The Monster Inside Me escrita por Lina


Capítulo 12
Only over when I want.


Notas iniciais do capítulo

Olá! Estou postando de manhã para não acontecer nenhum imprevisto. Uma boa leitura e obrigada a todos que me acompanharam até aqui. Comentem no final para eu saber se o final está bom ou se eu devo continuar.
Boa leitura!



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–Stefanie Jayer, eu vou perguntar mais uma vez e você vai me responder da forma mais sincera que você pode algo que você não anda fazendo muito. Está entendido? - sua mãe havia achado o teste de gravidez, o que deixara Stefanie desesperada inicialmente, mas calma logo em seguida. Já havia tudo sobre controle.

Assentiu obediente.

– Você está grávida?

Stef revirou os olhos, negando com a cabeça, indignada.

–MÃE! - Gritou. - Olha pra mim. - apontou para seu rosto. - Acha que uma garota esperta como eu, com um futuro brilhante em jogo, você acha que eu vou jogar fora tudo isso por causa do meu primeiro namorado? Mãe, você realmente não me conhece. Eu não faço sexo, acha que eu sou idiota?

“Uma garota santa puritana que resolveu esperar. Só uma pergunta Jayer, como conseguiu fazer com que o teste mostrasse negativo?”.

Maureen Jayer arqueou a sobrancelha.

–Então você está me dizendo que ainda é virgem?

Novamente, Stefanie revirou os olhos.

–Mãe, eu tenho que me lembrar do Caso Liam Hauser e Jay Jayer? E eu e Harry decidimos esperar. - falou em um tom descontraído.

“Que santos esses jovens!”.

– E sobre esse teste, QUE PROVAS à senhora tem que é meu? - aumentou o tom de voz.

“Hã, sua casa?”.

– O teste estava no seu banheiro. - notou, perdendo a confiança em sua voz.

Stefanie bufou e fechou os olhos.

–Sim, o Jay me agarrou a força e eu comprei esse teste pra ver se algo tinha acontecido. Porém, graças a Deus, o teste deu negativo, mas eu me esqueci de que havia comprado, e quando eu achei, joguei fora. Ah, e obrigada por revirar até meu próprio lixo, os empregados são inúteis agora? Grande confiança mãe, grande confiança.

Ouviu um risinho em sua mente.

“Mentindo para a própria mãe e citando o nome de Deus? Bela tentativa Stef.”

Um silêncio se infiltrou na sala e lágrimas invadiram o rosto de Stef.

Monstro se sentiu bem ao perceber que ele provocara as lágrimas de Stef e que ela estava se transformando no que já fora. Uma psicopata.

Enganando os outros.

Tendo grande lábia.

Até prejudicar ou matar alguém.

–Não me admira a falta de crença da senhora em mim. - falou em tom de desaprovação. - Quase nunca conversamos já que está sempre ocupada com suas coisas fúteis ou dormindo com o primeiro que encontra pela frente e nem liga para o que eu digo. Quando eu falo, óbvio que a senhora acha que é mentira. Contei do Jay, claro que foi mentira. Contei do Liam, a culpa foi minha, eu não devia ter bebido. - pegou abruptamente sua bolsa e as chaves do carro. - Mas eu sofri muito na vida. Fui abusada quatro vezes, e apenas na quarta vez, todos acreditaram em mim. Eu sou uma boa pessoa mãe. Por mais difícil que possa parecer.

“Claro, quase uma santa.”

Lágrimas invadiram o rosto de Maureen ao ver sua filha se levantando e dando as costas para ela.

–Aonde você vai?

–PRA ESCOLA, TER UM FUTURO E SAIR DESSA CASA. - Gritou se direcionado para a porta. Bateu-a fortemente e se direcionou até o carro.

“Pensei que incriminasse dormitórios.”.

‘Foi só calor do momento, precisava ser dramática para ela acreditar em mim’.

“De nada”.

Ligou seu ipod e coloco qualquer música que estava tocando.

“You’re gonna listen to me like or not right now.”

Faint.

Stefanie sempre gostara dessa parte. Talvez pelo fato de que sempre foi ignorada, mas sempre quis ser ouvida.

Mas ela não se lembrara de ter ouvido aquela música no dia anterior.

Nem de ter essa música em seu ipod.

Por um segundo imaginou que monstro tivesse colocado, mas isso não seria possível.

Ou seria?

“I can’t feel the way I did before. Don’t turn you back on me I wont be ignored”.

Stef desligou o ipod, porém isso não acontecia. Decidiu ignorar e manteve os olhos na estrada.

–Nossa Stefanie, agora a mamãe acredita em você, se sente culpada, pede desculpas e vocês voltam a viver como uma bela família feliz. Já escolheu o nome que vai dar para essa criança? Ah é, você vai abandoná-la.

Stefanie ouviu perfeitamente uma voz em seu carro.

Em seu carro.

Não mais em sua cabeça, ela estava mais perto dessa vez.

“Será?”

Mas não podia ser.

–Olhe para o lado, fofinha.

Stefanie fechou e abriu os olhos. Olhou para o lado.

Lá estava ele.

Em carne e osso (?).

A razão de seus problemas.

A razão de sua insônia.

A razão de ela ser quem ela é.

A razão de ela ser uma psicopata.

–Tantas palavras ruins para me descrever… Quando na verdade, você está descrevendo a si própria.

Stef não tirava os olhos da estrada, tentava ignorar a estranha criatura sentada a seu lado, que a causara arrepios e um pouco de medo.

–Nem tente Jayer, ou você fala comigo ou eu apareço para os seus amigos e para o seu namorado/pai da sua filha ou filho.

Stef encostou o carro no acostamento. Sua respiração estava mais pesada que o habitual.

–Ótimo. Agora, por que você não olha pra mim? - sentiu um tom de provocação em sua voz.

Stefanie fechou os olhos e virou sua cabeça para o lado do banco do motorista.

Abriu lentamente os olhos e viu uma criatura sentada em seu lado.

Preta com olhos vermelhos

Um chapéu preto em sua cabeça.

Ódio no olhar.

–Q- Quem é você? - balbuciou.

A criatura não moveu nenhum músculo.

–Quando você vai entender? EU sou você. A parte…

–Mais obscura de mim, todo o meu mal, sim, eu já sei. - falou em um tom cansado. -Olha, você é um Adolf Junior, isso sim. Só pensa em fazer o mal e…

–E você concorda. - Stefanie se calou ao ser interrompida. - Fez tudo isso por conta própria. Olha, tenho uma ideia. Faça o que combinamos e ninguém descobrirá de nada.

–E então você me deixará em paz?

Mas não tinha mais ninguém ali.

Se é que já tivera.

Stefanie balançou a cabeça e ligou o carro novamente.

Iria para escola, ficaria com seus amigos e com Harry e se esqueceria de seus problemas.

“Nossa, bela resolução de problemas. Ficou grávida de Harry e matou a melhor amiga de Juliana e de Hanna e a sua solução é fingir que nada aconteceu. Você não pensa muito, não é?”

Enquanto isso, em uma escola não muito longe dali, uma garota loira desesperada gritava em busca de seus amigos.

–GENTE, EU PRECISO FALAR COM VOCÊS. - Hanna Hauser procurava Stef. Porém a garota não havia chegado, este momento seria perfeito para uma conversa sobre ela. - Vocês viram a Jayer? - perguntou para os mesmos que se aproximavam.

–Não… - negou Juliana. Luke apenas sussurrou um não.

–Ela não me atende, deve estar vindo pra cá… - notou Harry.

–Ótimo, tomara que demore. Eu ando muito preocupada com ela. Ela anda diferente e… Mais gorda.

Juliana riu após essa afirmação.

–Hanna, a menina tem bulimia, tinha, não sei. Ela estar gorda é um bom sinal nesse caso. - Juliana falou.

–Ela não tem problemas, Stefanie Jayer é perfeita. - retrucou Luke. Hanna deu de ombros.

–Harry, algo a declarar? - chamou Hanna. Mas Harry não respondeu. Stef tinha vomitado muito ontem, e realmente andava comendo mais. - Harry?

Milhões de pensamentos rondaram a mente de Harry.

Ela prometera mudar.

Mas e se…

–Ela anda nervosa, mas ela ainda é linda, perfeita, não acho que esteja gorda… - notou Harry, afastando os pensamentos da cabeça. Talvez Stef ainda tivesse bulimia e não quisesse contar para ele.

–Quem anda nervosa, mas ainda é linda e não está gorda? - perguntou Stef, se aproximando dos quatro.

Luke deu um gritinho ao ver Stef e saiu correndo.

–Nossa… - murmurou. - Não sabia que ele me odiasse tanto.

–Oi amor! - cumprimentou Harry dando um selinho na namorada. - A mãe da Hanna, a Juliana está implicando que ela está gorda.

Juliana assentiu.

–Stef, concorda comigo, ela está OBESA!- falou Juliana em um tom relativamente alto. Stef deu de ombros.

–Ah, ela está bem pra alguém de 48 anos… - notou Stef. - Então era sobre isso que vocês estavam falando? - perguntou em um tom desconfiado arqueando a sobrancelha.

O sinal tocou e eles se direcionaram para a aula.

“Se nem o seu namorado ou suas amigas são sinceros com você, por que alguém seria?”.

Os meses foram passando e a barriga de Stef não crescia. Ela ficou meio preocupada com essa possibilidade, mas sua fome aumentava cada vez mais e ela vomitava constantemente, além de monstro repetir constantemente que “poderia deixá-la magra mesmo grávida”. Harry a questionava sobre os vômitos, mas ela sempre fugia do assunto.

A relação dos dois ia de boa a melhor. Parecia que Harry se esquecera de tudo que Stef fizera e os dois até viajaram nas férias de verão. Uma semana em Nova York, a melhor que Stef já tivera.

Quase contara a ele que estava grávida, mas monstro sempre a atrapalhava.

O que estava feito estava feito.

E já que a barriga não crescia, ele nunca descobriria.

A relação com as amigas também estava boa. Elas iam ao shopping, faziam compras, dormiam uma na casa da outra… Stef também pensou em contar para elas, mas decidiu ficar quieta.

Já com Luke, as coisas ficaram diferentes. Luke se afastou dos amigos para ficar com o namorado, e isso estava ficando irritante. Ele não ficava mais com eles, apenas com o namorado. Mas Stef ignorou, quanto menos gente ela estivesse mentindo melhor seria.

Dezembro chegara e os oito meses se passaram, completando assim os nove necessários. Já havia marcado seu parto no hospital, com a condição que ninguém contaria ao menos que quisessem a demissão imediata por conta de seu pai, já que este aparentemente sabia de tudo. Ela não poderia desistir, logo agora. Mesmo com uma parte pequena, minúscula de seu cérebro dizendo que ainda dava para contar tudo para Harry.

Porém, monstro desfazia tudo e a convencia a continuar com o plano.

Dito e feito.

Naquela manhã, Stefanie não desceu para tomar café. Foi para o seu banheiro e separou uma mala com o que eles pediram. Olhou-se novamente no espelho e assustou-se com o que viu.

–Não sabia que era tão burra… - ouviu a voz de monstro atrás de si. - Vai estudar medicina e não sabe que beber e comer sushi enquanto está grávida, na véspera da gravidez, aliás, causa… Isso. Sangramento sabe?

Stef olhou confusa para monstro que revirou seus olhos vermelhos e apontou para baixo.

Sangue a cobria por completa.

Desesperada, Stefanie destrancou a porta e começou a gritar para seus pais a socorrerem.

A última coisa que se lembrou de foi de escorregar e bater a cabeça na escada, caindo na mesma.

E tudo ficou escuro.

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Stefanie abriu os olhos. O lugar não era familiar. Olhou em volta e viu que estava ligada a um soro.

–Senhorita Jayer, ela… Ela não resistiu. Seus ferimentos foram muito graves, além de falta de acompanhamento pré-natal e comidas inadequadas durante a gravidez. - uma voz masculina invadia os ouvidos de Stef. Uma voz que Stef não reconhecia. - Você teve grandes sequelas, mas felizmente sobreviveu.

–Onde eu… - porém o médico já havia ido embora. - Onde eu estou?

–Está no hospital. - Uma voz tremendamente familiar invadiu seu ouvido.

‘Merda. ’

“É o que você merece.”

‘Mas você me convenceu a fazer isso!’.

Stef apenas ouviu um risinho em sua mente.

–Depois que você desmaiou na escada, prejudicando assim a nossa filha… - mais uma vez, aquela voz a fazia chorar. - Sua mãe chamou uma ambulância e você foi para o seu próprio hospital, onde seu parto ironicamente já estava marcado. - Harry começara a caminhar em círculos enquanto contava a história para Stef. -Então ela me ligou desesperada, dizendo que você estava abortando. “Mas senhora Jayer, a Stef não está grávida”. Ela ficou tão surpresa quanto eu. Pensou que eu soubesse e ela estava sendo enganada por você. Não, eu também fui enganado, além de ter sido idiota.

Pela primeira vez em um ano, o sentimento de culpa tomou conta de Stef. Não mediu o tamanho do erro de suas decisões até o momento em que tudo deu errado.

–Infelizmente, ela morreu. Mas infelizmente você está viva.

Aquelas palavras doeram mais que um tiro para Stef. Infelizmente você não morreu.

A pessoa que Stef mais amava, dizendo aquilo para ela.

A razão de Stef não desistir de viver, falando a coisa mais dura que ela ouvira em toda a sua vida.

“Não chora não Jayer, há coisa pior pra vir. E nem tente, você merece.”

‘CALA A MERDA DA BOCA’.

Ouviu mais um risinho.

–Eu jurava que você ia conseguir Stef. - o rosto dele estava cheio de lágrimas. Ele deu um beijo no topo de sua testa, o que deixou Stef um pouco feliz. - Mas parece que já me enganei muito na vida, mereço o prêmio de idiota do século. Se você soubesse COMO eu iria ficar feliz por saber que ia ser pai…

–EU NÃO PODIA CONTAR! - Gritou, finalmente recuperando a voz e sabendo o que falar. - Você tinha um futuro em jogo e uma bolsa para conseguir e uma universidade para entrar…

–E largaria tudo pra ficar com pessoa que eu mais amei na minha vida. - falou sua voz firme fazendo Stef se calar. - Há coisas mais importantes na vida do que faculdade ou bolsas de estudo. Largaria uma universidade de elite para não te deixar e largaria uma bolsa para cuidar da nossa filha. Sabe por quê?

Stef fechou os olhos, fazendo as lágrimas aumentarem cada vez mais.

–Porque eu te amei Stefanie Jayer. Fui o cara mais idiota, tolo e estúpido por isso. Mas eu te amei.

Harry levantou-se da cadeira e se direcionou até a porta.

–Eu te amo Harry. - falou com todas as forças que lhe restavam. - Não é o fim, é apenas o começo. - não entendeu o porquê ter dito aquelas palavras.

Não é o fim, é apenas o começo?

Esperou uma resposta de Harry, porém, desta vez, ele não respondeu. Apenas bateu a porta e foi embora.

Stef começou a chorar. De arrependimento, de dor, de culpa, de todos os sentimentos que estavam a rondando aquele momento. Se tivesse contado para Harry, tudo seria diferente.

Mas aquilo era culpa de monstro.

Ela o odiava mais que tudo.

Ouviu um de seus famosos risos a seu lado.

–Que bom que você me odeia. Também não gosto de você, nem um pouquinho.

A agora familiar voz de monstro invadira seus ouvidos. Ele estava parado perante a ela.

–ESQUECE QUE EU EXISTO! - Berrou, fazendo-o rir.

–Só há uma forma de se livrar de mim e de seu sofrimento Jayer. E eu posso fazer isso. - Sua voz exalava maldade.

–O que você quer dizer? - perguntou, tremendo.

Monstro riu, segurando seu soro.

–Sabia que isso aqui no seu soro são pequenas quantidades de morfina pra você não sentir dor? Seria uma pena se as doses não fossem pequenas…

O desespero tomou conta da garota.

–Você não pode fazer isso comigo. - Stefanie Jayer, internada no próprio hospital, implorava a si mesma mais anos de vida. - Eu tenho que viver para conseguir mudar e…

O rosto de monstro se enfureceu. Sua expressão era de falta de paciência e raiva.

–QUANDO VOCÊ VAI APRENDER? - Gritou. - Eu sou você. VOCÊ fez isso consigo mesma, VOCÊ mentiu, VOCÊ matou duas pessoas, VOCÊ mentiu por nove meses. Eu sou só o monstro que habita dentro de você e convenceu você a fazer isso. Mas a escolha era sua, desde o inicio. Sempre foi. Agora, se você fez, a decisão foi toda sua. Na vida temos direito a escolher entre o certo e o errado Jayer. E, adivinha só, se sua ficha não caiu ainda, você escolheu o errado. Quanto a mim? Sou só o monstro que a doce e meiga Stefanie Jayer, ou nem tão doce e meiga assim, popular e amada por todos nunca quis se distanciar. E adivinha? Você merece apodrecer no inferno. Mais do que ninguém.

–Eu… Eu te odeio. - falo entre lágrimas. Monstro deu o último risinho que Stef ouviria.

–Ah não meu bem. VOCÊ se odeia. Eu sou você. Nunca se esqueça disso.

Stef fechou os olhos, com medo do que poderia acontecer.

–Isso vai acabar? - perguntou com lágrimas nos olhos. Ouviu um risinho. O último que ouviria? - Nunca vou ter a chance de tentar mudar?

– Você nunca, nunca mudará. – a voz sombria invadiu seus ouvidos, pelo o que parecia ser a última vez. - Por mais que tente, esse é seu destino. E você sabe muito bem o que acontece com pessoas que tentam enganar o destino.

A garota respirou fundo, olhando para o monitor ao seu lado. Seus batimentos diminuíam cada vez mais. Fechou os olhos, tentando não encarar aquilo e… Ele.

–Por que diz isso? – Sussurrou, com a voz falhando aos poucos, a voz de alguém louco. Ele aproximou-se dela e fez um zombeteiro carinho em seu rosto, fazendo-a sentir a aspereza de sua pele.

–Ainda não entendeu? – Sussurrou, apertando seu soro. – Isso acaba quando eu quero.

Stef abriu os olhos, sentindo sua última lágrima cair?

–E você quer?

Ele sorriu cínico e abriu a boca para falar suas últimas palavras.

–Até outra vida… Stefanie Jayer.

Então, monstro fez o que tinha que ser feito, e os lindos olhos de Stef fecharam, para nunca mais se abrirem.

Stefanie Jayer morrera por altas doses de morfina induzidas por monstro, que ironicamente sobreviveu.

Se é que ele havia existido ou não havia sido imaginação de uma pessoa louca.

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31122015.

–Feliz ano novo!

–Feliz ano novo!

–Feliz ano novo!

–Feliz ano novo!

Harry revirou os olhos, se direcionando até o cemitério. Para ele, seria apenas mais um dia normal, exceto por tudo que acontecera naquela noite.

Sua namorada morrera.

Fora assassinada, se é que essa palavra se encaixa no contexto, por sua própria mente.

Ou o médico não administrara bem a quantidade de morfina. De qualquer forma, ele fora demitido e o que as enfermeiras relataram ter ouvido foram gritos de uma garota do quarto 457.

Apenas de uma garota.

Ninguém ouviu gritos de monstros.

Quanto ao funeral, apenas os amigos mais próximos de Stef estavam presentes, além dos pais. Ninguém quis falar.

–Deus cuidará de Stefanie Jayer e a perdoará por todos os seus pecados. - Harry ouviu o padre dizer ao chegar ao cemitério. Poucas pessoas estavam presentes; os pais, Hanna, Juliana, Luke e ele. Os pais e o irmão de Harry quiseram vir, mas o garoto achou melhor não. Eles não podiam saber de toda a história. Todos choravam copiosamente, inclusive Harry que fizera de tudo pra não chorar por alguém que destruiu seu coração e que o enganou e o fez de idiota por um ano inteiro. Mas infelizmente, lágrimas, quando verdadeiras, precisam ser soltas.

Não importa qual seja o motivo.

–Harry… - sussurrou Hanna, as lágrimas presentes em seu rosto. - Foi… Foi ela, não foi?

Os outros dois amigos viraram a cabeça, esperando que ele negasse.

E Harry apenas assentiu. Sabia muito bem do que ela estava falando.

–Eu não… - continuou Juliana. - Eu… Ela foi capaz?

–Foi. Um dia eu explico melhor. - murmurou, voltando a chorar logo em seguida. Olhou para o céu rosado, sinal que estava amanhecendo.

–Eu te amo Stefanie Jayer. Nunca se esqueça disso.

Luke e Juliana se abraçaram, enquanto Hanna olhou para Harry.

–Todos amavam amá-la.

Harry sorriu irônico.

–E odiavam amar.

Um cheiro de fumaça se alastrou pelo cemitério. Os presentes olharam para trás.

Uma estranha criatura preta estava colocando fogo no que seria o futuro túmulo de Stef. Uma súbita sensação de raiva o invadiu, fazendo-o secar as lágrimas e ir até o tal monstro.

–Como se algum de vocês se importasse com o que vai restar dela. - zombou a criatura.

–Filho da puta. - Gritou. - VOCÊ a matou.

Aquela estranha criatura soltou um risinho.

–Você é mais esperto do que eu pensei que fosse. Coitadinha, morreu pensando que ela provocou isso. Morreu pensando que ela era a culpada - deu uma gargalhada. -Ela mereceu. E todos aqui concordam comigo. Qual é Harry, há alguns minutos você queria fazer o que eu fiz. Ela te enganou e te fez de idiota. Não me culpe por fazer o que você tem medo. - falou, com o fósforo na mão. Harry socou uma parte de monstro. - Desista. Eu sou imortal.

Harry era só ódio por dentro. Aquela coisa matara sua namorada, o amor de sua vida.

E ele iria se vingar.

Com violência, Harry pegou o fósforo da mão de monstro e o socou. Monstro revidou e Harry caiu no chão. O mesmo pegou o fósforo e jogou em monstro.

–Quanta violência… - falou, estralando os dedos e fazendo o fogo aumentar. - Eu apenas ia colocar no túmulo da sua namoradinha infeliz, aquela que mentiu pra você durante um ano sem dó nem piedade e que escondeu a gravidez. Mas não se faça de garoto apaixonado, você a abandonou na hora final de sua vida.

E então, tudo começou a ficar vermelho.

Era a única coisa que se via naquele cemitério. Grande parte dele foi queimado, mas monstro desaparecera.

Harry olhou para o que havia feito e se ajoelhou, enquanto o fogo diminuía constantemente.

–Perdão padre, perdão.

O padre deu tapinhas em suas costas, assustado com tudo aquilo. Deve ser coisa do demônio, pensou.

–ELE SUMIU! - Berrou Maureen Jayer, procurando a estranha criatura.

Harry assentiu, sorrindo.

Ele sumira.

Pediu perdão a Stefanie e falou que a amava. Até depois dos tempos.

Mas de uma coisa ele estava certo.

Ela finalmente descansaria em paz.

Epílogo - 15 de janeiro de 2016

Harry visitava diariamente o túmulo de Stef, e contava para ela o que acontecia.

Não superou o que havia acontecido, mas pelo menos sabia que ela estava descansando em paz com aquele monstro morto.

Ela merecia.

Mesmo com tudo que ela sempre fizera todo mundo merece descansar em paz.

O irmão de Harry ainda o pegava chorando durante a noite, e isso não mudou. Hanna ligava diariamente para a amiga, com esperanças intermináveis que o telefone fosse atendido.

Não aconteceu.

Juliana e Luke demoraram mais tempo para acreditar em tudo o que Stef fizera, mas aceitaram que a amiga tinha problemas mentais. Os pais pensaram que tudo aquilo era loucura da cabeça deles, já que o túmulo estava intacto e nada mudara, além de absolutamente nada estar queimado.

E talvez fosse mesmo.

Quanto ao cemitério.

Tudo estava exatamente igual, como se ninguém tivesse queimado. O padre e os pais de Stef pensaram que aquilo era loucura deles, mas os amigos sabiam que havia algo por trás de toda aquela loucura do ano.

Uma pequena fumaça se ergueu da grama do cemitério.

Uma sombra preta já conhecida e odiada por muitos.

Monstro olhou em volta e se lembrou da briga que tivera com Harry.

Pobre Harry...

Ele era só um garoto desiludido e apaixonado por uma garota maluca.

Monstro balançou a cabeça em tom de desaprovação e começou a andar pelo cemitério. "Stefanie Jayer."

Monstro parou em frente ao túmulo de Stef e lembrou-se de tudo que aconteceu aquele ano.

E começou a rir.

Ele era imortal.

“E isso nunca vai acabar. Descanse em paz Stefanie. Eu ainda não acabei por aqui.”

Sorriu e olhou para o alto.

“Não se lembra? Só acaba quando eu quero.”.

“E talvez quando isso acabar, você finalmente possa descansar em paz.”

Soltou um de seus risinhos.

“Ou talvez, você não descanse... Afinal, você não merece isso... O descanso eterno é dado apenas a aqueles que merecem…”.

Cuspiu no túmulo da garota.

–E você não merece.

E então ele desapareceu com planos, deixando o que restara do cemitério para Harry visitar no dia seguinte.


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