O outro lado do clichê escrita por Apiolho


Capítulo 13
13 - Para o carrossel


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos leitores! *-*

Quero agradecer a Senhorita Foxface, Lua obscura e butterfly por comentar no anterior. Significa muito para mim. De coração!

Espero que gostem, pois faço para vocês.



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Capítulo treze

Para o carrossel

  

 

“Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não pode durar. Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente. O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar. Encarniça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo, e o fogo doce arde, arde, flameja. Então, ela que sabe que tudo vai acabar, pega a mão livre do homem, e ao prendê-la nas suas, ela doce arde, arde, flameja.”

(Clarice Lispector)

 

— Eu não acredito que vim. — falei ao bater em minha testa.

— Se te chamei é porque é importante. — confessou ao levantar uma das sobrancelhas.

— Só que nada justifica eu ter de ficar no seu quarto, ainda mais sozinhos. — declarou.

       Sim, meus caros, eu estava em seu cômodo particular.

— Sabe que não mordo Drey, só se quiser. — sussurrou perto de mim.

            Perigo, próximo demais.

— Por que os garotos sempre soltam essa cantada barata? — revidei com afinco.

            Porque se eu pensasse muito eu poderia estar sendo beijada agora, principalmente por perceber que já tinha agarrado em minha cintura de uma forma que um inexperiente não faria.

— Olha a Madre Teresa falando como se sempre as recebesse. — constatou.

— Confesso que não sou desse tipo, apenas ganhei um pedido de namoro. — gabei-me.

            Neste instante ele me soltou, todavia sentia como se sua mão ainda estivesse apertando o local. A sensação de quentura não passava, assim como o formigamento que parecia estar alojado em mim desde que começou com sua brincadeira.

            “Tenha cuidado.” Aconselhei mentalmente.

— É justamente sobre isso que quero conversar. — finalmente revelou.

            Olhei-o neste momento, tendo nem notado até aquele instante que já estava deitado em sua cama de maneira relaxada. Os braços estavam atrás de sua cabeça. Infelizmente eu não deixei de prestar atenção que sua camisa preta estava um pouco levantada, desejando descobrir realmente se tinha um abdômen definido como algumas garotas constantemente comentavam no vestiário.

— Ameaças não irão adiantar, pois o “sim” raramente irei dar. — respondi depois de um tempo, torcendo para que não percebesse que encarava outro lugar que não o seu rosto.

— A rima foi até bonitinha, porém não irei força-la a ficar com meu amigo. — explicou.

— Obrigada. — balbuciei em alivio.

            Tanto pelo que disse, assim como por não tocar no assunto do “tanquinho”. Uma mentira a mais para a lista não seria nada bom.

— Não terminei ainda, quero que descubra se ele e a Catherine estão tendo um caso. — pediu.

— Nada disso, é você que tem de deixar de ser inseguro e parar de ficar me metendo nesse triangulo amoroso! — praticamente implorei.

— Garota, virou quarteto faz tempo. — declarou.

— Não mesmo. — neguei.

— Esqueceu da declaração que ele te fez? — comentou.

            Isso fez-me andar de um lado para o outro em desespero, ao ponto de desarrumar seu tapete. Ele brigou comigo quando percebeu o que eu fazia, obrigando-me a sentar na cadeira da escrivaninha.

— Não tem como não lembrar, todos viram. — declarei.

            Alguém tinha postado no blog da escola, sem nem pensar que nos meus sentimentos e nos do Logan, decretando o possível fim do meu sossego que tanto conquistei, pisando no eu que já tinha me acostumado.

— Deveria ter imaginado antes de dar um fora nele. — foi a única coisa que pensou, em seu querido melhor amigo que havia ficado com a sua tão adorável Lewis. Esfaqueando-o pelas costas.

— Achei que não deveria namorar alguém que não gosta. — mais uma inverdade a ser escancarada em meu diário, não é?

 — Audrey, está querendo enganar quem? Justamente a mim? — questionou.

            Sem aquele maldito apelido tinha a terrível sensação de que o assunto havia se tornado sério. Como se eu estivesse na frente de um psicólogo confidenciando todos os meus segredos obscuros.

            Principalmente quando já havia pegado um assento e o posicionado em minha frente, segurando em minha mão de maneira firme enquanto sorria de uma forma que nunca tinha visto antes. Deixando-o que me olhasse como se estivesse lendo minha mente, desvendando-me por inteira. E essa sensação foi algo que em nada me agradou.

— Quem é você para falar de amor? — esbravejei.

            Foi o suficiente para aniquilar a sua alegria, o que por um momento fez-me desejar apagar as palavras que eu tinha dito. Só que como não poderia, teria de seguir em frente.

— Precisava ter falado isso? — foi tão baixo que até estranhei.

— Sim, contaria no dedo quem não beijou. — continuei sem hesitar.

— Você não me conhece. — essa desculpa não colava.

— Evan, eu estudo contigo desde o primário. — revidei.

            Exatamente com esse comentário que seus dedos, que ainda me tocavam, tinham se afastado da minha pele. E novamente aquela sensação de formigamento se apoderava de mim.

— Mas é claro que antissocial ia saber, não tem nada para fazer. Tão esquisita ao ponto de ficar observando os outros se agarrando, até porque nunca alguém ia se interessar por ela. Não é mesmo? — praticamente berrou.

            E eu desejava sumir, enterrar-me em um buraco, saber atravessar portas e paredes. Apenas não queria estar ali, com ele vendo-me chorar como a fraca que sou. Fazendo-me lembrar de James Carter, mesmo que não soubesse nem um terço do que aconteceu comigo.

— Desculpa. — murmurou.

            Não conseguia responder por estar petrificada, apenas senti-o enlaçar-me e me tirar daquela cadeira. Quando finalmente consegui abri os olhos percebi que estava em sua cama, enquanto ele fazia massagem em minha cabeça. Seus braços ainda me rodeavam, assim como eu estava com o rosto em seu peito.

— Então me fala! — exclamei, mesmo que minha voz ficou um pouco abafada por conta de estar com a boca tampada.

— O que exatamente? — quis saber.

            Seu tom voltou a ser calmo.

— Que estou certa. — saiu como um murmuro.

Drey, você realmente pode ter dito a verdade. — declarou.

— Evan. — discordei.

— Tudo bem, eu tenho certeza que alguém sim vai gostar de você, tanto que o Logan te pediu em namoro, e que eu sou um baita de um mulherengo. Apenas lembro de não ter pego a Bridget. — corrigiu.

            Senti-me sufocada, tanto que eu tentei me afastar um pouco – o que não deu certo. Portanto que decidi olhar para cima e acertar minha cabeça em seu queixo, para assim notar que não estava me sentindo confortável.

— Tem como me soltar agora? — ordenei em seguida.

— Depois de pedir com tanto jeito. — disse ao levantar, sentando-se um pouco longe de mim no colchão, e passar a mão no lugar onde eu tinha machucado, mas nada que saísse sangue, mesmo que tenha mordido a língua com meu ato.

— Quem mandou me abraçar? Aliás, pode me colocar na lista de quem não agarrou. — briguei.

            Com isso ele se aproximou mais e tocou em minha face.

— Por acaso esqueceu que eu já te beijei duas vezes? Ou quer recordar? — questionou de forma maliciosa.

            De uma maneira rápida já estava em cima de mim, atacando meu pescoço, tocando em minha barriga, comportando-se como se realmente ia me despir naquele instante mesmo. Virou-me e passou a lamber o lóbulo da minha orelha, passando a mão por entre meu corpo. No braço, cintura, perna, nem a coxa se safou. Quando notei que estava começando a levantar a blusa a minha mente deu um clic.

            O que eu lembrei, mesmo que me sentisse mais quente a cada toque, era dos dias em que passei com meu ex padrasto. Arregalei os meus olhos, sentindo meu rosto ficar molhado. Se eu tinha parado de chorar com seu consolo, era como se voltasse com força maior.

— Te machuquei? — disse como se tivesse acabado de tirar minha virgindade.

            Ele já não estava me provocando ou me beijando, tanto que estava sentado no banco perto do computador. Em sua expressão era presente o arrependimento e a pena, o que eu não queria que sentissem mais desde o dia em que coloquei o Carter na cadeia.

— Não. — foi apenas o que respondi.

— E não quer me contar o que aconteceu? — realmente parecia curioso com a minha explicação.

— Não estou preparada pra isso, mas sua culpa não foi Evan. — balbuciei após dar um suspiro.

— Tudo bem, quanto estiver estarei pronto para te ouvir. — foi tão sincero que eu não deixei de dar um fraco sorriso.

— Posso ir embora? — implorei.

— Sim, e não precisa ficar espreitando para saber sobre o Logan e a Catherine, por enquanto. — as últimas duas palavras fizeram-me rolar os olhos.

            E desta forma que eu parti da casa do Miller e do primeiro quarto que eu visitei de um garoto. Sem um abraço, um “até logo” ou algo que me fizesse um pouco melhor do que me encontrava.

            Primeiro dia de trabalho, terça-feira.

            Parei na frente daquele enorme parque, com carrossel, montanha-russa, trem do terror, roda gigante, kamikaze, barco viking e outros brinquedos que com certeza me fariam pensar mais de duas vezes antes de entrar.

— O que seria? — perguntou a mulher da bilheteria. 

— Cadê os panfletos? — quis saber.

            Quando apontou para o local eu o peguei rapidamente, para depois notar que havia uma fantasia perto dela. Era essa que ia usar. Sem nem imaginar que ia ficar muito sufocada naquele calor coloquei a vestimenta de urso.

            Apenas dava de enxergar algo por uns pequenos furos da tela, respirando um pouco apenas com dois pequenos buracos no nariz do animal, sem falar que o da boca era tão minúsculo que eu já estava suando em poucos segundos.

— Sabe onde fica o trem do terror? — quis saber uma criança.

            Acariciei seu cabelo e dei um balão para ela e disse onde ficava, apenas cumprimento a possível mãe com um aceno. Não esquecendo também de entregar o folheto com o mapa do local e os preços das comidas. Ao meu lado tinha uma garrafa de água, que apenas levantei um pouco da parte de cima para que conseguisse por um pouco de liquida em minha boca.

            Quando acabou eu fui me trocar no banheiro, ficando contente por ter finalizado o expediente. E, sinceramente, nunca mais ia reclamar de um dia frio depois do que passei em seis horas.

— Audrey, tudo bom? — vi a tal de Alexia quando eu consegui sair daquele cubículo.

            Meu rosto estava vermelho e eu nem sequer me importava por não aparecer apresentável, mesmo que visse que sua maquiagem estava impecável e ainda estava maravilhosa em cima do palco.

— Sim. — disse com dificuldade.

— Então que tal irmos dar uma volta no parque? — pediu.

— Mas já vai fechar. — declarei.

— Meu tio é dono daqui, por isso ele liberou um tempo para mim. — declarou.

            Olhei o relógio que apontava 22h, no entanto em nada me deixou preocupada. Minha mãe estava de plantão e nem ia saber se eu chegasse um pouco mais tarde. Tinha o pressentimento de que o melhor era negar, fugir e não me deixar levar pelo seu tentador convite, porém deixei meu pensamento de lado para me divertir por pelo menos uma noite.

— Posso comer um algodão doce antes? — disse, até porque eu poderia pegar quantos quiser pela funcionária da máquina não estar mais presente.

— Claro. — seu sorriso era tão inocente que nem desconfiei dela.

            E então eu apreciei aquela gostosura, sem nem perceber que logo eu ia experimentar algo que não ia esquecer tão fácil. E quando ia me virar botaram uma venda em meu pescoço, assim como seguraram-me de uma maneira tão apertada que tinha a certeza de que sairia machucada.

— Que a brincadeira comece. Para o carrossel. — e foi o que realmente me deixou assustada.

            Ninguém mais estava aqui, só eu, ela e outras duas ou mais pessoas que não sabia ainda quem eram. Senti-me nos “jogos mortais” quando eu senti algo gelado e metálico embaixo de mim.

            Por favor, alguém me tira daqui.


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Notas finais do capítulo

E ai? Que acharam?

A imagem não é minha, se tiver erros desculpem-me (dando uma de Logan kkkkk).

Quem quer comentar que nem a linda da Mih Lima? Ela me deu um lindo de presente de final e começo de ano. Realmente muito me deixou contente. E é claro que ficarei muito feliz se comentarem e darem a opinião. O que acham que vai acontecer, do capítulo, o que estiver ruim na escrita, no enredo. Enfim, não custa nada recordar por aqui do quanto estão me motivando.

Obrigada, até a próxima, beijos.