Elsa se levantou.O sol entrando pela janela, o ar perfumado pelas flores, o doce canto dos pássaros...Elsa poderia ser uma "garota fria", mas a primavera a fascinava.As flores coloridas, tudo.

Mas não era esse o dia que poderia apreciar tudo isso.Ela e a irmã mais nova Anna, haviam viajado para Noruega, fazia dez anos.Fazia dez anos que Elsa não via as flores nem sentia o ar quente.Fazia dez anos que Elsa não via seus pais.

Elsa, sempre que se lembrava disso, sentia vontade de chorar.Ela tinha apenas sete anos quando aconteceu.Quando seus pais foram embora.Não haviam morrido, haviam ido embora em uma viagem.Uma viagem misteriosa.Elsa mergulhou nas suas própias lembranças.

Elsa tinha sete anos, era uma menina linda, como a irmã.Uma manhã fria de inverno, Elsa escutou barulhos na sala de sua casa.Desceu as escadas, silenciosa, com os pés nus, congelando sobre o assoalho gelado de mármore branco.

Ao chegar na sala, viu seus pais, falando nervosamente um com o outro, e Elsa notou que havia mias alguém na sala, uma mulher de cabelos negros e olhos assustadoramente cinzentos, como as nuvens de tempestade que estavam lá fora, mas, cada vez que ecoava um trovão, ou um relampago cortava o céu, eles ficavam de uma cor diferente.

Elsa ouviu, sem que seus pais ou a mulher percebessem.

-Voces não tem escolha. - a voz da mulher era firme, profunda e chocante - Tem que ir para lá.

-Mas, não podemos! - a mãe de Elsa estava quase em prantos. -Não podemos deixá-las aqui!

-Não se preocupe, Lizel.Vai ficar tudo bem...- Disse seu pai, abraçando sua esposa.

-Mas, elas são tão pequenas, Alfred...Nunca irei me...nunca irei me perdoar...

-É a única saída.- interveio a mulher, com um tom seco e frio. - Voces tem que ir.Tem que partir.

Elsa, então, percebeu o que acontecia, e não pode evitar dar um soluço alto.Os pais dela se viraram, e sua expressão se tornou suave, e seu olhar era de pena.

-Elsa...-sua mãe começou a dizer, com um brilho frágil nos olhos.Elsa sempre a vira com uma mulher forte e confiante, mas agora parecia que poderia cair a qualquer momento.- Nós...nós vamos ter que, partir em uma viagem longa, e voce terá que ficar com su irmã, mas nunca estará sozinha... voces vão para Noruega, morar com seu padrinho e madrinha...eles cuidarão bem de voces, mas voce terá que cuidar sua irmã, terá que amá-la muito, terá que protege-la.

-Voce tem que ser forte, Elsa.Seu coração precisa ser forte.Sempre vamos amar voce e Anna, voces sempre serão nosso tesouro mais precioso. - disse seu pai.

Elsa começou a soluçar.

-Por que tem que ir embora?Nos deixar?Estou com medo pai, o que vou fazer?

-Elsa, todos estamos com medo.Mas, isso é normal, voce não pode deixar o medo dominar voce.Em momentos assim, quando as pessoas entram em um poço escuro e fundo, que é o medo, algumas acham uma luzinha para acender, outras se acostumam a escuridão, outras acham forças para subir ao sol, e outras ficam ali, desesperadas.Isso não pode acontecer com voce Elsa.Nosso amor por voce é uma chama, que voce tem que manter acesa, e essa chama vai te aquecer, te dar forças para voce subir do poço.O amor é uma arma poderosa, porém suave, que voce sempre tem que manter.

Dizendo isso, seu pai e mãe a abraçaram com afeto, a olharam com pena e saíram pela porta que dava pela tempestade lá fora, enquanto Elsa ficou lá, parada no meio da sala fria e enorme, olhando para a porta de madeira, e então, a pequena e frágil Elsa se atirou sobre o sofá e começou a chorar até adormecer, com a esperança que aquilo tivesse sido um sonho, mas, infelizmente, não foi.