Aqueles Seus Olhos Azuis escrita por march dammes


Capítulo 20
Jail Break


Notas iniciais do capítulo

CHEGAY GALERINHA! E com mais um capítulo enorme!
Olha, queria dizer que estou com pressa então não posso me alongar na explicação---mas o caso é que eu enfrentei um terrível bloqueio depois de postar o último cap., e com ele vieram um monte de pensamentos negativos, sentimentos ruins, problemas pessoais, enfim...só consegui postar hoje. Mas acho que valeu a pena! Gostei bem desse capítulo e vou dedicar ele à quem me ajudou em algumas partes, a Diana (ou TwoHeadedDragon). Valeu, girassol!
Enfim, espero que gostem, mesmo. E lembrem de votar na capa!



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Aqueles Seus Olhos Azuis

Capítulo XIX - Jail Break

John ficou uns bons minutos de pé, o celular ainda colado ao ouvido, ouvindo a trilha sonora emocionante de bipes repetitivos.

“Fique atento ao gralhar do corvo?” Que tipo de instrução foi essa?!

Suspeitava que Dave estava ficando maluco. Ou talvez, jogando RPG demais com Terezi. Aquela fala parecia um passo-a-passo do Mestre dos Magos. Ele sentia que o garoto estava tentando sacaneá-lo, mas ao mesmo tempo, parecia mais sério do que o normal. Talvez estivesse mesmo planejando algo.

Esperava que não fosse algo tão sério quanto tentar roubar o estoque de suco de maçã do presidente – eles já tinham tentado isso uma vez.

De qualquer modo, não conseguiu estender muito mais sua pausa-para-pensar. O pai apareceu ao seu lado de mão estendida, esperando receber o aparelho. John suspirou e não teve escolha. Entregou seu celular desligado ao progenitor e subiu as escadas de volta para o quarto, como se estivesse seguindo para uma execução. Passou a manhã inteira rolando na cama, abraçado ao travesseiro e pensando nas ordens que lhe haviam sido dadas.

“Fique atento ao gralhar do corvo, e atenda ao chamado daquele de penas mais negras. Não durma.

...por acaso isso era alguma charada besta?!

Ficou imaginando o que tudo podia significar. Ficar atento ao gralhar do corvo...havia um ninho de corvos bem acima da janela de Dave, em seu apartamento. Foram muitos os incidentes com os pássaros entrando em seu quarto, quebrando coisas, rasgando exemplares da Game Bro...John riu baixinho. Será que o sardento roubaria um deles e soltaria em cima de seu pai? Improvável, mas com certeza seria engraçado.

Atender ao chamado do corvo de penas mais negras...tinha alguma diferença? Quer dizer, talvez um corvo fosse preto-noite e o outro fosse preto-alma-do-Eridan-Ampora? John com certeza nunca vira um corvo cinza-escuro, então o que aquilo podia significar?

Não durma. Fácil. Ele deveria se manter acordado até receber um sinal de Dave. Mas o que seria? Fumaça?

Argh, era tudo tão confuso!

–Dave, seu idiota, por que não me contou de uma vez qual é a sua?! –ele grunhiu para si mesmo, pressionando o travesseiro contra o rosto. Tinha cheiro de amaciante e seu shampoo.

–... –inconscientemente, ele começou a imaginar qual seria o cheiro do travesseiro de Dave. Provavelmente suco de maçã...Dave geralmente cheirava a suco de maçã. Suco de maçã, metal e sabonete de bebê. Uma combinação estranha, mas que nele caía muito bem e era completamente...Dave.

John sorriu sem perceber. Ainda mal podia acreditar no que vinha acontecendo. Ele realmente fora de melhor amigo para namorado do Strider em questão de uma semana, e estava amando tudo aquilo. Nunca percebera o quanto, até aquele momento, mas...realmente o amava. É. Ele era um amigo precioso, um rapper terrível e um contador de piadas excelente. Ele dava tanto valor à amizade dos dois...desmarcava planos apenas pra sair com John em vez disso. Cara, ele usava até hoje os óculos escuros que John lhe dera em seu aniversário de treze anos!! E era tão influenciável por ele. Mesmo que na maioria das vezes, parecesse o contrário.

Mas era verdade que John o fizera mudar de ideia sobre tanta coisa. Principalmente sobre os fantoches.

E sobre a Game Bro ser um lixo, mas isso ele suspeitava que Dave já sabia e só fingia gostar da revista por questões irônicas. Sua ironia era difícil de entender.

John abriu os olhos e encarou o teto. Frequentemente pegava-se pensando no rapaz, nos últimos dias...

Ele escondeu o rosto novamente. Era mesmo um bobo apaixonado.

*~*

No fim, John cansou de ficar comendo bolo e quebrando a cabeça com as charadas bobas de Dave e pediu permissão para o pai para ficar assistindo filmes na sala. Permissão concedida – uma vez que ele estava tão comportado.

O moreno assistiu cerca de três filmes de Matthew McConaughey (seu ator favorito!) e dois de Nicolas Cage (seu segundo ator favorito!), inclusive Con Air. Aquele filme costumava ser seu preferido no mundo todo, quando ele era menor...agora, era simplesmente nostálgico. Mas divertido.

–John, hora de dormir. –o pai chamou, saindo da cozinha de roupão e levando um copo de água para o quarto.

–Espera só terminar Con Air, pai. –pediu o garoto, encolhido no sofá abraçando as pernas, os olhos vidrados na tevê. Era sua melhor posição de assistir filmes.

O pai pareceu hesitar por alguns instantes, e quando John espiou sua expressão com o canto do olho, tinha uma das sobrancelhas erguidas. Mas o que quer que estivesse pensando, desistiu ao suspirar e sacudir a cabeça.

–Só até o filme terminar. Então, quero você no quarto e com a porta trancada.

–Pode deixar. –John sorriu, e voltou suas atenções à tela. Estava chegando na melhor parte!

Ao término do filme, John coçou os olhos e espiou a hora no relógio de pulso e se assustou ao ver que já eram quase onze e meia. Dave o mandara ir deitar naquela hora, certo?

Ele se levantou, limpou seus “vestígios” da sala – latinhas de refrigerante, um pacote vazio de batata chips e os chinelos, um em cada canto no aposento – e rumou para o quarto. Claro...não sem antes passar pela porta do quarto do pai, e tranquilizar-se ao ouvi-lo roncando.

Ele trancou a porta e se deitou, suspirando. Ficar tantos dias sem falar com Dave parecia 200% mais complicado agora que estavam namorando. Cada minuto longe doía bem mais do que quando eram “só amigos”, e ele nunca percebera como sua voz fazia falta.

Ele fechou os olhos e quase dormiu – acordou no susto de lembrar-se que o sardento lhe mandara deixar a janela aberta, e pulou da cama para fazê-lo. Aproveitou para dar uma olhada na vizinhança. Era tudo bem calmo à noite, no subúrbio...diferente do apartamento de Dave, no meio da cidade. John conseguia ver as casas de luzes apagadas, as ruas em que raramente passava um carro àquela hora, a árvore com o balanço de pneu em seu quintal e a caixa de correio. A pequena coisa bracinho-balançante-vermelho ou seja lá como é chamado estava para baixo, ou seja, sem correio novo. Mas quando realmente havia correio novo, raramente era algo para John. Geralmente eram só contas e coisas paternais que o pai pedia.

Ele saiu de perto da janela, indo para a cama esperar Dave. Parecia que estivera esperando Dave o dia todo.

No entanto, assim que se virou, ouviu um som diferente. Não que não fosse familiar, mas só...incomum em sua rua. O som de um pássaro. Mas não apenas isso, parecia...na verdade, parecia...

O gralhar de um corvo.

John apressadamente voltou a se debruçar na janela e vasculhou o céu com os olhos, procurando por um corvo. Ou um sinal de fumaça.

O gralhar soou novamente, mas veio de baixo. John olhou para a grama...e lá estava. Uma criatura enorme, negra e de asas que se sacudiam com o vento.

Mas não eram asas, eram a ponta de uma capa.

O som se repetiu, e a criatura de pé em seu quintal tirou as mãos de entorno da boca. Os óculos escuros reluziram à luz da lua cheia, e a voz que John mais gostava no mundo chamou seu nome de forma sussurrogritada.

–Egbert, não me diga que não me reconhece.

–Dave! –ele conteve o riso nas mãos- Você é inacreditável!

– Calma!, que luz é aquela na janela? –Dave começou a recitar, colocando a mão no peito- É o leste e traz Egderp como um sol.

John não aguentou, e começou a rir, tentando abafá-lo para não acordar o pai.

–Tal sol que queima meus olhos com tanta nerdice. Formoso, seja lá o que isso signifique...enfim, a plateia entendeu, é meu namorado adorável que eu vim libertar da torre.

John sorriu, cruzando os braços sobre o peitoril da janela e namorando Dave com os olhos. Sua interpretação podia ser boba e completamente irônica, mas ele a achara...charmosa, de alguma forma.

–E cadê a montaria do meu cavaleiro? –provocou o moreno.

–O Karkat ia me dar um soco na cara se eu pedisse pra cavalgar ele até sua casa, então não rolou. –ele deu de ombros e baixou o capuz negro, expondo os cabelos bagunçados- Enfim, estou aqui, meu herdeiro, vim te livrar do encarceramento pelo rei malvado. –ele ergueu os braços, sorrindo de canto.

–Pobre de mim! –John apoiou o rosto numa das mãos- Trancado nesta torre tão alta, proibido de ver meu verdadeiro amor...aposta quem é?

–Humm. Seria o Príncipe Eridan?

John deu uma risada. Mas nem se o vice-presidente do grêmio se transformasse numa menina, ele sujaria as mãos segurando as dele.

–Errou. –ele mordeu o lábio inferior- Sofro num amor proibido com meu cavaleiro pessoal, que soube melhor do que qualquer outra dama do reino como me seduzir.

–Oh, caramba. –Dave puxou a gola da camiseta um pouco para baixo- Ficou quente aqui do nada, ou sou só eu?

John não sabia dizer se ele estava vermelho por conta da pouca iluminação da rua, mas apostava que sim. Continuaria aquele roleplay bobinho se não tivessem tão pouco tempo...e o namorado lhe lembrou isso, dizendo:

–Desce logo de uma vez, não temos a noite toda. E eu estou há oito dias querendo te beijar.

–Como? –o moreno fez um tom preocupado- Eu não tenho como sair, a porta fica trancada por fora quando eu estou de castigo.

–Oh, merda... –o loiro resmungou- Tudo bem, eu tenho um Plano B. –ele remexeu numa mochila que trouxera nas costas (ocultada pela capa, sinceramente, meio boba) e tirou alguns metros de corda, jogando a ponta para John- Amarra aí no que tiver de mais firme.

O garoto olhou em volta, e acabou amarrando a corda no pé da cama. Antes de sair, no entanto, considerou a possibilidade do pai entrar em seu quarto...e decidiu deixar uma pequena “pegadinha”. Arrumou debaixo das cobertas na cama alguns travesseiros extras, como de houvesse um corpo ali, e por último, pescou de dentro de seu baú um balão de aniversário e encheu-o, desenhando com pilot preta uma cara bem idiota. Uma franja bagunçada, olhos quadrados e um sorriso de dentes salientes – seu mais perfeito autorretrato.

Pronto, agora tinha segurança para sair.

Desceu relutante, vez ou outra olhando para baixo e miando o nome de Dave, nervoso. E se arrebentasse? Em contrapartida, o namorado tinha os braços abertos, lhe assegurando que o seguraria se ele caísse. Com mais confiança, o Egbert desceu aos pouquinhos, e ao finalmente colocar os pés no chão, foi atacado por um abraço apertado da parte do namorado, que antes de se separarem, passou as mãos por seu rosto e beijou-lhe os lábios, parecendo aliviado. John retribuiu, sorrindo quando o contato carinhoso foi quebrado.

–Eu senti sua falta. –sussurrou Dave ao seu ouvido, fazendo-o estremecer de leve. Esperava que ele não tivesse percebido.

–Também senti a sua. –respondeu, tatuando um beijo no pescoço do outro, que soltou o ar pela boca ruidosamente.

...ora, interessante.

–Vam’bora. –chamou Dave, então, segurando sua mão fortemente e correndo pela rua. John apenas o seguia, momentaneamente dopado pelo beijo de há pouco...mas ao cair a ficha do que faziam, sorriu abertamente, até finalmente rir.

–Isso é loucura completa, Dave!! –ele expressou, e era mesmo. Não era possível ver a expressão do outro rapaz por conta do capuz novamente puxado para cima, mas o sorriso em seu tom era notável:

–Eu sei que é. Mas por você, eu faço as maiores loucuras.

John sorriu ainda mais, se é que era possível. Continuaram correndo até pararem no parque central...ah, o parque. Mas é claro. O mesmo local em que haviam trocado o primeiro beijo. Nada melhor, certo? John esperou um romântico pique-nique noturno à luz de velas...mas, sendo honesto, gostara muito mais ao ver que não tinha nada daquilo. Dave apenas o guiou até uma clareira isolada após pularem o muro, e tirou a capa e a mochila.

–Aqui estamos. –anunciou- Só eu, você... –andou até ele, passando um braço por seus ombros- ...e as estrelas.

Olharam para cima. John soltou um “wow” sussurrado ao que seus olhos azuis encontraram o céu – mil constelações, estrelas, galáxias quase visíveis, era a coisa mais linda que já vira e não estava nem exagerando. Nunca podia imaginar que dentro de uma cidade grande como a deles poderia haver um céu noturno tão limpo.

–As estrelas...brilham demais. –ele disse.

–Não brilham, não. –respondeu Dave- Elas estão brilhando da mesma maneira que toda noite, mas você as vê com mais intensidade porque está comigo.

John o olhou e ele sorriu de canto. Naquele momento, o moreno podia dizer muitas coisas, podia até não dizer nada e apenas beijá-lo...mas escolheu uma opção mais embaixo. Riu com cara de pateta e perguntou:

–Você ficou treinando essa cantada na frente do espelho, não ficou?

–Cala a boca, Egbert! –Dave o empurrou enquanto ria, fazendo-o cair no chão. Então, se ajoelhou à sua frente e se curvou, com um sorriso. John não se importou em deitar no chão.

Seus lábios se uniram e não foi preciso mais descrições.

*~*

Passaram o resto da madrugada aconchegados debaixo do céu estrelado. A grama era fofa apesar de pinicar um pouco, e o braço de Dave por baixo de sua cabeça era confortável. Ele nunca perceberia se não fosse aquele encontro, mas abraçar a cintura do loiro e enterrar o rosto em seu peito era uma sensação maravilhosa.

Ele cheirava a suco de maçã, metal e sabonete de bebê.

Conversaram e deram risada por mais tempo do que provavelmente deveriam. Apareceram piadas internas e zoações com filmes que John gostava no meio de tudo, e o moreno percebeu com satisfação que nada havia mudado. Ainda batiam papo como bons amigos, se divertindo entre um beijo e outro. Era a melhor relação que ele podia pedir com o sardento.

Em um ponto, Dave se virou e o abraçou forte, suspirando. Mesmo sem entender direito, John retribuiu.

–Eu queria que essa noite durasse pra sempre. –disse o loiro, e o coração de John acelerou.

–...é. Eu também. –ele respondeu, fechando os olhos. E antes que pudesse desejar com mais força que o cheiro de Dave nunca mais saísse de sua mente, um feixe forte de luz branca os alcançou e não era a lua.

–Encontrei vocês! –anunciou uma voz meio-furiosa, meio-aliviada. Dave e John se soltaram no susto e o moreno se sentou, enquanto o outro ficava de pé em um pulo.

A luz abaixou – era uma lanterna – e aquele que a controlava ficou visível. Terno, chapéu e cachimbo entre os dentes.

–Jonathan Alexander Egbert. –o homem no terno rosnou- Trate de se explicar.


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Notas finais do capítulo

DESCULPA AAAAAAAAAAAA. Mas vocês sabem que eu amo interromper :'D Aliás, sobre o último capítulo, eu quis principalmente testar quem aprovava meu jeito de escrever +18, tipo um teaser, juro que não foi pra ser sádica 8'D Mas enfim, deixem comentários e sugestões, e não se esqueçam de votar na capa! Me avisem se virem erros aqui, EU IMPLORO. Kissus, meus lindos!~



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