Conquiste a garota! escrita por Luisa


Capítulo 1
I


Notas iniciais do capítulo

Primeira long-fic! Espero que gostem! :)



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Ela abriu a porta vagarosamente e observou o rapaz que dormia de bruços na cama a sua frente. Em outros dias, ela até teria pena de acordá-lo. Mas, não naquele dia. Não no último dia de férias deles.

Pegou o copo de água que estava na cômoda de madeira escura ao lado da cama dele e jogou bem em cima dos cabelos pretos do rapaz. Ela poderia até ter se assustado quando ele saltou da cama soltando um grito rouco, mas ao invés disso só conseguiu se contorcer de tanto rir com a cara de susto e confusão que ele fez.

- Inferno, Sara! – ele gritou lançando a ela um olhar de raiva – Você não poderia simplesmente me chamar?! Como se fosse uma pessoa normal?!

- Bom dia, Fe. – ela falou carinhosamente, mas ainda com dificuldades em controlar a crise de risos. – Que tipo de amiga eu seria se perdesse a chance de te ver ter uma reação cômica como essa? – ele limitou-se a lançar a ela um olhar mal- humorado à medida que pegava seu óculos na cômoda ao lado e olhava as horas em seu celular.

- O que você faz na minha casa ao meio-dia de um domingo?! – perguntou olhando-a com raiva e finalmente levantando-se para pegar uma toalha e enxugar os cabelos negros.

- Eu não sei se você lembra senhor Felipe, mas hoje é o nosso último dia de férias e VOCÊ marcou cinema comigo, com a Clara e com o Gabriel daqui há exatamente duas horas! – ela falou olhando-o com certa raiva nos olhos. – E como a boa amiga que sou, eu resolvi vir aqui chama-lo porque você obviamente não acordaria na hora certa e eu simplesmente não posso perder “Drácula”. Você deveria está me agradecendo. – finalizou jogando o longo cabelo loiro por cima do ombro, o que apenas o fez revirar os olhos em sinal de impaciência.

- Bem, senhora Boa Amiga, depois de me acordar de forma tão carinhosa será que você poderia fazer o favor de sair do meu quarto para eu me arrumar? Ou você vai ficar ai me olhando trocar de roupa? – perguntou arqueando uma sobrancelha por trás dos óculos discretos.

- Até que não seria má ideia. Quando foi que você começou a ter músculos definidos mesmo? – brincou observando o rapaz, que usava apenas uma calça de flanela com a qual costumava dormir.

- Apenas saia do meu quarto, Sara. – ele pediu impaciente, abaixando a cabeça e coçando a nuca, desconcertado com a observação da garota.

- Você está ficando vermelho, Fe? – perguntou Sara, mordendo o lábio fino para tentar conter uma risada.

- Não! – ele exclamou olhando para ela, ainda levemente vermelho. – E sai logo do meu quarto que eu quero tomar banho! – falou empurrando-a para fora do quarto.

- Você já foi mais educado! – ela gritou do lado de fora do quarto. Ele suspirou passando as mãos pelo rosto em um gesto de impaciência. Sara tinha a capacidade de deixá-lo desconcertado com uma facilidade que o assustava.

*****

- Não acredito que você realmente comprou meu chocolate! – exclamou Sara sorrindo e com os olhos azuis brilhando ao ver Felipe sair da fila com um enorme saco de pipocas para eles dois e o chocolate dela em mãos. – Eu não estava falando sério quando te pedi que comprasse.

- É claro que não estava. – ironizou Felipe. – Comprei com castanhas. Como você gosta. – completou com um sorriso e em troca recebeu um sorriso doce e um beijo na bochecha de Sara.

- Você é demais, Fe.

Ele sorriu. Era em momentos como esse que ele alimentava a esperança de que talvez, só talvez, as coisas evoluíssem entre eles. Não que ele estivesse perdidamente apaixonado ou algo do tipo, mas já fazia algum tempo que não via Sara de forma tão fraternal assim.

- Vocês vão ficar ai namorando ou vão ver o filme com a gente? – perguntou Clara abraçada ao namorado enquanto esperava sua vez de entrar na sala de cinema.

- Cala a boca, Clara. – resmungou Felipe, já caminhando para a fila com Sara em seu encalço.

- O que te deixou com todo esse mau-humor hoje, em? Você tá um chato. – resmungou Clara olhando-o com cara feia.

- Pega leve com ele, Clara. – falou Sara – Não é como se o Felipe estivesse dando pulos de alegria por saber que o novo namorado da mãe dele e o tal filho vão se mudar pra casa deles hoje.

- Combine isso ao fato de ser acordado de forma tão carinhosa por essa garota com sérios distúrbios mentais jogando água em sua cara e você vai perceber que eu realmente não poderia está com um humor muito melhor. – acrescentou Felipe.

- Ah! – suspirou Sara enquanto eles finalmente entravam na sala de cinema – Vê se supera isso, eu poderia ter feito pior.

Ele resolveu ficar calado. Ela realmente poderia ter feito pior.

- Eu até posso imaginar a forma carinhosa como a Sara acordou ele. – sussurrou Gabriel no ouvido da namorada de forma maliciosa, o que a fez rir e fez Sara e Felipe se limitarem a fazer caretas quase idênticas.

O filme se passou de forma relativamente rápida. Felipe estava completamente concentrado até o momento que sentiu Sara encostar a cabeça em seu ombro.

- Estou decepcionada. Eu achei que esse filme seria o máximo. – ela sussurrou em seu ouvido, aproximando-se para que ele ouvisse melhor.

- Do que você está falando? – falou ele em meio a um riso nervoso – O filme é ótimo!

- Faça bom proveito então. – falou Sara com um sorriso, logo depois dando um leve beijo em seu ombro e fechando os olhos.

Felipe sorriu e fitou-a atentamente. Quando Sara agia dessa forma ele simplesmente não sabia o que fazer. Aquela proximidade poderia ser interpretada como um sinal para que ele tomasse alguma atitude ou era a forma dela de tratá-lo como um irmão? Ele não sabia. Tampouco parecia disposto a arriscar. Limitou-se a depositar um leve beijo no topo da cabeça dela e voltou a se concentrar no filme.

- Ei. Sara. – sussurrou Felipe, tocando levemente o rosto da garota a fim de acordá-la, o que a fez abrir os olhos e resmungar alguma coisa inteligível, ainda sonolenta. – O filme acabou.

- Acho que dormi demais. – falou levantando a cabeça do ombro dele e olhando ao redor um pouco confusa ao ver que todos já desciam as escadas.

- Você acha? – perguntou Clara de forma irônica – Não entendo como conseguiu dormir com esse filme, Sara. – Sara limitou-se a dar de ombros, demonstrando indiferença.

- Ei, o que acham de comermos alguma coisa agora? – perguntou Gabriel, segurando a mão da namorada e começando a descer as escadas também.

- Não vai dar. – resmungou Felipe. – Minha mãe resolveu fazer um maldito jantar de boas-vindas para o Marcos e o filho dele e se eu me atrasar é capaz dela me despejar. Vejo vocês amanhã. – despediu-se com um abraço de Gabriel e Clara e virou-se para Sara, subitamente nervoso.

- Você pode me deixar em casa, Fe? – perguntou Sara timidamente – Você sabe como minha mãe é sentimental, se eu deixá-la jantar sozinha ela vai passar isso na minha cara durante o resto da semana.

- É claro, vamos lá. – falou com um sorriso, e acenando uma última vez para os amigos, colocou uma mão nas costas de Sara, guiando-a até o estacionamento onde pegaram a moto dele.

*****

- Pronto. Está entregue. – falou Felipe sorrindo para a garota enquanto ela lhe devolvia o capacete.

- Obrigada. – ela sorriu enquanto tentava sem muito sucesso arrumar os lisos cabelos loiros que o vento havia desgrenhado.

- Não por isso. – disse com um sorriso.

- Bem, essa é a minha deixa. Preciso entrar. – abraçou-o rapidamente e depositou um beijo em sua bochecha – Seja simpático com sua nova família. – completou fitando-o severamente antes de se desvencilhar dele.

- Vou tentar. – falou insatisfeito e com uma cara emburrada que fez Sara sorrir de forma solidária.

- Boa noite, Fe. – despediu-se e finalmente caminhou para a porta de entrada. Felipe a seguiu com os olhos e sussurrou um “boa noite” antes de vê-la fechar a porta. Ficou alguns minutos ali em frente, absorvendo os acontecimentos do dia, mas logo deu partida na moto. Ainda precisava ir à um jantar com sua nova família.

*****

Quando Felipe chegou a casa, sua mãe estava sentada ao lado do namorado, ambos com uma taça de vinho a mão. Ao lado de Marcos, um garoto alto e loiro analisava atento ao local com seus olhos escuros, parando os olhos no garoto quando ele entrou na sala.

- Ah! Boa noite filho! Chegou bem a tempo! – exclamou Lívia com um sorriso no rosto. Ela estava particularmente bonita naquela noite. Os olhos verdes destacados com sombra dourada e um traço fino de delineador, os lábios finos levemente rosados. Os longos cabelos negros e lisos estavam meio presos e seu corpo magro de poucas curvas fora destacado por um vestido verde-esmeralda que destacava sua cintura.

- Boa noite, mãe. Marcos. – Felipe limitou-se a acenar com a cabeça para o homem ao lado da sua mãe e forçou um sorriso.

- Querido, você ainda não conhece o filho do Marcos. Ele morava com a mãe até pouco tempo. – falou Lívia apontando para o garoto um pouco atrás de si – Felipe, este é o Lucas.

- E aí, cara. – falou Lucas com um sorriso estendendo a mão para receber o aperto de mãos de Felipe que sorriu de volta de maneira contida.

- Bem, acho que estão todos com fome. Eu vou colocar o jantar. – falou Lívia se retirando para a cozinha.

- Eu ajudo você, meu bem. – falou Marcos carinhosamente, acompanhando-a com uma mão em sua cintura. Felipe observava tudo desconfortável com toda a situação. Desde que o pai havia abandonado sua mãe quando ele ainda sequer tinha nascido sempre tinha sido somente Lívia e ele. Eles eram um time. E então há pouco mais de um ano sua mãe conhecera aquele cara no trabalho e Felipe ainda achava precipitada demais a ideia de que o namorado-quase-marido da sua mãe vivesse sob o mesmo teto que eles. Não que não gostasse de Marcos. Ele fazia bem à sua mãe e isso bastava. Mas não sabia se estava preparado para aceitar aquela situação completamente nova. E ainda havia o tal Lucas.

- Ainda é tudo muito estranho para mim também. – comentou o garoto ao lado de Felipe, notando que ele olhava fixamente para a porta da cozinha por onde Lívia e Marcos haviam passado. Felipe despertou do seu transe e pôs sua atenção em Lucas. – Eu teria continuado a morar com a minha mãe, mas ouvi falar que as escolas por aqui são melhores para preparar quem vai concluir o ensino médio e meu pai insistiu para que eu viesse morar com ele e a nova família que ele arranjou por aqui.

Felipe não sabia exatamente o que falar então limitou-se a dizer um “ah” em compreensão. Sabia que o garoto estava se esforçando para ser simpático e que ele também deveria fazer o mesmo esforço, pois aparentemente eles iriam conviver bastante a partir de agora, em casa e na escola. Foi salvo de ter que tentar iniciar uma conversa quando a mãe entrou na sala chamando-os para o jantar.

O jantar definitivamente não foi tão ruim quanto Felipe esperava. A comida estava ótima, como tudo que sua mãe fazia e Marcos e Lucas estavam se esforçando para criar um clima agradável de conversas animadas e aleatórias. Felipe descobriu que tinha muitos gostos em comum com Lucas e quando sua mãe começou a recolher os pratos e ele foi ajudá-la a guarda-los, Felipe já estava decidido que daria uma chance à nova família.

- Percebi que você e o Lucas se deram muito bem. – comentou a mãe com o filho quando viu que Marcos e Lucas já haviam voltado para a sala.

- Ele é legal. – comentou Felipe guardando os últimos pratos.

- Filho. – chamou Lívia suavemente, fazendo Felipe olhá-la – Eu sei que por muito tempo fomos só nós dois nesta casa e que tudo isto está sendo muito novo para você, mas quero que saiba que nada vai mudar entre nós. Ainda somos um time, certo? – finalizou olhando preocupada para o filho.

Felipe sorriu docemente para a mulher a sua frente que tanto admirava.

- Nós sempre seremos um time, mãe. – falou dando um beijo no topo da cabeça dela – Não se preocupe. Eu vou tentar me acostumar com o Marcos e o filho dele. E dizendo isso Felipe desejou uma boa noite para sua mãe e subiu as escadas em direção ao seu quarto. Antes de apagar a luz do abajur ao lado da cômoda para dormir, notou que havia uma mensagem de Sara em seu celular.

“Como foi o jantar? Espero que tenha dado tudo certo. J”

“Nada mal. Eles se esforçaram para serem legais.”

A resposta veio rapidamente.

“E o filho do cara? Ele é legal?”

“O Lucas é legal. A propósito, ele vai estudar com a gente.”

“É mesmo? E ele é bonito?”

Felipe poderia imaginar o sorriso malicioso da amiga ao mandar aquela mensagem que o deixou um pouco desconfortável e enciumado.

“Não tanto quanto eu.”

“Hahahaha. Que presunçoso da sua parte. Vou precisar tirar minhas próprias conclusões amanhã. Boa noite, Fe. Durma bem.”

“Boa noite, Sara.”

E então ele desligou a luz e decidiu dormir, tentando não pensar nas conclusões que Sara tiraria a respeito de Lucas no dia seguinte.


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Notas finais do capítulo

Até a próxima :)



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