O outro lado do clichê escrita por Apiolho


Capítulo 21
21 - Eu gosto dele


Notas iniciais do capítulo

Boa noite! *-*

Quero primeiramente agradecer muito M Plisetsky por comentar no meu capítulo 2. Foi muito importante para mim e com certeza me da gás para continuar e terminar essa fic.

Agora espero que gostem desse novo capítulo.



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Capítulo vinte e um
Eu gosto dele

"Neste mundo é onde pode encontrar
Uma sensação que pode entristecer
Basta um sorriso
E tudo irá mudar
E assim o que é sombrio vai desaparecer."

(Abertura de Ashita no Nadja)

Sábado quando eu cheguei lá estava para mim um frango delicioso. Talvez a melhor refeição que eu tenha comido aqui em casa depois de muito tempo, mas por que eu não me sentia feliz? Cada mordida parecia sem gosto e na hora de engolir parecia pior ainda, era como se estivesse bem seca. Tomei um pouco de suco de guaraná, só que a sensação continuava a mesma.

Audi, que foi? A comida está ruim? — Minha mãe perguntou, tão preocupada que até me surpreendeu, não estava mais acostumada com essa versão não bêbada dela. Nessas horas só queria ficar quietinha.

— Não. — Fui rápida para não soltar mais do que devia, eu nunca quis preocupá-la e falar do que aconteceu ia ser doloroso para mim.

— Aconteceu algo no seu encontro? — Por que fui contar que ia sair com ele? Por quê?

— Não quero falar disso. — Disse, já me levantando da mesa para colocar os pratos na pia. Comecei a lavar para tentar me distrair, mas sua sombra atrás de mim dizia que aquilo não tinha acabado.

— Apesar de ter seus amigos, sou sua mãe e a pessoa que mais pode confiar. Vai deixar só para você? — Perguntou enquanto botava uns talheres do meu lado. Talvez eu não tivesse um bom lugar para me esconder desse assunto. É, vamos ter uma DR na louça!

— Quer saber mesmo, mãe? — Olhei para ela e vi que tinha confirmado com a cabeça, me dando combustível para continuar. Quem sabe essa tenha sido a conversa que mais tenha evitado até hoje, do quanto eu era uma mentirosa. — Eu nunca tive amigos.

— Quê? Mas e o Evan, a Catherine e o Logan? —  Pois é, essa pergunta que eu faço para mim desde alguns dias. Eu só sabia que era usada pelo primeiro e os outros vieram de bandeja.

— Esses três podem até ser entre eles, eu que sobrei nessa. — Confessei, respirando fundo para continuar. — Desculpa mentir que eu sempre tive, só não queria te trazer outra preocupação. — Pensei que depois do cemitério eu não ia chorar, mas olha eu aqui de novo.

Mesmo que eu tivesse molhada do tanto que esfregava aqueles pratos para não me mostrar triste, respingando boa parte da água e sabão em mim, ela me virou e deu um abraço forte. Daqueles que sempre esperei vindo dela desde que nosso pai morreu. 

— Se eu fosse mais mãe talvez não precisasse fingir que estava tudo bem. — Seu desabafo me serviu como consolo. — Por que não para de trabalhar? Estou sóbria há dias. — Fez essa pergunta enquanto me olhava com seriedade.

— Vamos esperar um tempo? — A cara dela não estava nada boa com a minha resposta. — Não é que não confie, mas será difícil se precisar procurar outro emprego.

Me largou para colocar os panelas e começou a secar o que eu já tinha lavado. Enquanto estava guardando via que parecia querer falar alguma coisa, mas parava no meio do caminho.

— Por que você acha que não tem amigos? — Podemos deixar para outro dia? Isso é uma longa história.

— Nós somos muito diferentes. — Esse foi o resumo, para não dizer que a relação deles era tão profunda que nunca vou poder entrar nela, até porque era cúmplice daquele plano sórdido que só ia trazer mágoa.

— Não achei. — Rolei os olhos, não sabia da missa a metade e já quer pregar sermão? Para longe de mim. — Que foi? O Evan parecia bem preocupado contigo para quem é só colega.

— Por que sempre o defende? Nem conhece ele direito! — Gritei já querendo ir para o quarto. Estava cansada desse idiota. Se não fosse aquele beijo e a chantagem jamais saberiam quem era.

— Nos falamos por telefone. — Um pensamento me passou pela cabeça e não foi dos melhores, pelo jeito a minha cara entregou o que achava. — Para com isso, ele só fala de você.

— Ai que legal, deve ter contado tudo sobre minha vida! — Voltei para onde estava. — O que conversaram? — Tá bom, mesmo que não tivéssemos uma amizade e quisesse longe de mim, estava bem curiosa para saber.

— É, de certa forma ele sabe sobre a sua cicatriz. — O sorriso amarelo não mentia que aquele segredo tinha saído da boca dela. E eu achando que ele conhecia sobre isso desde da época.

— Você é uma boca aberto mesmo! — Corri para fora da cozinha mesmo que tenha brigado comigo por a responder de maneira tão mal educada.

Até ouvi meu celular tocar e vi que era o Evil, mas não quis nem mostrar que tinha lido. Dane-se ele e quem for, amanhã eu vou mostrar essa foto e contar a Catherine sobre a aposta. Nem vou falar sobre isso com o Miller, era bem capaz que pudesse me convencer do contrário, porque querendo ou não o cara tinha uma lábia.

Coloquei para não parecer que visualizei as mensagens, não consegui resistir e fui ver o que me mandou. Eu sei, sou uma boba, deveria ter só bloqueado e sumido, mas não conseguia por uma parte de mim querer muito que tudo se resolva.

"Por que foi embora? Achei que íamos ter um encontro só nós dois depois! ;) — Evil"

Lembrei no mesmo momento que sairíamos hoje, mas achei que só fosse ali e deu. Por pouco que não comecei a digitar alguma piada sobre preferir o frango da minha mãe. Larguei o celular na cama e fui dormir. Sai tentação!

A segunda chegou e consegui fugir da minha mãe e ficar sem responder o dito cujo, mesmo que tentasse muito. Até Catherine tinha me mandado, mas para falar que queria conversar comigo na segunda, dessa vez disse que estava combinado. E lá estávamos nós duas sentadas nos bancos perto da árvore no recreio, só o que pensava era que talvez fosse um sinal para revelar tudo.

— Eu vou ser direta, Audrey, estou com ciúmes de você. — Quando ela começou com isso minha boca foi ao chão, isso porque jamais esperaria ouvir algo assim vindo da perfeitinha da escola.

— Por quê? Eu não entendo. — Ainda estava tão nervosa que nem sei como pude falar mais do que "é" ou "hm".

— Claro, já sabe sobre o segredo do Robert e o Evan é tão seu amigo que até brigou comigo por sua causa. — A sua explicação parecia um enigma para mim. Pisquei não sei quantas vezes enquanto via se ainda ia continuar, o que pelo jeito sim. — Ele nunca fez isso comigo. — Foi tão baixo que quase não ouvi. — E isso o quê? Em 2 meses? — Eu literalmente gargalhei com o que disse.

— Cat, foi a Margo que me falou porque a mãe dele morreu. — Falei tudo com calma, apesar de tremer pela ironia. Era eu a intrusa ali, não tinha motivos para ter ciúmes. — E, bem, aquele lá só gosta de te provocar mesmo.

— Não, eu jamais tinha visto o Evan daquele jeito, ele falava sério! — A sua expressão parecia de sofrimento. Eu ainda não entendia nada. — Eu acho que ele te ama, Audrey.

Ia negar de imediato, até porque isso era absolutamente ridículo, eu só era uma maldita de um peão para a aposta e o final de feliz de vocês, porém alguma coisa me parou. Na verdade, foi ter visto que colocava a mão no rosto e chorava como uma criança.

— Olha, isso é uma mal-entendido. — Falei de uma maneira preocupada enquanto tentava a abraçar de alguma maneira.

— Não, ele nunca gostou de mim, da para acreditar? — Ela fez a pergunta com um tom de voz um pouco alto, até para mim. Era como se estivesse desesperada ao ponto de cometer uma loucura. — Bem agora que eu...

— Que você? — A incentivei a desabafar.

— Descobri que gosto dele. — Minha cara ficou confusa. De quem? — Quer dizer, eu acho. — Seu rosto estava vermelho e eu não queria acreditar. Isso era uma loucura total.

— Do Logan? — Enxugou as lágrimas, parecendo melhor, até sorrindo leve, para depois murchar de novo e voltar a tristeza.

— Não, do Evan. — Falou como se fosse óbvio.

Quando disse isso meu mundo parecia ter desmoronado na minha frente. Primeiro porque não poderia contar sobre a aposta, não quando parecia estar sendo séria sobre ele. Segundo porque isso de certa forma não me agradou em nada. Essa última talvez algum dia eu entendesse o porquê.

— Não é possível. — Só o que eu respondi, se esperasse um "parabéns" de mim, isso não ia ter.

— Você me ajuda? — Pediu um favor.

— O quê? — Estava tão confusa que nem conseguia raciocinar direito, era como se tivesse falado em inglês comigo.

— A conquista-lo. Por favor, Au, você é a única amiga dele. — Eu queria dizer não? Sim! E eu ia?

— Tudo bem. — Olha aqui o meu sorriso amarelo dizendo o contrário, meus pés ansiosos querendo sair daqui. Dá para você mesma desistir disso?

— Obrigada! Estou devendo mais essa. — Apesar da felicidade dela, algo não me cheirava bem. E como se não fosse nada simplesmente deu meia volta e se afastou, indo em direção ao Smith.

Já eu fiquei aqui com o que restava de mim, da minha alma, dignidade e até orgulho. Tudo conspirava para eu negar seu pedido, seja de estar junto com aquele diabo de olhos verdes ainda nessa, dela não ter se mostrado gostar de mim nesses dias e também por não querer falar com a outra parte dessa história de jeito nenhum, porém como uma idiota disse "sim".

Como um sinal, uma mensagem chegou.

"Vamos sair? — Evil"


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Notas finais do capítulo

O que acharam da conversa de mãe e filha? E dessa bomba que a Catherine jogou?

A imagem não é minha. Se tiver erros de português podem me avisar.

Quem quer comentar? Realmente vai me deixar bem contente, de coração, até porque saber a opinião de vocês sobre a fic me faz compreender mais o que desejam e estão achando. Além de que adoro criar intimidade com meus leitores, se quiserem mandar MP, podem ficar a vontade. E se por acaso sentirem que essa história merece uma recomendação, como a diva da Miih Lima fez, pode ter certeza que essa autora vai amar demais!

Beijos e até a próxima.



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