“Sete semideuses foram só o começo,

Oito semideuses serão o apelo.

Romanos e Gregos, unidos de novo,

Tentando salvar a esperança de um povo.

Uma nova raça está para despertar,

E um novo inimigo ameaça acordar.”

Assim que a garota leu aquelas palavras, sentiu seu corpo tremer com força. Caindo no chão, ela deixou-se morrer lentamente. Os sinais de vida de seu rosto sumiram por completo assim que a aura vermelha se dissipou de vez, deixando-a caída como se não passasse de um lixo.

Eu ainda estava preso, congelado por algo que não sabia o que era. Contemplei o corpo sem vida de Lana, minha filha. O livro que ela lera desapareceu assim que minha primeira lágrima caiu no chão, eu não conseguia achar minha voz. Meu corpo começou a tremer, como se uma luz negra estivesse me envolvendo. Preso no frio, uma voz soou em minha cabeça.

“A deusa esquecida será sua chance,

Mas o sacrifício de um será seu preço.

Antes do alvorecer do primeiro dia do ano,

Oito devem partir sem sofrer qualquer dano.

O sacrifício é enorme e tem consequências,

E apenas para um a morte jamais será um problema.”

Caí no chão, como se o que me segurava tivesse me soltado. Arquejei, fazendo o ar entrar em meus pulmões. O corpo da minha filha já não estava caído, ela agora encontrava-se sentada ao meu lado, cutucando-me com seus dedos infantis.

- Papai, acorda! – sua voz disse, apavorada.

Sentei com força, respirando fundo. Olhei em volta, deparando-me com o livro diante de mim. Suas inscrições em grego pareciam brilhar para mim, ele exalava um cheiro forte de enxofre.

- O livro... – falei, engolindo em seco – Lana, arrume suas malas, vamos viajar.

Ele me encarou, preocupada. Era esperta para uma garotinha de dez anos, talvez mais esperta do que eu gostaria. Não era sua culpa, só estava em seu sangue. A mistura de duas raças, sua parte divina quase suprimia sua parte humana, a parte que eu havia dado para ela.

- O senhor está bem? – ela perguntou.

Assenti, engolindo em seco. Ela não parecia ter se convencido, forcei um sorriso.

- Faça o que eu mandei, não podemos demorar muito – falei – Vamos visitar Quiron, tem algo que ele precisa saber.

Ela assentiu, animando-se com a ideia. Lana ergueu-se do chão, o que me fez tremer. Aquela visão fora muito real, tão real quanto a voz que eu ouvira em minha cabeça. Encarei o livro diante de mim, respirando fundo.

- É hora que voltar para casa – falei.

O livro brilhou, e como se minhas palavras fossem mágicas, encolheu-se até obter o formato de uma adaga de bronze celestial.