Mundo dos répteis - Cobrina escrita por Lu Malfoy


Capítulo 2
Sem teto


Notas iniciais do capítulo

Como eu prometi postar até segunda, aqui está.



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– Dandara, vamos, estamos atrasados. - nós tínhamos que ter levantando a duas horas atrás, mais Dandara nunca acordava a tempo.
– Hoje é o Duca quem vai abrir a academia, fica calmo amor - ela caminhou em minha direção, ela estava linda, como sempre, mais hoje em especial ela estava maravilhosa, ela me abraçou e selou nossos lábios depois se afastou devagar me olhou profundamente de um jeito que só ela sabe olhar e me beijou intensamente, o clima estava começando a esquentar quando a campainha tocou, nós decidimos ignorar, então a campainha tocou de novo - alguém está querendo falar com alguém com urgência, hein? - ela disse num tom brincalhão.
Bufei. Vesti a camiseta que Dandara tinha acabado de tirar e fui atender a porta ainda irritado, uma garota loira de olhos azuis com cabelos longos estava a minha espera.
– Pai? - Não pode ser, minha filha. E ela estava diferente, antes ela era uma garotinha de cabelos curtos e roupas largadas e agora parecia uma mulher, e estava tão linda.
– Karina? - ela assentiu então eu a puxei para um abraço, eu a girei no ar, como fazia quando ela tinha 12 anos e era meu bebê - eu senti tanta saudade, no começo pensei que ia morrer sem você, entrava no seu quarto e ficava olhando para lembrar do seu rosto.
– Eu tô aqui agora - ela respondeu sorrindo - e eu também senti sua falta.
– Por quanto tempo? - perguntei melancólico.
– Eu voltei para ficar mestre Gael. - eu a abracei tanto que acho que ela estava ficando até meio mole.
– Gael? - chamou Dandara do corredor, então ela surgiu na sala.
– Estou aqui minha vida.
– Karina! - ela correu e abraçou Karina ignorando Gael - Senti tanto sua falta nos últimos cinco anos, por onde você andou? Conseguiu se formar? E os namorados? Como era morar em São Paulo?
– Eu também senti sua falta Dandara, mais acho melhor me sentar para poder responder suas perguntas - a menina disse rindo da curiosidade da mulher. Após alguns minutos, o tempo em que Gael ajudou a recolher as malas para dentro da casa, eles se sentaram.
– Pode começar o interrogatório - Karina disse brincando.
– Como era morar e estudar em São Paulo? - ela começou obediente.
– Na verdade eu tive que transferir minha matrícula para uma universidade na Itália, morei lá, talvez seja por isso que perdemos o contato.
– Itália? Sério? - disse Bianca que surgiu na sala de queixo caído seguida pela ruiva - a propósito, senti sua falta.
– Também senti sua falta Bi - disse sorrindo para irmã.
– O que você fazia lá? - respondeu Bianca ignorando a irmã.
– Eu fui modelo, mais desisti e resolvi voltar.
– Ei Ka, porque voltou? - perguntou Ruiva meio tensa interrompendo a próxima pergunta de Bianca, o que Karina agradeceu por dentro - você voltou para ficar?
– Não que isso seja da sua conta, mais sim Ruiva, eu vou ficar e obrigado pelo oi, voltei porque eu senti falta dos meus pais - quando ela disse isso eu reparei no sorriso enorme que se formou no rosto de Dandara - e dos meus irmãos é claro e também da vida que eu levava aqui. Onde está o João?
– Jogando, no QG - disse Dandara espontaneamente.
– Ele vive lá, se tornou melhor amigo do dono, - informou Bianca - agora, conta mais sobre como eram as coisas lá.
Karina passou a manhã sentada respondendo diversas perguntas, ela acabou por descreveu tudo sobre a Itália, nos mínimos detalhes, desde o clima aos garotos, o que Gael não gostou muito. Até que ela interrompeu as perguntas de Bianca.
– Pai. - ela chamou.
– Sim?
– Será que você poderia levar minhas malas para o quarto?
– Eu até.. Claro que posso!
–Mais tem um pequeno problema. - disse Bianca olhando para mim.
– Qual? - Karina perguntou irritada.
– Eu - disse Bárbara, Karina desenhou um ponto de interrogação no ar - é que eu to alugando a sua antiga cama, digamos assim. Mais eu posso sair se você quiser.
Karina pareceu ter parado para pensar na proposta da Ruiva, ela olhou para mim e depois para Dandara. Como se me perguntasse com o olhar "Será que devo mandar ela sair?"
– Não, imagina, você mora aqui agora, eu cheguei hoje depois de cinco anos, não é como se eu fosse encontrar tudo igual, eu mudei, vocês mudaram. Não vou exigir que você saia, a cama é sua agora - Karina disse contrariada - eu durmo no sofá, pelo menos hoje e amanhã vou achar um lugar para morar.
– Ka não precisa.. - começou Ruiva
– Eu vou procurar, vocês vivem bem do jeito que estão.
– Eu não vou insistir, ninguém pode te obrigar a nada que você não queira - eu disse jogando uma indireta nela.

Respondi umas quatrocentas perguntas, as de Bianca eram as mais fúteis, sobre garotos, moda, artistas, maquiagens e coisas do tipo. Respondi a todas com paciência, afinal, eles precisavam se informar sobre esses cinco anos em que estive fora, Dandara me perguntava coisas do tipo "o que você mais gostava lá?" "não se sentia sozinha?" meu pai disse apenas "a comida era boa?" E a Ruiva perguntou sobre animais, domesticos e como eles viviam na Itália e blá blá. Eu já estava ficando irritada com a diversidade de perguntas da Bianca quando disse que ia dormir. Me deitei e parei para pensar.
Eu agora era praticamente uma sem teto.
Acordei, olhei ao meu redor e me levantei, aí, minhas costas doem, meu pai precisa trocar esse sofá com urgência. Fui até o banheiro, lavei o rosto e escovei os dentes, fui até o meu quarto e escolhi uma blusa rosa com detalhes em renda e coloquei um shorts preto, que foi muito elogiado por Bianca, todos sairam, e eu fiquei em casa, decidi ir sair dar uma volta e depois ir atrás de um novo "refugio feliz".
Sai e me sentei na praça, vi a banca da Dona Dalva, a AquaZen, a academia, um restaurante de comida mineira e o Perfeitão, a o Perfeitão, olhei novamente em direção ao Perfeitão e fiquei feliz com o que vi, Pedro com uma garota, muito bonita por sinal, apesar do que ele me fez, eu não guardo rancor, ele me ajudou a me tornar o que eu sou hoje, a ter meu estilo, a conquistar quem eu quero e não ser conquistada.
– Será que eu devo ir falar com ele? - perguntei para mim mesma.
Decidi não ir, eu não ia acabar com o namoro dele, no momento eu tinha outras prioridades, como achar um lugar para morar já que a Ruivinha sem sal se instalou no meu quarto e eu precisava me livrar daquele sofá. Reparei em um prédio ao lado do QG, o QG, Cobra, faz quanto tempo que eu não falo com ele, corri em direção do QG, mais vi Jade lá dentro sentada e decidi não interromper o que estivesse acontecendo ali.
Olhei o prédio ao lado e decidi entrar, o porteiro era jovem e um GATO, aqueles caras que você olha e diz que se apaixonou sem pestanejar ele aparentava ter uns 24 anos e tinha cabelos em um loiro escuro muito lisos que combinavam muito com os olhos chocolates, parecia ter um metro e oitenta de altura mais ou menos. Ele notou minha presença e abriu um enorme sorriso, seus dentes eram tão brancos que brilhavam.
– Boa tarde, meu nome é Felipe, a senhora gostaria que eu ajudasse em alguma coisa? - muita coisa, como me fazer uma respiração boca a boca, ja estou ficando sem ar, pensei maliciosa.
Olhei para ele e sorri, adorava ver a reação dos homens quando eu sorria, eles ficavam estáticos e é claro que só faltavam babar.
– Eu gostaria que você me desse uma informação - ele assentiu e eu continuei- existe algum apartamento disponível nesse prédio? Ou alguém que alugue um quarto?
– Apartamento disponível não tem, mais o Ricardo tem um quarto sobrando, posso tentar falar com ele se a senhorita quiser. - ele ofereceu.
– Eu agradeceria se fizesse isso por mim. - eu disse sorrindo.
– Se a senhora puder aguardar um momento. - ele se levantou -minha suspeita sobre a altura foi confirmada, ele não era tão alto- e foi até uma escrivaninha, abriu uma das gavetas e tirou de la um caderninho preto surrado, ele analisou a agenda durante alguns instantes e pegou o telefone do gancho, ele discou.
Eu escutei o barulho que fazia enquanto ele discava, na verdade eu podia escutar tudo, o telefone estava com o volume no máximo, uma voz rouca e grave atendeu. "Alô?"
– Boa tarde, aqui quem fala é o Felipe - houveram alguns segundos de silêncio, o porteiro esperava que o homem se lembrasse dele apenas pelo nome, mais então desistiu ao ver que o homem não se lembrou - da portaria.
"Ah, claro." O homem respondeu estuperfato ou entediado, não consegui reconhecer "Como vai?"
– Muito bem, obrigado, e o senhor?
"Bem." Respondeu simplesmente. "Eu posso te ajudar de alguma forma? "
– Na verdade sim. Eu gostaria de me informar se o senhor pretende alugar o quarto que resta em seu apartamento?
"Eu até pretendia, mais não acho que va ter alguém que queira."
– E por quê não? - questionou o porteiro.
"Não é da sua conta." Retrucou o rapaz "Eu simplismente não tenho amigos." Respondeu como se isso não fosse nada.
– Posso falar com ele? - perguntei ao porteiro. Que me passou o telefone.
– Alô?
" Quem tá falando?" A voz questionou.
– A garota que vai alugar o quarto do seu apê, não quero ter que dormir em um sofá duro para o resto da minha vida, acertamos as coisas quando você chegar, eu vou levar minhas coisas hoje mesmo, e eu não aceito não como resposta.
"Garota, você é maluca, e isso foi um elogio" ele disse rindo, um sorriso surgiu no canto dos meus lábios.
– Tchau cara. - Eu respondi ainda sorrindo e desliguei - Espero que você tenha a chave reserva do meu novo apê.
– Aqui - ele disse revirando outra gaveta, esse garoto é prestativo - fica no quarto andar.
– Obrigado. - murmurei.
Eu fui para casa do meu pai precisava tirar minhas coisas de lá antes que eles chegassem, meu pai iria insistir para que eu ficasse, e eu realmente precisava ir. Peguei minhas malas e comecei a arrastar até o prédio, elas estavam pesadas, mais eu insisti e consegui.
Quando cheguei na portaria do prédio vi Felipe, que veio me ajudar a levar as malas até o elevador que ficava meio escondido, realmente o elevador me acalmou um pouco, não seria fácil ter que subir as escadas com essas malas. Cheguei no quarto andar abri a porta e me deparei com O Apartamento, não sei muito bem o que eu esperava, mais com certeza não era isso, isso era demais, era perfeito, me lembrava muito a casa na qual eu vivia na Itália, tudo muito amplo e branco com detalhes que faziam a diferença e eu me senti realmente em casa pela primeira vez desde que cheguei no Brasil. Eu estava tão deslumbrada, fui pelo corredor e abri a primeira porta, era um banheiro luxuoso daqueles que você toma banho com prazer, não era o meu quarto então abri a segunda, era um quarto todo bagunçado, não se encaixava na decoração da casa, tinha vários troféus, e duas camisetas dentro de molduras, uma da Khan e a outra da academia do Gael, meu pai. Resolvi não bisbilhotar a vida do meu novo colega de apê, e fui para a outra porta, enfim, meu quarto, eu iria demorar para decorar, mais tinha uma cama e um guarda roupas, o que era ótimo. Trouxe minhas malas, para dentro e mandei uma mensagem para Bianca avisando que já estava no meu novo apê.
Ela não respondeu, já estava na hora do almoço e eu estava com fome, desci e fui comprar uma marmita no restaurante mineiro, a comida era boa, mais nada comparado as comidas do Perfeitão, pelo que eu me lembrava.
Passei um tempo arrumando o meu guarda roupas mais adormeci, quando acordei chequei meu celular para ver se Bianca tinha respondido.
Ok, vou avisar para o nosso pai. Dizia a mensagem dela. Resolvi tomar um banho para ir ver qual seria a reação do meu pai. Usei meu shampoo de camomila predileto e escovei os dentes, aquele chuveiro era demais, estava tudo bem até eu perceber que não tinha trazido minhas roupas para o banheiro. Me enrolei na toalha e decidi sair, eu estava caminhando pelo corredor, quando passei pela segunda porta, essa se abriu.
– Que isso novinha. - eu reconheci aquela voz, e acabei corando como nunca mais tinha corado, foi espontâneo. Eu me virei e encarei ele nos olhos, ele estava diferente do que eu me lembrava, ele estava mais forte, e tinha barba, mais o sorriso não tinha mudado.
– Cobra.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem,
xoxo,
Lu Malfoy ou Senhorita Cobreloa (chamem como quiserem).
#cobrina4ever ♥



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