"Se o encontro é bom, o reencontro é mágico"

— Daniel Daarte

— Você... foi drogada? – pergunto encarando a menina que estava me deixando sem palavras. Teresa Chase era realmente algo diferente, eu não consigo explicar o porque dela conseguir me estressar tanto. Em geral, consigo ser frio e racional, mas desde que ela apareceu... e aquelas fotos...

— Sim, eu fui. E você sabe o que é não saber o que você fez na noite passada? Eu não sei de nada que aconteceu, Armin. Eu não sei se me tocaram, não sei... – ela começou a soluçar e fiquei completamente sem reação. Eu odeio choro de mulheres e eu estou tentando me manter com raiva dela. Eu não sei porque, mas sei que estou chateado. Porém, tudo isso some quando ela ergue seus olhos para me encarar. - não sei nem se eu dei meu primeiro beijo.

— Tessa, eu... sinto muito. Olha, não importa o que aconteceu naquela noite, nada vai contar. Nada, me entendeu? Se você transou com aquele cara, se você deu seu primeiro beijo...- digo sem nem ideia do que estou falando. Céus, ela foi drogada. Está sem memórias.

— Pra mim conta, Armin. Principalmente o fato de eu não saber. – ela disse. Eu não sabia o que fazer, mas tenho certeza de que o que eu fiz a seguir deixou ela completamente surpresa, assim como a mim.

Segurei seu rosto em minhas mãos e a beijei. Ela ficou paralisada diante do contato dos meus lábios, mas eu sabia que agora não tinha mais volta. Pressionei meus lábios com ainda mais firmeza contra os seus, pensando na última vez que eu havia beijado alguém que não fosse por mim, e sim pela pessoa. Acho que não faço isso desde que meu coração se partiu com o sumiço de Lorena Clark.

Estava óbvio que Tessa não sabia como reagir. Acho que nem eu, pois ela segurou meu pulso, de forma que notei a força com a qual segurava seu rosto. Eu não sei dizer se ela está gostando, mas sei que seus olhos estão fechados. E apesar da vontade inexplicável que estou de aprofundar isso, eu me afasto e afago seu rosto. Eu não sinto muito por isso, mas sei que preciso me desculpar.

.— Me desculpe por isso. – peço. A tempestade em seus olhos agora está calma, da mesma forma como eu estou me sentindo agora.

Então não consigo evitar me perguntar se esse beijo foi por mim ou por ela.

—____***_____

No momento em que abro meus olhos, sinto um vazio enorme dentro de mim. Teresa Chase, primeiramente a transferida, depois a domadora da F4. Paixão do Lysandre e do Castiel, a menina que eu roubei o primeiro beijo. A menina que eu mais confio no mundo inteiro, sem nem mesmo conseguir explicar o por que.

Permito que a água quente escorra contra meu corpo, enquanto a sensação de seus lábios volta a me dominar. Eu sei que não devia permitir que essas memórias viessem a tona, afinal ela é namorada do meu melhor amigo. Um amigo que nem mesmo teve coragem de vir atrás dela.

— Armin? – ouço a voz de Alexy.

— Já estou quase pronto. – digo saindo do chuveiro.

— Certo, estamos lá embaixo te esperando. Os meninos já devem estar pousando.

Hoje a F4 se reuniria de novo. Não posso negar que esse pensamento me conforta, especialmente com o recente aparecimento de Lorena Clark, meu primeiro amor. Desde que a vi no shopping, não tive coragem de tentar contata-la novamente. De todos os lugares que ela poderia estar...

— Armin, eu juro que se você estiver jogando vídeo game, eu vou te bater. – escuto a voz da Tessa vindo da porta. Céus, como ela consegue ser tão irritante? O Alexy já me chamou!

— Ó Tessa, talvez queira se juntar a mim. – digo abrindo a porta do quarto de uma vez. Seu olhar percorreu todo meu corpo, se detendo na toalha que estava enrolada em minha cintura. – é um jogo de cai ou não cai. Se quiser participar podemos ficar no tomara que caia.

— VOCÊ FICOU LOUCO? – ela da um berro tão grande que não posso evitar cair na risada. A inocência dela é tão esperada, assim como sua reação. Ela estava completamente vermelha, andando para trás e trombando em tudo.

— O que foi? – perguntei me aproximando. Acho que esse foi um erro, pois ela ficou tão nervosa que quase tropeçou em um dos tênis que Alexy havia deixado jogado ali. Me inclinei para segura-la, mas acho que meu movimento foi brusco demais, pois o nó que eu havia feito na toalha se desmanchou, e a única coisa que consegui ouvir foi o grito agudo da Tessa.

— Você... -ela começou a arregalar os olhos e eu mesmo corei. Céus, quando foi a última vez que fiquei com vergonha de estar nu na frente de uma mulher? Peguei a toalha correndo e entrei para dentro do quarto, finalmente caindo na gargalhada enquanto escutava os passos furioso da Tessa descendo as escadas junto com seus gritos frustrados.

—____***_____

Visão de Lysandre Parker

No momento em que o avião pousa, começo a ficar nervoso. E se ela se lembrasse de algo? E se ela não se lembrasse de nada mesmo? Ela realmente me esqueceu por completo? E se ela ficar com raiva por eu estar vindo apenas agora? O que o Armin e o Kentin haviam dito? Será que ela sabe quem sou eu?

— Lysandre. – Rosalya diz fechando seu sobretudo. Percebo que a tripulação inteira estava me observando e imagino que agora eu vá ter que descer. Castiel parece animado, agradecendo a todos, o que é raro mesmo em seus melhores dias.

— Vamos. – digo me levantando. Castiel sorri para mim e tento retribuir, mas pela sua cara de decepção sei que não fiz um trabalho muito bom.

— Rosaaaaaaaaaa. – escuto a voz de Alexy antes mesmo de descer. Ele parece estar impaciente. – se você não descer eu vou martelar esse avião até derrubar.

Céus, ele é louco. Mas creio que a namorada do meu irmão também seja, pois ela passou voando por mim e Castiel, descendo do avião. Quando chego na escada para descer para a pista de pouso, eu a vejo. Teresa está com uma expressão ansiosa, vestida em um sobretudo preto. Seus cabelos estão mais curtos, moldando sua expressão. Quando ela sorri, sinto meu coração acelerar e eu simplesmente sei que sou um idiota. Como diabos eu tive coragem de abandona-la por tanto tempo?

— Teresa. – Castiel diz as palavras que eu estava prestes a dizer e começa a descer as escadas. O olhar dela se desvia para ele e ela pareceu ficar sem graça. Será que ela lembra de alguma coisa, afinal? Começo a descer e Kentin logo vem na minha direção, acompanhado por Armin.

— Pensei que fosse amarelar na última hora. – Armin disse em tom provocador. O encarei com raiva. – estou brincando. Fico feliz que esteja aqui, que estejamos juntos novamente.

— Lysandre, você deve tomar cuidado na forma de abordar ela. – Kentin me adverte de forma seca. Céus, o que é essa frieza que está emanando no meio de nós três? Armin parece mudado e o Kentin... bom, na última vez que o vi pessoalmente nós havíamos brigado por ele não ter me contado o que a Tessa estava passando.

— Castiel, eu posso não me lembrar de tudo, mas eu tenho certeza que eu não estava te devendo 3 desejos. – ouvi a Tessa dizer para o Castiel, e vou em direção a eles. Ela está sorrindo, seu nariz completamente vermelho por causa do frio, estava simplesmente linda. Tive que me segurar para não beijá-la naquele instante.

— Tes. – digo. Seu olhar se direcionou a mim agora, e o cinza de seus olhos me lembravam dois cadeados. Antes eu saberia dizer qualquer coisa que ela estava pensando, mas agora...

— Você é o Lysander.  - Ela diz sorrindo de forma meiga. Um turbilhão de sentimentos se detiveram dentro de mim ao escutar essa forma errada de dizer meu nome.

— É Lysandre, não Lysander. – é tudo que consigo dizer enquanto tento organizar meus pensamentos.

— Eu sei. Também sei que você não gosta de quem julga a primeira vista. – ela diz. Meu coração acelera novamente. Ela se lembra. E de repente toda a culpa pelos últimos dias ao lado de Nina cai sobre mim.

— Você... – começo a dizer, mas ela pressiona o indicador contra meus lábios, me fazendo parar de falar.

— Não, não me lembro. Eu apenas sonhei com isso e com seus olhos. – ela diz sorrindo. – e você parece ter levado um tiro. Por favor, eu não quero que fique chateado comigo. Te garanto que isso está sendo bem mais difícil para mim do que para vocês.

— E se vocês dois ficarem em cima dela, ela vai piorar. Deem espaço para quem é mais importante. – Rosalya diz abrindo espaço entre eu e o Castiel. – vão ver seus amigos, vocês parecem uma bomba. Ta feio, vocês quatro. Agora se me deem licença, eu quero muito ficar com minha melhor amiga. Por isso nós três iremos para casa dela enquanto vocês ficam abraçados embaixo da escada para fazerem as pazes.

Eu e Castiel ficamos completamente sem reação quando Rosalya e Alexy levam uma Tessa confusa para dentro do carro de Armin, que agora estava gritando em protesto. Encaro a F4, que está fazendo o mesmo entre nós. Caramba, o que aconteceu conosco? Desde quando formou-se essa tensão toda? Isso não pode ser apenas por causa da minha... namorada? Enfim, pela nossa domadora que estava agora em um carro nos deixando para trás sem nenhum transporte no frio.

— A Tessa me viu pelado hoje. – Armin diz de forma descontraída, como se estivesse comentando sobre o clima. Ele é louco? Eu vou quebrar a cara desse gamer.

— O que? – Castiel pergunta. Armin sorri malicioso para nós.

— Imagino que não tenha problemas, já que ela mesma não se lembra de vocês...

— Armin, para de provocar. – Kentin diz apertando o ombro do amigo. Castiel está incrédulo e tenho que usar meu auto controle para permanecer com a expressão séria.

— Você está com raiva de mim? – pergunto. Armin da de ombros casualmente.

— Você abandonou ela. Você não tem noção de como ela estava quando cheguei aqui. – ele disse. Kentin balança a cabeça como se soubesse que coisas boas não iriam sair dali.

— Armin, você fala como se nós estivéssemos bem! O Lyandre mesmo mal saia de casa... – Castiel começa a dizer, mas Armin apenas começa a rir.

— Eu fico me perguntando o que ele fazia trancado o dia inteiro com uma modelo. – ele disse. Pronto, comecei a ir em direção a ele, mas Kentin me segurou.

— Caras, estamos finalmente juntos novamente. Não da para ficarmos brigando assim. – ele disse. Castiel parecia ainda pensar no que o Armin havia acabado de dizer, e eu sabia que ele não havia tirado a mesma conclusão que o gamer.

— Eu não sei por que nos separamos. – eu disse. Os três então me encaram, e sei que esperam que eu faça um discurso gay. – sério, desde o jardim de infância... sempre fomos nós. Vocês são minha família. Eu odiei passar meu aniversário sem vocês dois, por mais chateado que eu estivesse com o Kentin. E Armin... eu sei que está sendo idiota por que a Lorena apareceu.

— Não quero falar sobre ela. – ele responde de forma ríspida.

— Quando quiser conversar, estremos aqui para você. Da mesma forma como sempre estivemos. – Castiel disse e suspirou. – da mesma forma como vocês estiveram quando eu não suportava a Ana Clara, quando o Lysandre reencontrou o irmão e o Kentin.... que droga, Kentin, vai arrumar algum problema para a gente ficar do seu lado.

— Eu não, vocês três já tem coisa demais por mim. – Kentin diz e somos obrigados a rir com ele.

— Você está certo, Armin. Eu dormi com a Nina. Várias vezes. – eu disse e os três me encaram abismados. – vocês podem me julgar, o que for, mas eu não irei esconder isso de vocês. Eu estava perdido, ela deitava de roupas intimas ao meu lado... eu não me controlei.

— Eu entendo o por que de você ter feito isso, mas a questão é se a Tessa irá entender quando a memória dela voltar. Você viu, ela está se lembrando de algumas coisas. – Armin diz. Suspiro antes de sentir algo forte contra meu rosto, me fazendo cair no chão. Com o rosto doendo, encaro com raiva Castiel que está com uma expressão de fúria.

— Você mentiu para mim já. Eu te perdoo, mas você mereceu esse soco. E é por você ter dormido várias vezes com a Nina que eu não irei tentar concertar sua relação com a Tessa quando ela souber.

— Castiel, você é meu melhor amigo. -digo. Kentin apoia a mão no ombro de Castiel, enquanto Armin me ajuda a me levantar.

— Eu sei, por isso vou te dar a oportunidade de você contar para ela. Você sabe que esse soco foi bastante merecido, mas agora estamos de boa. Eu realmente estou feliz por estarmos juntos novamente. – Castiel diz. Kentin suspira.

— Eu acho que nós deveríamos ir beber juntos. Vamos para casa, aqui está frio demais e nós teremos que voltar a pé já que os três levaram o carro.

— Antes... eu só preciso fazer uma coisa. – digo. Os três olham para mim enquanto me aproximo de Kentin e ele recebe meu soco sem esboçar reação. – agora sim eu te perdoo.

— Ah pelos céus, você merece muito mais, Lysandre. – agora foi a vez de Armin me dar um soco.

Eu não tenho certeza de quem estava brigando com quem agora, só sei que eu sentia golpes em vários lugares, enquanto eu mesmo desferia outros em qualquer um dos três, até que finalmente, escutei Castiel começar a rir. Sem conseguir me conter, comecei a rir também e logo Kentin e Armin se uniram a nós.

— Eu amo vocês. – Castiel diz. E eu não consigo evitar o primeiro sorriso sincero que esboço à mais de um mês.

—____***_____

Visão de Teresa Chase

Quando entro dentro da casa de Armin, acompanhada por Rosa, Alexy e Viktor, não consigo evitar demonstrar o choque em minha expressão.

— Sério, depois de tudo, essa é a F4 unida? – pergunto me colocando na frente da televisão na qual os quatro estavam vidrados jogando Fifa. Todos estavam cobertos por diversos hematomas e curativos, além do fato que pareciam completamente bêbados.

— Ô lindeza, não sei se já te contaram, mas você não é de vidro não. – Castiel diz fazendo os outros três rirem como se fosse a piada do ano. Sério, quanto eles beberam?

— Opa opa, cuidado Castiel, ela não é tão inofensiva não. – Armin diz rindo. – ela vai acabar te deixando sem roupa em.

Não consigo evitar a vergonha tomar conta de mim por causa do episódio daquela manhã. Eu realmente estou com uma vontade enorme de bater ainda mais no Armin, mas sou detida pelo sorriso que ele está esbanjando. Desde que o encontrei aqui, essa era a primeira vez que eu realmente o via feliz e o mesmo valia para o Kentin.

— Tenha mais respeito, Prior. – Rosa diz. A garota platinada parece tão horrorizada quanto eu com aquela cena. – ela não deixaria ninguém sem roupa na minha presença.

— Rosa! – digo indignada. Por alguns segundos eu realmente pensei que ela iria me defender.

— Na realidade, não o deixaria sem roupa em circunstância alguma. – Viktor diz interferindo. Os quatro voltam a rir de alguma piada que não entendo, e sou atraída pela risada de Lysandre. Eu não sei explicar por que, mas a expressão dele quando falei Lysander...

— Ih, ta encarando demais o Lys. Será que apaixonou? – Castiel diz rindo e eles continuam a rir. Sinto meu rosto corar diante do olhar dele, os mesmos olhos que eu havia pintado no beco da arte alguns dias atrás. Ele devolve meu olhar, e, de repente, a lembrança de ser carregada por ele me toma.

— No caso deles seria amor a primeira vista? – Kentin parece refletir.

— Como assim? – pergunto. Os quatro me encaram ainda com aquelas caras de bobos alegres.

— Tessa....- Rosa começa a me chamar, mas estou imersa demais no que o Kentin acabou de falar.

— Ah, sabe como é, ele é ou era seu namorado. – Castiel diz sorrindo. – mas se for o era e você estiver solteira, eu sempre estarei disponível para você, doninha.

Namorado. Doninha. Foi como se eu tivesse acabado de levar um soco e tive que apoiar no sofá quando o flash veio.

“ — Eu mesmo desenhei esse modelo de colar – Castiel diz satisfeito encarando o colar estampado sob minha blusa de uniforme. – essa lua sou eu, eu sempre irei te proteger. E você é a única estrela que existe para mim... como você anda gostando de física, posso te explicar com mais complexidade. Perto de você eu sinto como se eu mesmo não produzisse mais brilho próprio. Minha doninha, eu sinto como se você me fizesse brilhar. E eu amo ver você brilhar. Por isso você é minha estrela... e eu sou a lua, eu sempre dependerei de você. Dessa forma eu estou te evolvendo – ele aponta para o colar. – para sempre te proteger.

— Sabe, Castiel , isso é bem profundo. Você me deu esse colar como pedido de desculpas, mal me conhecia. – eu disse tentando conter a emoção pelo que ele havia acabado de dizer.

— E daí? Eu me apaixonei por você bem antes de você se apaixonar por mim. Você virou meu mundo antes mesmo que conseguisse notar. Ah, doninha, sua dança me envolveu desde o princípio.”

— Teresa? – Lysandre estava me segurando. Suas bochechas estavam coradas devida ao álcool, mas eu conseguia ver a preocupação em seus olhos, quase lhe dando uma aparência sóbria.

— Você era meu namorado? – pergunto para ele. Ele parece não saber o que responder, e o fato dele ficar estático me leva a pensar que sim. Eu esqueci meu próprio namorado. E aquela lembrança com o Castiel... eu havia namorado com ele também? De qualquer forma, minha felicidade com as palavras dele me faz pensar que eu era louca por ele.

— Acho melhor eu leva-la para casa. – Viktor diz vindo na minha direção, mas coloco a mão em seu peito, o parando.

— Vocês me amavam? – perguntei para Castiel e Lysandre. Os dois ficaram em silencio, assim como o resto da sala. – por que não vieram antes? – pergunto sem conseguir conter meu ressentimento. Por que nesse exato instante eu sinto como se os dois fossem os mais próximos de mim?

— Tessa. – Armin diz. Nossos olhares se cruzam, e percebo que ele quase não está bêbado. Ele me pega pelo braço, fazendo sinal para que o Viktor o acompanhe. Assim que chegamos na soleira ele me encara. A profundidade de seus olhos me leva a ter outro flash.

“ — Pelo amor de Deus, Tessa, por que eu não me abalaria? - ele perguntou.

— Não sei. Talvez como meu amigo você não devesse ter se abalado e vindo ver o que aconteceu, que tal? Me diz, Armin, eu realmente tenho cara dessas prostitutas que saem dando pra qualquer um? - pergunto. Armin estava completamente perdido. E com raiva. Eu podia ver isso em seus olhos enquanto ele me encarava.

— Eu não sei, Tessa! E eu tenho cara de quem se importa? Esse é o problema, por que eu me importo? Eu não deveria me importar, mas eu me importo. Aquelas fotos... eu não sei explicar, ok? Eu senti como se tivesse sido apunhalado, traído. E eu nunca me senti assim e sempre fiz de tudo para evitar me sentir assim!- Armin estava tão frustrado. Ele me encarou e começou a andar em círculos.

— Assim como, Armin? - pergunto tentando manter a calma.

— Eu não sei, Teresa. Por que eu estou frustrado e magoado com você? - ele perguntou.

— Eu não sei também, Armin. Mas eu quem deveria estar. Eu acordei em um hotel após ser drogada com Boa noite Cinderela e fotos com um cara que eu mal conhecia. Acordei com todos pensando que eu sou a maior vadia do universo sendo que eu não conseguia me lembrar de nada e você ainda virou as costas para mim sendo que eu sempre pensei que você fosse um amigo!.- berro. Certo, agora eu estava com raiva. Armin me encara atordoado.

— Você... foi drogada? - ele pergunta.

— Sim, eu fui. E você sabe o que é não saber o que você fez na noite passada? Eu não sei de nada que aconteceu, Armin. Eu não sei se me tocaram, não sei... - as lágrimas estavam ameaçando descer novamente. A medida que eu ia falando eu me levantei de forma que conseguisse encarar Armin. - não sei nem se eu dei meu primeiro beijo.

— Tessa, eu... sinto muito. Olha, não importa o que aconteceu naquela noite, nada vai contar. Nada, me entendeu? Se você transou com aquele cara, se você deu seu primeiro beijo...- Armin diz desesperado se aproximando de mim.

— Pra mim conta, Armin. Principalmente o fato de eu não saber. - eu disse. Armin me encarou e pela primeira vez em nossa conversa ele parou de parecer confuso. Mas o que ele fez a seguir com certeza me deixou confusa.

Armin segurou meu rosto entre suas mãos e me beijou. Eu fiquei paralisada, sem entender o que estava acontecendo. Eu havia acabado de acordar, provavelmente estava com um bafo e meu uniforme do dia anterior estava horrível. Mas Armin simplesmente me beijou e de certa forma era bom. Seus lábios eram macios e eu cedi a tentação de fechar os olhos. Eu não sabia o que fazer, mas não queria estragar essa sensação boa, seja lá qual fosse. Segurei seus pulso de forma que suas mãos relaxassem a força em meu rosto e agora parecessem mais um carinho. Após alguns segundos ele se afastou.

— Me desculpe por isso.”

Céus, será que eu já fiquei com a F4 inteira? Armin e Viktor agora me seguravam enquanto a sala inteira me observava. Eu não suporto o olhar deles, implorando para que eu me lembre. Não suporto que me vejam chorar, eu já chorei demais.

Sem conseguir me segurar mais, saio para fora, em direção à minha casa. Só consigo desabar quando meus olhos encontram os da minha mãe, e não consigo nem mesmo encontrar as palavras para lhe explicar.