Olá, eu sou a dor. escrita por Ana Mifnob


Capítulo 6
A visita 2


Notas iniciais do capítulo

Aposto que todo mundo errou ;)



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É Henrique, o meu irmão.

– Porque o trouxe aqui? – eu pergunto.

– Acho que já está na hora de resolvermos isso, não acha? – minha mãe fala.

– Resolver o que? Você é louca. Tira ele daqui. – Eu começo a chorar.

Jamais troquei uma palavra sequer com ele, desde o ocorrido, jamais sequer cruzei o olhar com o dele, jamais lhe dirigi um gesto ou qualquer coisa. Nada. Porque isso agora? Eu não aguento isso.

Ele ficava calado.

– Filha, durantes anos lhe culpei, mas hoje vejo que o que precisa não é culpa, porque isso não te faz mudar, muito pelo contrário, te deixa pior, te deixa mais fria, revoltada. Sinto muito pelo que ouviu hoje, minha conversa com seu pai, eu errei. Só quero consertar tudo desde já.

– ... – eu fico calada.

– Arô, não sei oq mamãe está falando. Mas porque é que você nunca fala comigo?

Me derreto em lágrimas. Começo a chorar muito e soluçar. E ele me abraça. Eu jamais sequer falei com ele, e hoje, recebi um abraço.

– Henrique, eu te machuquei, eu machuco todo mundo, por isso prefiro ficar longe.

– Mas já passou, eu nem lembro mais.

– Eu posso fazer de novo, é melhor eu não ficar perto de você, não quero fazer isso mais uma vez.

– Não Arô, você é minha irmã, por favor.

– É melhor vocês irem, não é?

– Só se você prometer que vai falar comigo.

– Só se você me disser o porquê de não falar meu nome direito.

– Mas eu tô falando Arô.

– Tá bom. Kk Agora vou dormir.

– Tchau – Ele se aproxima e me dá um beijo.

Jamais imaginei um dia isso acontecer, falar com meu irmão, me “acertar” com ele e meus pais. Mas que bom. Durmo feliz.

Acordo e já são 8 da manhã, meu café da manhã já está na mesa e eu levanto para pegá-lo, está horrível, mas já vou embora mesmo.

A enfermeira chega, tira o soro do meu braço e me dá meu último medicamento. Ela diz que preciso ficar em repouso por um tempo e me alimentar bem. Manda eu me arrumar e me acompanha até o banheiro. Termino e pouco tempo depois meu pais chegam, conversam com o médico e vamos embora.

No carro, silêncio total, melhor assim.

Ao chegar em casa, meu pai me ajuda a subir as escadas, mas não diz nenhuma palavra. Sorri e sai.

Pego meu livro “As vantagens de ser invisível” e leio um pouco.

“Então, esta é a minha vida. E quero que você saiba que sou feliz e triste ao mesmo tempo, e ainda estou tentando entender como posso ser assim.”

Cochilo.

Passam algumas horas, levanto da cama, e já é hora do almoço. Hoje eu ainda estou em suspensão, só volto amanhã, então desço e almoço com calma. Hoje parece diferente, meus pais me olharam diferente, não como uma estranha, mas como uma filha, mas nada não passou de olhares e silêncio.

– Oi Arô – diz meu irmão.
– Ah, oi.

Meus pais riem.

Nunca ligo pra comida, sempre desço, engulo a comida e saio. Mas hoje não, hoje eu comi, degustei. Era um estrogonofe de frango com macarrão e um suco de morango, maravilhoso. Sorri em pensamento, mas antes de qualquer coisa eu sai.

– Mãe, vou caminhar um pouco.

– Ok.

Saio e vou caminhando em direção ao parquinho perto da minha casa, deito na grama e fico sentindo o vento passar. Tinha crianças brincando de bola, outras andando de bicicleta, outros brincavam sentados na grama, e eu só olhava.

Ouço músicas, relaxo um pouco e fico quietinha, só pensando.

Decido comprar um sorvete e sento ao lado de uma árvore e me encosto. De repente, uma criança chuta uma bola e acerta meu rosto e em 1 segundo de fúria pego a bola e a rasgo inteira. A criança começa a chorar e a mãe dela afasta-a de mim, e eu saio prestes a explodir.


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