Aqueles Seus Olhos Azuis escrita por march dammes


Capítulo 7
Dave: ser John Egbert.


Notas iniciais do capítulo

*sai de um buraco com um capacete de mineiradora* VOLTEI, GALERA! Depois de dez dias MORRENDO no calor de Minas Gerais, e mais dois dias extras sendo alvo de primas chatas e avós com Alzheimer, eu FINALMENTE VOLTEI!!! E ah, meu Deus, como eu senti falta do meu pc, dessa fic, de vocês...enfim, vamos cortar o melodrama e ir direto ao que interessa, o capítulo novo! Sim, vocês não leram o título errado...pela primeira vez nessa fic, entraremos na cabecinha do nosso co-protagonista, John "not a homo" Egbert! Eu fui primeiro, como podem ver, dar uma limpadinha no lugar...eeh *joga fora o capacete de mineiradora* Bem, vamos em frente, vamos?! Peguem aí um balde de pipoca, se recostem confortavelmente em suas cadeiras e aproveitem o show...que as gayzices comecem!



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Aqueles Seus Olhos Azuis

Capítulo VI - Dave: ser John Egbert.

John nunca fora um garoto muito complicado de se enganar. Mas, honestamente, aquela tentativa de Dave fora ridícula.

Enquanto caminhava sem pressa até em casa, as mãos nos bolsos do hoodie azul-celeste, seu favorito, ele repassava mentalmente os acontecimentos do dia. Quer dizer, quando Dave, seu melhor amigo no mundo, o convidara para tomar um sorvete, ele não esperava nada demais. Normalmente, os dois simplesmente se sentavam, pediam um shake, conversavam sobre filmes e video-games e davam risada de alguma coisa que acontecera recentemente em suas vidas. Às vezes era o pai de John que achara que fazer um bolo de pizza fora uma ideia genial, às vezes era o irmão de Dave que chutara seu traseiro no telhado do apartamento...de novo.

Mas dessa vez, não. Dessa vez, o garoto das sardas que John sempre achara tão cutucáveis trazia uma novidade ainda maior, e não era uma história engraçada ou alguma reclamação sobre Bro. Era uma novidade de cabelos pretos repicados, um rosto lindo e óculos vermelhos.

Desde a primeira vez que o amigo mencionara Terezi, John já suspeitava que ele tinha uma queda na garota. Karkat até surtara sobre isso uma vez, marcando um encontro com os dois rapazes para colocá-los contra a parede, ordenando que parassem de dar em cima de Terezi e Vriska. A primeira porque era sua namorada – ou ele acreditava que era -, a segunda, porque era problema. Bem, nenhum dos dois havia obedecido, para serem honestos consigo mesmos...Dave continuara falando com Terezi, e John chegara ao ponto de namorar Vriska. Ela, de fato, acabara sendo um problema, o usando e jogando fora que nem pinça de sobrancelha, mas ele ainda não decidira se deveria ou não ser grato a Karkat, o garoto dos olhos cinzentos e tempestuosos, por avisá-lo sobre ela.

Mas bem, mesmo com todos os flertes de brincadeira e toda a ironia na voz de Dave ao dizer para Karkat que Terezi era “apenas mais uma linda garota que cai nos encantos do Papai Strider, não podemos culpá-la”, John nunca pensara nos dois realmente namorando. Ou ficando, como eles haviam explicado naquela tarde.

Ele mirou os olhos azuis para o céu e constatou, pela claridade, que seus óculos de grau estavam sujos. Suspirou e tirou-os, limpando na barra do casaco enquanto franzia a testa. Ficara óbvio para ele, que, no final, tudo fora uma grande pegadinha, mas...

John se sentira mal. Por breves segundos, ao saber (acreditar) que os dois amigos estavam juntos, ele se sentira mal. E se sentia mal por se sentir mal. Raios, o que havia com ele?! Estava mais estranho que Dave!

Quer dizer, seu melhor amigo andava muito estranho. Há quase um mês que ele vinha tratando-o diferente, ele percebera, mas não dissera nada. Dave parecia menos feliz ao vê-lo, arrumando desculpas para não conversarem, como se o evitasse...como se não gostasse mais dele. Ao perceber aquilo, numa manhã na janela, John havia sentido uma vontade esquisitíssima de chorar. Na hora, acreditou que era a ameaça iminente de perder o melhor amigo que o assustava, e isso fazia sentido, uma vez que ele não era do tipo que saía elegendo melhores amigos por aí, como certas pessoas de touca azul. Bem, de todo jeito, ele acabou engolindo o choro e seguindo a vida. Ignorando aquele sentimento ruim no peito cada vez que Dave declinava um convite seu para ir andar de skate ou acompanhar as meninas nas compras...e bem, isso até aquela tarde.

Quando Dave e Terezi haviam dado a “grande notícia” e fingido ser o casal perfeito, John se sentira mal de novo. Seu peito voltava a sentir aquela dor horrível, como se alguém apertasse seu coração nas mãos, e mil agulhas furavam seu estômago ao mesmo tempo. O medo de perder Dave para sempre voltara com força total, como um tsunami, e ele sentiu uma necessidade enorme de se levantar, chutar uma cega no meio da cara e sair correndo.

Mas em vez disso, ele simplesmente fingira o maior sorriso da história dos sorrisos e dissera estar muito feliz por eles. Mesmo não estando.

Agora, colocando os óculos de novo, no meio da rua, ele pensava se aquele sentimento não era algo além de perder um amigo. Ele se perguntou se, ao invés de estar perdendo uma amizade, ele não estaria perdendo Dave.

Ele sacudiu a cabeça. Não, não era possível que aquela idéia estava lhe transpassando a mente. Afinal de contas, naquela noite em que John legitimamente assumiu que o amigo tinha ingerido algumas drogas ilícitas que ele tinha certeza que Bro guardava debaixo da cama, ele o rejeitara. Fora declarado, e rejeitara. Bem, por motivos completamente justificáveis, era óbvio, afinal não era homossexual e Dave sabia disso! Sabia de suas paixões anteriores, e sabia de Vriska! John não gostava mais dela, é claro, mas se sentira, durante um tempo atraído por ela, não por Dave ou qualquer outro garoto que conhecia! Aquilo era inviável!

John suspirou e continuou a andar. Droga, e agora? Com a suspeita de uma queda pelo melhor amigo (que nojo!!!), um pai solteiro e amigas que com certeza iriam rir de sua cara se ele fosse tentar procurar conselho, ele simplesmente não sabia mais o que fazer e como agir com Dave e...

–John? Oh, John!!

Ele ergueu a cabeça ao ser chamado. Apertou os olhos, e mais à frente, conseguiu ver...quem era?

–John, que coincidência o ver aqui! –ah, era ela. Doce, doce Jade. Uma das únicas pessoas em sua lista de melhores amigos. O moreno sorriu e abriu os braços.

–Oi, Jade! –a cumprimentou, ganhando um abraço caloroso da australiana dos olhos mais verdes que ele já vira, que brilhavam constantemente- Levando o Bec pra passear?

Ele baixou os olhos, sorrindo para o enorme e peludo golden retrivier albino, que Jade tinha desde que se entendia por gente e a acompanhara do arquipélago da Austrália para a América diversas vezes. A garota ajeitou uma mecha dos compridos cabelos negros para trás da orelha e sorriu, assentindo:

–Sim, ele precisava dar uma saída...eu estive muito ocupada, sabe, não passeávamos há semanas!

–Ocupada com o quê? –John tombou a cabeça para o lado- O mesmo motivo que não te deixou sair com a gente esses dias?

–Sim –ela deu um sorriso amarelo- A feira de física quântica de verão está me tomando todo meu tempo...acho que vou ficar maluca!

–Não seja tão dramática, Jade –ele riu, embora em seguida suspirasse e encarasse o chão. Bec o olhou com confusão, e sua dona fez o mesmo.

–Hum, John? –ele ergueu a cabeça, encontrando suas esmeraldas parecendo preocupadas- Aconteceu alguma coisa?

–Ah, Jade! –ele deixou os braços caírem ao lado do corpo- Na verdade, sim, aconteceu...e eu não sei mais o que faço.

–Aw, John... –ela pareceu triste- Não acha que desabafar com alguém pode ajudar nisso? Vem comigo, só vou arrumar um banco onde amarrar o Bec e poderei ouvir seus problemas.

*~*

Alguns minutos depois, os dois adolescentes estavam sentados em um banco da praça principal, cada um com um saquinho de doces sortidos que Jade decidira comprar para “adocicar os ânimos”. Pois bem, enquanto mastigava um caramelo na esperança de selar a própria boca com o grude e não poder falar – pois ele já se arrependia da decisão de se abrir com Jade -, John observava a amiga de pele morena prender seu cachorro pela guia nas pernas do banco. Ao terminar, ela ajeitou a franja, sentou-se e o olhou.

–E então? –pousou as mãos sobre os joelhos à mostra- Sou toda ouvidos.

John suspirou, e então contou tudo. Contou sobre aquele sentimento estranho de que Dave estava se afastando, sobre a declaração na madrugada anterior (Jade soltara um arquejo que chegou a chamar a atenção de dois garotos de rosto pintado com branco e cinza, do outro lado da rua), e sobre a pegadinha mais cedo, naquela mesma tarde.

–E foi o que aconteceu –John concluiu, baixando a cabeça para o pirulito que girava nos dedos da mão livre- Depois de me sentir tão mal sobre o Dave e a Terezi, eu...não sei mais o que fazer.

–Humm... –Jade encarava o céu azul, pensativa, enquanto passava a balinha de morango de uma bochecha para outra- Olha, John, se quer uma opinião sincera... –ele a olhou com expectativa- ...me parece bem óbvio que você está apaixonado pelo Dave.

John engasgou com o puxa-puxa. Até ela pensava isso?!

–A-apaixonado?! –ele a olhou com os olhos arregalados- Mas, Jade, isso é impossível! É errado e...

–Errado nada, é muito fofo! –ela o interrompeu, brandindo o dedo indicador diante de seu nariz- Amar não é errado, John. Apesar do que todos dizem, o amor entre garotos é normal, e não deveria ser encarado como tabu –ela sorriu- Meu avô me disse uma vez que já foi apaixonado por um amigo dele, na adolescência...acho que o nome dele era Dirk. Vovô o descrevia como um rapaz muito bonito, de cabelos arrepiados... –ela bateu o dedo sobre o queixo, pensando, encarando o nada- Eu não me lembro agora o que aconteceu, mas eles acabaram se separando. E o meu avô se casou com a minha avó –ela sorriu para o amigo- Ele era bissexual!

–Bi...sexual? –o moreno a olhou confuso.

–É quem gosta de ambos os sexos igualmente –ela franziu a testa- John, você não sabia disso?

–N-não... –ele murmurou, baixando os olhos. Bissexual...talvez seja isso que eu sou! Faria sentido eu gostar tanto da Vriska quanto do Dave...

John olhou para Jade novamente, já mais animado.

–Certo, entendi! –ele se levantou- Obrigado, Jade! –beijou-lhe a testa, deixando a garota confusa.

–Uh...o que vai fazer agora? –perguntou ela.

–Me informar –ele respondeu- Saber sobre isso, e se me indentificar...é isso o que eu sou. Não é de todo ruim –ele deu de ombros- E, se for assim, talvez eu... –ele mordeu o lábio inferior e encarou o nada, sentindo calafrios no estômago- ...dê uma segunda chance ao Dave...

–É assim que se fala!!! –Jade exclamou, rindo em seguida e se levantando- Bem, já vou indo, tenho que continuar o passeio com Bec.

–Certo, então. Ah, espere, deixa eu te pagar os doces! –ele procurou a carteira no bolso da calça, mas foi interrompido por Jade, que já tinha uma das mãos na coleira do cachorro:

–Não, deixa isso pra lá. –ela negou com a cabeça e sorriu- Fica como um presente. Você parece estar precisando.

–Ah! Ok...obrigado, Jade –ambos riram quando John coçou a nuca, envergonhado- E por me ouvir, também...

–Sem problemas, John –ela disse- Somos amigos, certo?

–Sim –ele concordou, sorrindo- Melhores amigos.

E, com o peito leve, ele deu as costas, e ambos seguiram seus caminhos.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram?! Quem notou a participação especial do Gamzee, do Kurloz e de DirkJake levanta a mão, hahaha! o/ Comentem, acompanhem, favoritem, recomendem, espalhem pro mundo que isso me ajuda à beça, e claro, deem suas opiniões! Sugestões? Teorias? Piadinhas ridículas que eu amo ler? Direto pros reviews! E o capítulo novo não deve demorar a sair :3 Kissus!