Um lugar chamado esquecimento

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O incrível vão do esquecimento – Capítulo Único.

Sabe quando você perde alguém e seu mundo parece ter parado? Então, ele realmente parou para dar a passagem necessária á um pequeno lugar.

Pequeno, porém lotado e pode ser atravessado de vários jeitos.

Na primeira teoria, quando você esquece alguma coisa no forno, ou de pegar sua filha no colégio ou simplesmente de entregar o relatório, uma camada que passa totalmente despercebida acolhe estes. Tudo o que você sabe onde está, permanece lá no mesmo lugar, porém com uma camada de esquecimento.

Na segunda, o exemplo é perder as chaves. Você não sabe onde ela está então desaparece e vai para o beco do esquecimento, o único lugar do lugar chamado esquecimento.

Ah, o esquecimento. Tantos sinônimos e apenas um significado.

A única coisa que se pode saber do esquecimento é que ele ocorre constantemente bem em frente ao nariz das pessoas. Elas esquecem amigos, familiares, perdem chaves, largam a Barbie para assistirem filmes românticos. Simples e prática forma do ser humano amadurecer.

Nossos entes queridos também vão parar no esquecimento. Deuses também. Só não vai para lá, quem é lembrado e honrado todo santo dia – mesmo que seja só por uma pessoa -.

Mas o esquecimento também vê as pessoas lembradas, ele as persegue. Cada ser humano ou cada objeto nesse planeta têm o tempo exato para ser esquecida, e o esquecimento sabe o tempo de cada um.

Olhe ao seu redor e me diga sua televisão não têm a tela fina? Seu celular não é touchscreen ou tem wi-fi? Agora me responda, onde foram parar todos os antigos modelos, já não muito encontrados hoje em dia?

Esquecimento.

Lembra aquele grande ídolo que morreu e ninguém mais cita o nome dele?

Esquecimento.

Lembra-se daquele sonho de criança, que hoje não é mais o mesmo?

Esquecimento.

Lembram-se daquele famoso joguinho que foi febre em décadas atrás?

Esquecimento.

Lembram-se daqueles guerreiros que morreram com honra, porém nunca são citados?

Esquecimento.

Todos estão sujeitos ao esquecimento.

E isso aconteceu para mim, querido autor.

Eu sou aquele seu personagem, daquela sua primeira fanfic que já foi excluída. Eu sou aquele seu antigo nickname nos sites da internet. Eu sou aquela roupa velha que você queimou. Eu sou aquele chiclete que você cuspiu na rua. Eu sou aquela pessoa que você tanto amou e depois, simplesmente tudo mudou.

Estou vagando naquele beco escuro, tropeçando em coisas esquecidas. Somente coisas, pois as pessoas se afogaram no mar de esquecidos. Estou nadando contra uma correnteza de coisas que chocam em meu rosto, causando-me algo estranho. Não dor, pois dor não é esquecida nunca. Olho para os lados e não vejo paredes; pois elas não são esquecidas. Nem mesmo têm chão, apenas aqueles objetos que eu tinha de pular em cima rápido para não afundar e cair no vão negro, que fora feita das pessoas do esquecimento.

Então, um passo fundo e eu caio; estou afundando.

Por favor, alguém pode se lembrar de mim? Eu queria sentir medo, mas ele não era esquecido. Até meus sentimentos são vazios, e nem vazio podes dizer.

Por favor, lembre-se de mim. Por favor, lembre-se de mim!

Olhem os álbuns de família, aquelas fotos antigas e já comidas pela umidade. Olhem para o sol e lembre-se de meus cabelos cintilantes. Olhem para o mar e se lembre daquele momento inoportuno que aprendi á nadar.

Lembrem daquilo que desejavam e um dia conseguiram. Lembre-se de mim como seu amor, sua dor. Se lembrem de tudo, seus humanos tolos!

Não caia no vão do esquecimento.

Então, do nada, tudo dali recupera a vida, o tom. As coisas se mexem, os seres revivem e eu sinto uma mão me puxar.

Finalmente o esquecimento tomou forças para serem memoráveis.

Estamos indo juntos atrás de quem nos esqueceu, estamos atrás de você.