante, mas May estava conseguindo me fazer recuperar bem rápido. Passei a língua nos lábios, sentindo o tesão tomar conta do meu corpo enquanto eu me abaixava, não demorando a me livrar também do fino pedaço de pano que me separava do santo graal. Meus dedos roçaram em seu ponto sensível e May jogou a cabeça para trás, gemendo. Passei a mão novamente e a senti molhada contra os meus dedos, o que, para mim, foi o suficiente para me posicionar entre as suas pernas. Quando a minha língua passou ali, ela gemeu outra vez, agarrando os meus cabelos. Aquilo só serviu para que eu me empenhasse mais.

Em certo momento, May me puxou de volta para cima. Eu queria fazê-la gozar em meus lábios, mas ela parecia disposta a retomar o controle da brincadeira. Eu, obviamente, não deixei. Aquela era a minha vez. Liberei sua intimidade de meus lábios apenas o suficiente para puxá-la de volta para meu colo. Prontamente May atacou minha boca e pescoço, beijando-me enquanto eu nos levava até a cama e a deitava lá, interrompendo o jogo de beijos que ela tinha iniciado enquanto eu próprio descia carícias molhadas por seu corpo, beijando cada centímetro de pele exposta enquanto refazia meu caminho de volta à intimidade dela.

May não aguentou assim que minha língua lambeu a sua umidade entre as pernas. Logo, as suas mãos voltaram para os meus cabelos. Eu beijava, chupava, lambia, sentindo o prazer dela me atingir com força, o que me fazia ficar ainda mais excitado.

— Isso... aí — disse May em um gemido e eu entendi o que ela queria dizer: se eu me concentrasse naquele ponto, ela gozaria. Pensar nisso me fez continuar a carícia de maneira um pouco mais rápida, adicionando dois dedos à mistura enquanto ouvia seus gemidos preencherem o quarto, até que eu senti seu corpo se retesar e logo o seu líquido escorreu para a minha boca. May ecoou um gemido longo e alto ao mesmo tempo em que eu lambia todo seu gozo, o corpo dela relaxando por completo enquanto eu serpenteava de volta para cima.

— Você não tava brincando sobre me deixar excitada. — Ela comentou, seus olhos brilhavam conforme eu me reaproximava e o meu sorriso se alargou.

— Ah, querida… você ainda não viu nada. — Prometi e imediatamente ergui May apenas o suficiente para me livrar de seu top, descobrindo contente que ela não usava nenhum sutiã, ficando totalmente nua à minha frente. Ao olhar para aqueles seios empinados e lindos minha boca salivou para chupá-los e eu tinha total intenção de fazê-lo naquele instante, mas May inverteu nossas posições com rapidez, aproximando-se e tirando a minha calça e, logo depois, a camisa. Então estávamos ambos nus. May me olhava com cobiça. Olhava para o meu pau com cobiça. E aquilo, de certa forma, me deixou ainda mais excitado.

May subiu em mim e eu podia sentir sua pele quente contra a minha, me fazendo sentir a excitação ainda mais forte. Ela roçou sua entrada em mim e eu grunhi, pegando sua bunda e apertando. 

— Humm... James — ela gemeu. — Tem camisinha? — perguntou, enquanto acariciava meu membro duro feito pedra.

Eu assenti, trêmulo com a sua mão macia em mim, e fui até a minha carteira, pegando a camisinha. Ela sorriu e pegou o pacote quadrado da minha mão e o abriu enquanto eu esperava, ansioso. May então me lançou aquele olhar sexy que eu já tinha aprendido que era sua marca registrada e inclinou-se em minha direção. Eu apoiei meu corpo em meus cotovelos para vê-la melhor enquanto ela se aproximava e eu juro que vi estrelas assim que ela levou a proteção aos lábios e colocou-a em mim com a boca, prolongando o momento enquanto me chupava sem pressa, antes de levantar-se na cama e posicionar seu quadril sobre o meu.

Em um estalo, e decidido a cumprir minha promessa de lhe dar ainda mais prazer, agarrei May pela cintura e inverti nossa posição na cama novamente, roçando meu nariz em seu pescoço e erguendo os braços dela ao topo da cabeça, prendendo seus pulsos com apenas uma mão.

— Eu ainda não acabei. — Adverti de forma calma, descendo meus beijos por seu colo e então alcançando seus seios.

Assim que minha língua rodeou o mamilo esquerdo May se arqueou para cima em um delicioso convite para que eu continuasse e assim eu fiz, soltando suas mãos apenas para que a minha se ocupasse com o outro seio e a outra retornasse à sua intimidade, estimulando seu clítoris.

— James… por favor. — Ela pediu, mas eu não estava com tanta pressa, então apenas troquei a atenção entre os seios, acrescentando mais um dedo em sua região íntima e fazendo-a arquear mais.

Ao contrário de mim, porém, May parecia estar com muita pressa. Assim, nossas posições foram novamente invertidas na cama e agora eram minhas mãos que estavam presas sobre minha cabeça enquanto May rebolava sobre mim, deslizando-se em meu membro e fazendo nós dois gemermos com o contato. Ela me olhou com intensidade e estar dentro de May era o paraíso. Aguardei até que ela se acostumasse com a invasão e logo ela começou a se movimentar, devagar, me torturando.

Eu tentei segurar seus quadris, mas May manteve minhas mãos cativas, um sorriso travesso decorando seus lábios enquanto ela se inclinava, mordendo meu mamilo, agora sem pressa, antes de voltar a minha boca e iniciar um beijo voraz, finalmente me libertando para puxá-la para mais perto de mim, acariciando-a.

Nosso ritmo aumentou, no quarto só se ouvia os nossos gemidos altos, nossos corpos se chocando um no outro de forma prazerosa e nossa respiração irregular. May era incrível, minha mão agarrou um dos seus seios e pareceu despertá-la ainda mais. Seu outro seio balançava, minha outra mão apertou sua coxa, enquanto eu movia o meu quadril junto com ela.

Merlin!, aquilo estava maravilhoso e eu podia sentir que ela estava chegando ao seu clímax novamente, então direcionei o meu polegar até seu clítoris e o acariciei. Aquilo a fez realmente jogar a cabeça para trás e gemer alto, de forma que me fez sentir que também estava prestes a gozar com ela. May se movimentou com mais rapidez, enquanto eu ainda acariciava seu ponto sensível.

— Não p… não para. — gemeu May e eu sorri, soltando o meu gemido só de ouvir aquelas palavras. — Vem comigo. — Ela convidou em um sussurro e eu senti um arrepio correr por todo meu corpo. Uma vez mais girei na cama com ela, apoiando uma palma ao seu lado na cama enquanto acelerava o ritmo de estocadas e também o movimento da minha outra mão em seu clítoris, May se contorceu, agarrando os lençóis e gritando meu nome, rebolando em mim enquanto eu próprio me rendia ao momento, puxando-a pela cintura e mergulhando em seu pescoço enquanto atingimos o segundo orgasmo da noite.

Nós dois desabamos e May se encostou em mim. Respirei fundo, me recuperando, e a puxei um pouco mais para perto. Ficamos em silêncio por algum tempo, apenas registrando o que tinha acabado de acontecer. Até que senti suas unhas deslizarem em minhas costas. Abri os olhos e caí para o lado, May rapidamente se enroscou em mim, passeando com a mão por meu abdômen.

— Acho que você realmente é tudo o que disseram na época em Hogwarts — May admitiu, arqueando uma de suas sobrancelhas. Minhas mãos pegaram a sua, guiando um pouco mais para baixo.

— Ah… — falei, já sentindo que o segundo round viria em breve. Seu olhar foi até o meu amiguinho. — Eu posso te garantir que eu fiquei ainda melhor.

May sorriu para mim, o desejo estampado no rosto e me beijou novamente.

 

(...)

 

Era manhã de domingo, o primeiro desde meu encontro com May na quinta e nós não tínhamos nos visto novamente desde sexta. O dia anterior tinha levado a família inteira para a toca novamente, sem nenhum motivo especial, e os primeiros raios de Sol indicavam a chegada de Agosto, meu mês favorito do ano desde que eu me entendia por gente.

— Louis! Você é um gênio! — Declarei, praticamente arrombando a porta da cozinha e fazendo o loiro me olhar com uma interrogação desenhada em seu rosto, já irritadiço devido a hora e ao fato de que ele tinha apenas dado início ao seu café da manhã. — Dedicar o mês inteiro? Para mim? Em comemoração a minha maravilhosa vida? Festa o dia todo eeeeee festa toda noite também? — Eu levei as mãos ao peito, fingindo emoção. — Para celebrar o fato de que eu não morri e para que possamos compensar as comemorações perdidas enquanto eu estava fora? Eu não mereço tan… Ok, ok! Pode parar de implorar, nós podemos, com certeza, fazer isso! Se você faz tanta questão, esse será o melhor agosto da sua vida!

Louis revirou os olhos e voltou a se concentrar no pedaço de bisteca à sua frente. Caso você esteja se perguntando, sim, não eram nem 7h da manhã e ele estava com uma bisteca. E sim, eu não dou a mínima que minha mãe e meu tio Percy também fazem aniversário em agosto, aquele era o meu mês e eu estava dedicado a fazer valer meu tempo por ali.

Lembram quando eu disse que não tinha mais idade para aquele tipo de coisa? Esqueçam! Eu tinha feito um estoque de poções energizantes e estava mais do que pronto para - beber moderadamente de forma que me permitiria curtir a noite sem me esquecer de qualquer acontecido nela - festejar até setembro.

E, enquanto Louis encontrava seu humor no pedaço de carne combinado a um gelado suco de abóbora, eu já tinha cuidado de todos os detalhes do Maravilhosamente Fodástico Aniversário de 23 anos de James Sirius Potter. Dimitri e Teresa encontrariam-se impossibilitados de trabalhar no caso que vinham investigando há meses porque, bem, eu tinha sido um completo idiota em viver todos aqueles anos tentando me desvincular da imagem do meu pai porque se eu lembrasse o quão fácil era conseguir qualquer coisa apenas falando o nome “Harry Potter” eu certamente não teria embarcado naquela loucura. Além disso, Viola em breve descobriria que tinha ganhado o mês de férias no trabalho pelos mesmos motivos anteriormente citados e, além dos meus queridos amigos que tinham me ajudado a sobreviver nos últimos cinco anos, eu estava disposto a reencontrar alguns amigos antigos também, como os rapazes do Marauder’s Club, Maya Jackson, Elena Brothback e… quem sabe, a vida era uma caixinha de surpresas.

— Você é O melhor primo que alguém poderia pedir. — Afirmei, enfim, beijando o topo da cabeça de Louis e seguindo para a geladeira.

— Algumas pessoas apenas não sabem a hora de parar de apanhar. — Era a voz de Fred que chegava logo atrás de mim. Apesar da frase, meu primo mantinha um tom brincalhão e, conforme Fred ia para o fogão, eu descobri que vovó tinha deixado muitas bistecas prontas para os esfomeados daquela família, que eram muitos.

— Não fica triste amendoim, eu te amo também e eu sei que você teve tudo a ver com essa ideia incrível que o Louis teve de me reconhecer como pessoa mais importante da vida de vocês, digno de conquistar um mês inteiro de amor e devoção desmedidos. — Disse para Fred que, tal como Louis, revirou os olhos.

Eles sabiam que era melhor não discutir.

— Quem trouxe ele de volta? — Aquela era Dominique, sem nenhum tipo de paciência enquanto me empurrava com o quadril para longe da geladeira.

— Ele quem? — Uma sonolenta Lucy chegava à cozinha.

— James. Nós não gostamos dele. Alguém faz ele sumir de novo até esquercemos novamente o quão insuportável ele é.

— Dominique! — E aquela era vovó que tinha retornado à cozinha bem a tempo de ouvir minha querida prima incentivando meu comportamento mais rebelde. — Não fale assim! James, querido, estamos muito contentes em te ter de volta e você não ouse desaparecer novamente ou eu irei te puxar pelas orelhas até que elas se desprendam da sua cabeça! — Molly Weasley, com seus 1.60m de altura, conseguia ser extremamente assustadora, principalmente quando em um segundo ela te abraçava amorosamente e no outro batia em sua cabeça com um pano de prato.

— Ai, ai! Eu não vou a lugar nenhum vovó! — Jurei e a senti me abraçando novamente.

— Não dê ouvidos à Dominique! Ela não é uma morning person.

— Eu não sou uma James person. — Dominique resmungou antes de enfiar um biscoito na boca.

— Você que lute, moranguinho, pois terá que me aguentar por muuuuuito tempo. E principalmente esse mês. — Declarei, dando batidinhas na cabeça de Dominique e desviando antes que ela conseguisse me morder. — Agradeça ao Louis! A ideia foi dele! — Declarei, antes de roubar um biscoito da mão de Dominique e correr pela toca para espalhar a informação.

 

— James? — Teddy apareceu na sala enquanto eu explicava para Roxanne o porquê de um pavão ser essencial já que ele representava minha essência, coisa que eu sabia graças ao meu patrono.

— Hm?

— Você é… bom com tecidos, né? — Perguntou, finalmente conseguindo me fazer olhar pra ele.

— Quê?

— Tipo… tecidos, roupa, estilo, esse tipo de coisa. — Encarei Teddy e então me levantei, olhando para baixo e dando uma voltinha antes de apontar pra minha roupa. 

— Dã??

— OH! — Roxanne gritou, estalando os dedos como se tivesse conseguido compreender uma equação muito complicada. — Um pavão. Ok, certo, entendi, faz sentido. — Concluiu, levantando-se e deixando a sala.

— Eu não sei se fico lisonjeado ou ofendido com isso. — Comentei olhando para a porta por onde Roxy tinha passado e Teddy balançou as mãos na frente do meu rosto. — Oie.

— Você pode me ajudar a escolher um terno? — Disse, enfim, me olhando como um cachorrinho que tinha caído da mudança e eu ri.

— Achei que nunca iria pedir!  — Disse, fingindo estar emocionado ao ponto de chorar e abracei Teddy, que era como meu irmão mais velho, e desaparatei com ele dali.

— James! — Ele gritou assim que aparecemos em uma viela do beco diagonal. — Não era agora!

— Agora é! — Decretei, puxando-o para o beco e parando abruptamente, não apenas para evitar de bater em uma senhorinha que passava por ali. — Espere um momento… — Virei-me para Teddy, cruzando os braços e arqueando uma sobrancelha. — Esse é um momento muito especial para sua família, mocinho! A gente esperou… cê tem o quê? Trinta? TRINTA ANOS! Para esse momento que você finalmente tomasse jeito nessa cabeça de trasgo e pedisse a Vic em casamento. Eu sei, eu sei, eu fui o único que realmente estava lá nos momentos de demonstração de afeto pública de vocês. — Como eu, Teddy parecia se lembrar bem das vezes que eu os interrompi na copa de quadribol e na plataforma, ele apenas não parecia gostar da lembrança. — Mas Albus é seu irmão também! Ele merece estar aqui pra esse momento e Lily! Ela foi a primeira da família a apoiar essa relação digna de puristas do século passado! — Porque, pra mim, eles claramente eram primos vistos que Teddy era realmente nosso irmão. — Quem você acha que é pra não convidá-los pra esse momento? Eu sei que eu sou muito mais legal, estiloso, divertido, etc, mas eles vão querer participar desse momento mocinho!

— Vinte e nove. E eu pretendia chamar eles, seu pai e minha avó se você não tivesse me…

— Sem desculpas! Decepcionado com você. Tsc. — Disse, desferindo um tapa na nuca de Teddy e conjurando um patrono para que ele fosse informar os demais daquele evento. — A gente pode tomar um sorvete enquanto espera. — Sugeri, sem esperar uma resposta enquanto puxava Teddy para a Sorveteria Florean Fortescue.

 

— Tá nervoso com o casamento? — Perguntei após um tempo, acrescentando uma dose extra de cobertura de abóbora ao meu sorvete de alcaçuz.

— Sinceramente? Não. — Teddy respondeu após alguns segundos, escolhendo uma mesa do lado de fora para que pudéssemos observar o movimento. — Quero dizer… o evento em si é um pouco estressante, principalmente quando se é afilhado de Harry Potter e o primeiro beijo com a sua noiva foi transmitido em rede internacional durante uma copa mundial de quadribol. Fleur também é um pouco extravagante e acho que ela deseja que Vic tenha tudo que ela não pode ter no próprio casamento devido a guerra e tudo mais, mas, hm, o casamento em si? Nenhum pouco nervoso, eu sempre soube que era ela, estou apenas feliz que finalmente chegamos aqui.

Levei um minuto até respondê-lo de volta, aproveitando para degustar do meu sorvete. Eu sei que já repeti mais de uma vez que tinha desistido de tentar encontrar o meu amor, aquilo não era pra mim não importava o quanto o James de 5 anos de idade tivesse traçado aquilo como meta de vida, eu, hoje, sabia que não existia “A” pessoa esperando por mim e que eu não tinha nascido para ter um amor como o de Teddy e Vic. Mas, talvez, uma parte de mim ainda nutrisse aquele desejo ou, ao menos, desejava saber onde foi que eu errei pois, sem perceber, me vi perguntando:

— E como você soube? — Existia certa expectativa na minha voz, alguma antecipação, como se a resposta de Teddy fosse ser a resposta de todos os meus problemas. Ele apenas ergueu os ombros.

— Você só… sabe. — Ele desviou o olhar para a rua enquanto também provava do próprio sorvete. — Vic e eu… nós sempre estivemos lá um pelo outro, sabe? Eu não consigo lembrar de algum momento importante da minha vida que Victoire não tenha estado e ela sempre foi a minha melhor amiga, eu sempre quis contar tudo pra ela, compartilhar cada mínimo detalhe da minha vida com ela e aos poucos, conforme a gente ia envelhecendo, eu fui perceber mais o que esse sentimento realmente era ou no que ele foi se transformando. Acho que a primeira vez que eu tinha uma ideia de que realmente amava a Vic, foi quando ela me disse que tinha conversado com a mãe e estudaria em Hogwarts, não em Beauxbatons, para poder ficar comigo, eu tinha 11 anos na época e eu não me lembro de ter ficado tão feliz antes disso. E depois… — Teddy ergueu os ombros. — Não foi sempre fácil. Nós tivemos nossas questões a resolver, muitas vezes eu me sentia um intruso na família de vocês e, mesmo assim, às vezes eu me sentia errado por estar apaixonado por Victoire e… era complicado, você sabe como sua prima nunca gostou de decepcionar ninguém e às vezes eu me questionava se ela realmente gostava de mim também ou se estava fazendo aquilo porque não tinha coragem de me magoar. Mas nós fomos crescendo, cada dia mais eu tinha certeza do meu amor por ela e aprendi a ter certeza do amor dela por mim até que chegamos aqui. Pode ter demorado quase três décadas, mas uma parte de mim sempre soube que um dia eu casaria com Vic, então eu não estou nem um pouco nervoso sobre isso.

Ao fim do monólogo de Teddy eu apenas concordei com a cabeça, distraído demais com a sobremesa para efetivamente dizer algo sobre aquilo. Não me lembrava de alguma vez ter me sentido daquela forma por alguém, tanto as coisas boas quanto as ruins. Muitas mulheres já tinham passado por minha vida, de diferentes personalidades, aparência, nacionalidade e estilo e, muito próximo de completar meus 23 anos, eu sabia que não tinha encontrado aquilo que meu irmão tinha para si. E eu provavelmente nunca iria. Voltei a balançar a cabeça, sorrindo para Teddy e lhe dando alguns toquinhos no ombro.

— Estou muito feliz de poder estar aqui para testemunhar isso. — Conclui com sinceridade.

— Vocês irão esperar por mim enquanto eu pego um sorvete antes de irmos pra Malkin. — Lily surgiu do mais absoluto nada, estragando aquele momento. Eu revirei os olhos, me levantando. 

— Você tem dois minutos! Eu tenho um mês inteiro de festa para planejar! Quer dizer… Louis, eu só vou ajudar ele.

Eles se olharam e balançaram a cabeça ao mesmo tempo, prendendo as risadas. Eu os ignorei, obviamente.

 

(...)

 

— Eu preciso…

— Terminar sua poção, sim, sim, nós sabemos. Mas você não fará isso hoje. — Louis me interrompeu assim que aparatamos em… bem, ele tinha se negado a me falar para onde estávamos indo.

Pedi um minuto e então respirei o ar noturno, me recuperando da viagem e finalmente olhando ao redor. As antigas casas todas eram conhecidas, revirando bons tempos bem no fundo da minha memória de quando eu corria por ali ou então me encontrava com garotas e me divertia com os amigos sem a supervisão de adultos - bem, eles até tentavam supervisionar, mas Fred e eu sempre conseguíamos desviar da atenção deles. As placas mostravam que as lojas que por ali se estabeleciam há séculos mantinham-se iguais, nos mesmos locais, com as mesmas propostas. Girei de onde eu estava e bem ao fundo no horizonte algumas torres atraíram minha atenção para os picos mais altos de Hogwarts e eu sorri. Havia muito tempo desde minha última vez por ali, pelo menos enquanto sóbrio e 100% consciente. Absolutamente tudo sobre Hogsmeade me arrebatava com um sentimento de nostalgia para tempos que eu sentia falta, de quando a vida, apesar de todos os dramas adolescentes, era simplesmente mais fácil.

— Vai ficar parado aí como um idiota ou vai fazer toda minha dedicação dessa tarde valer a pena? — Louis questionou, me dando um singelo tapa no ombro que bastou para me puxar para atualidade e para o presente. Eu balancei a cabeça, assentindo e então seguindo o rapaz pelas ruas do velho vilarejo.

E deixa eu dizer a vocês que Louis realmente teve uma ideia genial para a primeira noite de comemorações do mês do meu aniversário. E nem é brincadeira, após ele ter devorado mais pedaços de bisteca do que é humanamente saudável, meu adorável primo decidiu que sim, eu merecia um agrado após tantos socos e tapas e tanto tempo fora e resolveu me recompensar com um pouquinho de amor e dedicação com uma festa não-tão-surpresa assim e que, apesar de eu saber que aconteceria, conseguiu me surpreender em cada detalhe.

Após nossa chegada em Hogsmead, Louis me direcionou para o antigo Cabeça de Javali, revelando que tinha conseguido convencer o velho Aberforth a enxotar os clientes habituais do pub para liberá-lo completamente para minhas comemorações. E as surpresas não pararam por aí. No momento que a porta do local se abriu, dezenas de pessoas para além dos primos bradaram e festejaram me recepcionando com abraços, tapas carinhosos nas costas e até mesmo alguns presentes. E essas pessoas em questão eram amigos que eu não via há muito tempo. Claro, Dimitri e Viola estavam por ali, ainda que a contragosto e se negando a falar comigo pelos movimentos que eu tinha feito para afastá-los do trabalho, mas além deles estavam quase todos aqueles que tinham estudado comigo, antigos colegas de quarto, de time, de clube…

— James Sirius Potter! — Spencer Baddock saudou com um cumprimento e eu retribui também dizendo todo o nome dele. — O que você andou aprontando todos esses anos?

— Ah, meu querido Spencer, a noite é curta demais para que eu conseguisse resumir tudo em apenas uma madrugada. — Brinquei antes de ser puxado em outra direção.

— Quem é vivo sempre aparece. — Uma cortina de cabelos castanhos me envolveu em um apertado abraço. — Suas fãs ficaram mais agoniadas com seu sumiço do que o mundo ficou antes da Taylor Swift entrar na era Reputation dela. — Um passo para trás e eu pude ver o sorriso inconfundível e o singelo brilho nos olhos dela.

— Mia Corner!

— Em carne e osso. E eu prometo que esse é meu único sobrenome pelo momento! — Ela riu e balançou a cabeça, percebi as bochechas dela corando. — É bom saber que você voltou pra casa, James. E, antes de te liberar para você curtir seu mesversário, queria apenas aproveitar para me desculpar por todo o drama da época do colégio, ok? Eu era muito nova e boba e... enfim! Tenha uma ótima noite, você merece. — Desejou, dando-me um beijo na bochecha antes de caminhar em direção a Edward Finnigan e quem eu quis acreditar ser April, a gêmea de May.

Mais tarde, Louis me contaria que ela tinha sido sua tutora de DCAT nos primeiros anos de escola dele e que vez ou outra Mia tinha comentado que as aulas que eu dei a ela a tinham incentivado a também seguir por aquele caminho. Com a boa relação entre meu primo e a Corner caçula bastou uma carta para que ele conseguisse a presença dela na minha festa, após todos aqueles anos.

— James Sirius Potter! — A voz completamente extasiada me fez virar empolgado, apenas para receber um bem dado tabefe na cara.

— Maya Jackson! Ai! — Disse esfregando a bochecha, ela riu.

— Você é estúpido. É bom te ter de volta. — Concluiu, puxando-me para um abraço logo em seguida. — Agora me conta. — Pediu, apoiando ambas as mãos em meus ombros e me encarando fixamente. — Todos esses anos, para onde quer que você tenha ido, você aprendeu a dar o nó em sua gravata? — A seriedade da pergunta me fez gargalhar.

— Se eu disser para você que a única vez que eu usei uma gravata depois de hogwarts amarraram ela para mim, você acredita?

— Homem de Deus! Você já tem 23 anos!

— E qual o ponto em aprender se eu sempre posso contar com você para fazer isso por mim? — Pisquei para Maya, que revirou os olhos.

— Essa está fora do mercado, meu querido Potter. — Ouvi uma voz brincalhona atrás de mim e me virei para ver Kenton Belby segurando dois copos de cerveja amanteigada, um deles logo foi estendido para Maya e então eu pude ver o anel com uma pedra gigantesca no seu dedo anelar.

— O que foi que eu perdi? — Perguntei boquiaberto, mas claramente contente por meus velhos amigos que logo estavam em um meio-abraço, me encarando.

— Bom… muita coisa. — Maya respondeu antes de dar um gole em sua bebida.

— Pela história que me contaram, achei que você estava sem, pelo menos, uma perna. — Kenton emendou a conversa e eu ergui os ombros.

— Não posso dizer que não tentaram. Mas eles esqueceram, ou simplesmente não sabiam, que eu era James Sirius Potter. — Brinquei, ainda com o olhar fixo na aliança de Maya. — Mas sério, como estão as coisas, quando isso aconteceu?

— Ah está tudo ótimo, estou trabalhando no ministério e, bem, você sabe, falaram que se eu gostasse deveria colocar um anel e eu obedeci.

— Ele é muito obediente. — Maya concordou olhando para o marido e eu ri.

— Okay! Vou deixar os pombinhos aproveitarem a festa.

A música tocava, meus amigos cantavam, dançavam e bebiam. Eu passeava pelo local, rindo e equilibrando entre meus copos de cerveja amanteigada e firewhisky com boas doses de água e suco de abóbora. A festa estava incrível. Eu dancei com Elena Brothback e eu quase quis lembrar daquele dia nas estufas em meu quarto ano, mas seria um grande desrespeito fazer isso na frente de May. Não que eu não soubesse que ela saía com outros caras, mas não na minha frente; parecia uma regra auto imposta em nosso recém-iniciado “relacionamento”. Poderia ficar com Elena depois, em uma outra oportunidade. E, pelo o que eu via, não demoraria a ter.

E por falar em May, eu trocava minha água por um largo copo de cerveja amanteigada quando senti alguém se aproximar por trás.

— Espero que no seu muito ocupado calendário de aniversário tenha um tempinho para mim, pois garanto que você vai adorar a surpresa que eu estou planejando para você.

Eu virei, com um sorriso malicioso nos lábios e, com a minha mão livre, a agarrei pela cintura. O seu perfume e sua expressão tão sugestiva me fizeram vergar o seu corpo para trás, dando-lhe um beijo não muito profundo, mas caliente o bastante para que May ficasse sem fôlego. Não a soltei imediatamente, fazendo com que minha língua encostasse o suficiente na dela para que nós dois ficássemos mexidos.

— Mal posso esperar. — respondi, piscando um olho. Ela riu.

May piscou e mandou um beijo no ar antes de se afastar e eu respirei fundo, concentrando-me em mandar o sangue de volta pros lugares em que deveria estar.

— Ok, agora eu entendo. — Dimitri finalmente pareceu ter superado a raiva por eu tê-lo afastado do caso e se aproximou, pegando minha bebida da minha mão e tomando-a. — É James Sirius Potter isso, James Sirius Potter aquilo. Nem tem outro James por aqui! Qual a dificuldade deles em falar James, só James? — Reclamou e eu ri.

— Viu só?

— Vocês, ingleses, são estranhos.

— Não somos nada Dimitri Zvo..Skov..Melikov. Você devia pegar o sobrenome da Teresa, é mais fácil. — E talvez fosse a hora de eu suspender o álcool.

— Ok, James! — Um grito atravessou o salão e eu apontei para Viola.

— Só James, viu? — Declarei orgulhoso da minha garota e ouvi uma conhecida melodia preenchendo os alto falantes instalados no bar para aquela noite.

— Eu trouxe o karaokê. — Avisou e eu joguei minha cabeça para trás rindo. — Você sabe o que fazer. — Avisou, estendendo um microfone na minha direção enquanto o outro ela segurava. — Porque the day I first met you, you told me you never fall in love.

Às gargalhadas de todos ali, caminhei em direção a Viola para fazer aquela que tinha, de alguma forma, se tornado a nossa música para transformá-la em um dueto.

E com isso eu posso garantir a vocês que o resto da noite foi ainda melhor do que já estava sendo.

 

(...)

 

Se eu fosse o James de antes, o James antes de ficar quebrado, sem alma e que por muito pouco não se tornou alcoólatra, a quantidade de bebida que havia em cada comemoração do meu mêsversário já teria levado meu fígado a pedir misericórdia. Felizmente, agora eu já sabia me controlar um pouquinho mais.

Cada dia era uma festa diferente planejada por uma pessoa diferente. Tive uma visita especial ao estádio dos Holyhead Harpies, que era meu time do coração desde que minha mãe jogara por eles, uma viagem surpresa para Milão em que Molly II cuidou de renovar todo meu guarda-roupa e até mesmo um chá da tarde organizado por Victoire. Ao longo daquela primeira semana cada um dos meus primos se comprometeu em compensar pelas comemorações perdidas e todos tinham uma ideia que combinava perfeitamente com aquilo que eles amavam por si só. E ainda tinha muito mais por vir.

Sete dias tinham se passado de agosto e aquele sábado era responsabilidade de Lucy. A recém-formada e jovem adulta Lucy. Eu não deveria ter me surpreendido com a balada trouxa que retumbava algumas lembranças dos meus 17 anos quando cheguei lá, mas talvez eu já estivesse realmente muito velho para entender a mente dos jovens dos dias de hoje.

Apesar de encaixarem os próprios gostos em minhas comemorações, eles ainda se dedicavam em me deixar contente com aquilo, o que significava que os convites para as pessoas certas continuava chegando ao longo da semana e por isso lá estava eu, com uma considerável quantidade de álcool correndo por meu sangue, a música alta preenchendo meus ouvidos enquanto eu assistia a May dançando de uma maneira que eu jamais havia visto uma mulher dançar para mim. Todo o seu corpo balançava no ritmo da música, as luzes piscavam e ninguém percebia que aquele pequeno espetáculo era para mim. Que todos aqueles movimentos sexys eram direcionados a mim, que já estava mais do que animado com a cena. Merlin que me segurasse para não agarrá-la ali mesmo.

Conversar não era uma opção e isso já tinha sido definido há algumas horas. Era literalmente impossível ouvir qualquer coisa além da música muito alta que tocava e era somada aos gritos empolgados de todas as pessoas ali, que pulavam e dançavam. Eu sabia que meus primos e amigos estavam por perto, mas naquela noite as comemorações seriam mais individuais ou, no máximo, em dupla.

Parecendo saber exatamente o que estava em minha cabeça, ao fim da música May se aproximou, contornando a pequena multidão para chegar até mim e me envolver em um beijo intenso que, de alguma forma, acompanhava perfeitamente a batida do novo som que preenchia o ambiente. Deslizei minhas mãos por todo o corpo de May e choraminguei quando ela quebrou o contato de forma súbita, fazendo beicinho e tudo apenas para ver o olhar divertido que ela sustentava. Como eu já disse, não era possível ouvir nada, mas consegui ler seus lábios quando ela me pediu para confiar nela e, logo em seguida, estávamos nos espreitando pelas muitas pessoas ali até alcançar um lugar menos movimentado.

Com a boca de May sobre a minha, eu demoraria certo tempo até perceber que estávamos no banheiro e, ao tempo que aquela realização chegasse, eu já não estaria mais me importando com aquele pequeno detalhe. A porta se fechou nos prendendo naquele espaço pequeno, e, então, nada mais existia além de nós dois, independente de onde estivéssemos, o toque da mulher a minha frente me impedia de pensar para além daquele momento presente. 

O cheiro de May inebriava todos meus sentidos. O gosto dela preenchia meu paladar enquanto meu tato cuidava de deslizar e apertar cada pedaço de carne que encontrasse pelo caminho, minha audição tinha conseguido abafar a música alta para concentrar-se no som afobado da respiração de May e minha visão era abençoada com a imagem de May dando uma leve reboladinha para que a calcinha deslizasse por suas pernas.

— A minha condição para o seu presente hoje é que você seja um garoto mau. — Ela disse ao pé do meu ouvido, aproveitando para morder o lóbulo da minha orelha em seguida e me fazendo grunhir enquanto eu desfazia o fecho da minha calça e girava May para que ela ficasse de frente para a parede.

A saia que ela usava subiu para sua cintura enquanto eu a puxava para mais perto de mim, deixando minha mão serpentear por dentro de seu cropped para tocar, apertar e massagear seu seio. Com a mão livre enrolei os seus cabelos em minhas mãos, puxando levemente sua cabeça para trás e May soltou um gemido que entremeou por todo o meu corpo e então eu me inseri nela. 

May soltou um grito de puro prazer e eu sorri, aspirando seu pescoço enquanto acelerava o ritmo das estocadas. Respondendo aos estímulos, May empinou a bunda em minha direção, facilitando a passagem, deixando-se mais disponível para mim e gemendo com mais gosto a cada novo toque. Eu sabia que aquilo era apenas sexo para nós dois, mas ouvir uma mulher gemer de puro prazer... era a coisa mais excitante que eu poderia imaginar. Eu poderia gozar ali mesmo. Só vendo-a daquele jeito. Mas eu me segurei.

Meus quadris iam de encontro com os dela, sentia seu corpo chocando-se contra o meu, mas então May interrompeu o contato, por um brevíssimo segundo e virou-se de frente para mim. Ela não estava nem um pouco parecida com quando tinha chegado lá. Agora, sua blusa se unia à saia em sua cintura, deixando-a parcialmente nua. O batom que enfeitava seus lábios tinha se dissipado e os cabelos estavam uma bagunça. Eu imaginava que minha imagem também estivesse naquele estado com um excesso de suor. Nenhum de nós dois pareceu se importar com aquilo. Sem perder tempo, ela apoiou-se em meus ombros e jogou-se em meu colo, suas pernas se entrelaçando em minha pélvis enquanto eu entrava nela novamente ao som de seu gemido. Meu cabelo foi puxado para trás e ela aproveitou para morder meus lábios. Eu segurei sua bunda, lhe dando mais apoio e então encostei suas costas na parede para conseguir voltar a estocar nela, agora com uma visão completa de seus olhos se revirando e da boca inchada e entreaberta a cada gemido.

A sua expressão de prazer me deu indícios de que May estava prestes a entrar no seu clímax e aquilo era tão melhor do que ver apenas o seu corpo empinado para mim. Senti o seu corpo se retesar, suas paredes internas me apertarem e logo May gozou, gemendo alto. Ela tremeu, mas eu continuei mais rápido, sentindo que eu mesmo chegaria ao meu ápice logo.  May percebeu também e rebolou em mim, molhada, relaxada, seus sons de prazer ainda ecoando em meus ouvidos. Soltei um rugido profundo e logo me juntei a ela. May riu em puro deleite, voltando a morder meu lábio com força até eu sentir o gosto de sangue entre nossa saliva enquanto eu segurava com força os quadris de May, ainda enterrado nela até finalmente concluirmos aquele momento.

— Oh yeah. — Ela suspirou, deitando a cabeça em meu ombro enquanto eu gentilmente a ajudava a ficar de pé. — Era exatamente isso que eu tinha em mente. — Brincou, a respiração desregulada provocando pequenos calafrios em minha pele quente. Ao se equilibrar, ela ergueu os olhos para me ver. — Acho que agora podemos ir para o seu presente.

Se o tom dela era indício de algo eu já sabia exatamente como aquela noite terminaria. E é desnecessário dizer que eu não me preocupei em me despedir de mais ninguém antes de desaparatar dali para o quarto de May.

 

(...)

 

Considerando que a maior parte da minha família e amigos tinha vida e trabalhos, confesso que as comemorações em dias de semana estavam sendo um pouco mais complicadas, já que 99% deles precisava acordar cedo no dia seguinte ou coisas assim. Então era comum que eu tivesse alguns mais exclusivos com pessoas especiais ao longo da semana, como uma tarde completa ao lado de Viola e Paisley, apresentando-as o Beco Diagonal e aproveitando para ajudá-las na compra dos materiais para aquele ano - Paisley era adorável ao ponto de conseguir me fazer enchê-la de presentes no que deveria ser o meu aniversário. Eu tinha dito para Viola que aquilo ela tinha puxado de mim e, para variar, apanhei em resposta.

No décimo primeiro dia de agosto eu fui terminantemente proibido de qualquer comemoração. Minha mãe fizera questão de lembrar que ela também era muito leonina e por mais que ela me permitisse usar o restante do mês, o dia 11 era dela e ela não abriria mão, então naquela quarta-feira uma reunião mais comportada na toca para a comemoração dos 46 anos da minha mãe foi a pedida da noite. Caso vocês estejam se perguntando, sim, eu assoprei as velas dela. Sim, ela enfiou minha cara no bolo por isso.

Sábado, dia 14. Tinha sido informado na noite anterior que Luna era a responsável por aquela celebração e, portanto, eu já estava me preparando para uma viagem de última hora para o Disney World. Todos eles. E como o senhor de idade que eu era, já prevendo a confusão de fuso horário passeando entre Estados Unidos, França e Japão, eu tinha me dedicado a dormir bem naquela noite. O que tinha dado muito certo, mas acabei sendo acordado antes do despertador.

Virei-me na cama esfregando os olhos e ao conseguir focar percebi minha mãe e meu pai parados à porta do meu quarto. Em um resmungo, dei a permissão que eles esperavam para entrar e me sentei, ainda esperando minha alma chegar em meu corpo enquanto Ginny assentava-se na ponta da cama e Harry parava de pé ao lado dela.

— Nós íamos esperar seu aniversário para isso, mas…

— Como ele provavelmente vai ser o mais agitado de todos os dias desse mês, decidimos antecipar um pouquinho. — Meu pai concluiu. Ao olhar pra eles e conseguir enxergá-los completamente eu percebi que minha mãe levava uma coisa consigo.

— Não é o seu presente oficial de aniversário. — Ela adicionou enquanto eu puxava a caixa branca com um laço vermelho para o colo e tirava a tampa.

Dentro tinha um grosso livro de capa amarronzada com as minhas iniciais nela gravadas. Ao abrir a primeira página eu logo perceberia que aquilo era um álbum de fotos e ao perceber a imagem que estampava a primeira página meus olhos imediatamente se encheram de água. Era a mesma fotografia que Lily tinha em seu quarto, Albus agarrado às pernas de papai sem nem mesmo alcançar seus joelhos, Lily segura em um dos braços do senhor Potter enquanto o outro se mantinha em uma das minhas pernas, estando eu pendurado nos ombros do meu pai enquanto mamãe, mais a frente, registrava a fotografia. Nessa, porém, minha cabeça estava ali, intacta. E aquele tinha sido o motivo da emoção, eu era bonito demais para ser removido de fotografias, não tinha nada a ver com o fato de aquela foto era uma das minhas preferidas e me trazia diversas lembranças daquela época.

— Quando você se foi… — A voz de mamãe me tirou a atenção da foto e então eu percebi que ela nunca tinha chegado a falar sobre o assunto comigo tão diretamente.

Claro, conversamos, eu me desculpei, mas Ginny se agarrou a minha presença ali ao invés de focar no tempo que eu passara fora, então desde meu retorno, que já completava por volta de dois meses, era a primeira vez que eu veria minha mãe falar qualquer coisa sobre minha ausência. Ela balançou a cabeça, parecendo mudar de ideia, mas o aperto gentil de meu pai no ombro dela a fez suspirar.

— Eu demorei algumas semanas para aceitar que, talvez, você não fosse voltar. — Eu sentia como se ela estivesse medindo cada palavra, não querendo revelar demais de seu sofrimento para me poupar ou não me deixar sentir tão culpado por aquelas escolhas, ainda que eu merecesse. — Quando as corujas… eu sabia que você estava recebendo as cartas porque elas voltavam sem os pergaminhos, então no fundo eu sabia que você estava vivo em algum lugar, eu só precisava te convencer a retornar, a voltar pra gente. — Ginny pigarreou, e eu soube que naquele ato ela tinha se impedido de chorar. — Então eu comecei a reunir alguns motivos para te convencer disso. Eu comprei esse álbum e comecei a passar dias dedicada nele. — Ela apontou e, sabendo que ela não estava confortável comigo a olhando, decidi folhear o álbum, que combinava cartas, anotações e bilhetes junto a muitas imagens com minha família, com meus amigos, diversas lembranças da minha infância e adolescência. — Eu queria de alguma maneira te lembrar o quanto você era amado e querido por aqui, o quanto a gente… precisava de você. E eu esperava que isso bastasse para que você voltasse. Mas… eu passei muito tempo dedicada nesse pequeno projeto. — Ela não precisava falar para eu saber que a época em que ela tinha decidido fazer aquilo tinha sido uma das mais sombrias para minha mãe. — Mas quanto mais eu trabalhava nele, mais eu sabia que seria incapaz de enviá-lo a você porque… porque era tudo que me restava de você. — Um sorriso tremeu em seu rosto e mamãe virou-o para disfarçar uma lágrima, pigarreando uma vez mais. — E ele acabou em algum momento se tornando em uma relíquia para que eu sempre tivesse você comigo, pertinho, como deveria ser. — Ginny soprou e foi então que eu decidi deixar o álbum de lado para abraçá-la com todas as minhas forças. — Eu tô bem agora. — Garantiu, mas, ainda assim, apertou ainda mais o abraço.

— Mãe eu sinto tan…

— Sh, não foi para isso que viemos. — Ela me interrompeu, rompendo o abraço e enxugando o rosto rapidamente. — Eu sei que em breve você vai voltar para o mundo. E eu sei que logo eu vou te perder de novo, não apenas para a França, mas para a vida, porque é assim que ela funciona. E eu estou extremamente orgulhosa do homem que você se tornou e está se tornando. Eu não entendia na época e, confesso, ainda não entendo muito bem o porquê de você ter nos deixado para trás, mas eu respeito suas escolhas e me orgulho de tudo que você construiu, tudo que você conquistou e gosto de acreditar que eu tenho o mínimo de influência para suas conquistas. — Ela apertou minha mão, puxando o álbum de memórias para perto novamente. — Eu não quero e não vou entrar no seu caminho e te impedir de crescer. Não vou cobrar os anos que eu perdi porque eu sei que não é assim que funciona, mas eu quero que você fique com isso porque eu quero que você se lembre que você sempre tem para onde voltar e motivos para isso.

A esse ponto eu não era mais ninguém. Tinha lágrimas e coriza pingava no meu nariz enquanto eu soluçava igual um neném catarrento que fazia barulhos esquisitos enquanto pedia o colo da mãe. Eu sabia que ela sabia o quanto eu sentia por tê-la submetido a tanto sofrimento. E eu sabia que ela sabia que eu sabia que eu não merecia todo aquele amor e compreensão da parte dela.

— Quanto ao seu pai eu não sei o que ele está fazendo aqui. — Apesar do tom sério, o sorriso de lado que ela deu a ele indicava brincadeira e, por isso, eu consegui rir brevemente e me recompor minimamente.

— Eu sei que eu não participei das colagens do álbum, mas eu vim na verdade para me desculpar, mas não entenda isso errado, ok? — Avisou me permitindo assoar o nariz no lençol antes de continuar. — Quando você tiver filhos você vai entender tudo que sua mãe e eu fizemos James, mas eu sinto muito que você tenha se sentido invadido. Como eu disse, eu estava apenas prezando por sua proteção e por isso eu não me arrependo de nada. Mas sinto, principalmente, que você tenha precisado fugir pelo mundo e mentir sua identidade para que conseguisse se sentir livre. Eu sei que você ainda terá muitas dúvidas e descobertas pelo seu caminho, mas espero que agora você saiba que nós, sua mãe e eu principalmente, sempre estaremos ao seu lado para te apoiar em qualquer coisa. E eu também me orgulho de tudo que você fez e realizou por conta própria. Mas fique avisado que se você inventar de desaparecer de novo e nos deixar aqui sem notícias eu não serei tão compreensivo quanto da primeira vez. — E aqui, apesar do tom brincalhão, eu sabia que meu pai falava muito sério.

Eu, por minha vez, não tinha palavras o suficiente para responder nada daquilo à altura. Então apenas alternei entre choro, abraços e agradecimentos antes de, uma vez mais, me justificar e desculpar por tudo.

De alguma forma, porém, aquela brevíssima conversa com meus pais e aquele tão simbólico presente tinha me deixado muito mais leve para continuar e para ir além. Como minha mãe tinha dito eu estava agora verdadeiramente pronto para voar, mas tinha a absoluta certeza que eu continuaria voltando ao ninho.

 

(...)

 

Após aquela inesperada sessão de choro, a já imaginada viagem pelos mundos da Disney e diversas outras atividades nos dias seguintes, O dia mais importante de todos os anos finalmente tinha chegado.

Dia 17 de agosto.

O dia em que o Sol tinha aprendido a brilhar. O dia em que as pessoas compareciam à igrejas e templos para agradecer a todas as divindades pela minha sublime existência. O dia que euzinho, James Sirius Potter, tinha escolhido para chegar e deixar esse mundo um lugar mais bonito.

E absolutamente ninguém tinha escolha a não ser comemorar comigo. Eu tinha avisado, mexido pauzinhos e cuidado de todos os detalhes. Não estava dando a mínima que era terça-feira, eu exigia que toda pessoa que um dia tinha sido importante na minha vida comparecesse. A não ser, claro, algumas exs que não podiam comparecer por vários motivos que não vamos nos aprofundar, pois eu não quero me deprimir no dia do meu aniversário e eu já superei tudo isso.

Tinha acordado de ótimo humor, afinal, era o >meu< dia e nada no mundo me deixava mais feliz do que aquilo. Acordei cantando com os pássaros, saudando o Sol e rodando pela casa até a cozinha onde um delicioso cheiro de tortinhas me atraia. Minha família já estava ali. Papai degustava uma xícara de café, mamãe lia o jornal, Albus lavava algumas louças e Lily cuidava de algo no forno. Parei na porta e pigarreei. Ninguém olhou na minha direção.

— Bom dia, família! — Já que eles precisavam de incentivos para acordar, decidi ajudar, batendo uma alta palma que finalmente os fizera me olhar. Papai ergueu a xícara em minha direção, Albus me olhou e voltou para as louças, mamãe sorriu e Lily revirou os olhos.

— Ah, pronto, ele acordou. — Minha caçula resmungou, desligando o fogo do forno e eu pisquei, igualzinho aquele cara de um meme trouxa que balança a cabeça inacreditado.

— Esse é o meu feliz aniversário?! — exclamei, indignado, colocando os punhos na cintura igual mamãe e vovó faziam.

— Ah, é, feliz aniversário. — Albus, desligando a torneira, desejou. Eu bufuei, mamãe riu e bateu levemente no braço do meu irmão com o jornal.

— Feliz aniversário, querido. Ninguém esqueceu, mas é que… 

— Perdemos o costume, os últimos dias 17 foram tão pacíficos que…

— Lily. — Meu pai pediu, minha irmã riu e veio até mim me dar um abraço.

— Você já planejou toda a festa hoje a noite, não é surpresa nenhuma e, bem, nós já te demos feliz aniversário às 00h em ponto. — Mamãe concluiu, mas eu fiz biquinho.

— O que você esperava? — Papai cobrou e eu continuei agindo como o neném mimado que eu era.

— Eu esperava balões, um bolo em formato de vassoura, um monte de gente gritando parabéns para mim, imagens minhas holográficas e presentes. Pensei que vocês me amassem mais.

— Ah, pelo amor de Merlin. — Lily resmungou se arrependendo imediatamente de ter me abraçado.

— Hey, temos presentes! — Mamãe anunciou. — Teddy falou que iria demorar um pouquinho pois teve que olhar umas coisas do casamento com Vic, então acho que já podemos começar a abrir. — Ela então indicou a sala e se moveu para aquela direção. Eu, que estava ali completando meus muito maduros cinco anos de idade, corri para chegar antes dela.

E foi então que tudo começou a girar e girar e aí eu disse: “Berenice, segura: nós vamos bater.”

O estrondo de “surpresa!” foi pronunciado de todos os lados do jardim me fez pular e dificultou no processamento do que estava acontecendo por ali. Aparentemente, na passagem da cozinha para a sala, meus pais tinham instalado uma chave de portal muito eficiente e disfarçada que tinha me levado imediatamente aos jardins d’A Toca. Pisquei algumas vezes, me recuperando da sensação da viagem e então consegui parar e olhar realmente em volta. Basicamente todos estavam ali. Minha mãe segurava um bolo, confetes mágicos se espalhavam pelo ar, meus amigos seguravam enfeites de aniversário como línguas de sogra e balões com meu nome e uma tenda enorme estava disposta por toda a extensão do jardim da minha avó. Devo confessar que os meus olhos marejaram com aquela surpresa.

Minha mãe veio até mim, mostrando a vela que estava no meu bolo em formato de vassoura - eu não sabia como ela segurava, já que o bolo parecia ser maior do que ela. Meu pai se encontrava logo atrás dela, sorrindo com os seus olhos bondosos e carinhosos. Depois daquele dia em que ele fora me buscar na Espanha e tudo o que aconteceu em seguida, Harry Potter continuava a me olhar com o esse mesmo olhar de agora: sem julgamentos, sem mágoa. Apenas amor. E aquilo... ah, meus caros, aquilo aqueceu meu coração. Tanto que desceu até uma lágrima pelos meus olhos.

— Vocês me enganaram! — Acusei e Lily riu - ela estava completamente ciente que eu ainda estava de pijamas.

— Não seria uma surpresa se você já tivesse esperando por ela. — Justificou com um dar de ombros enquanto minha cara de pimenta se aproximava.

— Faça um pedido, querido — disse a minha mãe.

Eu a olhei e depois olhei para todos que ali estavam. Meus primos, meus tios, meus irmãos, meu avós, meus amigos... voltei a olhar para minha mãe e assoprei as velas, fazendo o meu pedido. Quando elas se apagaram, ouvi urros de comemoração por todo o jardim e eu não pude deixar de sorrir.

— Vamos nos divertir, cambada! — gritei para todos, que riram e, então, a música começou a tocar em algum lugar da tenda.

— Claro, podemos fazer isso, mas você deveria se trocar primeiro. — E então eu vi uma pessoa que eu não via há muito, muito, tempo.

Ruby Chang estava deslumbrante. Ela era exatamente como eu me lembrava, mas, de alguma maneira, ainda mais linda. E meu cérebro parou de funcionar por alguns segundos.

— É sério, James, vai vestir uma roupa decente. — Victoire surgiu, puxando Ruby pelo braço e eu, extremamente envergonhado com aquela pequena cena, corri para dentro afim de encontrar alguma roupa na Toca.

 

Conforme o dia passava, mais pessoas iam chegando. Não tinham sido todos que tinham conseguido o dia de folga todo para comemorar comigo. Eu tinha, como mamãe pontuara, planejando toda a festa da noite, mas minha família cuidara do restante do dia para deixar as coisas do jeitinho que eu gostava em cada detalhe. Dimitri e Viola, pelo que eu entendi, tinham ajudado a atualizar algum dos meus gostos mais maduros para minha família. Então tivemos um café da manhã incrível, com pessoas próximas e queridas, um almoço animado e, no meio tempo disso, muitas conversas e curtição.

Por onde eu passava, recebia tapinhas amigáveis nas costas, presentes e felicitações. Vi Dimitri e Teresa, Viola e a minha filha, Paisley. Meus primos interagiam com os amigos que eu havia ganhado longe daqui e, no fim da tenda, May me aguardava com um presente nas mãos. Ela usava um vestido que ia até os joelhos, vermelho, mas não era um vermelho provocante que eu tinha certeza que ela usaria se não fosse a casa dos meus avós,  os cabelos estavam soltos e cacheados e ela usava botas de cano curto. Linda.

Não, gente. Eu não gostava dela desse jeito. Mas gostava, sim, como uma amiga com quem tinha muitos benefícios. E, assim que eu cheguei perto dela, May estendeu a caixinha em suas mãos. Eu sorri para ela e peguei o meu presente.

— Achei que já tivesse me dado um presente. — Provoquei e May riu, erguendo os ombros.

— Como eu também me beneficiei muito daquela noite, achei que fosse justo te dar um algo a mais.

— Não precisava. — disse eu, a puxando pela cintura e beijando a sua bochecha.

— Deixa de ser bobo — ela respondeu, abanando a mão no ar. — Abra depois, vamos nos divertir!

Ela me puxou para onde uma pequena parte da minha família dançava, sorrindo e se divertindo. Eu entrei na dança, feliz com tudo o que estava acontecendo. Não mudaria nada do que havia me levado até ali. Havia anos que eu não me sentia tão leve, tão incrivelmente bem. E ver todos que eu amava se encontravam ali, comemorando comigo, me fez esquecer tudo o que eu passei.

 

A noite se aproximava e os chás eram trocados por bebidas mais alcoólicas, as luzes piscavam e os mais velhos, como meus avós, ou mais jovens, como Paisley, escolhiam se recolher. Eu tinha amado cada uma das minhas celebrações até o momento, mas preciso confessar que havia algo a mais nessa festa. Provavelmente porque aquele era de fato o dia do meu aniversário e como eu já tinha pontuado anteriormente, desde 2004 os dias 17 de Agosto eram simplesmente superiores.

Girei Luna no ar no passo de dança nada ensaiado e muito descoordenado que estávamos dançando e observei enquanto meu irmão roubava meu par. Após mostrar a língua pra, Albus que parecia não se afetar em nada com aquilo, virei para o outro lado afim de buscar uma nova companhia e afastei alguns passos quando alguém me acertou como um touro em um rodeio ao ver uma toalha vermelha.

— Eu sinto muito! — Ela pediu, também afastando alguns passos.

— Mia Corner! — Havia certa empolgação em minha voz ao vê-la. Não tinha a esperado naquela primeira noite de comemorações e, após vê-la, eu com toda certeza não a esperava ali naquela noite. Mas o simples fato de ter pessoas da minha vida ali, presentes, dispostas a comemorar minha vida comigo, ah, isso era sem preço. E portanto, eu certamente estava empolgado por Mia ter decidido me prestigiar novamente.

— Hey, James! Feliz Aniversário! — Ela parecia preocupada, mas tirou um tempo para me abraçar. Como eu estava em busca de uma nova parceira, aproveitei o abraço para continuar a dança que eu anteriormente fazia com Luna. Mia não pareceu gostar. — Desculpa, James, eu tô meio ocupada. — Pediu, desvencilhando-se e pulando para fora da pista de dança. Eu franzi o cenho.

— É uma festa! Sua única ocupação aqui deveria ser dançar.

Mia olhou para trás e ao perceber que eu a estava seguindo sussurrou um “merda” que foi alto o suficiente para que eu ouvisse. Rude.

— Eu danço com você daqui a pouquinho, eu só preciso…

— Uh, entendi. — Falei, mas continuei no encalço dela. — O banheiro é pro outro lado você tá indo pro armário de vassouras. — Quase, quase, fiz uma piadinha inconveniente, mas me segurei, considerando todo meu histórico com Mia. Ainda assim, ela corou.

— Não é isso, eu to procurando o meu… — E então ela parou abruptamente, me fazendo parar também, mas não antes de trombar contra ela. — Irmão. — Ela suspirou derrotada e se virou pra mim. — Olha, é sua festa, vai lá dançar, eu cuido disso. — Ela se virou pra mim e tentava me empurrar de volta para a pista de dança, mas agora eu já estava envolvido na cena que acontecia por ali.

Do lado de fora da tenda, em uma área do jardim menos movimentada naquela noite, estava uma das Thomas de braços cruzados enquanto um trambolho de homem se encontrava ajoelhado aos pés dela.

— Jeremy, por favor, não é hora nem lugar para isso. — Mia disse entredentes, atraindo atenção da Thomas para nós.

Eu tinha bebido uma quantidade de álcool que me deixava leve, feliz e contente, como Luna caracterizava. Era meu aniversário, eu estava feliz, o mundo era belo. E aquele conjunto de fatos tinha me ajudado a ignorar alguns detalhes daquela situação que, caso eu estivesse um pouco mais sóbrio, ou um pouco mais bêbado, poderia acabar gerando uma briga antiga a troco de nada. Felizmente, por enquanto, aquele não era o caso.

— Não era Edward? O namorado da April? Hey, Edward, você não vai pedir ela em casamento no meu aniversário! Faz isso no seu. — Exclamei, balançando o braço para frente e apenas desejando que Mia concordasse logo em dançar comigo. Mas não era Edward ali, como me tinha sido deixado muito claro, e Jeremy não parecia se abalar nem um pouco com minha presença, a garota, porém, alterou o peso de uma perna para outra, nervosa.

— May, eu tô te implorando.

Uhh, May. Pera… May?

— Hey! — Chamei uma vez mais.

— Mia tem razão, não é hora nem lugar para isso. — Ela olhou para mim e moveu-se para sair dali, mas o cara literalmente se jogou aos pés dela.

— Eu sei que você acha que eu sou imaturo e que os últimos meses foram complicados para nós, mas May, eu sou completamente apaixonado por você. Eu te quero de volta, May. Eu fui um idiota e egoísta e uma criança, mas eu estou disposto a ser a melhor pessoa possível por você. Eu não consigo suportar a ideia de te perder, por favor.

— Jeremy… — Apesar do tom de aviso, eu conseguia perceber que ela estava caindo no papo do cara. 

— Eu quero ser melhor para você. Eu tentei te procurar, conversar contigo, mas você sumiu e eu não sabia como falar com você para pedir desculpas. E daí Mia me contou que você tava saindo com esse… babaca.

Eu olhei ao redor e concluí que além do casal, apenas eu e Mia estávamos ali. Ele tava falando de mim?

— Ele sabe que é a minha casa, não sabe? — perguntei para ela e Mia respirou aflita. Ela claramente queria puxar o irmão pelos cabelos dali, mas não tinha a força necessária para isso.

— Você sabe que você merece mais do que ser um brinquedinho para o Potter. Você lembra o que ele fez com Mia e como ela ficou! Eu posso ser o melhor para você.

— Hey, eu não tô brincando com ninguém e eu já pedi desculpas a ela. — Interferi, May não pareceu se importar, agora ela estava completamente focada no homem aos seus pés.

— James… — Mia chamou, era um pedido de desculpas enquanto ao mesmo tempo ela tentava me impedir de avançar. Eu estava animadinho demais pra perceber que ela estava apavorada que Jeremy e eu fôssemos sair no soco ali mesmo. Aparentemente, a mesma raiva que eu tinha de Jeremy por ter brincado com Rose tanto tempo atrás, Jeremy nutria de mim pelo meu breve não-relacionamento com a irmã dele. Felizmente para todos os envolvidos eu só lembraria de tudo aquilo no dia seguinte quando minha ressaca passasse.

— Jeremy, eu já te disse… — May iniciou, mas ele não a deixou continuar.

— Eu vim aqui para ter você de volta! Não fique com ele. Você sabe que só eu te entendo, só eu consigo te fazer verdadeiramente feliz. — ele estava desesperado, eu estava quase com pena, mas ainda tava tentando entender como exatamente esse cara tinha vindo parar na minha festa de aniversário e estava tentando pegar a garota que eu tava pegando. — Por favor, May. — Ele implorou.

May direcionou o olhar para mim brevemente, eu estendi os braços como quem perguntava o que estava acontecendo e ela suspirou. Ela puxou o pé que Jeremy segurava e parecia disposta a livrar-se dele, mas então aconteceu. Jeremy apoiou-se em um só joelho, segurando o olhar dela naquele ato e então puxou uma caixinha do bolso.

— Case-se comigo, May.

— O que foi que eu disse sobre pedidos de casamento no meu grande dia? — Aquilo tinha sido um grito. Agora sim eu estava começando a ficar indignado e consideravelmente irritado. E meu grito tinha feito algumas pessoas mais próximas dali saírem da tenda para ver o que estava acontecendo.

— Eu estava sendo um menino, eu sabia o que eu precisava saber, eu sabia como valorizar você, mas eu queria me apegar a essa juventude para sempre e… não mais. Nada mais me importa do que você. Você é a única coisa que eu quero, a única coisa que me importa. Case comigo e me faça o homem mais feliz de todo o universo.

— Oh, Jeremy. — E então, finalmente, May pareceu ceder aos pedidos, esticando a mão para que o anel fosse posto em seu dedo e começando a chorar antes de jogar-se no colo do… noivo? Enquanto suspiros e “awns” preenchiam meus ouvidos.

Que isso? Um filme? Nada disso, aquele era meu dia!

Ele podia levar a garota se quisesse, tudo bem, sem problemas, mas roubar o meu spotlight? Nã-ã!

— Ok, já chega! Já deu! Bora, Bora!! Vamos acabar com essa melação de mau gosto. — Aquele era meu limite e, por isso, ultrapassei Mia e comecei a separar os dois com a mão. — Se... des... grudem! — falei, empurrando-os em direções diferentes. Apesar de efetivo, eu pude ver pelo olhar de May que não duraria muito tempo. — Inacreditável! Você invade minha festa e ainda se acha no direito de pedir alguém, um alguém com quem eu andava me divertindo bastante, em casamento? No meu aniversário! Olha, rapaz, você tem sorte que estamos na casa dos meus avós porque se não eu… 

— James… — Era Vic, eu pude ver então que aparentemente a notícia do noivado tinha se espalhado e já tinha muita gente por ali. Eu não queria marcar a noite do meu aniversário dando chilique em cima da felicidade alheia, mas ainda não queria dividir minha noite com ninguém, então apenas rangi os dentes e suspirei.

— Chega. Vocês dois estão desconvidados! Podem sumir daqui e celebrar… o que quer que seja isso em outro lugar. Ah, e, May… — Virei-me para ela. — Quando se cansar desse debilóide aí você sabe onde me encontrar. — Pisquei para ela e antes que Jeremy conseguisse reagir ao fato de eu estar paquerando a noiva dele, May o agarrou e desaparatou com ele de lá.

— Eu sinto tanto tanto tanto tanto. — Mia começou, virando-se para mim. — April deixou escapar que May estaria aqui e eu comentei com ele sobre aquela noite e, ah, assim que eu vi o que ele estava planejando eu tentei impedir, eu juro que tentei, mas… — Interrompi-a com um um simples sinal. Ela não tinha culpa de ser irmã de um maluco, mas agora eu tinha outras preocupações, como a pequena multidão que cochichava sobre o acontecido.

Não sentia raiva de May nem nada, porque não era culpa dela gostar de um idiota, ninguém mandava no coração e, apesar de Jeremy ser um estúpido, ela deve ter visto alguma coisa nele para voltar, principalmente para aceitar casar com ele. May e eu sabíamos que éramos um passatempo um para o outro, tinha sido definido logo no nosso primeiro encontro, uma hora ou outra aquilo iria acabar. Portanto, eu não senti absolutamente nada quanto ao fato de ela ter deixado meu aniversário nos braços de outro. Nada além de uma leve irritação pelo fato de que eu estava deixando de ser o assunto da festa, por isso, bati as mãos fortemente, atraindo a atenção de quem tinha se deslocado para lá.

— VAMOS VOLTAR PARA FESTA, CAMBADA! — gritei sobre a música, guiando a multidão de volta para a tenda.

Antes que eu retornasse, porém, uma risada atraiu minha atenção.

— Impressionante. Doze anos se passaram e você ainda consegue se meter tão naturalmente em confusões. — Virei para observar o sorriso divertido de Ruby Chang e não pude deixar de sorrir abertamente de volta para ela.

— Bem, esse é o meu charme senhorita Chang. — Pisquei e, sem que ela pudesse opinar, a puxei para dançar comigo.


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Notas finais do capítulo

O próximo já está em desenvolvimento e eu espero ver vocês em breve! Tô no meu caminho de responder os comentários que eu ainda não respondi do capítulo passado e por favor por favor quem ainda tiver aí deixa um alô pra gente pois vocês não tem ideia do quanto isso nos incentiva a concluir essa história!
Beijos e até a próxima ♥



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