Aqueles Seus Olhos Azuis escrita por march dammes


Capítulo 1
Declarar ou não, eis a questão!


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira JohnDave u`/ Avisem se ficar OOC demais, gay demais, chato demais...sou toda ouvidos!Enfim, partiu?



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Aqueles Seus Olhos Azuis

Capítulo I - Declarar ou não, eis a questão!

Eram duas da manhã, e Dave não conseguia dormir.

Sentado em sua cama, os vários fios elétricos espalhados pelho chão de seu quarto produzindo um zumbido baixo, ritmado e constante. Isso o incomodara bastante nas primeiras noites, mas agora ele não se importava mais; era preciso se acostumar a mudanças se ele queria um quarto legal.

O rapaz de cabelos muitos louros encarava com os olhos penetrantemente vermelhos o Iphone em suas mãos, a testa franzida em suprema concentração enquanto a luz pálida da tela do aparelho refletia em seu rosto pintado de sardas. Ele fitava a janela de conversação de seu app de bate-papo, o Pesterchum. Todos os seus amigos tinham, e era através dele que Dave contatava a todos. No momento, refletia se deveria ou não incomodar John Egbert, seu melhor amigo de longa data.

John era um garoto um pouco abobado, distraído, para ser mais bonzinho, mas um bom amigo. Apesar de reclamar do garoto o tempo todo, Dave gostava de conversar com ele; era um cara engraçado e, ele admitia...até mesmo legal. Mesmo que não soubesse nada de ironia.

O louro o conhecera pela internet, e quase saíra gritando de alegria pela casa ao descobrir, um ano depois, que John vivia na mesma cidade que ele. Não demoraram a combinar de se ver, e Dave elegera aquele dia como o melhor de sua vida. Não apenas por ser o primeiro amigo virtual que ele conseguia conhecer pessoalmente, mas...

Veja bem, Dave Strider sempre soube que era um pouco diferente. Desde criança, preferia ficar jogando videogame enquanto os outros garotos jogavam futebol, e ele, bem...dava umas olhadelas de vez em quando. Simplesmente gostava de assistir os seus amigos correndo atrás de uma bola, seus cabelos se agitando ao vento, o suor escorrendo pelo pescoço, empurrando uns aos outros...com oito, nove anos, ele ainda não conhecia essa sensação. Mas achava-a natural, afinal, sendo um menino, nada mais comum que gostar de ficar perto de outros meninos, não?

Bem, aparentemente não. Enquanto ele sentia aquela atração estranha por seus colegas de turma, o irmão mais velho (que ele chamava há tanto tempo de Bro que até se esquecera se ele tinha um nome) falava apenas de “pegar gatinhas” e coisas assim.

E, pressionado por essa insistência de sua única família para “crescer e passar o rodo nas novinhas como o homem que eu te criei pra ser”, aos onze anos ele arrumou uma namorada.

Dave não gostava dela. Mas era a menina mais bonita da escola naquela época, e o louro entendia porquê, ao encarar aqueles olhos profundamente azuis dela...foi nesse ano, também, que ele decidiu que gostava de olhos azuis.

Seu irmão ficou extremamente orgulhoso dele – “meu garotinho está virando finalmente um homem!” – e até lhe deu sua primeira revista pervertida naquele dia. Mas, infelizmente para o mais velho, o namoro não durou nem um mês. Dave dispensou a garota, dizendo que não estava dando certo. E ah, que ela falava demais.

Aquela foi a primeira vez que ele partiu um coração; e não gostou da sensação, mas também não disse nada a ninguém, mantendo sempre a expressão calma por trás daqueles óculos escuros pontudos.

Algum tempo depois, no começo do ano seguinte, na verdade, ele conheceu John. O achara um idiota à primeira vista, mas conforme conversava com o rapaz, simpatizava mais com ele. Ele era um cara maneiro, mesmo com aquela obssessão pouco saudável por pegadinhas. Foi ele que o apresentou à Jade e Rose, na segunda vez que se encontraram pessoalmente. Eram suas amigas da escola; Jade era bem animada e parecia estar sempre sorrindo, simpática com todos. Rose era um pouco mais fechada e usava um vocabulário muito avançado para uma garota de sua idade, mas Dave a achara legal. Elas gostavam de seus raps, e isso contava como pontos extras no conceito do sardento.

Depois de um ano de amizade, do tipo que eles não se desgrudavam e conversavam online a todo o tempo, como se um não pudesse passar muito tempo longe do outro ou enlouquecia, chegou o aniversário de Dave. Ele não esperava receber nada de ninguém, nem mesmo de seu Bro. Porque, apesar de gostar do cara – afinal, era ele que o sustentava e botava comida na mesa -, eles brigavam muito mais frequentemente do que irmão comuns. No teto do prédio. Com espadas baratas.

Mas, diferente do que o rapaz imaginava, ele recebeu alguma coisa. Uma caixa azul que trazia um bilhete escrito à mão e um óculos escuros. Era o presente de John, e no bilhete, ele dizia que Dave deveria parar de tentar copiar o irmão mais velho e criar seu próprio estilo.

E Strider nunca mais usou aquele óculos de extremidades pontudas como o de Bro.

*~*

Repassar mentalmente quase toda sua história de vida tomou de Dave uma hora. Quando esfregou os olhos e checou o horário luminoso no canto superior da tela do celular, ele percebeu que já eram três da matina. E nada do sono chegar. Ele suspirou e tombou a cabeça, logo se deixando cair na cama, afundando no travesseiro. Pensava novamente sobre John, sobre seu sorriso e como ele fazia uma expressão adorável quando estava confuso...ah, droga.

Dave não tinha demorado muito, depois de seu aniversário, para perceber que estava apaixonado por seu melhor amigo. Não era sua primeira quedinha homossexual, e ele tinha certeza de que não seria a última; na verdade, sua primeira paixão havia sido logo depois que ele terminara com a garota dos olhos azuis, e advinha? O rapaz pelo qual ele se apaixonara tinha as íris com exatamente o mesmo tom. Era um dos meninos do seu grupo de amigos, e Dave realmente gostava dele. Digo, ele não sabia muito sobre relacionamentos, mas queria abraçar e beijar o amigo, e passar o maior tempo possível com ele. E de acordo com alguns filmes de romance que ele vira quando ia acompanhar alguns colegas que levavam suas namoradas e ficantes ao cinema – também conhecido como ficar segurando vela–, aqueles eram os sintomas indiscutíveis de ficar apaixonado.

No entanto, sabendo que seria rejeitado, uma vez que relacionamentos entre meninos não eram muito bem vistos e ele sabia disso, Dave nunca se confessou.

E agora, vinha John Egbert, com seu sorriso de dentes centrais avantajados e seus olhos cerúleos, para ocupar o lugar em seu coração e doer como nunca.

Se Dave percebera que estava apaixonado algumas semanas depois de seu aniversário de treze anos, ele agora estava com quase dezesseis e ainda não se declarara. E nem pretendia.

Quer dizer...até aquela noite.

–Ah, que se foda.

Ele soltou, entre um murmuro e um suspiro, passando a mão livre pelos cabelos. Se ajeitou, recostado na parede em que a cama encostava, e empunhou o Iphone com mais seriedade. Era isso. Se declararia.

Ele abriu o Pesterchum na conversa com John (cujo nickname ali era extremamente idiota na opinião de Dave, mas ao menos melhor que seu anterior, que fora hackeado) e digitou, com dedos trêmulos, uma mensagem simples. Prendeu o fôlego e esperou.

–-turntechGodhead [TG] began pestering ectoBiologist [EB] at 3:10—

TG: hey egbosta

TG: fazendo o quê

EB: dave, são mais de três da manhã!

.

Dave suspirou de alívio ao receber a resposta. Riu baixinho para não acordar o irmão mais velho, que dormia no quarto ao lado, e digitou:

.

TG: eu sei que horas são

EB: ??

TG: só queria

TG: você sabe

TG: conversar

EB: você teve um pesadelo, foi isso?

.

Dave se sentiu ofendido. Ele não era do tipo que infantilmente se arrastava para o lado do melhor amigo quando tinha um pesadelo! E ele não tivera um; sequer dormira. Mas, se os pensamentos pessimistas e o sentimento de rejeição fossem um pesadelo...ele franziu a testa e rapidamente respondeu:

.

TG: não

TG: isso também

EB: hahaha.

TG: mas essa não é a questão

EB: isso é na verdade bem fofo. e carente, da sua parte. :p

.

Ele arquejou baixinho. Fofo? Egbert nunca o chamara de fofo antes...ele era o fofo! De qualquer modo, o louro não sabia se ficava ofendido ou feliz por aquela declaração. Optou pela primeira opção ao ler o “carente”, e digitou:

.

TG: eu não estou carente, porra, só com insônia

EB: tudo bem, tudo bem, haha. do que quer falar?

TG: na verdade, eu precisava discutir algo com você

EB: oh ok.

EB: pode falar.

.

Era a hora. Ele puxou o ar e enrolou um pouco até finalmente responder. Não tinha montado nenhum discurso ou coisa do tipo, tomara a decisão de se declarar toda de repente! Mas, era agora ou nunca. Ele mordeu o lábio e conseguiu pensar em algo para dizer. Começou:

.

TG: veja bem, nós somos amigos

EB: super amigos.

TG: bros

EB: super bros.

TG: haha isso

.

Ele riu internamente, mostrando apenas um sorriso bobo à tela. Não era sempre que John afirmava que eram amigos, pois na maioria das vezes eles estavam discutindo sobre como Dave era doente quando o assunto era ironia e ser legal, e como o gosto do moreno para filmes era terrível. Mas o louro gostava de ouvir que era amado, pelo menos em uma “bro-way”. Ele engoliu em seco e continuou escrevendo, os dedos tremendo e errando algumas teclas, que ele logo apagava e consertava:

.

TG: mas esses dias eu vim pensando

TG: (e você vai me achar estranho)

TG: que você é mais do que um super bro pra mim

TG: entende, john?

TG: acho que estou começando a gostar de você...

TG: além de um amigo

EB: além de um super amigo...tipo um MEGA amigo???

.

Dave bateu com a palma da mão livre na testa com toda a força. Como John conseguia ser tão abestado?! Maldito cabeça de vento. Ele escreveu, mais agitado do que nunca:

.

TG: não merda

TG: john

TG: eu acho que te amo

.

Pronto, soltara a bomba. Agora era esperar um “uau, sério?” ou “corte as brincadeiras, dave, esse é meu trabalho!”, e só por isso Dave se permitiu relaxar. Egbert provavelmente pensava que era uma piada...mas se fosse este o caso, por que estava demorando tanto pra responder?

.

TG: john?

.

Um, dois, três...seis minutos de espera. John estava online, mas não respondia. Que merda...?!

.

TG: me responde cara

EB: ...

TG: não me odeie

EB: não vou.

EB: é só que...

TG: ?

EB: eu não sou um homossexual, dave.

.

Fora como um tapa no rosto, ou um soco direto no estômago. Dave apertou o celular nas mãos suadas em uma tentativa de impedi-lo de escorregar delas, enquanto sua expressão permanecia chocada, atônita, encarando a parede como se alguém realmente tivesse surgido do nada e lhe dado um soco certeiro na cara. Ele chegou a sentí-la queimar.

Sem reação e com os olhos marejando, tudo o que conseguiu responder naquele momento foi:

.

TG: ...ah

EB: você está triste?

TG: não, ok

TG: isso é totalmente ok

TG: super ok

EB: me desculpe, dave.

TG: não se sinta mal, não é sua culpa

TG: eu acho que

TG: vou beber alguma coisa pra conseguir dormir

TG: boa noite, john

–-turntechGodhead [TG] ceased pestering ectoBiologist [EB] at 3:35—

EB: boa noite, dave…


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? *foge dos tijolos* Calma, calma, povo!!! O John vai ser meio que um merda no começo dessa fic, mas juro que fica melhor depois :33 Continuem acompanhando, por favor!Favoritem, deixem reviews, espalhem pro mundo que isso me anima pra caramba pra escrever, podem usar o comentários só pra declarar que shippa JohnDave também, eu não ligo. Até o próximo!~