Na última noite de sexta

É, nós dançamos em cima de mesas

E tomamos doses demais

Acho que nos beijamos, mas esqueci

- Last Friday Night

Last Friday Night - capítulo único.

Percy realmente passara por muitas coisas nos últimos meses. Talvez a mais horrível fora o que passara no Tártaro com a namorada, Annabeth. E talvez a mais ridícula fora despertar Gaia com sangue de nariz. Mas ela havia sido subjugada outra vez, e ambos os acampamentos estavam a salvo e em paz. Muitos campistas que passavam por ele lhe cumprimentavam naquela mesma noite. Haviam passado poucas e boas para conseguir aquela paz, e agora que ela viera, os sorrisos de alívio pareciam carimbar a cara de todos. A única coisa que os apagava era a morte de Leo e de outros campistas, romanos e gregos. Percy ouviu que Nico estava cuidando dos funerais.

Ele segurava a mão da namorada na frente do próprio chalé, ambos sentados no chão, encostados na parede. Não se falavam nem nada. Era só bom estarem um ao lado do outro. Então Percy pode ver alguém se aproximando ao longe. Clarisse chegou ao lado de seu namorado Chrís Rodrigues, o que o garoto achou no mínimo digno de desconfiança. O que Clarisse poderia querer a uma hora dessa?

A garota se encostou nas escoras de madeira da varanda, puxou o ar e falou:

- Ei, Jackson.

- Clarisse - Percy cumprimentou.

Clarisse usava a blusa do acampamento e uma calça jeans, com uma bandana negra nos cabelos castanhos. Chrís esperou alguns passos atrás, como se não quisesse incomodar. A garota estourou uma bola de chiclete e falou:

- Eu sei que você perdeu um amigo hoje - ela falou com a voz dura - Eu também perdi.

Percy assentiu, desviando os olhos para o chão. Não que ele não gostasse de Clarisse, mas a última coisa que ele gostaria de fazer agora era desabafar sentimentos com ela. Annabeth apertou sua mão de um modo consolante.

- Agradecemos sua preocupação.

Clarisse estourou outra bola de chiclete.

- Sim, claro. Mas não é só isso.

- O quê? - perguntou Percy levantando o rosto para encará-la.

Clarisse lhe mirou com seu melhor corajoso. Parecia meio infeliz.

- Nós vamos comemorar o final da guerra Percy. Eles iam gostar disso. Vamos homenageá-los.

Percy franziu a testa.

- Como vocês podem pensar em festa numa hora dessas?

Clarisse não pareceu se abalar.

- Todos precisamos superar o que aconteceu aqui hoje, Jackson. Dante conseguiu bebidas. Vamos brindar em seus nomes. Vamos agradecer a eles por darem suas vidas pela paz - Clarisse suspirou - E vamos e encher a cara para tentar esquecer essa dor.

Percy lhe encarou meio boquiaberto e meio irritado.

- E qual é ponto?

Clarisse ergueu os olhos agressivamente para ele.

- O ponto, Jackson, é que me pediram te chamar, acredite, eu tenho coisa melhor para fazer do que fazer do que estar aqui.

Percy fechou a cara um pouco:

- Vocês acham bonito encher a cara enquanto...

- Nós vamos - Annabeth o interrompeu.

Percy a mirou surpreso.

- Eu.. você... hã?

Clarisse assentiu para a garota.

- Atrás do campo de morangos tem uma escavação. É ali. Nós descobrimos uma nova bunker.

Annabeth pareceu surpresa:

- Vocês encontraram outra?

- Sim - Clarisse assentiu - Temos procurado elas desde que achamos a primeira.

Então se desencostou da escora e caminhou até o lado do namorado.

- Meia noite lá, Chase, não se esqueça. Trilha 5 a partir da casa grande! - ela falou por cima do ombro, pegando a mão de Chrís.

Percy esperou até que eles se afastassem para se virar para Annabeth e perguntar:

- Nós vamos?

A garota suspirou.

- Sim, nós vamos. Sinceramente Percy, o que podemos fazer por eles? - ela falou em um tom meio infeliz - Eu não sei você, mas eu quero esquecer tudo isso. Pelo menos por hoje. Quero esquecer o tártaro, Gaia, morte e dor. Só quero lembrar de você.

Então sorriu de canto para ele, e Percy lhe sorriu de volta.

- Você... Você não acha que seria... desrespeito ou algo assim? - perguntou o garoto em voz baixa.

Annabeth fez que não com a cabeça.

- Se Leo estivesse aqui, o que você acha que ele iria querer? Que ficássemos aqui nos torturando em culpa ou que fossemos até lá brindar em nome dele?

Percy assentiu.

- Nossa, agora me sinto mal por falar aquilo para a Clarisse - então pensou de novo - E eu não esperava dizer isso.

Então a garota se aproximou e o abraçou.

- Estou feliz que você está aqui comigo.

Percy beijou o topo de sua cabeça sorrindo.

- Eu também.

- Bem - Annabeth se levantou ensaiando um sorriso - Temos uma festa pra ir. Eu vou por uma roupa limpa. Acho que você devia fazer o mesmo, e lavar esse sangue seco no seu nariz, cabeça de alga, porque eu é que não vou beijar você assim.

E Percy sorriu para ela enquanto a garota corria até o chalé de Atena.

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- Hey Annie... Eu acho que pegamos o caminho errado - Percy comentou, tentando não pisar nos morangos caídos no chão.

Ambos estavam chapinhando por uma trilha entre as plantações de morangos. Percy realmente não gostava de contrariar a namorada, mas já fazia uns dez minutos que estavam caminhando e nada. Nem um poço, quanto mais uma bunker. Annabeth lhe lançou um olhar mortal, lhe provando que não contrariá-la continuava sendo uma boa ideia.

- Não. Não pegamos. Você ao menos se deu o trabalho de contar as trilhas pela qual passamos? Esta é a quinta a partir da casa grande Percy. Estamos na trilha certa.

Percy resvalou num morango e se segurou na namorada para não cair.

- Okay, é só que... Não era pra gente ter visto alguma coisa a essa altura? - perguntou o garoto limpando o tênis na terra.

- É uma bunker Percy! É pra ficar escondida! - Annabeth disse irritada - E além do mais, é uma escavação! Você tem que olhar pra baixo! Coisa que você não está fazendo, senão não teria resvalado naquele morango!

Percy assentiu para ela.

- Certo, desculpe. É só que eu estou começando a ficar com o nariz coçando com o cheiro desses morangos fedidos.

Annabeth rolou os olhos.

- Não deve faltar muito agora, não se preocupe.

E ela estava certa. Dois minutos depois Annabeth lhe agarrou a camisa para que parasse.

- Ei, Percy. Pode parar. Nós chegamos - disse ela.

- Não estou vendo nada - comentou ele se sentindo meio burro.

Annabeth deu uma risadinha.

- Ali, Percy. Está vendo aquele montinho de terra. Deve ser atrás.

Percy seguiu a namorada até o montinho de terra, e de fato havia uma porta circular de metal no chão. Ele achou que Annabeth devia lhe dar um crédito, pois quando ele ouvira sobre "escavação" não pensara em um monte de terra do tamanho de um cupinzeiro, mas sim algo que lembrasse escavações arqueológicas de ossos de dinossauros.

Annabeth bateu na porta de metal três vezes, e nada. A garota olhou para ele, fazendo com que ele desse de ombros. Então ela girou a tranca e puxou a porta para cima. Percy quase caiu dentro da passagem. A música era tão alta, mas tão alta, que por um momento ele ficou surdo a qualquer coisa. Então Annabeth apontou para a entrada, afastou os cabelos loiros do rosto e desceu pela escadinha. Percy desceu atrás, prevendo a perda de boa parte de sua capacidade aditiva.

O lugar era grande, parecia um único cômodo. Uma mesa comprida de madeira fora arranjada no canto, onde várias bebidas e copos coloridos estavam. Um grande globo de luzes parecia bem fixo no teto, projetando luzes coloridas no escuro. Havia pelo menos trinta campistas lá, tanto com as camisetas do Acampamento Meio-Sangue quanto com as do Acampamento Júpiter. Um garoto alto e forte se aproximou para cumprimentá-los.

- Percy e Annabeth, heim? - o garoto gritou por cima da música, lhe oferecendo um aperto de mão - Dante.

Percy apertou sua mão.

- Não quero ser grosso, mas eu conheço você? Não lembro de você por aqui.

Dante riu.

- Não, você não lembraria mesmo. Eu sou filho de Dioniso, passo a maior parte do tempo encarregado colhendo os morangos ou as ervas medicinais para os curandeiros. Quem você pensa que achou esse lugar?

- E você não falou nada para o Sr. D ou Quíron? - Annabeth gritou para ele de volta.

O garoto fingiu que passava um zíper nos lábios. Talvez Percy podia ter comentado algo super interessante, mas tinha dúvidas mais prementes:

- Não são os sátiros que cuidam dos morangos? - perguntou ele confuso.

Dante riu outra vez.

- Também.

- Esse lugar já parece pronto! - Annabeth apontou para o disco de luzes.

- Sim, por coincidência a bunker é de Afrodite - Dante gritou de volta para ela - Nem queira saber o que encontramos nos níveis mais abaixo da bunker minha querida.

Annabeth corou. Então uma garota magra de cabelos negros chegou perto deles e segurou o braço de Dante.

- Will não vêm! - ela falou em voz alta para de fazer ouvir - Está com trabalho na tenda. Ele disse que da próxima, talvez.

Dante revirou os olhos.

- Tudo bem - então deu um tapinha no braço de Percy - Fiquem a vontade.

E então saiu com a garota que Percy supôs ser sua namorada.

Annabeth lhe cutucou.

- Percy, olha ali! - disse a garota apontando para o fundo da tenda.

Percy olhou para onde a garota apontava, e avistou Jason e Piper sentados no canto da bunker conversando, cada um com um copo na mão.

- Vamos até lá - Percy chegou mais perto para que a namorada o escutasse.

Percy e Annabeth cruzaram a pista de dança até Jason e Piper, se espremendo entre as pessoas ali. De vez em quando alguém lhe acenava ou cumprimentava, e Percy acenava de volta. Mas em geral o local estava tão escuro e cheio de gente que ele não reconheceu a maioria, nem ao menos sabia como Annabeth tinha conseguido visualizar os amigos naquela bagunça.

Jason e Piper ergueram a cabeça quando eles se aproximaram. Piper lhes sorriu.

- Vocês vieram! - a falou a garota - Minhas irmãs não iam me perdoar se eu não viesse. E Jason está precisando... Bem...

Piper olhou com o canto do olho Jason virar o copo em um gole. Então o garoto levantou e abraçou Percy.

- Que saudades! - Jason deu tapinhas nas suas costas - De vocês dois! Vocês estão maravilhosos hoje! Menos você Percy, você já esteve melhor.

Percy segurou o amigo perplexo, olhando para Piper com um mudo pedido de explicação. Piper fez uma careta.

- Jason, largue o Percy, amor. Você está um pouco alterado.

- E são recém meia noite e meia - comentou Annabeth olhando o relógio no pulso - Pelo visto vai ser uma noite bem longa, eu vou pegar algo pra gente, Percy.

E então saiu pela pista por onde chegara. Percy fez menção de segui-la, mas Jason não o largou.

- Aqui, Percy - Jason enfiou seu copo na mão do amigo - Eu preciso falar umas coisas.

- Ah, não - Piper enfiou o rosto nas mãos.

Jason puxou todo o ar que conseguiu e começou.

- Bem, primeiramente, gostaria de dizer que você Pipes, é a melhor namorada do mundo. E você Percy, é o melhor amigo no mundo!

- Ei, campeão - Percy falou rindo, enquanto tentava manter Jason de pé - Você também é um amigão, mas acho melhor você parar de beber agora.

Então Jason saltitou como se precisasse fazer xixi.

- É a minha música! - gritou ele fora de si.

E saiu correndo até o meio da pista de dança, quase derrubando Percy ao largá-lo.

- Será que está tudo bem deixar ele sozinho assim? - Percy perguntou vendo Jason pular no meio dos outros campistas.

- Não, deixe ele - Piper suspirou, dispensando sua preocupação com a mão - É para isso que estamos aqui, não é mesmo? É bom pra ele se aliviar, ele não estava lidando bem com... tudo que aconteceu.

- Nossa, ele está dançando de um jeito bem estranho - Percy comentou para ela meio impressionado.

Piper levantou meio cansada.

- Você se importa de ficar de olho nele por um minuto? Eu queria conversar com a Annie - Piper lhe pediu.

Percy fez que não com a cabeça.

- Não, tudo bem, pode ir.

- Me avise se ele estiver exagerando. Bem, mais do que ele já está - disse Piper, se apertando entre as pessoas para chegar até Annabeth.

Percy olhou em volta para e certificar que não havia perdido Jason de vista, mas seria impossível, o garoto acabara de cair de costas enquanto tateava o chão sabe-se lá por que motivo. Percy se aproximou e perguntou.

- Ei Jason, que está fazendo?

Percy sabia que era errado achar graça do amigo caído no chão, procurando algo. Mas isso era uma coisa que não acontecia todo dia. Jason se pôs de pé com dificuldade.

- Meus óculos! Eu perdi os meus óculos! Agora não estou vendo direito Annabeth!

Percy não aguentou e acabou caindo na risada.

- Eu sou o Percy, Jason! - disse ele para o garoto confuso.

Jason coçou a cabeça.

- Claro, foi isso mesmo que eu disse Perry.

- Os seus óculos devem estar com a Piper, ela não ia deixar eles com você enquanto você dança break dance - Percy lhe deu palmadinhas no braço.

Mas Jason não parecia estar absorvendo as palavras.

- Percy, você tem que experimentar isso! - gritou ele sorrindo repentinamente, pegando sua mão e lhe rebocando da pista de dança até a mesa de bebidas.

- Ei Jason, calma! - Percy tropeçou nas pessoas atrás dele, enquanto loiro lhe arrastava.

Jason pegou uma garrafa azul em cima da mesa e serviu dois copos, milagrosamente sem derramar. Então ergueu seu copo.

- À NOSSA AMIZADE! - ele berrou sorrindo.

Percy decidiu não contrariá-lo enquanto ele segurasse uma garrafa daquele tamanho.

- À nossa amizade! - Percy levantou o copo e bebeu um gole.

Ele sentiu que ia morrer. O gole queimou toda sua garganta e narinas, e seus olhos lacrimejaram.

- Que merda é essa Jason? - ele falou tossindo.

- É amor! - Jason berrou, virando seu copo em um gole - É a vida!

- Eu falo sério, o que é isso? - Percy encarou o líquido azul cuja o gosto lembrava o cheiro do desinfetante que sua mãe tinha no banheiro.

- Não faço a mínima ideia! - Jason se pendurou em seu braço - Mas você tem que tomar, estou me sentindo besta aqui, com você me olhando desse jeito.

Percy revirou os olhos.

- Esquece.

Jason sacudiu seu braço com violência.

- Você não quer esquecer de tudo Percy? Tudo? Só por hoje? Eu sei que você está sofrendo também - disse Jason o encarando com os olhos azul claros - Venha comigo, vamos só dançar hoje. Podemos nos preocupar amanhã.

Percy não esperou que ele estivesse sóbrio o suficiente para lhe dizer uma coisa dessas. O garoto lhe encarou esperando uma resposta. Então Percy fechou os olhos e virou seu copo.

- Ótima resposta! - Jason aprovou com um sorriso - Vêm, vamos voltar, e...

Mas Jason tropeçou no pé da mesa e caiu por cima dele. Algumas pessoas em volta assoviaram. Percy corou.

- Droga Jason, levanta! Eu vou lá na Piper pedir seus óculos de volta!

Jason se levantou com dificuldade, puxando Percy pra cima com ele.

- Desculpe - ele falou meio encabulado, seguido de um soluço.

- Eu vou pegar seus óculos, fique aqui! - Percy apontou para o chão.

Jason assentiu, e Percy assimilou que ele entendera. Piper e Annabeth deviam, estar ali em algum lugar. Ele se espremeu entre as pessoas na pista de dança outra vez, olhando em volta. As luzes piscavam e mudavam com muita frequência, o que deixava quase impossível para ele reconhecê-las. Percy só as encontrou cinco minutos depois, sentadas em pufes enquanto conversavam.

- Ei, Piper, você sabe dos óculos do Jason? - perguntou ele quando chegou perto o suficiente.

Annabeth se virou para ele com os olhos caídos, parecendo irritada por ser interrompida. Piper chorava com o rosto escondido nas mãos.

- O que foi? - Annabeth lhe perguntou.

- Hã - Percy falou confuso. Nunca tinha visto Annabeth com aquela expressão de olhos caídos, mas assimilou que ela e Piper estavam enchendo a cara - O Jason quer os óculos dele, está com a Piper?

Annabeth colocou a mão no ombro da amiga.

- Está tudo bem Piper, não é culpa sua. Agora, os óculos do Jason estão com você?

Piper assentiu limpando as lágrimas, e tirou os óculos dourados de Jason do bolso da calça, estendendo-os a Percy. O garoto os pegou sem jeito, e então olhou para Annabeth.

- Hã... Annie, a gente não vai dançar nem nada? - perguntou ele à namorada.

Annabeth pareceu escandalizada.

- Piper está muito mal aqui, Percy! Ela precisa de ajuda! - e Piper voltou a chorar profusamente nas mãos.

Percy assentiu.

- Certo.

Annabeth mudou de expressão rapidamente.

- Ah, meu amor. Me desculpe, eu fui mandona outra vez, não?

Então levantou com dificuldade e lhe chapou um beijo na boca. Percy quase derrubou os óculos de Jason com a surpresa. Annabeth se afastou.

- Você... você está bem? - Percy gaguejou para a garota.

- Não - ela lhe entregou o próprio copo na mão e lhe apertou a bochecha - Mas está tudo bem. Vá cuidar do Jason, eu te vejo depois.

- Você tem certeza que não quer ir pra casa?

- Percy, estamos aqui pra quê? - ela lhe falou exaltada, empurrando seu copo até a boca do garoto - Anda, pode beber isso. Você já tem quase dezessete anos, é bem grandinho.

Então lhe virou as costas e voltou a se sentar para conversar com Piper. Enquanto Percy voltava a procurar Jason, sentiu que aquilo era que nem o apocalipse Zumbi. Quanto mais passava o tempo mais estranhos seus amigos ficavam. Mas se até Annabeth não via mal nisso, então ele tentaria, pensou o garoto bebericando do copo que ela lhe oferecera.

--------------

- JASON, OLHA, UMA BARATA! - Percy gritou.

Jason olhou apavorado para o chão, tropeçando nas próprias pernas ao tentar encontrar o inseto.

Percy se dobrou de rir. Havia horas desde que as coisas deixaram de fazer sentido ou importar. Nem tinha barata nenhuma.

Jason começou a se dobrar de rir no chão, e estendeu a mão para que Percy o erguesse. Percy a pegou e o puxou para cima. Então Jason agarrou a barra da própria blusa e a puxou pelo pescoço, girando-a no ar.

- EU SOU O CÉU! - ele berrou ensandecido.

- EU SOU O MAR! - Percy tirou a própria blusa, girando-a no ar também.

Alguns campistas assoviaram quando ambos subiram na meda de bebidas praticamente vazia e começaram a dançar. Jason passou um braço pela cintura de Percy. As garotas estavam desmaiadas nos pufes faz horas, e nenhuma das alegres tentativas de Jason ou de Percy conseguira acordá-las.

Então de repente uma imagem voadora apareceu na frente deles, fazendo com que ambos caíssem da mesa de susto. O rosto de Leo apareceu na imagem.

- Ei, Jason? Percy? O que aconteceu com vocês? Porque estão pelados? - Leo pareceu surpreso.

Jason e Percy berraram.

- ELE VOLTOU PARA NOS CASTIGAR! - choramingou Jason.

- EU NÃO ESTOU PELADO! - gritou Percy.

- Ótimo, vocês estão mais bêbados que Dioniso - Leo revirou os olhos - Tentem não engravidar a si próprios, tudo bem?

- Percy não me abandonaria se isso acontecesse! - Jason apontou para Percy acusador.

- Com toda a - Percy soluçou - certeza. Vamos chamar o bebê de Ceúmar.

Leo enfiou o rosto nas mãos como se não acreditasse.

- Estou em Las Vegas concertando Festus. Vou estar aí em alguns dias. Eu estou bem. Embora é claro que vocês não vão se lembrar disso. Até mais, meus parabéns pelo Céumar.

E com isso a imagem desapareceu.

Jason ficou ali, deitado a seu lado, olhando para onde a mensagem desaparecera. Então virou o rosto pra ele.

- Eu sou a mãe então?

Percy concordou.

- Acho que sim. Pode ser.

Então Jason se calou, considerando.

- Porquê está me encarando? - Percy lhe sorriu.

Jason chegou mais perto.

- Promete que não vai lembrar de mais nada amanhã?

Percy assentiu curioso. Então, para sua surpresa, Jason o beijou. O coração de Percy começou a bater tão forte que ameaçou sair de seu peito. Jamais beijara outro garoto. Mas ele não conseguiu encontrar forças para afastar Jason. De alguma forma, ele gostara. Era tão errado. Era tão inesperado...

Então a língua de Jason deslizou pela sua, pedindo passagem. Percy agarrou seus cabelos enquanto o beijava. Ele podia sentir a cicatriz em sua boca. Podia sentir seu gosto. E ninguém poderia ver, eles estavam caídos atrás de uma mesa no escuro. Então Jason se afastou e sorriu pra ele.

- Prometa que nada vai mudar. Continuamos amigos.

Percy assentiu desnorteado.

- Por mim tudo bem.

Então ambos ficaram em silêncio.

- Porque você fez isso? - perguntou Percy um minuto depois.

- Eu estava curioso - Jason riu.

Percy assentiu.

- Tudo bem. Só amigos.