Então é Natal escrita por Tanaka


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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25 de dezembro de 2014, São Paulo.

Bruno andava pelas ruas de São Paulo, estranhamente elas estavam vazias. Quer dizer, não tão estranhamente assim. Era natal, as crianças riam dentro de suas casas, as famílias estavam felizes, bebendo suas coca-colas e comendo peru. Menos o menino, ele era órfão.

Bruno não tinha uma família, não tinha uma ceia, não tinha nem uma garrafa de coca-cola. Não tinha uma casa. A rua era seu lar, vivendo em meio as doenças e as desgraças, sendo menosprezado com o olhar dos outros. Muitas vezes tendo que mendigar para comer dois pães.

Muitos o olhavam como quem olha um bandido. Um drogado. Um ser horrível e sujo, que com o mínimo toque traria doenças para a vida do ser humano. Bruno sentou-se no banco, observando suas velhas e gastas calças jeans. Duas meninas que passavam por ali em frente guardaram seus celulares ao vê-lo.

Talvez, talvez, talvez apenas uma noite, ele desejava ter uma vida comum, como uma pessoa de classe média. Uma mulher parou o seu carro branco e andou até o menino. Provavelmente ela iria menosprezá-lo, por estar em um bairro tão nobre, um mendigo.

Todavia não foi isso o que aconteceu.

– Você tem algum lugar para ir? – a mulher loira tinha um sorriso bondoso, mas Bruno sabia que aparências enganam. – uma casa?

– Não. Mas pode deixar que eu sairei daqui o quanto antes, estava apenas descansando um pouco – Bruno levantou-se e, virando as costas para a mulher, partiu.

– Escuta... você quer jantar lá em casa? – Bruno ouviu a voz da mulher. – É natal, então...

Ela não completou a frase. Bruno virou-se novamente para ela, com um quase sorriso formando-se no seu rosto.

– Você está falando sério? – ele perguntou.

A mulher acenou afirmativamente com a cabeça e foi até o seu carro. Bruno foi junto dela. Ele tinha vergonha pois estava fedendo, já fazia um tempo que o menino não tomava banho, mas a mulher pareceu não ligar.

E finalmente, Bruno teve uma boa lembrança para levar ao caixão quando morresse.


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Notas finais do capítulo

Oneshot extremamente curta, como eu gosto, mas que mostra a realidade das ruas. Pense nisso.



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