– Olha, eu... realmente sinto muito por lhe causar transtorno...

– Não há porque se preocupar.

Ele diz com voz firme, dando o assunto por encerrado. Minha cabeça rodava com preocupação e com a memória do que houve mais cedo no elevador. Ele remete a sedução, autoridade, embriaguez de sentidos, desejos esquecidos e, acima de tudo, problemas.

O trajeto foi silencioso – como eu suspeitava – e já estávamos chegando à casa de minha mãe. Sinto o olhar intenso do homem de negócios à minha esquerda. Cara, como eu queria desviar daquele olhar! Que ele me agarrasse ali mesmo, mas não me fizesse queimar por dentro com expectativas.

Saio do carro, dando um pequeno sorriso ao senhor Grey, nem aperto a campainha e vou correndo procurar meu bebê.

– Mãe!

– Oh, Skye, graças a Deus.

– Pode me dar a Lily, vou levá-la ao hospital.

Ela me dá a criança, mas sua atenção se volta ao estranho que adentra a residência.

– Quem é o senhor?

– Mamãe, agora não...

– Sou Christian Grey, senhora.

A voz autoritária outra vez, fazendo a mais velha se calar. Porém, se eu a bem conheço, ela vai me encher de perguntas quando a bebê melhorar, ou até antes.

– Filha, eu espero notícias...

Já estava saindo, viro-me e a encaro.

– Fique tranquila.

Guio a moça e sua filha de volta ao carro, e as encaminho para o hospital. Por mais que eu evite me envolver, não posso ver Skye com aquela tristeza e preocupação nos olhos, quero fazê-la feliz... Aliás, notei algo mais nos olhos dela além disso... será que ela sente o mesmo que eu sinto por ela? Uma pontada de esperança toma meu coração, porém me esforço para olhá-la com frieza, porque essa é a minha defesa, meu escudo; não quero magoá-la, não quero ser mais um problema pra ela.