Aqueles Seus Olhos Azuis escrita por march dammes


Capítulo 15
Menta e creme de barbear


Notas iniciais do capítulo

JEGUS, ESSE CAPÍTULO DEMOROU /TANTO/ A SER ESCRITO. Eu parei tantas vezes por falta de tempo que vocês não fazem nem ideia D': Mas bem, pelo menos consegui terminar, ficou lindo, ficou longo, ficou engraçado, enfim, podem descer a página e ver por si mesmos. Só aviso que não tive tempo de corrigir, viu? Então podem ter uns erros de gramática e concordância, e se tiverem, ME AVISEM!! É sério.
Oh, antes que me esqueça, esse capítulo é dedicado às divásticas Lety e Farmstinkle, por essas recomendações lindas. Obrigada, garotas, de verdade ;w;
E claro, agradeço a todos os meus leitores, principalmente aos novos. Sejam bem vindos!!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/571707/chapter/15

Aqueles Seus Olhos Azuis

Capítulo XIV - Menta e creme de barbear

Cabelo meticulosamente arrumado, certo. Celular no bolso, certo. All Star vermelho, certo. Camiseta com uma frase idiota aleatória, certo.

Pela décima vez, Dave deu uma rodadinha em frente ao espelho. Se curvou para a frente, arrumou mais um fio do cabelo e só então assentiu. Apanhou os óculos escuros que repousavam sobre a mesa do computador, e os pôs no rosto sentindo-se poderoso como sempre. Impenetrável. Frio. Descolado. Definitivamente legal.

Levara certo tempo até conseguir o visual igualmente elegante e casual e arrumadamente desarrumado, por isso, o almoço sairia mais tarde. Mas agora, sim, estava pronto para chamar John.

Enquanto o mandava uma mensagem anunciando que estava esperando na portaria do prédio, andava pelos corredores de casa, sem prestar exatamente atenção para onde ia. E isso o fez esbarrar em um boneco de ventríloquo pendurado no portal, o traseiro de pano esfregando-se contra seu rosto, desarrumando seus óculos.

–FILHA DA P---!! –fora a exclamação, seguida de uma risada alta da parte de Bro, que, sentado no sofá e de costas para ele, jogava videogame:

–Olha por onde anda, pitoco!

–Não sou mais um “pitoco”. –ele reclamou, desviando do fantoche e passando a mão pelos cabelos louros, de novo- Tenho quase dezesseis anos!

–Que seja –ele virou o corpo como se isso fosse ajudar no jogo- Comparado a mim, continua sendo um pitoquinho.

–Não é culpa minha se você é uma vara de cutucar estrela. –ele retrucou, emburrado. Bro fez menção de revirar os olhos e Dave sentou-se ao seu lado no sofá, bufando.

–Então... –Bro começou, depois de uma pausa para se concentrar no jogo- ...o John já tá vindo?

–Eeyup –ele jogou a cabeça para trás- Mal posso esperar pra vê-lo...

–O pediu em namoro via internet, não é?

–Pesterchum, é. –o olhou- Por quê?

–Nada –ele respondeu quase imediatamente- É que isso explica você querer vê-lo. E também, seu primeiro beijo foi o último.

–Hum, é. –ele disse, um pouco desconfortável por aquele infeliz fato- Mas eu vou mudar isso. –o olhou de canto- ...hoje.

–Agora. –ele sorriu, ainda sem desgrudar os olhos alaranjados da telona- Se tudo der certo.

–Não agora, agora... –ele se mexeu- Quero esperar pelo John. Sabe? Até ele estar pronto.

–Ora, por favor –Bro deu uma risada- Do jeito que ele parecia animado sobre você, está praticamente implorando pra ter os lábios colados aos seus de novo. Guarde minhas palavras, não vai demorar muito pra vocês se pegarem selvagemente num beco escuro.

Dave não conseguiu impedir as faces de tingirem-se de rosa. Bro lera sua mente.

–Uh, bem –fez ele. O irmão abriu a boca para dizer mais alguma coisa, quando o celular no bolso de Dave tocou.

–Atende logo, deve ser o John –disse Bro, enquanto o mais novo se levantava e se afastava.

–Hey, John? É, eu imaginei. Desculpa, não consegui...tá. Beleza. Já vou descer. A gente se vê. –ele sorriu- Beijo. Só vou levar dois minutos, Egberto, meu Deus. Tá. –e riu- Até.

Ele encerrou a chamada e Bro apoiou o braço no encosto do sofá para olhar para ele, o jogo pausado.

–E aí?

–Ele está lá embaixo –Dave guardou o celular no bolso- Volto antes das três, falou? Lembra de botar o lixo pra fora.

–Por que você não faz isso? Já vai sair, mesmo.

–Não faço porque não quero tocar meu namorado com as mãos fedendo a miojo podre. –ele abriu a porta- ‘Té mais.

–Pega ele de jeito, tigrão –Bro recomendou, antes que ele saísse. Então os sons eletrônicos do jogo continuaram e Dave desceu a enorme escadaria, chegando ofegante à portaria. Nisso que dava morar no último andar de um prédio sem elevador. Arrependimento. Arrependimento até o fim da vida.

Ele acenou para o porteiro e sorriu para John, que o esperava no hall.

–Hey.

–Hey.

John abriu os braços e Dave estendeu o punho.

–...uh.

–Estranho.

Eles riram e John estendeu o punho, enquanto Dave abria os braços.

–Ahah.

–Mmm droga.

Os dois enrubesceram, e decidiram deixar de lado os cumprimentos.

–Então...

–Então...?

Dave tossiu. Aquilo estava ficando estranho depressa. O porteiro encarava.

–Almoço! –ele disse de repente.

–Ah, claro! –John deu uma risadinha breve- Shopping?

–Só se eu puder comer um hambúrguer enorme.

–Feito. –ele riu, aquela risada anasalada que Dave achava tão adorável.

–Hum, me concede...? –o Strider estendeu a mão, um pouco desconcertado. John sorriu de canto e entrelaçou seus dedos.

–Claro.

Dave conseguiu sentir as borboletas se agitando em seu estômago. Ele fez um esforço para não comprimir os lábios e impedir o rosto de corar, e em vez disso, olhou para a frente. Não conseguiria encarar John naquele momento, ou teria um acesso de fofura.

–Vamos a pé? –ele perguntou.

–Oh, não, na verdade... –John corou e coçou a nuca com a mão livre- Meu pai quem me trouxe, de carro...

–Cê tá brincando.

–Não estou! Mas ele que insistiu.

–Nossa, cara. –Dave soltou uma risada- Desculpe.

John olhou para ele confuso no início, mas então sorriu.

–Tudo bem. Desculpe pelo mico.

–Sem problemas, cara. Antes uma carona do seu pai do que uma hora de caminhada.

–Justo. –ele sacudiu os ombros numa risada muda (ou contida?) e meneou com a cabeça na direção da saída.

Dave entendeu o recado, e o seguiu para fora do prédio. Não ligava mais se o porteiro os estava fitando estoicamente ou não. Teria que enfrentar dez minutos inteiros (ou mais, dependendo do trânsito) com o pai de seu namorado, em um carro fechado. Ouvindo músicas antigas.

Que Deus tivesse misericórdia de sua alma.

John entrou no banco do carona e Dave, consequentemente, ficou atrás. O louro curvou-se para enfiar a cabeça entre os dois bancos da frente, de modo que pudesse conversar com o namorado (essa palavra ainda o chocava, tipo, wow), mas infelizmente (ou não) Sr. Egbert o mandou colocar o cinto de segurança.

O caminho fora consideravelmente tranquilo. O carro cheirava a menta e creme de barbear. O rádio tocava uma música mais velha que a posição de cagar, e o Sr. Egbert a acompanhava com batidinhas no volante. John tinha a cabeça para fora da janela, os olhos fechados e um sorriso de completo prazer, sentindo o vento no rosto. Dave o observava estoicamente, embora por dentro, se derretesse. Era uma graça como o moreno amava velocidade.

Quando terminou a música, o pai de John finalmente decidiu se pronunciar, parando no único sinal de trânsito entre o shopping e a casa de Dave:

–Então –começou, os olhos no semáforo- David, não é isso?

–É isso, Sr. Egbert. –ele se encostou no banco da frente, curvando o corpo- Mas pode me chamar de Dave, mesmo. Nem o Bro usa meu nome completo.

–Certo. –o louro não via, mas podia dizer, pelo tom, que o senhor havia aberto um sorriso- Você e John saem juntos há um bom tempo, não é?

–Há pelo menos três anos, é. –Dave o fitou, mantendo a expressão neutra apesar do coração aos pulos.

–Hum. E desde quando John começou a dar sinais de que era homossexual?

Dave engasgou na saliva e cobriu a boca, curvando-se para frente numa tentativa de segurar o riso. John imediatamente pôs a cabeça de volta dentro do carro, gritando um “PAI!” bastante em pânico.

–Não diga essas coisas! –exclamou o herdeiro, as orelhas vermelhas.

–Ora, é uma pergunta pertinente. –justificou o senhor que devia beirar os quarenta anos, cutucando o acelerador com o pé- Quero saber o que meu filho anda contando ao melhor amigo e não anda me contando.

–Pai, essa é uma pergunta meio íntima... –ele murmurou, então virando-se para o namorado (wow) e dizendo- Dave, não precisa responder.

–Certo –Dave voltou a se endireitar, um sorriso dançando nos lábios- Mas vale notar, Sr. Egbert, que nem eu mesmo sabia do que seu filho gostava antes mesmo do senhor.

John ficou vermelho no resto do rosto e enterrou-o nas mãos, enquanto seu pai acelerava. O homem ajeitou o fedora que usava e proferiu:

–Muito bem. Vocês sempre foram amigos bem próximos, não é mesmo?

–É, próximos mas não próximos, sabe, não próximos demais, caso o senhor esteja se perguntando.

–Dave! Pelo amor de Deus! –John ergueu o rosto das mãos, virando a cabeça a lá garota d’O Exorcista para encará-lo com a expressão mais adorável que provavelmente já fizera.

–O que foi? –o louro não aguentou-se, e riu- Estou só dizendo. –e, olhando para o pai de John- Nunca toquei seu filho indevidamente, senhor.

–Dave!!

O Sr. Egbert pareceu levemente desconfortável, e enquanto Dave ria e John grunhia e voltava a meter a cabeça pra fora da janela, ele aumentou o volume do rádio. E isso provavelmente dera a conversa por encerrada.

*~*

Ao serem deixados na porta do shopping, e com Dave achando que fizera um excelente trabalho naqueles trinta minutos (por favor, ele era o máximo lidando com pais de namorados), ambos acenaram para o Sr. Egbert e receberam pelo menos meia dúzia de conselhos. Entre eles, não dar confiança a estranhos, não comer besteiras, não ficar tempo demais namorando as vitrines (wtf?) e ligar quando quisessem ir embora. E mais alguns que nem faziam sentido.

Prestes a entrar, então, John deu um tapinha no ombro de Dave e tossiu. O louro virou-se para ele, o fitando com olhos escarlate confusos, então olhou para baixo.

–Oh. –fez. E oh, realmente. Ele segurou a mão que lhe era oferecida, e sorriu bobamente quando o outro entrelaçou seus dedos. Sentindo-se um bife que acabara de ser jogado de cara na frigideira, ele meneou com a cabeça na direção da entrada e os dois voltaram a andar.

Como Dave desejava e apesar da recomendação do sogro, os dois foram direto para a praça de alimentação e, famintos, escolheram o lugar com a comida mais gordurosa o possível. E após a ingestão em massa de gordura hidrogenada, carboidrato e sódio, o paladar saciado e o organismo esforçando-se para digerir toda aquela porcaria, a votação injustíssima resultou em um passeio. As mãos dadas e as bocas ocupadas com piadas e deboches, os dois rapazes saíram em passo ritmado pelo lugar consideravelmente lotado para um dia de semana, rindo-se.

E o “momento especial” dos dois poderia ter prevalecido, não fosse a chegada da tal figura bastante...peçonhenta, por assim dizer.

–Joooooooohn! Que coincidência adoráááááááável o ver por aqui!!

Humanstuck!Vriska headcanon da autora

Os dois louros se encararam. A garota tinha um sorriso que mostrava os caninos afiados como os de uma naja, os olhos azul-escuros claramente o desafiando. E se Dave tivesse a habilidade de lançar fogo pelos olhos, Vriska já estaria queimada há muito tempo.

–Oh, hey, Vriska! –John apertou a mão de Dave, como se mandasse silenciosamente que ele parasse de fuzilar a outra mentalmente- Que legal te ver por aqui. Não nos vemos há...alguns dias? Uma semana?

–Não nos vemos há ÉONS, John!!!!!!!! Pelo menos oito semanas.

–Ora, n-não faz tanto tempo assim... –ele coçou a nuca com a mão livre, puxando a outra para trás das costas, escondendo o fato de que seus dedos estavam entrelaçados com o do rapaz sardento- Entramos em férias há só um mês e meio, e não faz muito tempo desde que nos encontramos na festa de aniversário do Karkat?

Vriska sacudiu uma das mãos em sinal de desgosto, como se pedisse que John calasse a boca e acreditasse em sua noção de tempo distorcida.

–Ai, que seja! O que importa é –ela sorriu- Você está aqui agora.

John desviou o olhar, levemente embaraçado, mas sorrindo. Então Dave resolveu agir, e soltou um pigarro alto.

Ca-ham, Serket. –ele voltou a encarar a garota, e não alternar o olhar entre ela e John como se tudo fosse um maldito jogo de pingue-pongue- Se não percebeu, eu estou aqui também.

Vriska franziu o nariz e a testa, olhando para ele como se estivesse analisando a merda de cachorro que grudou na sola de seus all stars de cano longo.

–Oi, Dave –ela frisou bem seu nome, como se fosse uma doença- Eu percebi que você estava aqui. Só não achei que merecia a minha atenção.

Dave cerrou os dentes, embora tentasse manter a poker face. Mas com aquela garota, era simplesmente difícil.

–Nossa, que fria. Como é a vista daí de cima do seu pedestal?

–Fan-tás-ti-ca. Queria que você pudesse ver também mas oh, espere. Você nem merece um! –ela deu uma piscadela.

–Queria saber onde você guarda a chave da sua caixinha de opinião, Vadiska.

–Do lado da sua, Stridébil.

–Seguinte, por que você não vai se foder?

–Damas primeiro? Mas que cavalheiro! Vou te agradecer com uma passagem pra puta que te pariu.

–Ora, somos irmãos?

Vriska cerrava o maxilar tão forte que Dave temia que ela fosse rachar o esmalte dos dentes a qualquer momento. Na verdade, desejava.

–Não me provoque, sardento...

–Eu faço o que eu bem entender, “marquesa”.

–Então faça. O que vem debaixo não me atinge.

–Ah, é? Senta num cacto.

Quando Vriska parecia estar prontíssima para acertar um tapa atravessado no rosto de Dave, John interpôs-se, metendo um braço entre os dois.

–Chega, chega!! Deus, vocês não conseguem nem se encontrar por acaso sem quererem se matar? –ele olhou para os dois em um misto de desapontamento e irritação- Comportem-se! Um “oi” era o bastante.

Dave baixou a cabeça, e Vriska fez um muxoxo. Eram como duas crianças brigonas, interditadas pela mãe. Mais perfeita para o momento, só se fosse Kanaya Maryam no papel de mãe braba.

Mas no momento que a loura pareceu dizer algo (um pedido de desculpas, ou mais provavelmente, um novo ataque), ela baixou os olhos e percebeu a última coisa que John provavelmente queria que ela percebesse.

–Oh! –fez ela, a boca virando um perfeito “o”, e agarrou pelo pulso a mão de John que ainda segurava a de Dave- John!!!!!!!!

–Uh! Uuuh... –fez o moreno, olhando em volta como se caçasse um buraco pra enfiar a cara.

–Mãos dadas. O que tem? –Dave a fitou.

–John! –exclamou Vriska, novamente ignorando Dave com toda sua alma- Eu não sabia que você e Dave estavam ficando!

–F-ficando?! Ahah, não, claro que não! –ele protestou, soltando-se de Vriska e, ao mesmo tempo, de Dave- Só porque dois caras estão andando de mãos dadas no shopping numa tarde de férias não significa que estão juntos, quer dizer, nem que é um encontro. É coisa nossa, heheh, coisa de bro.

Dave virou-se para ele e lentamente ergueu as sobrancelhas. Qual era o motivo de tamanha mentira? Ele tinha...vergonha do relacionamento dos dois? Faz sentido, pensou. O ex-hétero Egbert jamais iria querer ser pego a menos de um metro de distância de outro homem, principalmente seu melhor amigo. As pessoas podiam pensar mal.

Então...por que ele aceitara andar de mãos dadas, em primeiro lugar?

Vriska franziu a testa e projetou o lábio inferior para frente, uma expressão clara de descrença.

–John –disse- Você acha mesmo que me engana?

John enrubesceu e ergueu a cabeça, meio confuso.

–H-hã?

E assim que a loura abriu a boca novamente, uma nova interrupção – porque essas coisas são extremamente comuns, nisso que dá conhecer quase a cidade inteira...

–Vriska! –o timbre de negona gangsta não enganava ninguém- Com quem bolhas você está falando? Se distraiu com uns peixe-gatos de novo?

A figura se aproximou e jogou um braço ao redor do ombro da loura, apoiando-se nela. O contraste da pele era fenomenal.

E o nome da figura era Meenah Peixes.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eeeeee foi isso. E aí, comentários? Sugestões? Opiniões? Tijolos? Direto pros reviews! Piadinhas são muito bem vindas e apreciadas, tratadas à base do BA DUM TSSS. Qualquer comentário na aparência da Vris é bom também. Aí, como eu odeio/amo esta puta~
Bem, logo estou de volta com mais um cap fresquinho e cheio de zueira. Todo mundo já sabe que o assunto do namoro desses dois vai se espalhar que nem fofoca de famoso, né? :')
Obrigada por lerem até aqui, kissus!