Otona Ni Naru Ga Kowai! escrita por Assa-chan


Capítulo 5
Um jantar incômodo




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Olhou-se no espelho. A gravata negra machucava, a jaqueta por cima o estava sufocando. Só tinha uma coisa que Soul Eater odiava mais do que ficar na sombra de seu irmão: os jantares 'familiares' que seu pai organizava com a intenção de intimidar Maka.

Uma vez ela chegou a chorar ao sair da mansão Evans. Todavia ela continua aceitando os convites, independentemente do quanto aqueles dois possam atormentá-la. Soul ia só por que admirava a coragem da garota - ele tinha certeza de que outra pessoa não teria aguentado a perseguissão de seus parentes nem sequer por duas semanas.

Maka. Não importava qual fosse a situação ou argumento, tudo acabava rodando em volta dela. Ele começou a gostar tanto da loira que quase não se reconhecia mais.

Quem tinha feito aquela ferida em seu pescoço?, a pergunta ainda martelava sua mente quando entrou dentro do carro para ir buscá-la. Acelerou, trocando a marcha. Ainda estava em horário, mas só um pouco de adrenalina poderia descarregar a tensão e a raiva. Ele iria indagar sobre isso no dia sucessivo, com calma. E, claro, sem a loira saber.

Não demorou muito até chegar ao subúrbio de Tóquio. Ele simplesmente não entendia o motivo de ela viver naquele ovo se podia ir morar com ele a qualquer momento. Soul não se importaria de alugar - ou comprar - uma casa para os dois. Mas o orgulho dela a impedia de aceitar ajuda dos outros.

Parou o carro em frente ao condomínio decadente e tirou o celular do bolso, discando o número da namorada que estava memorizado em sua mente. Tocou apenas duas vezes antes que ela respondesse.

- Maka, eu cheguei, desce. - ordenou com a voz indiferente, finalizando a chamada pouco depois. Ela tinha que entender que ele ainda estava furioso.

Aumentou o volume do som mais um pouco. O heavy metal que tanto gostava ajudaria a tranquilizar sua mente quando visse o tal chupão novamente. Prensou os olhos, jogando a cabeça para trás. Aquela seria uma longa noite.

- Boa noite. - ela falou ao entrar. Soul não respondeu pois o som estava extremamente alto, mas ligou o carro assim que a viu ao seu lado.

Maka permaneceu calada. Ele nem sequer tinha olhado o quanto a loira arrumou-se para aquela ocasião, entretanto lhe dava razão; ela também não perdoaria de uma hora pra outra se ele aparecesse com uma mordida no pescoço.

- Não ache que eu te perdoei. - o herdeiro dos Evans finalmente se pronunciou na metade do caminho, abaixando o volume da música assurdante - E essa história definitivamente não vai acabar aqui, por mais que eu continue dizendo que tento acreditar que aquilo que me contou seja realmente o acontecido. - prosseguiu, acelerando o carro mais um pouco - Entretanto... Por esta noite, vamos fingir que eu não sei de nada.

- Certo. - sussurrou, olhando para as mãos nervosas sobre as próprias pernas.

- Não fiquei com medo, Maka. - Soul disse depois de bufar, parecendo exausto - Eu nunca encostaria sequer uma mão em você pra te machucar.

- Eu... - a Albarn olhou para fora do painel do carro, já vendo os contornos da habitação dos Evans se desenharem contra o céu escuro daquela noite - ...Simplesmente não quero te perder por algo tão banal.

Ele ficou em silêncio durante os cinco minutos que seguiram aquele pequeno dialogo. Ela sempre sabia como fazê-lo amolecer por dentro, apesar de seu exterior tentar ao máximo esconder tal fato. E o modo em que o manipulava inconscientemente... Irritava.

Ao chegarem os portões que ficavam poucos metros antes da entrada abriram-se imediatamente, e dois empregados os estavam esperando quando Soul Eater estacionou seu automóvel de frente para a luxuosa e exuberante mansão.

Esta possuía uma cor azul celeste, com o telhado acizentado; havia uma escada gigantesca antes da entrada da mesma cor do telhado, e o jardim era bem simples, mas com uma fonte em seu meio conectada ao edificio através de uma curta estrada feita totalmente em mármore. A grama era amarelada e as folhas das árvores estavam caídas pelo chão, deixando aqueles vegetais sombrios por não terem nada sobre os mesmos. Eram sinais claros de que o outono estava por terminar, por mais que o clima ainda não estivesse frio.

- Aqui, a chave. - comentou Soul assim que um dos dois rapazes abriu sua porta, dando-lhe tal objeto - Tome cuidado e deixe o carro na garagem de sempre. - concluiu, saindo do veículo.

- Certo, bocchan. - ele respondeu, obedecendo-o em seguida.

- Senhorita Albarn, venha. - o outro lhe estendeu a mão assim que abriu sua porteira.

- Oh, sim... - comentou desajeitada, aceitando a ajuda pra sair do carro.

- Não adianta, gente pobre é sempre pobre... - Soul começou a caminhar pra dentro de sua "casa", tentando provocar a garota - Volte pra roça, Maka. Você não serve pra ter um mordomo te esperando.

- Cala a boca... Não fui eu quem pediu pra namorar contigo! - exclamou furiosa, alcançando-o em alguns segundos.

- Oh...? - ele parou de andar, encarando-a com um sorriso arrogante desenhando sobre o rosto - Certo. Vou ver se acho outra namorada até segunda-feira.

- D-desculpe... - Maka falou entredentes, entendendo que por um periodo de tempo não iria poder revidar as investidas do namorado.

- Boa garota. - ele voltou a avançar com passos calmos e as mãos dentro dos bolsos da calça, quando notou que estava sozinho - Hm? - resmungou, virando-se pro jardim e vendo-a se controlar pra não espancá-lo - Vai querer um biscoito? Que cachorrinha treinada...

- Isso não é engraçado. - ela o ultrapassou, pisoteando o chão com força.

Soul sorriu, seguindo-a com a mesma velocidade anterior. Ela estava linda com o vestido bege de detalhes negros que por pouco não chegava até seus joelhos e os cabelos soltos pra tentar esconder os vestígios junto ao lenço envolvendo o pescoço.

Por mais que estivesse com raiva, era divertido tratá-la daquela forma. Passou uma mão entre os cabelos, pensando no que poderia deixar aquela noite ainda pior pra loira... No entanto, ele nem precisaria pensar realmente. Tinha uma familia com muito talento pra este tipo de coisa.

- Boa noite. - Maka cumprimentou os dois integrantes da familia Evans, curvando-se.

Eles tinham acabado de chegar ao salão onde uma gigantesca mesa - muito provavelmente longa metros e metros -, encontrava-se ao meio. O pai de Soul, um homem do semblante sério e olhos cansados, estava sentado na extrema ponta de tal móvel, enquanto o filho Wes sentava-se em uma cadeira bem ao seu lado. Outros dois assentos estavam bem preparados de frente para o mais velho dos irmãos, fazendo a extensão da mesa tornar-se inútil.

- Estão atrasados. - o mais velho dos quatro comentou sem muita convicção, pegando a taça de vinho em mãos e fazendo o liquido deslizar de um lado para o outro lentamente.

- Perdão, senhor. - a loira desculpou-se - Foi culpa minha.

- E de quem mais seria, se não? - Wes não demorou a entrar na conversa. Naquele instante, Maka percebeu que teria todos os homens da familia Evans contra ela aquela noite - inclusive Soul. E não sabia se iria conseguir sair viva de algo do gênero.

- Soul-bocchan - uma senhora aproximou-se - O senhor e a senhorita Albarn podem sentar-se. O jantar vai ser servido em breve.

- Oh, obrigado. - disse, pegando na mão da namorada e arrastando-a até onde os outros dois estavam. Logo ambos se acomodaram, dando àquele lugar um clima mais pesado ainda do que possuia.

- Eai, Maka - Wes voltou-se para a loira à sua frente, entrelaçando os dedos sobre a mesa - Posando muito pra revistas pornô?

- Pornô? - o pai deste indagou, estarrecido - Como permite que sua namorada seja exposta por ai, Soul?!

- Eu não faço esse tipo de coisa... - ela desviou o olhar, amedrontada. Ele parecia querê-la fazer se sentir mal muito mais do que o de costume. E estava conseguindo.

- Eu sou o único que vejo todas as partes do corpo dela, Wes. - Soul a defendeu, mesmo se de uma forma suspeita - Não pense que ela é como as prostitutas que passam pela sua cama todos os dias.

- Certo, eu nunca a elevaria a um nivel tão alto. - o homem revidou prontamente, deixando seu irmão sem resposta.

- O primeiro prato será servido, com a permissão de Evans-sama. - a mulher de antes os interrompeu, acompanhada de quatro garçons, cada um com uma bandeja na mão. O dono do império simplesmente assentiu, e tais empregados cumpriram seu dever rapidamente.

- Maka, ano que vem vai ser sua formatura, certo? - Wes voltou a falar - Decidiu sobre o que vai ser sua tese?

A loira desviou o olhar por um segundo para Soul, confusa. Que interesse repentino era aquele? O irmão mais novo recebeu a pergunta dela, porém também não soube responder.

- Ah... Isso... - ela hesitou, engolindo o salmão - Eu vou fazer sobre as relações entre o povo japonês e a realeza da Nepólia*. E, principalmente, sobre a princesa Sumi, mãe do atual rei.

- Isso sim é interessante. - o homem deu um largo sorriso, olhando para a garota à sua frente - Quer fazer uma aposta, Maka-chan?

- A-Aposta? - ela quase se engasgou com o vinho, repetindo aquela palavra enquanto sentia o olhar de Soul sobre si reprovando sua resposta antes mesmo de ouvir que tipo de desafio era.

- Sim, uma aposta. - Wes apoiou o garfo sobre a mesa, ainda encarando Maka - Se você conseguir fazer essa tese, apresentar e ainda por cima conseguir pelo menos 85 pontos com ela... Eu e meu pai nunca mais iremos te intimidar.

- Wes, o que acha que está fazendo? - o homem sentado à ponta da mesa bateu um de seus punhos sobre a mesma, fazendo boa parte dos talheres estremecer.

- Fique calmo, pai. Depois eu te explico tudo.

- Acho que diz isso por que os documentos são pouco e por que sobre a princesa Sumi se sabe somente de sua vida antes de casar com principe... Mas eu aceito, e não vou perder. - a loira franziu a testa, deixando certo brilho invadir seus olhos.

- Então... Se você perder... - ele direcionou o rosto ao irmão mais novo, enquanto brincava com a colher sobre a mesa - Vai ter que largar o Soul-chan. Algo de reciproco, certo? E... Nem tente argumentar. Já aceitou a aposta.

- Eu sabia que iria terminar nisso. - Soul passou nervosamente uma mão entre os cabelos, furioso - Não me importa quem vai ganhar essa merda. Eu não vou largar a Maka por causa disso. - concluiu, levantando-se.

- Soul...? - a modelo tentou perguntar, mas logo a mão do namorado puxou seu braço, fazendo-a se erguer.

- Esse jantar familiar termina aqui. - o mais jovem dos Evans impôs com seriedade, já arrastando a Albarn pra fora daquele recinto.

Wes e seu pai os observaram calados, até que atravessaram a porta por onde tinham entrado.

- Wes... Está ficando louco? - o homem indagou, irritado. Ele sabia muito bem que a média da garota superava facilmente os 90 pontos.

- Pai... Acha que eu sou algum tipo de idiota? - arqueou as sobrancelhas - Você soube sobre Derick, certo?

- Sim, aquele... - se interrompeu, percebendo as intenções do filho - Isso é perfeito. - comentou, parecendo animado - Ela nunca vai conseguir nada dele, e mesmo assim precisaria da ajuda daquele Death. Muito bem pensado, Wes.

- Eu sei. - concordou, tomando um gole de vinho - Que o jogo comece. - sussurrou a si mesmo, levantando a taça em sua mão.


* Eu que inventei. -n
Pra não ter nenhuma complicação em umas partes mais pra frente.

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Notas finais do capítulo

MUAHAHAHA. *Risada maléfica*
Agora vai ser tenso. XD LOL
Devo estar viciada em colocar apostas em fics. e_e (vide "Ore no Goshujin-sama")
Eu começo a gostar do Wes -n
Anyway; Obrigado a quem acompanha, e... Reviews?



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