Eu nunca havia sentido maior agonia em minha vida, não ter idéia se a mulher da minha vida estava bem, ou na pior das hipóteses, viva

Eu estava vagando pela floresta fria e úmida a horas, a sua procura, as piores de minha vida.

Onde ela estava? Meu Deus, eu te suplico, me mostre onde ela está !

Como resposta ao meu aflito pedido, eu à vi na clareira mais próxima.

Seus longos cabelos dourados escondiam seu rosto; ela estava nua, seus seios fartos a mostra, e suas lindas pernas cobrindo sua intimidade.

Eu nunca tive coragem de perguntar o que tinha acontecido, embora a dor das minhas suposições ao longo dos anos, quebraram em vários pedaços meu coração, e muitas vezes banharam meu rosto de lágrimas.

Corri até ela, e pousei minha mão em seu ombro, por reflexo, ela se colocou numa posição onde eu não pude ver seu corpo escultural, que tantas vezes eu possui.

Ela deu um breve sorriso ao me ver, mas logo após, seu rosto foi tomado pela dor.

A dor dela era a minha dor, cada lágrima que escorria por seu rosto, era um pedaço da minha sanidade indo embora.

Eu ajoelhei ao seu lado, meus olhos percorriam seu corpo à procura de ferimentos graves, e foi aí que meu mundo desabou... Havia muitos deles!

As lágrimas não cessavam, minha válvula de escape, por onde eu emanava todo o meu sofrimento, minha dor, minha angustia.

- Não chore... - Ela sussurrou, sua mão tentando alcançar meu rosto, mas não havia forças suficientes para faze-lo.

Após vestir minha jaqueta nela, abracei-a, e não saímos do lugar, nós sabíamos que não adiantaria correr pela floresta afora; não conseguiríamos ajuda a tempo.

Ela estava em meus braços, linda e distante; eu gostaria de saber no que ela estava pensando, mas novamente eu não tive coragem de perguntar.

A chuva finalmente deu o ar de sua graça, completando a tétrica paisagem.

Ela estava muito fraca, cada vez mais longe do meu desejo que ela ficasse bem...

Seus olhos azuis marejados, brilhavam naquela escuridão, seu corpo perfeito estava banhado de lágrimas minhas e do céus; um dia toda aquela beleza fora minha, mas agora não seria mais.

Eu nunca havia lhe dito o quanto eu a amava, ou um simples "eu te amo"; uma idiotice eu sei... Mas será que ela aceitaria meus sentimentos agora?

Eu puxei seu rosto para mim, eu queria olhar naqueles olhos azuis e dizer tudo o que um dia eu tive medo de falar... 

- Não me deixe... Eu não vou conseguir viver sem você, nunca... Eu te amo como nunca amei ninguém, nada comparado; a razão do meu viver, é por você que eu respiro... Você não pode me deixar ! - Junto com as palavras vieram mais lágrimas...

- Diga que me ama mais uma vez? - A voz dela estava sumindo a cada palavra...

- Eu digo que te amo, quantas vezes você quiser... Te amo, te amo, te amo, te amo ! - Como 2 simples palavras faziam ela sorrir? Seus olhos transmitiam toda sua alegria, e seus lábios formavam o mais belo sorriso.

Foi nesse momento que ela fechou os olhos, a dor foi tão imensa apenas pelo pensamento de nunca mais olhar no fundo de seus olhos azuis nítidos.

- Ino? - Nada - Ino? Por favor responda-me, abra seus olhos, não me deixe.

Agora que nós dois estávamos felizes, o senhor tira ela de mim? Porque? É castigo? O que eu fiz pra merecer tanta punição?

Sem abrir os olhos, ela se desculpou:

- Me desculpe Gaara, se... se eu não tivesse ido tão longe sozinha... - Ela falou entre um soluço e outro.

- A culpa é minha, por ter permitido...

- Não quero que você se culpe pela minha morte - Eu tremi da cabeças aos pés com a palavra, nós sabíamos que iria acontecer, mas porque? Ela tão doce, linda e inocente, perfeita.

- Me beije?

Eu não pensei em rejeitar seu pedido, nosso beijo foi uma mistura de lágrimas e desejo, nossas línguas dançavam sensualmente, enquanto nossos olhos ficavam vermelhos de tanto chorar.

Ela interrompeu o beijo, e segurou meu rosto em suas mãos, sorriu e colou nossos lábios com ternura.

- Obrigada... Por tudo. - Foi então que ela fechou os olhos.

E dessa vez eu soube que nunca mais veria seus olhos, e muito menos seu sorriso.

E por isso eu jamais eu iria sorrir novamente, não teria forças para faze-lo, ve-la em meus braços, inerte, morta, era o meu pior pesadelo, um onde eu não conseguiria acordar.

Ela havia tirado tudo em mim, meu ar, meu chão, minha vontade de viver, meu eu, meu tudo.

Não me restara nada, apenas um vazio que me corroeu em segundos, ele ocupara meu coração porque ela também o levou.

Antes de conhece-la, eu me perguntava:

O que eu faria se perdesse meu motivo pra viver, se eu perdesse meus sonhos, meu bem mais precioso, o que eu faria?

Hoje, eu sei...

Eu devo morrer junto.