A Mulher dos Meus Sonhos escrita por Yalle


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Hey, eu tive essa ideia a milênios, mas só conclui agora, espero que curtam!



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Era fogo por todos os lados, ela segurou em sua mão e falou “Você vai me deixar aqui não é?”, ela nem se deu o trabalho e responder se desvencilhou do contato da outra e saltou pelo fogo. Ela nunca a deixaria ali. Voltou com um extintor de incêndio e puxou a morena junto ao seu corpo. Ao saírem do prédio, cheio de fumaça, a morena começou a reclamar de alguma coisa, mas antes que a loira pudesse raciocinar sobre aquilo, ela acordou na cama completamente suada. Mais uma vez aquela mulher morena estava em seus sonhos.

Aquilo estava a intrigando, fazia quase um ano que ela sonhava todo o dia com aquela estranha, na verdade parecia que ela havia sonhado com ela a vida inteira, mas só agora reparava. Era como se conhecesse aquela mulher, e toda vez o sonho era diferente. O mais estranho é que em certos momentos parecia que elas se odiavam, mas ao em outros parecia que se importavam uma com a outra.
Ela balançou a cabeça afastando aquele pensamento e foi tomar banho.

Era sábado e ela tinha combinado de ir com Henry ao Central Park. Eles sempre faziam isso, era o dia de tomar café na rua, geralmente waffles e chocolate quente num café perto do parque. Henry estava sentado embaixo de uma árvore desenhando, com seu kit de desenho que havia ganhado no natal. Ele tinha talento para artes então sua mãe achou interessante o incentivar. Emma chegou mais perto para espiar o desenho e ao olhar para as páginas quase deixou cair o copo de chocolate que tinha trazido da lanchonete. Aqueles olhos, aquela expressão, aquele sorriso e aquela cicatriz. A perfeição dos detalhes não a deixava negar: Era ela!

_Quem é essa? (Emma perguntou assustando-se ao reconhecer a mulher que insistia em aparecer em seus sonhos.)
_Eu não sei... Eu sonho às vezes com ela. (Ele disse dando ombros.)

A garganta de Emma secou e seus olhos se arregalaram.

_V-você também sonha com ela? (Ela perguntou pasma com o acontecido.)
_Como assim ”você também sonha”? (Henry perguntou intrigado, mas congelou ao ver a expressão da sua mãe.) Você não sonha com ela, sonha?

Emma encarou o desenho e não respondeu. Voltaram pra casa e naquela noite a mulher de seus sonhos voltou a lhe visitar.

Uma mulher ruiva com um olhar sádico falava para Regina:

Você vai perder sua família Regina.

A loira sentia o ar faltando enquanto a mulher só estendia a mão em sua direção. A morena então falou:

Pare Zelena! Eu tenho o que você quer. Isso é entre nós duas, deixe Emma em paz!

A loira acordou em sua cama levando a mão ao pescoço como se quisesse ter certeza de que não estava sendo sufocada. Levantou-se e foi ao banheiro lavar o rosto. Se acalmou um pouco e foi até a sala e viu que Henry estava jogando videogame.

Virou a noite ou caiu da cama? (Ela perguntou com a mão na cintura.)

Ele deu um sorriso culpado e respondeu:

Eu durmo mais cedo hoje para compensar.

Emma sorriu com a resposta e lhe deu um beijo na testa.

Dormiu bem? (Ele perguntou desligando por fim o videogame.)

O sorriso dela sumiu ao ouvir a pergunta, mas ela desviou:

O que quer pro café? (Ela perguntou olhando para os ímãs de delivery na geladeira.)
─Vai pedir comida pro café da manhã? (Ele perguntou rindo.)
_Estou com preguiça de cozinhar além disso eu pensei em ligar para a padaria e pedir aquela cesta com croissants, frios e pães que eles tem.
─Tudo bem, já gostei da ideia, pede para não esquecerem da baguete de tomate seco.

Não demorou muito para a campainha tocar e eles se deliciarem com um farto café da manhã.

O que faremos à tarde? (A loira perguntou enquanto mordia o croissant de peito de peru com queijo.)
─Ontem eu marquei com o pessoal de jogar baseball.
─Ok, parque de novo então? Se tivesse me avisado poderíamos ter tomado café por lá.
─Marquei pra de tarde, além disso ainda bem que pedimos comida em casa, esse brioche está divino. (Ele disse devorando o pãozinho com geleia.)

Mais tarde eles resolveram passar mais um tempo no parque, tomaram sorvete, andaram em volta do lago, Henry jogou com alguns garotos, até que Emma se cansou e disse:

_Está ficando tarde Henry...

O garoto então se despediu dos colegas e eles foram andando para casa. No caminho Emma parou em uma loja ao ver um objeto interessante.

_Mãe! (Ele resmungou ao ver que ela iria entrar na loja, odiava parar pelo caminho, mas ao ver o objeto que sua mãe segurava entendeu o porquê dela ter parado.)
_Sabe o que é isso Henry?
_Um apanhador de sonhos. (Ele respondeu .)
_Exato (Ela disse com um sorriso.)
_Você acredita nessas coisas desde quando? (Ele perguntou ironizando.)
_Desde que eu descobri que duas pessoas podem sonhar com a mesma desconhecida. (Ela disse rindo.)
─Então você também sonha com ela? (Ele perguntou confuso.)
─Sim, mas nos livraremos da mulher dos sonhos seja lá quem ela for. (Ela disse indo em direção ao caixa.)
_Ela não me incomoda. (Ele disse dando ombros e a seguindo.) Na verdade eu gosto dela, sempre que sonho com ela são sonhos bons.

Emma o encarou estranhada e disse:

_Bem meus sonhos com ela são agitados na maioria das vezes. E bem, nem sabemos se vai funcionar ou não então... Vou levar um pra nossa casa só pra garantir.
─Sete dólares. (A mulher do caixa disse colocando o objeto na sacola.)

Emma pagou e pegou a sacola. Eles dois foram para casa e ela pendurou imediatamente o apanhador do lado de dentro da porta de entrada.

Por que não coloca no seu quarto? (O garoto perguntou receoso.)
─Por que não o colocar na porta da casa? Assim a casa inteira estará protegida, não teremos problema se por acaso pegarmos no sono no sofá.

Ele suspirou contrariado, mas não contra argumentou. O apanhador de sonhos foi colocado na entrada da casa e por três dias os sonhos não incomodaram mais Emma. Ela perguntou a Henry se ele havia sonhado com a mulher ele disse que não, mas parecia chateado com isso.

_Tudo bem Henry? (Ela perguntou e ele deu ombros em resposta e saiu pegando sua mochila.)
_Tenho que ir para escola prometi chegar mais cedo hoje para ajudar uma amiga na feira de ciências...

Emma suspirou notando a mentira do garoto, mas decidiu que falaria com ele mais tarde. Foi até o quarto dele e olhou pelo lugar, o computador dele estava ligado, mas o que a chamou a atenção foi o caderno que estava na mesa dele.
Era o caderno de desenhos e nele havia vários e vários desenhos, na maioria deles a tal mulher dos sonhos de novo. Emma se arrepiou ao ver tantos desenhos dela de ângulos tão distintos. Se arrepiou mais ainda ao ver cenas dos desenhos que lhe remetiam a sonhos, desenhos em que ambas apareciam juntas. Aquilo realmente a perturbou.
Como aquilo era possível? Quem era aquela mulher? Por mais que Emma achasse assustador o fato de tanto ela quanto seu filho verem-na em sonhos aquele olhar era estranhamente familiar. Ela pensou em jogar aquilo tudo fora, mas Henry ficaria chateado se ela o fizesse então ela simplesmente largou o caderno no mesmo lugar de antes e suspirou. Aquela mulher estava realmente a enlouquecendo.

Mais tarde naquele dia Emma pediu pizza para ela e Henry jantarem, estava com preguiça de cozinhar, enquanto comiam ela perguntou dos desenhos:

_Você gosta bastante de desenhar a moça dos sonhos, por quê?
_Andou mexendo nas minhas coisas? (Ele perguntou se chateando.)
_Desculpe era só seu caderno de desenhos, não achei que fosse se importar... Você desenha muito bem e esta cada vez melhor nisso.
_Obrigado. (Ele disse mordendo uma fatia de sua pizza.)
_Sonha com ela há muito tempo?
_Acho que sim. É como se a vida inteira ela estivesse estado nos meus sonhos. Não sei explicar.
_Acha que pode ser uma lembrança de outra vida? (Emma perguntou rindo.)
_Duvido, ela anda muito na moda para ser de vidas passadas. (Ele disse rindo.) Vai ver é um anjo da guarda.

Emma sorriu ao ouvi-lo dizer aquilo, aquilo a aliviou de alguma forma. Talvez fosse aquilo, aquela sensação de proteção de proximidade. Realmente sentia como se já a conhecesse e confiasse nela.

_Talvez você esteja certo. (Ela disse sorrindo por fora, mas com uma sensação de medo por dentro.)

Ao dormir aquela noite, viu novamente a mulher de seus sonhos, nem o apanhador de sonhos era o suficiente para lhe afastar daquela que lhe assombrava na cama.

..............

Emma suspirava mais do que falava. Não sabia como dizer aquilo sem ser encarada como louca. O homem grisalho abaixou os óculos e finalmente disse:

Já faz quinze minutos que a senhora suspira sem falar uma única palavra. Não quero lhe pressionar, mas estou realmente curioso sobre o que te perturba.
─É que parece loucura. E talvez seja. (Ela respondeu se ajeitando na cadeira.)
─Já vi muita gente louca nessa vida, você não me parece uma delas. (Ele disse brincalhão.)

Ela o encarou e após mais um suspiro começou a confessar:

Eu sonho com uma mulher. Ela é morena, parece ser bem sucedida, tem uma pequena cicatriz ao lado dos lábios, tem olhos castanhos, um jeito que me confunde e... (Ela riu perdendo as palavras.)
─Gostar de uma mulher não é um problema senhorita Swan. (O psquiatra falou.)
─Eu não gosto dela! (Ela respondeu de imediato balançando a cabeça.) Teoricamente ela nem existe, eu só a vejo nos meus sonhos.

Ele então a observou com mais interesse na história.

Eu tinha certeza que ela era irreal, que eu não devia dar importância à sonhos até que meu filho... Ele fez desenhos dela.
─Desenhos? (Ele perguntou um pouco cético.)
─Sim, desenhos da mulher dos meus sonhos. (Ela disse pegando na pasta alguns dos desenhos de Henry.) Ele disse que também sonha com ela. E isso me assusta, quero dizer é estranho não é?
─É uma situação peculiar. (Ele disse com cautela pegando o papel e analisando a figura.) Alguma chance de você não saber bem como era o rosto dessa mulher e ter projetado a imagem ao ver o desenho?
─Nenhuma. (Ela disse sem titubear.) O pior é eu no inicio da semana eu sonhei que eu e ela estávamos procurando o Henry e quando o achávamos nós três nos abraçávamos. Ontem olhei o caderno do Henry e vi esse outro desenho.

Ela mostrou a foto do caderno que ela havia tirado.

É a mesma imagem que eu vi no meu sonho. Eu sei que parece loucura, mas eu e o meu filho estamos sonhando com a mesma pessoa, pessoa essa que nó nunca tínhamos visto antes!
─Podem haver diversas explicações racionais para esse fato. (Ele respondeu cético.) Eu entendo sua preocupação senhorita Swan, tem alguns remédios para parar com os pesadelos...
─O senhor não entendeu. (Ela o interrompeu.) Eu não tenho pesadelos, eu quero entender simplesmente como uma pessoa que eu não tenho uma lembrança sequer pode aparecer nos sonhos meus e nos do meu filho!

Ele revirou os olhos e disse seco:

Eu sei que você acha que é a mesma mulher, mas isso não passa de uma projeção. Você não tinha um rosto para essa mulher, mas como estava preocupada com ela quando viu o desenho lhe atribuiu essas características.
─Isso não é projetado! (Ela disse aumentando o tom de voz.) Eu também achei que era no início então comecei a anotar. O sonho foi na terça, o desenho foi feito quinta!
─Você me pediu uma explicação eu estou te dando a minha. Seu filho pode ter lido suas anotações e feito o desenho com base nelas.
─Eu deixo o caderno no meu escritório do trabalho! Henry não tem como ter entrado lá!
─Ou então, alucinação coletiva. (Ele disse olhando para o relógio e pegando o bloco de receituários.) Seu tempo acabou senhorita Swan, se quiser ter mais noites tranquilas eu te recomendo passar na farmácia e comprar o que está na receita. Um comprimido por noite basta.

Ela o encarou exasperada e respondeu:

Eu não preciso de remédios! Eu NÃO estou louca! (Ela disse saindo do consultório batendo a porta.)

...................................

A mulher estava desmaiada em sua frente ela e Henry se agacharam ao lado dela preocupados. Neal também estava ali.

_Regina... Regina! (Emma ouviu ela mesma dizer enquanto chamava aquela mulher.)
_Emma... (Ela ouviu a mulher dizer em resposta ao segurar sua mão. )

Seus olhares se conectaram por mais alguns segundos e depois ela voltou a acordar em sua cama completamente suada. Aquilo a estava fazendo ela perder a cabeça!
Já era manhã quando acordou de mais um de seus sonhos. Ela se levantou deixando escapar uma lágrima. A cada vez que acordava sentia um vazio, como se o sonho fosse mais real que a sua própria vida. Aquilo definitivamente era loucura e precisava parar.
Ela se levantou determinada e preparou o café para ela e para seu filho. Nada mais a faria pensar novamente nos sonhos. Ela precisava apenas se esforçar para não deixar eles a atingirem, assim como Henry fazia e tudo ficaria bem.
Panquecas, ovos mexidos, chocolate quente e torradas. Sentou-se ao lado de seu menino para comerem juntos, mas antes que ela desse a primeira garfada a campainha tocou.

_Está esperando alguém? (Henry perguntou estranhando.)

Emma olhou para o relógio tentando se lembrar se havia marcado algo. O relógio da cozinha apontava para oito e quinze. Apesar do horário lhe soar familiar, ela tinha certeza que não havia marcado nada com ninguém.

_Espere aqui. (Ela disse par o filho e foi andando até a porta.)

Ao abrir seus olhos se arregalaram de espanto. Era ela.

_Emma... (A morena disse com o ar faltando.)

Elas se encararam por alguns segundos.Os olhos castanhos estavam marejados e conectados com os verdes. A loira não sabia o que fazer, mas num gesto quase infantil tentou fechar a porta, mas a outra segurou.

_Emma! Larga de ser teimosa e me escuta! (Ela disse com ar autoritário.)
_Quem diabos é você? (A loira vociferou de forma ameaçadora.)
_Eu sei que você não lembra de mim, mas...
_Eu lembro de você! (Emma começou a falar compulsivamente) Eu só não sei como ou porque você insiste em me atormentar em sonhos, mas na vida real não! Ai meu deus! Eu devo estar esquizofrênica!
_Você sonha comigo? (A mulher perguntou abrindo um sorriso.)

Ela então começou a fechar a porta empurrando a morena, que não desistiu facilmente e brigou para ela abrir a porta também.

_Mãe o que esta aconte... (Henry perdeu a fala quando viu quem estava na porta.)

Ele deixou a caneca com o chocolate cair no chão com o susto.

_Henry! (As duas disseram juntas. Emma ralhando porque o menino não esperou ela na mesa, como ela havia pedido. Já a outra falava num tom de saudade.)

O garoto estava boquiaberto e então Emma percebeu que ele também estava vendo aquilo que ela tinha certeza que era uma “Alucinação”.

_Por favor me diz que você não esta vendo...

Emma pediu lançando um olhar assustado à mulher em sua porta, mas tudo o que ele fez foi se aproximar da mulher e perguntar:

_Regina?

Ela abriu um longo sorriso ao vê-lo pronunciar seu nome.

_Henry! (Ela disse deixando cair uma lágrima.) Você se lembra?

Ele olhou para ela fazendo uma careta constrangida e então disse:

_Olha... Não vou mentir. Eu não lembro quem é você, mas lembro de você. Sonho com você quase todos os dias.

Emma o encarou aterrorizada, então ele disse:

_Acho que nós precisamos de respostas, e acho que ela esta aqui.
(Ele disse apontando para a morena.) Vamos entrar sentar e conversar, por favor?
─Sem chances! (Emma disse de forma quase agressiva encarando a mulher a sua frente.)
─Confie em mim Emma. Eu posso lhe explicar tudo.
─Eu não preciso de explicações, seja lá que tipo de feitiço é esse que você jogou na gente você não vai entrar nessa casa!

Ela fechou a porta sem mais delongas e Henry se trancou no quarto ao ver a reação de sua mãe.

Henry! Isso não é normal, essa mulher é uma completa estranha! Entenda, só fiz isso para te proteger. (Ela falou para a porta do quarto.)
─Esse é o seu problema, você tem medo do que não entende e por isso você não tenta descobrir a verdade! Ela é a chave mãe! Ela é a chave!
─Só se for a chave para a loucura! (Ela respondeu levando as mão a cabeça.)

Emma voltou até a porta da sala e olhou pelo olho mágico e não viu ninguém no corredor. Ela fechou todas as trancas da porta com cuidado e pensou naquilo durante o resto do dia. Aquilo era uma completa insanidade, nada poderia explicar racionalmente aqueles fatos.

...................................

Seus olhos estavam cobertos de lágrimas, mas ainda assim não desgrudavam daqueles olhos castanhos que lhe diziam tanto com tão poucas palavras. “Meu presente para você são boas lembranças para você e Henry, vocês sempre estiveram juntos.” A mão da morena segurava calorosamente a sua e aquilo lhe dava um conforto apesar de toda a dor que sentia. Estava a perdendo para sempre e isso era a coisa que mais doía naquele momento, mas no fundo seu coração tinha a esperança de encontra-la novamente.

A loira acordou chorando em sua cama após mais um sonho com a desconhecida.

Isso tem que parar. (Emma murmurou se levantando atordoada.)

Foi até o quarto de Henry ver como ele estava e se tranquilizou ao ver que ele estava em profundo sono. Foi até a porta de casa checar se estava tudo em ordem. Todas as trancas estavam intactas e não havia ninguém do lado de fora. Mais aliviada, pegou a correspondência que havia sido largada no capacho da entrada e voltou para cozinha largando os envelopes sobre a mesa. Preparou o café e não quis acordar Henry, ele precisava de um pouco de espaço depois da discussão do dia anterior. Emma sentou-se para comer, ligou a tv e começou a abrir suas cartas enquanto se fartava com panquecas e chocolate quente.

As contas de luz vieram mais alta que o normal, provavelmente fruto da atividade compulsiva de Henry com seus videogames e o abuso do ar-condicionado já que estavam no verão. Recebeu um folder de uma agência de turismo com pacotes em promoção e por fim um envelope pardo que só vinha com seu nome escrito. Não havia remetente nem endereço, como se tivesse sido posto ali por alguém. As mãos dela tremeram ao abrir o que ela imaginava ser uma carta, mas ao abrir viu que não era bem isso. Havia um post it com os dizeres:

Eu sei que parece confuso, mas é real. Você tem que confiar em mim. Eu posso lhe explicar tudo.”

Junto com o bilhete havia fotos e mais fotos de Emma e Henry numa cidade estranha, parecida com a cidade que via em seus sonhos, Ela e Henry caminhando pela cidade na maioria delas, outras com pessoas completamente desconhecidas por Emma se não fosse pelos sonhos. Haviam outras que lhe perturbaram ainda mais, fotos da estranha com Henry quando ele era bem mais novo, fotos das duas abraçadas em uma lanchonete, foto das duas beijando o Henry na bochecha.

Que diabos está acontecendo?

Ela perguntou para si mesma, mas recebeu em resposta:

Só descobriremos se tentarmos falar com ela!

Henry disse por detrás de sua mãe que pulou em um susto.

Me assustou garoto! (Ela respondeu ofegante escondendo o que tinha nas mãos.)
─Não precisa esconder, eu já vi. (Henry disse com um ar chateado se sentando ao lado dela.)
─Por favor, isso é insano! Como podemos ter fotos com ela? Isso deve ser photoshop ou sei lá.
─Mãe, eu sonhei com várias cenas dessas, mesmo que ela tivesse criado as fotos em photoshop teria que ter acesso aos meus sonhos para fazer igual. Você não acha que isso tudo tem que ter uma explicação maior?

Ela o observou de rabo de olho, mas acabou suspirando em rendição.

Ok, você está certo, nem tudo se explica com Photoshop, mas é muita loucura ter que lidar com isso! Eu não posso simplesmente conceber a ideia de que um mulher que estava nos meus sonhos apareceu do nada na minha porta com fotos e dizendo coisas como se a gente se conhecesse de verdade!
─E se na verdade nós realmente a conhecêssemos? Mas de alguma forma não lembrássemos? (Ele perguntou escolhendo com cuidado as palavras.)
─Tipo lavagem cerebral? (Ela ridicularizou a ideia.)
─Não estou brincando. (Ele disse sério.) Desde sempre parece que falta algo na minha vida. É estranho eu sei, mas essa mulher ela parece ser parte do quebra cabeças. Você nunca sentiu um vazio? Quero dizer nossa vida é incrível, mas mesmo assim é como se faltasse algo.

Emma analisou o que ele dizia calada. Ela também sentia falta de algo que ela não sabia explicar bem o que era, ainda assim aquela coisa toda a perturbava.

O que você sugere? (Ela perguntou ao garoto sem ter como contra argumentar.)
─Da próxima vez que ela tentar entrar em contato vamos conversar. Ela vai ter que explicar como conseguiu essas fotos, não precisamos falar os detalhes dos sonhos, nem nada sobre a nossa vida. Vamos só ouvir o que ela tem a dizer e então decidimos o que fazer.
─Descobrir o que ela quer sem nos expor. (Emma disse acompanhando o raciocínio do garoto.)
─Isso. E se estiver com medo de recebê-la aqui, podemos descer até a lanchonete aqui de baixo onde tem movimento e estaremos seguros.
─Ok, está certo. (Ela disse por fim.) Da próxima vez que a assombração aparecer, a gente convida ela para um lanche.

Henry riu e sua mãe também.

Essa vai ser a Operação Jabuti!
─Por que jabuti? (Emma indagou.)
─Porque eles são animais cuidadosos e se escondem no casco quando estão com medo. Se fosse só eu seria operação leão ou algo o tipo, mas como você é medrosa... (Ele zombou.)

Ela fez cócegas no filho para revidar a provocação e quando eles relaxaram e continuaram o café. O resto do dia seguiu tranquilo, sem aparições da desconhecida. Até que quando o relógio marcou oito e quinze da noite, a campainha da casa soou novamente. Os dois se entreolharam já imaginando quem poderia ser. Ambos foram até a porta de entrada. Emma chegou a levar a mão à maçaneta, mas vacilou. Quem abriu a porta por fim foi o garoto.

Podemos conversar agora? (A mulher perguntou levantando as duas mãos em tom pacifico.)

Os outros dois se entreolharam e por fim a loira fez que si com a cabeça.

Podemos falar na lanchonete. Não preparei o jantar ainda e ele está com fome. (Emma disse indicando o garoto com a cabeça.)
─Tudo bem. (Regina disse contente.)

A loira arqueou a sobrancelha vendo a expressão da outra, mas seguiu o plano. Os três desceram em silêncio até a lanchonete e então se sentaram. Trocaram olhares, mas parecia que ninguém sabia bem como começar o assunto.

Então... (Emma começou, mas a garçonete interrompeu.)
─Já sabem o que vão querer? (A atendente perguntou segurando o bloquinho.)

Antes que qualquer um dos outros dois falasse Regina se antecipou:

Ele provavelmente vai querer pizza de quatro queijos com coca-cola, a senhorita Swan vai provavelmente pedir um sanduiche de pastrami com fritas e um ice tea de pêssego, eu me contentaria com um sanduiche de ricota com espinafre e um suco de limão para acompanhar.

O queijo da loira caiu ao ver ela acertar em cheio os pedidos. A garçonete anotou os pedidos e saiu olhando os três de forma curiosa.

Acertei eu acho. (A morena disse com pompa.)
─Em cheio. (Henry confirmou com os olhos brilhando de admiração.)
─Ok, você é algum tipo de Stalker ou o quê? (A loira perguntou ainda bestificada.)
─Eu sei que é difícil para você acreditar Emma, mas nós nos conhecemos melhor do que você imagina, apesar de eu achar que mesmo que você se lembrasse de tudo, ainda assim nunca acertaria um pedido meu. (Regina disse em tom cômico.)

Henry sorriu e perguntou:

Da onde você nos conhece?
─Storybrooke, Maine.

Emma riu cética.

Sério? Nunca nem ouvi falar desse lugar.
─Eu já. (Henry disse lembrando de uma placa em um dos seus sonhos.)

A loira o encarou de rabo de olho, mas Regina apaziguou a situação entre os dois dizendo:

Olhe as fotos que eu deixei para você e vai ver que o lugar de fato existe.

Ela olhou desconfiada, mas pegou as fotos que tinha colocado em sua bolsa. Ela foi olhando uma a uma até que reparou que havia uma na frente do que parecia ser uma lanchonete e havia um pôster imenso escrito: “Storybrooke”, na foto estavam Henry mais novo e Regina. Havia também uma com Henry mais velho um pouco com Emma no mesmo local. E uma terceira e mais perturbadora: Os três juntos abraçados em frente ao mesmo local. Ela engoliu em seco ao ver aquilo.

Tenho zero memórias desse acontecimento. (Emma disse convicta de aquilo estava errado.)
─Não se lembrar não quer dizer que nunca aconteceu. (Regina disse sem titubear.)
─Ter uma foto também não é prova indiscutível de que aconteceu. (A loira disse mais desconfiada.)

Os pedidos chegaram e eles começaram a comer novamente em silêncio. A morena deu uma trégua para que pudessem saborear a comida em paz. Mas Emma fez questão de puxar o assunto de volta

─O que você quer afinal?
─Quero que você acredite em mim. (A morena disse encarando os verdes olhos da outra.)
─E acha que eu vou acreditar em fotos de um lugar mítico que só você ouviu falar.

Regina abriu a bolsa um pouco impaciente e tirou sua carteira de lá. Mostrou a carteira da prefeitura e disse:

Se você for comigo até lá verá que não é uma cidade imaginária.

Emma olhou atentamente o nome na carteira e ficou um pouco perturbada ao ver o sobrenome Mills. Era como se aquilo tivesse alguma importância que ela preferia ignorar.

Ok, isso é algum tipo de jogo de realidade? Tipo aqueles de zumbis que você faz carteirinha da Umbrella Corporation e sai por ai fazendo missões contra zumbis e tal? Por que se for devo te avisar que eu nunca me inscrevi em nada do tipo.
─Olha para a minha cara e veja se eu seria o tipo de pessoa que perderia o tempo brincando com coisas do tipo. (Ela respondeu revirando os olhos.)
─Regina, apesar de você não fazer muito o perfil, acreditar que você joga algo do tipo é mais fácil do que acreditar que eu vivi momentos que eu não tenho memória nenhuma de ter vivido!

Henry resolveu interromper o embate das duas e disse para sua mãe:

Não é como se não tivéssemos memória nenhuma, temos os sonhos.
─Sonhos são sonhos! Não memorias Henry! (Ela respondeu começando a se sentir cansada de tudo aquilo.)
─Sonhos são memórias de coisas que esquecemos e que estão adormecidas em nosso subconsciente Swan. (Regina disse de forma simples.)

A loira balançou a cabeça negativamente e pediu a conta. Enquanto esperavam Regina tentou mais uma cartada:

Emma, você se lembra de como, ou quando você perdeu seu colar de cisne? (A morena perguntou sendo mais firme.)

Emma então levou a mão ao pescoço instintivamente e só então se deu conta que estava sem ele há muito tempo.

Como sabia disso? (A loira perguntou assustada.)

A morena pegou sua mão e então colocou nela o pequeno colar.

Neal me pediu para te entregar e pediu desculpas por vocês nunca terem encontrado Talahassee.

Emma sentiu os olhos lacrimejarem. Como aquela mulher poderia saber de Neal? Como ela podia ter o cordão? Henry encarou as duas sem saber do que estavam falando. Emma então teve medo de que a mulher falasse sobre o Neal com o garoto. Como se pudesse ler seus pensamentos a morena a tranquilizou:

Eu sei que ele não sabe.
─Neal te mandou atrás de mim? (Emma perguntou com a voz ficando irritada.)
─Não. Neal morreu. Eu vim por conta própria. (Ela disse encarando os olhos verdes que começaram a lacrimejar.)
─Quem é Neal? (Henry perguntou confuso.)
─Ninguém. (Ela respondeu com mágoa.)
─Um amigo de sua mãe. (Regina disse sem deixar margens para questionamentos vindos do garoto.)

Ela a encarou investigando o que poderia estar por trás de toda aquela história. Vendo a expressão de dúvida da outra Regina prosseguiu:

Sei que tudo isso parece insano, mas eu estou te falando a verdade. Vocês têm de vir comigo para Storybrooke.
─Você não pode estar falando a verdade. Nada disso é real. Essa cidade nem existe. (Ela disse deixando uma lágrima escapar.)
─Emma, pare de negar por negar! Use seu superpoder e veja se eu estou mentindo! (A morena disse suplicando pela confiança da outra.)
─Só porque você acredita que algo é verdade não o faz ser. (Ela respondeu secando a lágrima que lhe escapou.)
─Só porque você não acredita em algo, não o torna irreal. (A morena revidou.)

A loira a encarou tentando arrumar alguma explicação lógica para tudo aquilo, mas não havia. Saíram do estabelecimento e Emma foi para a entrada do prédio onde morava. A morena pediu para conversarem mais um pouco sem o garoto por perto. Emma estava tão atordoada que acabou por aceitar e pediu para que a morena a esperasse em um bar também ali perto.
Quase desistiu de ir, mas no fim das contas decidiu acabar de vez com aquela história. Foi até a sua amiga vizinha de lado e pediu para que ela cuidasse do Henry enquanto resolvia um pequeno problema. Desceu as escadas correndo e foi até o local combinado. A morena estava sentada cabisbaixa em uma mesa de canto e não notou sua chegada. Emma estava pronta para ameaçar a mulher, a oferecer dinheiro para que ela fosse embora e nunca mais voltasse, mas vê-la tão vulnerável fez suas armas despencarem.
A loira observava absorta a outra com uma expressão sofrida e emocionada segurando um colar com um anel. O colar era idêntico ao seu e só não tinha reparado nele antes porque a mulher estava com uma gola alta que provavelmente o tinha escondido até então. Foi quando instintivamente pegou o seu próprio colar e olhou mais atentamente para o seu anel e viu que nele havia uma inscrição gravada:

Regina Mills”

Sua garganta secou ao ver aquilo e sua mão ficou trêmula. Porque diabos tinha o nome dela gravado em seu anel? Retirou o colar imediatamente do pescoço e voltou a andar com fúria em direção àquela mulher.

O que significa isso? (Ela falou jogando o anel na mesa e se sentando de frente para a outra.) Você trocou meu anel, tem entrado nos meus sonhos, eu não faço ideia de como você fez tudo isso, mas eu vou te fazer parar!

A morena tinha lágrimas nos olhos, mas retirou seu colar com calma e entregou para Emma.

Quem trocou o anéis foi você Emma. Você disse que nunca acreditaria se não tivesse uma prova que você nunca tirasse do corpo. Você os trocou porque queria se lembrar de nós.

A loira pegou seu anel em cima da mesa e ao olhar o que tinha gravado dentro dele quase caiu para trás.

Emma Swan Mills”

Não foi somente o choque de ver seu nome com o sobrenome daquela mulher gravado em sua aliança, mas sim o choque de ter uma descarga repentina de memórias ao olhar para aquele objeto.
Storybrooke, Regina, o beijo em Henry quebrando a maldição, seus pais, o chapéu mágico de Jefferson, Neal caindo em um portal, elas desativando o diamante, a maldição de Pan, o reencontro das duas na Grannys, a morte de Neal, a viagem no tempo, elas destruindo a Snow Queen juntas, o beijo de amor verdadeiro quebrando todas as barreiras mágicas da cidade, Malleficent saindo de sua caverna e prometendo as destruir Regina, elas vivendo juntas com Henry na mansão, elas derrotando Malleficent, elas se casando, Cruella querendo fazer das pessoas com magia seu objeto raro, Regina criando novamente a maldição para proteger o mundo mágico e tendo que abrir mão de Emma e Henry outra vez, elas se despedindo na barreira trocando seus anéis.

Regina! (Emma disse emocionada.) Você voltou para mim!

Ela abraçou a morena que quase chorou de alegria. Elas se olharam apaixonadamente e se beijaram, do beijo saiu uma energia que irradiou por todo o lugar, mas que só elas pareceram perceber.

Eu sempre volto para você.
─E eu pra você. (Emma disse a beijando novamente.)
─Deixa eu abraçar nosso filho agora? (A morena pediu fingindo cara de brava.)
─Desculpa demorar tanto para acreditar Regina! Desculpa.
─Só se pagarmos essa conta, pegarmos nos filho e voltarmos para Storybrooke.
─Ok, só me diz, por favor, que dessa vez não tem nenhum vilão chato para perturbar nossa vida. (Ela respondeu levantando.)
─ Dessa vez não tem nenhum vilão chato para perturbar nossa vida. (Regina repetiu e a loira a seguiu caminhando incrédula.)
─Enfim felizes para sempre? Sério?
─Amor, eu só repeti o que você me pediu para dizer, nesse conto de fadas louco que é nossa vida sempre tem mais um para atrapalhar. (A morena constatou.)
─Droga, não me ilude desse jeito! Quem é a figuraça da vez?
─Depois te conto, vamos encontrar nosso filho eu ele com certeza vai querer ouvir essa história.
─Sim ele vai. (Emma disse sorrindo para sua amada.)

Elas fizeram o caminho até o apartamento de mãos dadas, quando chegaram o garoto já se lembrava de tudo, provavelmente efeito do beijo de True Love. Elas fizeram as malas então e voltaram para Storybrooke. E depois de retornarem ao seu lar elas continuaram lutando contra vilões e enfrentando desafios, mas com a felicidade de saber que no fim sempre estariam juntas.


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Notas finais do capítulo

e ai o que acharam?