Sem Você escrita por NatyMendes


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Oneshot o/
Primeira fanfic do casal, espero que gostem!



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Acabara de chegar ao colégio, sem estar acompanhado de Takao que se tornara praticamente a minha sombra, sempre estávamos juntos. Não passou em casa, tentei ligar para o celular e ele apenas rejeitava minhas ligações e com o telefone fixo da casa dele tive a mesma falta de sorte.

Todos olhavam em minha direção como se faltasse uma perna ou um braço o pior é que realmente me sentia assim. O dia foi incrivelmente sem graça inclusive o treino, é tão estranho não ter ele pra ficar tagarelando. Pensei em passar na casa dele, mas com certeza ele apenas queria manter a distancia.

Chegando em casa, nem sequer comi me tranquei no quarto e apenas conseguia pensar se tinha magoado ele. Não consegui lembrar-me nada, peguei o celular e tentei ligar novamente, a ligação era rejeitada. Tentei várias vezes até que ele atendeu.

– Não quero conversar, farei uma viagem e voltarei daqui a três meses, se me deixar em paz ficaria muito grato. – Suas palavras foram de uma rispidez que fiquei sem ação, minha boca se entreabriu tentei pensar em alguma resposta quando a linha ficou muda, ele havia desligado.

Uma raiva me consumiu, quem ele pensa que é? Falar de tal forma comigo? Se quiser se afastar, então me manterei ainda mais distante!

- - - TRÊS MESES E MEIO DEPOIS - - -

Estava no hospital para uma consulta de rotina, fiz alguns exames que demorariam algumas horas para ficar pronto, por algum motivo o médico deu prioridade para os resultados. Como não tinha nada para fazer além de ficar sentado, comecei a andar pelos corredores já havia estado ali algumas vezes, então cheguei à ala de pacientes terminais. Então algo me chamou a atenção, a mãe de Takao chorava do lado de uma das salas, entrei em choque.

Tinha um único fato que explicava a atitude do moreno e eu não queria aceitá-lo. Com passos rápidos, cheguei à mulher inconsolável, ela apenas lançou um olhar rápido. A porta estava encostada, não fiz questão nem de bater e então lá estava ele... Deitado em uma cama olhando para o teto enquanto um médico checava alguns aparelhos. Demoraram a perceberem minha presença.

– O que faz aqui? Saia! – O médico estava para fechar a porta, porem a mãe do moreno se pronunciou.

– Por favor, doutor... Ele é muito importante para o meu filho. – O homem de cabelos cinzentos encarou-me.

– Está bem, entre. – Cedeu passagem e se retirou do quarto fechando a porta em seguida.

– Por que não me contou? – Com passos trêmulos fiquei ao lado da cama, Takao deu um fraco sorriso.

– Não queria que me visse assim, também você iria perder tempo de treinos e...

– Cala a boca! – Cerrei os punhos em cima do colchão, abaixei a cabeça. – Você acha que malditos treinos são mais importantes que você? Eu... Abandonei-te quando mais precisava de mim!

– Eu apenas não queria te afetar. – Sentou na cama sem conseguir manter uma postura reta, fitei seus olhos. Aquela astúcia que sempre era presente quando entravamos em quadra não deixara nem rastros. – Pode pegar água para mim?

Em uma mesa perto da janela tinha uma jarra transparente de vidro cheia de água e um copo ao lado. Ao voltar com a água em mãos a entreguei, porém ele segurou o vácuo pensando que era o copo, um claro sintoma de problema na visão. Segurei delicadamente sua mão e a levei até o copo. Esperei que tomasse para continuar a conversa:

– O que você tem? – Um pergunta simples que gerou uma risada melancólica.

– Degeneração espinocerebelar, é uma doença realmente rara, poucos casos foram registrados aqui no Japão. Como o próprio nome diz minhas células nervosas do cerebelo, tronco cerebral e medula espinhal estão sendo destruídas. – Não achei as palavras certas para aquele momento, nunca havia escutado sobre essa doença, só pelo nome dá para ver a gravidade.

– Como surgiram os sintomas?

– Começou com câimbras constantes acompanhada de formigamentos nos pés. Pensei que era algo relacionado a cansaço muscular ou algo assim, então comecei a ter dificuldades para ficar parado ereto de pé, sempre cambaleava para os lados, como pode ver não consigo manter uma posição correta. Ao vir ao médico ele suspeitou de algumas coisas e como havia o risco de ser contagioso tive que ficar isolado esses meses. Até que o sintoma chave começou a surgir minha visão foi afetada, enxergo dois ou mais do mesmo objeto me tiraram do isolamento e me deram o diagnóstico.

Um longo silencio se seguiu, eu sabia o que precisava saber, porém já tinha minha resposta apesar de não querer aceitá-la. Queria apenas que ele saísse daquela cama falando que era apenas uma brincadeira! Mas isso não aconteceria.

– Agora preciso fazer exames, volte mais tarde garoto. – O médico voltou, sem mais o que falar olhou para Takao e tirei do bolso um chaveiro de cacto e entreguei em suas mãos.

– É meu item da sorte do dia, você vai precisar. – Sai sem olhar para trás, era a minha forma de desejar melhoras apesar de estranha.

Fiquei o tempo necessário para sair o exame que estava normal, o médico era um admirador da geração dos milagres, queria ter certeza que não havia nada de errado comigo. Agradeci a preocupação e me retirei. Chegando a casa apenas segui para o quarto e joguei-me ma cama, meu coração doía, porem tinha acabado de fazer um cardiograma não havia dado nenhum problema no coração. Isso eram tristeza, preocupação e uma série de sentimentos que não fazia questão de senti-los, mas era inevitável.

Como pude abandonar Takao quando ele mais precisava? E pelo o que? Orgulho! Muito bem Midorima, você abandonou a pessoa que sempre esteve do seu lado quando ela mais precisava por causa do seu orgulho idiota!

- - - UM MÊS DEPOIS - - -

O quadro de Takao apenas piorara, seus globos oculares mexiam involuntariamente, suas pernas agora estava rígida quase sem movimento, ele já não conseguia mais ler ou escrever e a tendência era apenas piorar.

– Como está nesta manhã? – Fui acordado com o médico, acabara dormindo ao lado da cama do moreno.

– Estou bem. – Não quis abrir os olhos, preferi fingir que ainda dormia, a mão do menor acariciava meus cabelos, queria aproveitar ao Maximo cada momento com ele.

– Precisamos fazer alguns exames de rotina.

– Desculpe, pode ser mais tarde? Não quero acordá-lo.

– Esta bem voltarei depois. – Depois de alguns instantes ouvi o baque da porta sendo fechada.

– Pronto ele já foi. – Levantei a cabeça.

– Takao... Como farei sem você? – Meus olhos marejaram, ele deu um sorriso fraco.

– Tudo vai dar certo, conseguirá sem mim. – Segurou minha mão.

– Eu não quero ficar sem você! Como farei dentro e fora de quadra? – As lagrimas rolavam, não suportava mais contê-las durante muito tempo tentei disfarçar, mas agora nada mais importava.

– Sempre estarei com você, carnalmente ou não.

- - - DOIS MESES DEPOIS - - -

Hoje o médico veio nos informar a expectativa de vida de Takao... Ele falou como se fosse algo normal que ele viveria no máximo mais seis meses na melhor das hipóteses, o moreno apenas sorriu e pediu para o médico trazer uma cadeira de rodas.

– Midorima, me leva para uma volta nem que seja nestes corredores, não aguentarei passar meus últimos momentos aqui neste quarto. – Seus músculos não funcionavam corretamente mais, estava quase completamente inúteis, uma enfermeira trouxe a cadeira, o coloquei delicadamente, ele ainda não precisava se nenhum aparelho para respirar então ainda podia sair do quarto... Isso mesmo... Ainda.

– Vamos ao jardim? – Perguntei enquanto entrava no elevador que levada ao térreo, ele apenas balançou a cabeça de forma afirmativa.

Sem dificuldades chegamos ao destino, coloquei-o do lado de um banco e sentei-me ali. A brisa leve balançava os cabelos negros ele fechou os olhos tirando proveito daquela coisa tão simples.

– Posso te pedir uma coisa egoísta? –Observava as crianças brincando nos balanços do outro lado do jardim, todas elas tinham uma máscara sobre o nariz e boca.

– O que você quiser.

– Fique do meu lado... Até o meu ultimo momento de vida. – Segurei sua mão entre as minhas.

– Eu prometo que ficarei com você até o ultimo momento. – Mais um daqueles sorrisos fracos.

- - - TRÊS MESES DEPOIS - - -

Sua massa muscular quase desaparecera, era um pouco mais que pele e ossos, seu reconhecimento espacial era nulo, não via mais profundidades, sua fala foi completamente degenerada, ele não conseguia engolir facilmente, estava sendo alimentado através de sondas. A doença tinha evoluído mais rapidamente que o esperado, ele pode morrer a qualquer momento... Vir e passar o dia todo aqui tem se tornado cada vez mais difícil, porém manterei minha palavra. Estarei junto com ele até o ultimo segundo. Desenvolvi uma mania quando Takao perdera a fala, se ele piscasse uma vez era sim, duas era não.

De tal forma conseguia ter um pouco de comunicação com ele ainda, apesar de que a cada dia ele tinha menos vontade de falar, menos vontade de me ter por perto, menos vontade de ainda respirar. Ele já aceitara a morte e a acolhera como uma boa amiga, mas eu... Não aceito hoje, não aceitarei amanhã e em nenhum dia.

– Quer que chegue logo? – Uma piscada. – Quer que sua mãe passe a noite aqui? – Duas piscadas. – E quanto a mim? Posso passar a noite? – Uma piscada. – Sente que está próxima? – Uma piscada. – Então ficarei com você até o ultimo segundo. – Ele deu um pequeno sorriso.

O medico entrou e me mandou para fora, mais exames e checagens durariam o dia todo. Fui para casa descansar um pouco, era por volta das sete da noite quando voltei para o hospital.

– Esta confortável?

– “Sim”

– Precisa de algo?

– “Sim”

– Está com fome?

– “Não”

– Sede?

– “Não” – tentou deslocar-se para o canto da cama, como se abrisse espaço para que eu me deitasse.

– Quer que eu durma com você?

– “Sim”. – Me deitei ao lado dele, tomando cuidado para não machucá-lo estava tão magro que parecia quebrar com facilidade.

Fechou os olhos, chegou mais perto, acariciei seus cabelos devagar. Não queria pregar os olhos, queria aproveitar esse momento que poderia ser o ultimo. Seus cabelos macios... Sua pele gelada... Seu leve suspirar enquanto dormia... Queria decorar cada gesto involuntário, para mantê-lo vivo em minha memória. Adormeci mesmo contra a minha vontade.

– Acorde garoto! – Uma enfermeira quase me jogou para fora da cama, olhei para o lado, o “bip” que monitorava os batimentos cardíacos não estavam presentes. Uma equipe de paramédicos tentavam reanimá-lo, tiraram eu e a mãe do mesmo da sala.

Depois de alguns minutos eles deixaram a sala com olhares tristes, não precisa de mais nenhuma palavra, ele havia partido. Olhei para o moreno que estava imóvel através da fresta da porta, sua mãe chorava ao lado da porta.

– Não... Não... – Minha vista ficou embaçada, as lagrimas rolavam, não acreditava que a hora havia chegado. Caminhei até a mãe de Takao e a abracei, se em mim doía, a dor dela seria ainda maior.

– Ele... Ele... Pediu que te entregasse... Quando ele... Quando ele... – Ergueu uma carta em sua mão tremula, peguei e a guardei no bolso. Não tinha mais nada a ser dito, ou melhor, eu não sabia o que falar.

- - - TRÊS DIAS DEPOIS - - -

O enterro foi há dois dias, desde então não vejo ninguém da família dele não tinha nada mais que nos vinculasse. Não tive coragem para abrir a carta ainda, mesmo que parecesse um insulto ao que o moreno representava, estava agora na quadra depois do primeiro treino sem ele. Rompi o lacre, tirei o papel do envelope e respirei fundo.

Se você está lendo já me fui a um bom tempo, não sei se deu tempo para me despedir ou não, o farei agora, adeus Shin-chan. Sei que cumpriu com sua promessa de estar comigo até o ultimo momento então me sinto na obrigação de falar a verdade. Desde quando eu te conheci sua personalidade difícil me cativou e me fez me interessar por você, porém com o tempo isso virou amizade e depois amor. Nunca tive coragem para me declarar e também você não parecia do tipo que gosta de namorar ou de gostar de garotos, depois que adoeci não queria falar por que se acontecesse seria por pena e eu não queria que fosse dessa forma.

Não acho que tenha muito que se falar... Mas eu te amo e sempre te amarei, desculpe por não poder estar próximo para cuidar e te apoiar.”

– Droga seu idiota! Eu também te amo! – Falei como se ele pudesse me ouvir. – Volta... E cuida de mim! Não me abandona! – As lagrimas rolavam, a minha resposta foi o silencio se não fosse a cadeira se mexendo. – Takao...


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Notas finais do capítulo

Se você lê uma das minhas duas fanfics (Assassino de Aluguel e Amor Universitário), te devo minhas desculpas! Não abandonei as fics, porém estou sem computador (escrevi esta pelo celular depois passei para o computador de uma amiga), pretendo fazer o mesmo com os novos capítulos das fics, realmente peço desculpas T-T'