Amor Antigo escrita por Kah Nanda


Capítulo 1
Eu te amo há muito tempo minha amiga


Notas iniciais do capítulo

Boa Noite. Cheguei com mais um projeto, dessa vez, voltando as doces ones. Para quem não me conhece, sou a Kah Nanda, muito prazer. E sejam todas bem-vindas.
Essa fanfic vem com o intuito de encher seus coraçõezinhos de muito açúcar e mel, espero que gostem do enredo que preparei e desde já, peço desculpas pelo tamanho. Quem me conhece sabe o quanto me empolgo com as palavras e dessa vez, não foi diferente e como não quis dividir o capítulo, aqui estamos. Mas sem mais delongas, nos vemos novamente nas notas finais.
Apreciem Sem Moderação.

Capitulo Postado Em: 09/12/14



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POV 3ª Pessoa

— Você está indo vê-la?

— Estou sim, mãe. Combinamos de nos encontrar as cinco, no nosso lugar.

— Tudo bem. Coragem e boa sorte filho.

— Obrigado mamãe. Com certeza preciso de ambos.

O jovem terminou de ajeitar a camisa, pegou as chaves, a carteira e saiu, mas não antes de depositar um beijo na testa de sua mãe.

Hoje realmente será uma noite importante e totalmente decisiva na vida do rapaz.

Esse rapaz é Edward Cullen.

Aos 25 anos, nascido e criado na pequena cidade de Forks, localizada no estado de Washington, um dos lugares mais frios e chuvosos do país. Formado em gastronomia.

Filho de Esme e Carlisle Cullen. Ela, uma professora do jardim. Ele, o médico dedicado da cidade. Irmão de Alice Cullen, a pequena e doce princesa da família, estudante de psicologia, namorada de Jasper Hale, também estudante de psicologia e o melhor amigo de Edward.

O melhor amigo do sexo masculino ao menos, porque em seu coração também há espaço para outro melhor amigo, ou melhor, amiga...

Isabella Swan, Bella, como prefere ser chamada.

A amiga de infância, a mais especial, a amiga da vida inteira.

A menina, que diante de seus olhos foi se transformando pouco a pouco, na mulher dos seus sonhos. A mulher que habita também outro lado de seu coração, o lado que sente afeto, carinho, desejo, paixão e amor, muito amor...

Edward e Bella se conheceram ainda pequenos, estudaram juntos durante todo o ciclo escolar, separando-se apenas nas escolhas profissionais, mas nessa idade, a amizade já era sólida demais para ser desfeita.

Entretanto, nem a vida inteira compartilhada como amigos, foi capaz de impedir que Edward desenvolvesse amor de forma diferente para com Bella.

Ele se recrimina por isso, culpa-se por ser fraco e ter se deixado levar por outros sentimentos. Sente-se um tolo a cada vez que a vê e ela sorri da mesma forma de quando eram crianças, mostrando todo o carinho e confiança que só dois grandes amigos poderiam ter.

Quantas vezes não foram para os seus braços que ela correu quando precisou de um conselho? Sobre amor, relacionamentos e outros garotos?

E em todas essas vezes, mesmo com o coração sangrando, guardou suas tormentas para ser o amigo que ela precisava.

Ele nunca a culpou por não amá-lo, esse é um erro só dele e sendo o único culpado por toda essa dor, guarda apenas consigo, suas aflições.

Bem, na verdade, não tão sozinho assim, já que seus pais, a irmã e o cunhado, sabem do verdadeiro sentimento que nutre pela amiga.

Para resumo, apenas ela, a pessoa mais importante, parece não saber ou ao menos não perceber o que o amigo realmente sente.

Uma vez, em meio a uma discussão calorosa com a irmã, ouviu as seguintes palavras...

Que espécie de amiga Bella é que não percebe o que está havendo com você? Vocês são amigos desde pequenos, como ela pode não notar o brilho diferente nos seus olhos? Ou a forma como age perto dela? Você sabe que sempre a adorei, tanto quanto você, mas me dói demais vê-lo nesse estado, sofrendo por algo que poderia facilmente ser evitado. Se você se declarasse, as coisas se resolveriam. Nem que ela não sinta o mesmo, mas pelo menos, poderiam parar de agir como se fossem apenas bons amigos e ela veria que certas coisas não precisam ser compartilhadas com alguém que sente algo a mais.

Naquela ocasião em especial, Edward sofria porque Bella havia acabado de lhe contar que estava namorando um colega de faculdade. Que estava muito feliz e entusiasmada com o início da relação e que achava que talvez com o rapaz, as coisas poderiam dar certo finalmente.

Ele, como sempre, sorriu e se mostrou compreensivo diante das suas palavras, mas quando ela partiu, ele se enclausurou em seu quarto para deixar que o coração sofresse em paz, mas nem esse direito teve, já que foi quando a irmã entrou despejando a enxurrada de palavras em sua cabeça.

Muitas vezes ele pensava realmente em contar a verdade, dizer o que sentia, arriscando tudo, mas, assim, que o pensamento lhe atravessava a mente, se refreava.

Porque um sábio já disse um dia, mais vale um pássaro na mão, do que dois voando.

E, nesse caso, as coisas são bem assim. Mais vale sua amizade sincera, do que uma possível rejeição e mudança no convívio dos dois.

Por mais que às vezes a dor da distância, de vê-la seguindo com outros, seja grande, tudo se reduz a nada quando ela o visita ao fim do dia e o cobre de beijos e abraços ou se enrosca no sofá ao seu lado, para assistirem alguma coisa na TV.

Esses momentos valem ouro e ele não está disposto a perdê-los.

Só que nada nunca está ruim o suficiente, que não possa piorar e Edward encontra-se agora em uma encruzilhada sentimental.

A dúvida entre a razão e a emoção, entre o compromisso profissional e a instabilidade de um sonho, ambos tomando conta de seu ser.

Ele cursou gastronomia na esperança de no futuro, ser um grande chefe de cozinha e poder abrir seu próprio restaurante, o sonho de menino o persegue até hoje. Foi com a avó materna que aprendeu a amar a cozinha e todos os mistérios que a envolvem.

Quando escolheu o que faria, teve total apoio dos pais, da irmã e claro, da melhor amiga, uma das opiniões mais importantes para si. E assim, embarcou na jornada.

Hoje, três anos depois de formado, seu sonho continua tão longe como no início, o que não quer dizer que esteve parado ou sem rumo durante todo esse tempo, aliás, propostas para trabalhar em grandes restaurantes, reconhecidos em centros comerciais, não faltaram, mas ele sempre tentou de tudo para não sair de perto da família, da cidade natal, pois diferente de muitos, ama a tranquilidade que a cidade pequena proporciona.

Mas infelizmente, chega uma hora na vida que as escolhas não podem ser baseadas apenas nos sentimentos simples e ternos, mas, sim, nas responsabilidades da vida adulta.

O tempo estava passando, a idade chegando e ele continua como o jovem estudante que morava na casa dos pais. Foi assim que uma proposta praticamente irrecusável chegou a si, uma oportunidade única de construir carreira em um restaurante badalado.

Mas há um problema, apesar de todos os sinais positivos, ainda se sente compelido a recusar. Pois uma coisa seria capaz de fazê-lo desistir de tudo e mudar de ideia, uma ação, resposta, uma pessoa.

A verdadeira dona de suas escolhas, ela, sempre ela, a amiga, a amada...

Diante das circunstâncias e das possibilidades, Edward recusa-se a ir embora sem confessar o que realmente sente por Bella.

Por isso, vê apenas dois caminhos a trilhar. O primeiro e para si, o mais provável. Confessar seu amor, então Bella lhe pedir desculpas, com todo seu jeito meigo, mas informar que não sentia o mesmo, assim partirá para um novo futuro sem pensar mais, pois seria melhor uma distância física, do que uma sentimental, permanecendo ao lado da amiga vendo pena e rejeição em seu olhar.

A segunda, completamente improvável e fantasiosa, seria o fato de ela não só compreender seus sentimentos e aceitá-los, como também retribuí-los. E caso isso acontecesse, seu futuro profissional seria o que menos lhe importaria, pois ter a mulher amada ao seu lado, já lhe daria tudo, o resto poderia ser resolvido depois.

E é isso que está indo fazer agora, encontrar a amiga para lhe contar a novidade sobre o emprego e também confessar seu amor. Que Deus o ajude a não ter um infarto antes de conseguir dizer tudo.

O local combinado para o encontro é o mesmo de sempre, um lugar deles e só deles, onde viveram várias aventuras na infância e com o passar dos anos, compartilharam tardes de estudo na adolescência, até começarem a passar noites adentro, pelo simples fato de estar na companhia um do outro.

O que sempre foi muito importante e sólido na amizade dos dois, não importava o motivo, a ocasião ou se simplesmente não existia um fato consistente para um encontro, o que importava realmente, era estarem juntos. E mantém a tradição na rotina até hoje.

Edward chegou ao local máximo que dá para ir de carro e desceu, retirando do banco de trás, uma cesta que arrumou mais cedo, com coisas gostosas para que possam comer enquanto conversam.

Ele notou, pela ausência de outro carro próximo, que Bella ainda não chegou, então foi caminhando calmamente pela trilha adentro até chegar ao lugar especial, a velha campina.

Sorriu ao olhar as flores, apesar de Forks ser mais conhecida por seu clima frio e chuvoso, às vezes, em raros dias como hoje, nas estações mais quentes do ano, abre-se um pequeno sol, que ilumina de cores a clareira.

Bella adora isso e apesar de também ter nascido na cidade, é simplesmente fascinada pelo sol e calor, coisas que se têm pouco por aqui, então sempre que o dia encontra-se como esse, ele faz questão de levá-la para passear, para respirar o ar puro das árvores e aproveitar o sol em sua plenitude.

Quando encontrou um bom lugar para ficar, retirou a toalha e estendeu no chão, deixou a cesta de lado e sentou, absorvendo os raios solares que começam a penetrar-lhe a pele.

Foi assim que lembrou com alegria, do dia que encontraram esse lugar, ainda na infância...

— Vamos Bella, você tem que pedalar mais rápido.

O menino falou para a amiga, que está pedalando logo atrás.

— Ai Edward, eu já estou ficando cansada.

— Isso porque você é muito mole.

— Não sou mole, é que sou apenas uma menina e não estou acostumada a tanto esforço físico. Agora olha só o tamanho das suas pernas, por isso consegue pedalar muito mais rápido do que eu.

Ao ouvi-la parou para observar.

Realmente nunca tinham pedalado por um percurso tão longo e desde sempre, Edward foi maior do que Bella, consequentemente, suas pernas também têm um pouco mais de agilidade para pedalar.

— Ok, reclamona, vamos mais devagar.

Ela sorriu em agradecimento e ele apenas desacelerou um pouco para que pudessem pedalar lado a lado, continuaram assim por alguns minutos até Bella mudar o caminho por onde estavam indo, se aproximando de uma trilha que despontava em meio à floresta.

— Bella. O que você está fazendo?

— Vamos entrar? Vamos ver até onde essa trilha vai dar?

— O que? Você ficou louca? E se nos perdermos? E se algo acontecer?

— Ah Edward, deixa de ser medroso. Vamos, vai? Será como uma aventura. E eu prometo que se começarmos a ir muito longe e não encontrarmos nada voltamos. Afinal de contas, é só ficar na trilha, não tem como se perder.

Ele não era propriamente um medroso, resguardado, seria a palavra mais exata, além do mais, sentia por obrigação ou instinto, cuidar de Bella e não poderia deixá-la se arriscar sozinha.

— Bella, acho melhor não, talvez outra hora...

Tentou argumentar com a amiga, mas ela o interrompeu.

— Por favor, Edward, por mim, vamos?

Outro fato sobre o menino é que jamais consegue negar algo a amiga, ainda mais, quando ela transforma os doces olhos chocolates em pidões, foi assim que acabou cedendo e indo atrás dela pela trilha.

Eles pedalaram pelo que pareceu ser um longo percurso, mas Bella ainda não demonstrava interesse em parar.

Ele estava quase pedindo para que voltassem, quando viu uma luz vindo de um lugar entre o meio das árvores, ambos desceram das bicicletas e foram a pé, infiltrando-se por meio do verde e marrom, até encontrarem o que talvez por instinto vieram procurar.

Era com certeza o lugar mais bonito que já tinham visto na vida.

À vegetação diferente, o campo aberto rodeado de flores, a vista completa do céu acima de suas cabeças e o melhor, parecia um local intocado, quase que como um jardim secreto que somente agora foi revelado aos dois.

— Edward, esse lugar não é incrível?

— Sim. É realmente muito bonito.

— E nós o encontramos sozinhos. Então agora esse lugar será o nosso lugar secreto. Só nós saberemos sobre ele e sempre que quisermos ficar a sós, poderemos vir para cá. O que você acha?

— Eu não sei Bella, como disse, parece um lugar secreto. E se for perigoso ficarmos vindo aqui? Talvez não seja tão secreto e outras pessoas podem vir também.

— Não creio Edward. Eu sinto que é um lugar nosso. Você não? Além do mais, aqui é Forks, nada de ruim acontece nessa cidade.

Ela declarou sorrindo com a inocência de criança no olhar...

Pelo restante do tempo que passaram ali, Bella ficou tentando convencê-lo a aceitar que voltassem ao lugar e o tomassem como deles.

Por fim, como já era esperado, ele acabou cedendo e a partir daquele momento o lugar, a ação e todo o resto, transformou-se em um segredo mantido por ambos.

Tal segredo não durou muito, é claro, pois logo os pais tomaram conhecimento sobre o lugar secreto dos filhos, mas com uma lábia capaz de convencer até adultos, a pequena Bella Swan fez com que os pais os deixassem continuar frequentando o lugar até os dias de hoje.

O que realmente foi uma ótima ideia, como se pode observar, já que até hoje, com ambos na fase adulta, o lugar continua sendo o marco especial na vida de ambos.

E é onde Edward aguarda a chegada da amiga, para lhe revelar o maior segredo de todos, escondido tão profundamente dentro de si, como um dia esse lugar também já esteve, encoberto entre sombras e profundezas, até um dia ser revelado, como ele pretende fazer em relação aos seus verdadeiros sentimentos...

Demorei tanto que você caiu no sono?

Obviamente ele não estava dormindo, apenas tinha fechado os olhos enquanto esteve envolto nas lembranças, mas ao abri-los, ai sim pareceu estar em um sonho.

Bella vem caminhando lindamente em sua direção, ela já estava na área aberta da clareira, mas até chegar aonde se encontra, terá que percorrer um pequeno trajeto e ele poderá continuar aproveitando de sua beleza pura e angelical enquanto ela caminha ao seu encontro.

O vento do fim da tarde bate sobre ela, fazendo com que seu cabelo voe e o vestido também, balançando, acompanhando o ritmo dos quadris.

Ela sempre foi linda, mas obviamente de uns anos para cá, quando tomou a forma completa de mulher e os sentimentos junto aos hormônios de Edward, tomaram outras proporções. O modo como a enxergava também mudou.

Então, em um dia como esse, que ela se encontra simplesmente perfeita, é difícil controlar as sensações que seu corpo quer produzir.

— Acordou?

Ela questionou quando finalmente se aproximou dele.

— Hã?

— Eu vejo seus olhos abertos, mas durante todo o tempo, parecia que estava mais viajando do que propriamente ligado.

— Ah, não foi nada, besteira. Mas que bom que chegou. Vem, senta.

Ele estendeu a mão e a ajudou a se acomodar sobre a toalha.

— Obrigada. E agora que parece de volta ao mundo real, façamos direito. Oi Edward.

Ela se inclinou e depositou um beijo em sua bochecha.

— Oi Bella.

Ele retribuiu o gesto encostando seus lábios sobre a pele macia da bochecha dela.

Claro que o desejo e a tentação, de tocar os lábios contra os dela, é grande, mas como sempre, conseguiu se controlar.

— Você chegou faz tempo?

— Não, agora pouco. Só estava aproveitando um pouco do sol.

— E em que estava pensando quando cheguei? E não minta dizendo que não era nada, pois conheço o jeito que você fica quando está envolvido por pensamentos.

Ela declarou sorridente e ele tem que concordar. Ela o conhece muito bem, em vários aspectos. Por isso mesmo se pergunta com agonia, por que justamente a coisa mais importante a perceber, ela nunca deu o mínimo sinal de desconfiar?

Dispersando dessas dúvidas infinitas, respondeu.

— Eu estava apenas me lembrando de quando encontramos esse lugar.

— Ah, sim. De como tive que travar uma luta imensa para convencê-lo a aceitar que voltássemos outra vez, ainda bem que sou insistente, porque senão, onde estaríamos hoje? Onde mais poderíamos nos sentar assim, sozinhos, aproveitando o máximo do pouco sol que é capaz de passar sobre Forks e ainda desfrutar de um delicioso lanche, que tenho certeza que você trouxe para a sua melhor amiga, hun?

— Claro. Você estava certa, como sempre. Ainda bem que me convenceu a aceitar mais uma de suas loucuras. Esse é realmente o nosso lugar.

— É claro que sim, sempre foi e sempre será. Apenas de nós dois.

Ele ama quando ela se refere a eles com essa intensidade, é um acalento, que mesmo somente no campo da amizade, ela sempre se doe tanto.

— Mas e agora? Vai alimentar sua pobre amiga faminta ou terei que voltar a usar meu poder de persuasão?

— Não precisará de tanto, pode atacar a vontade, tudo o que fiz, foi para você.

Ela não disse mais nada, apenas abriu a cesta e tirou logo sua parte preferida, os doces, mas não qualquer doce e sim o melhor do mundo, em sua opinião, a torta de morangos feita por Edward, receita antiga aprendida com a avó e a preferida de Bella.

Ao tirar do potinho e dar a primeira mordida, deu um gemidinho, que nas atuais circunstâncias para Edward, tem um sentindo totalmente diferente.

— Eu já disse o quanto amo isso?

— Na verdade já.

Ele respondeu sorrindo, enquanto vê a amiga se deliciar com o doce, como se fosse realmente a melhor coisa que ela já comeu na vida.

— Mas não me importo em dizer de novo. Eu amo essa torta e amo você também por sempre fazê-la para mim, obrigada.

Não é incomum ouvir um eu te amo da amiga, ele ficava feliz, mas sabe que seu coração precisa de mais, muito mais do que o significado dessas palavras têm para ela.

— Anda, prova um pouquinho para ver como está boa.

Ele nem teve tempo de recusar, pois ela pincelou o doce por seus lábios, ele abriu a boca dando uma leve mordida e no percurso, os lábios tocaram levemente os dedos dela.

Bella puxou o doce de volta e ficou a observar Edward mastigar, mas um sorriso travesso não saiu de seu rosto.

— O que foi? – Ele questionou.

— Está sujinho aqui.

Ela falou e passou um dedo no canto dos lábios de Edward, onde a calda de morango escorreu, por puro instinto, levou o dedo à boca e lambeu o melado.

De repente, com sua ação, o clima mudou e ambos não conseguiram desgrudar os olhos do outro.

Edward chegou a pensar que seria esse o instante que sua coragem de revelar tudo viria, mas Bella balançou a cabeça e voltou a falar.

— A torta está uma delícia, mas eu realmente estou com fome, vamos ver o que mais tem para comer aqui.

Ele sorriu e passou a ajudá-la a tirar as coisas de dentro da cesta, colocando sobre a toalha.

Bella sempre foi sua melhor avaliadora quando o assunto é a culinária, ela faz questão de saborear qualquer prato que ele prepare e com o tempo, sempre que cria algo novo, ela é a primeira para quem pede opinião.

Talvez, por isso, ela seja tão apaixonada por sua comida e sempre que tem oportunidade de saborear algo feito por ele, ataca sem pensar duas vezes.

Ele se sente muito feliz. Satisfeito. Por ao menos nesse aspecto, ser capaz de agradar sua amada, como nenhum outro homem.

É totalmente bobo, ele sabe, mas o que fazer, se o coração se contenta com essas pequenas coisas?

— Como foi na escola hoje?

Ele perguntou dando prosseguimento ao papo.

— Bem. Os alunos, assim com eu, estavam empolgados com o sol, então na maior parte do primeiro período, ficaram mais atentos esperando pelo intervalo, do que prestando atenção e no segundo, queriam logo ir embora para poder aproveitar o sol em suas casas brincando e não presos na sala de aula comigo. Mas, ainda sim, foi tudo bem.

Ela é simplesmente incrível.

Bella não tem mais sua mãe, a mesma faleceu quando ela ainda era pequena, então ficaram apenas Bella e o pai. O chefe de polícia da cidade, Charlie Swan.

Os dois são muito unidos e Charlie a criou muito bem, apesar de ter feito sozinho. Bella tinha muito orgulho do pai, assim como Edward, pelo homem maravilhoso que é com a filha e também com a cidade.

Quando os dois se conheceram e Bella começou a frequentar sua casa, ela acabou tomando Esme como uma segunda mãe, uma pessoa para quem podia correr e conversar sobre assuntos de meninas, pedir conselhos e ajuda em aspectos que infelizmente, o pai não podia suprir. Assim as duas se tornaram muito ligadas.

E não foi de total espanto quando Bella anunciou que cursaria pedagogia com especialização em licenciatura, assim como fez a mãe de Edward. A senhora Cullen chorou de orgulho e emoção, e envolvida na mesma aura, Bella revelou que a escolha proveio do fato de ter aprendido a amar a leitura e os estudos com ela. E queria poder passar não só os conhecimentos técnicos, que aprenderia na faculdade, mas também todo o amor que aprendeu com a mãe do amigo, a outras crianças.

Se já não fosse apaixonado por Bella desde antes, nesse dia, com certeza o teria feito. Ela mostrou não ser apenas incrível com ele, mas também com a mãe e todos que a cercam. Essa demonstração de carinho e gratidão jamais foi esquecida pela família.

E é com essas pequenas ações e gestos que comprova que Bella é a mulher perfeita para si, pena ela não notar isso...

Tentou dispersar dos pensamentos tristes e se concentrar no assunto que a amiga está falando, aproveitando um tempo mais da companhia leve e descontraída, antes de lhe contar a notícia do emprego e jogar-lhe a bomba sobre o amor.

Porém o tempo está passando, o crepúsculo já está quase terminando, dando lugar à noite estrelada que terão o privilégio de ver.

— Mas então, me diga. O que você tem para me contar? Eu adorei o convite de vir passar a tarde aqui, sabe que adoro passar esses momentos simples ao seu lado, mas há dias que você está estranho, meio apreensivo. E se hoje me chamou para cá, imagino que seja para contar o que está acontecendo, estou certa?

— Sim, tem realmente uma coisa que quero contar a você.

— Pois fale, sabe que pode se abrir comigo e contar absolutamente tudo.

Em demonstração de carinho e confiança, pegou a mão dele deixando-a entrelaçada a sua.

— Pode falar.

— Você mais do que ninguém sabe que o meu sonho ao cursar gastronomia, era de um dia poder abrir meu próprio restaurante.

— É claro que sei e tenho muita fé que isso ainda vai acontecer.

— Eu já não tenho tanta certeza assim Bella. O tempo está passando, eu ainda não conquistei nada do que almejei. Moro na casa dos meus pais, tenho 25 anos e não tenho previsão de um futuro estável com emprego, família, mulher e filhos. As coisas estão correndo e não sei se possuo mais o controle sobre as minhas ações, por mais que seja duro admitir isso, creio que terei que mudar meus planos.

— Para, espera um pouco, mas e o seu sonho? Você não pode desistir. Você sabe que pode contar com os seus pais para tudo, seja no lado financeiro ou estável. E comigo também. Sempre estarei ao seu lado para o que precisar, mas você não pode desistir.

— Eu não sei se estaria desistindo Bella, apenas adiando por um tempo, sei lá. Eu já deixei várias oportunidades boas passarem e não sei se estou em condições de deixar mais uma. Talvez seja bom que eu vá para longe, quem sabe construa algo sólido e seguro em outro lugar. Será diferente do que planejei, mas o que nós sabemos da vida? Talvez não seja o meu destino ter um restaurante e nem morar aqui para sempre.

— Não. Você não pode estar dizendo isso. Você ama morar aqui, sempre amou e detesta a ideia de cidades grandes. Até quando vamos a Seattle, você reclama de como as coisas são. E agora vai sair assim sem rumo? Que proposta é essa que o fez mudar de ideia tão rápido assim?

— Não é a proposta em questão, mas o geral. Minha vida não está seguindo da forma que esperava e talvez essa mudança seja boa. Eu ainda não decidi nada concreto, mas essa é a primeira vez que estou pensando seriamente no assunto, em mudar.

— E para onde você iria?

— Chicago.

— Chicago? A cidade de Chicago? Localizada no estado de Illinois? Você só pode estar brincando comigo. Você não pode ir para tão longe. E como sua família vai ficar sem você? E como eu vou ficar? Você não pode me deixar.

Edward viu a chama de esperança se ascender ao perceber o quanto Bella parece relutante na ideia de deixá-lo ir, mas tudo se quebrou no mesmo instante quando ela completou.

— Você é o meu melhor amigo. A pessoa que mais confio no mundo. Eu sinceramente não sei se conseguiria viver sem a sua companhia ou presença constante. Não quero parecer egoísta, privando-o de uma conquista tão grande. É só que você me pegou de surpresa com essa notícia e o fato de ir para tão longe, mas pensando bem, talvez seja realmente bom que vá. Talvez esse seja mesmo o plano das coisas, como vamos saber, não é? Eu realmente gostaria de ter uma solução, algo muito forte que o fizesse ficar, mas diante das circunstâncias, acho que não tem realmente nada que possa prendê-lo aqui.

— Ao contrário Bella. Tem algo muito importante, realmente forte, que é capaz de me fazer ficar. Eu só preciso de um pedido, uma resposta. Para mudar tudo o que estou pensando e vivendo.

— E o que é?

Você. Você é a única que pode me dar uma razão para ficar.

— Eu, mas como? Infelizmente não tenho uma proposta lucrativa de um restaurante para lhe oferecer e não posso ser egoísta ao ponto de pedi-lo para ficar, só porque não sou acostumada a viver sem a sua presença. Como melhor amiga, tenho que fazer o que é certo e pensar no melhor para você.

— Esse é o problema. É por isso que as coisas não dão certo. Porque você não entende.

Edward levantou bruscamente e tentou se afastar da amiga, mas Bella agilmente também levantou e o segurou pelo braço, virando o corpo dele em direção ao seu.

— Do que você está falando? Não estou entendendo.

— Bella. Eu te amo.

— Eu também te amo. E é por isso que estou tão relutante em deixa-lo ir, mas...

— Não! Eu não disse que te amo como um amigo ama uma amiga ou uma irmã. Não é de modo fraternal e ingênuo. Eu te amo como um homem ama uma mulher. Com desejo, paixão. Eu te quero ao meu lado e na minha vida, como minha companheira. Não somente como uma amiga...

Ao ouvir tais palavras, ela soltou seu braço e deu dois passos para trás, como se tivesse levado um choque.

O que? Não. — Ela balançou a cabeça descrente. – Isso é impossível. Você deve estar confundindo as coisas.

— Bella, eu não estou confundindo nada. Esse sentimento é a maior certeza que tenho dentro de mim. Não é de hoje, não é de dias ou meses atrás. As coisas mudaram desde muito tempo, não sei dizer com precisão quando foi, mas sutilmente passei a vê-la diferente, observar coisas que um amigo não deveria reparar. Depois veio o ciúme, por vê-la sempre sendo disputada por outros garotos e homens. E não era ciúme do modo que sinto por Alice, porque alguém poderia vir a lhe fazer mal, é o sentimento que dói por vê-la nos braços de outro, sem que ao menos, pudesse entrar na disputa.

— Edward, eu não entendo, por que eu?

— Não sei, aconteceu e não pude evitar. Não sei se ao menos tentei algum dia, refrear o que estava sentindo. Eu me relacionei com outras mulheres e você sabe, porque esse sempre me pareceu um amor impossível, mas desde o início, sabia que não era ao lado de qualquer outra que seria feliz. Somente ao seu lado sou capaz de encontrar a plenitude e a satisfação. Eu te amo Bella e tenho guardado isso há muito tempo. Sofri calado todos os dias vendo-a com outros, vendo você se doar e procurar o amor nos braços de outros homens, quando estava aqui, disposto a ser tudo o que precisa. Eu não te culpava, afinal de contas, você não sabia sobre os meus sentimentos. Mas sendo sincero, doía, como ainda dói perceber que me tem apenas como um amigo, quando tudo o que mais quero é ser o homem da sua vida. Essa proposta foi o empurrão que precisava para contar tudo. Não queria ter que pressioná-la, mas não tenho mais escolha. Se você disser que sim, que sente algo a mais ou que pode vir a sentir, eu largo tudo e fico aqui, com você. Caso contrário, irei embora, porque não posso mais aguentar estar tão perto e tão longe de tudo o que mais quero na vida.

Bella continua estática, incapaz de dizer uma palavra sequer.

Tudo é tão confuso, estranho...

Ela não quer magoar o amigo, mas também não pode dizer com clareza o que sente ou o que pode vir a sentir.

Edward, entretanto, só quer uma resposta, uma simples palavra, um único sim, para realizar toda sua fantasia amorosa, mas pelo visto não é isso que terá.

— Edward, eu... Eu não sei o que dizer. De verdade. Eu sinto muito, não quero te magoar, nunca quis, mas você me pegou de surpresa com essa revelação. Nós somos amigos desde criança. Você é o melhor amigo que tenho na vida. A pessoa que realmente sempre contei tudo e acho que nunca o vi de outra forma. Eu não sei. Está tudo muito confuso, não posso dizer o que quer ouvir, não agora pelo menos. Sempre houve sinceridade entre nós, então não posso deixar de fazê-lo agora. Eu sinto muito.

— Não tem porque lamentar Bella. Eu sempre soube que tudo não passava de ilusão da minha cabeça. Você já me deu a resposta que precisava, só foi gentil demais por não dizer com todas as letras, porém isso não muda os fatos, não é mesmo? Mas não se preocupe, apesar de tudo, sempre me preparei para ouvir exatamente isso, então sei como lidar com a situação, pode apostar. Obrigado por sempre ter sido você e por ter feito parte da minha vida, a melhor parte. Adeus.

Ele se aproximou, uma última vez e lhe deu um beijo na testa, ela sentiu a despedida, mas seu corpo e mente estão paralisados, por isso, permaneceu estática, presenciando-o partir, provavelmente para sempre.

Em contraponto, Edward nunca tinha se sentido tão covarde e corajoso ao mesmo tempo. Corajoso por finalmente ter falado o que sentia, apesar de já saber a resposta que ia receber. Mas também covarde, por usar a proposta de emprego como forma de fugir da presença da amiga.

Ele nem ao menos a estava dando a oportunidade de pensar e refletir sobre os reais sentimentos, pois ele simplesmente decidiu que iria embora e que essa é a melhor decisão para os dois.

Mal sabe ele o quão errado está...

~/~

Enquanto isso, parada no mesmo lugar, permaneceu Bella, chocada e abatida diante de toda a situação que acabou de acontecer.

Como ela poderia imaginar uma coisa assim?

Que seu melhor amigo, da vida inteira, desenvolveu uma paixão, não. Na verdade, um amor tão forte, como demonstrou ainda há pouco diante de si.

Será que ela foi tão cega por não conseguir enxergar, o que possivelmente estava diante dos seus olhos? Ou isso também se deve a ele? Ao fato de ter tido tanto medo de revelar o que sentia. Que talvez tenha deixado tudo muito bem guardado de forma que ela sozinha não conseguisse notar.

Mas e agora?

Ele revelou tudo assim, mal a deixando pensar direito e indo embora com uma promessa muda de mudança e a possível promessa de nunca mais se verem.

Ele não pode fazer isso!

Não com o que ela sente, não com a amizade dos dois, simplesmente encerrar tudo e jogar fora como se os anos não tivessem existido, as lembranças, os momentos compartilhados, absolutamente uma vida inteira.

Ela entende sua dor e angústia, realmente não deve ter sido fácil guardar por tanto tempo um sentimento assim, mas ele também tem que entendê-la, foi uma revelação surpreendente e ela precisa pensar melhor.

Porém parece que ele já não pode esperar mais...

Bella olhou para as coisas que ele deixou. A cesta, a comida, até a tolha da casa dos Cullen. Tudo ficou esquecido na pressa em que saiu.

Ela será a encarregada de guardar tudo e levar consigo para casa, e só depois devolver aos verdadeiros donos. Com tudo arrumado, seguiu de volta ao seu carro. Poderia ser arriscado e perigoso, andar pela trilha sozinha, ainda mais, à noite, mas Bella já conhece o local, como a palma da mão e não tem medo de que algo aconteça.

Assim, chegou tranquilamente ao veículo e depois de guardar tudo, partiu. No percurso até a sua casa, dirigiu pensativa, olhando para as estrelas como se alguma delas pudesse lhe dar a reposta que procura, porém essa que pode encontrar somente em seu coração.

Ao chegar, encontrou o pai. Ela entrou, deixando as coisas na cozinha e viu que ele preparou o jantar, mas, além de ter comido as delícias que Edward fez, também não sente mais fome, depois do que aconteceu.

Porém, ainda sim, decidiu ficar um pouco na sala na companhia do pai, antes de subir.

— Não vai jantar filha?

— Não pai, estou cheia.

— Ah, claro. Esqueci que estava com o Edward e ele como sempre deve ter te enchido de coisas gostosas, não é?

— Sim, eu acabei trazendo a cesta que ele levou, têm uns doces maravilhosos, se o senhor quiser comer depois do jantar.

— Com certeza vou querer.

Ela sorriu em compreensão e permaneceu quieta, o pai continuou a jantar, mas parece ter notado que há algo errado com a filha.

— Bella, aconteceu alguma coisa? Você está estranha.

— Não é nada papai. Não se preocupe.

Respondeu tentando desconversar.

— Tem certeza? Sabe que pode falar qualquer coisa com o seu velho pai.

Ela pensou por um momento.

Ele tem razão, pois sempre pôde contar com ele e nesse momento precisa tanto de um conselho, de uma luz.

Porém resolveu não contar tudo, mas ao menos uma grande parte, a que mais está afligindo seu coração.

— Pai, o Edward recebeu uma proposta para trabalhar em um grande restaurante. Só que para isso, terá que mudar para Chicago.

— E ele está pensando em aceitar? Porque já houveram outras propostas e ele sempre recusou.

— Dessa vez ele está muito determinado a ir. Parece que já tomou a decisão e hoje veio me comunicar.

— Então é por isso que está assim? Está triste porque seu melhor amigo vai embora?

Entre outras coisas, pensou, mas se manteve em silêncio.

— Sim papai. O senhor sabe como sempre fomos ligados e agora de repente, posso perdê-lo. Acho que não estou sabendo lidar muito bem com a separação.

Bella sorriu tentando amenizar os reais sentimentos.

— Vocês não vão se separar, vão apenas morar em lugares diferente. Sei que agora parece o fim do mundo, já que desde sempre foram muito grudados e próximos, mas assim é a vida, as pessoas crescem, evoluem e são obrigadas a tomar novos rumos. Eu até acho que tiveram uma oportunidade a mais que a maioria, porque mesmo nessa idade, ainda preservam a amizade com tal intensidade de quando eram crianças.

Ela ponderou uns instantes, a partir da fala do pai.

— Sabe. – O pai prosseguiu, retomando sua atenção. – Agora que estamos conversando sobre isso, diante da perspectiva de mudança do Edward, vejo que me enganei.

— Em que pai?

— Vocês sendo tão próximos à vida inteira, quando chegaram à fase de descobertas e de amores, pensei que teriam algo. – Ele deu de ombros. – Um relacionamento, além da amizade.

— Mas por que o senhor pensaria isso? Nós sempre fomos amigos, grandes amigos.

— Esse é o ponto, meu bem. Geralmente os relacionamentos começam envolvidos pelo desejo, atração, conquista e pouco a pouco evoluem para os sentimentos mais nobres como respeito, carinho e amor. Mas se o relacionamento se perdura e o casal chega à fase da velhice, o que realmente prevalece é o laço de amizade que criaram. As coisas fáceis e boas, já terão passado, mas continuaram juntos, porque são amigos, têm cumplicidade e gostam de dividir a vida um com o outro. E na sua história com o Edward, não precisariam conquistar essas coisas, pois já possuíam o sentimento de muito tempo. É claro que não seria garantia de dar certo, mas é um elo realmente importante.

Quando ele terminou de falar, Bella ficou tentando absorver o significado das palavras.

Será que o pai sabe algo e está tentando lhe abrir os olhos?

— Mas pelo visto me enganei e vocês permanecerão apenas como amigos, não é mesmo filha?

— Sim pai, somente amigos. Eu vou me deitar, hoje foi um dia cheio e amanhã tem mais. Boa noite.

— Boa noite querida. Até amanhã.

Ela se despediu com um beijo no rosto do pai e subiu em direção ao quarto, ao entrar, tratou logo de se despir e correr para o banho.

Bella sempre acreditou na teoria de que, uma boa água corrente caindo sobre si, tem o poder de não só lavar seu externo, mas também limpar os sentimentos e clarear a mente.

Por isso ficou por um tempo a mais do que o normal, mas ao sair, sentiu-se ainda tão confusa e perdida, tal como entrou.

De volta ao quarto, viu o celular piscando, correu para atendê-lo, vendo que é Alice.

— Oi Alice, desculpe a demora. É que eu estava no banho.

— Tudo bem. Não tem problema.

— Ok.

Bella respondeu e a linha ficou muda, nem ela ou Alice disseram nada, mas Bella sabe que a ligação não caiu, pois está ouvindo a respiração pesada da amiga do outro lado da linha.

— Alice...

— Bella, ele vai embora. Ele já comprou a passagem.

Ela precisou sentar-se antes de dar prosseguimento à conversa.

— Para quando é?

— Para amanhã, no fim da tarde.

— Eu não posso fazer nada Alice. A decisão é dele. Como amiga tenho que respeitar.

— Não, para com isso. Você não está vendo que isso só fará mal aos dois? Ele te ama Bella e está fugindo desse amor, assim como você.

— O que... Espera, você sabia sobre os sentimentos dele por mim?

— É claro que sim. Isso é uma coisa que se nota a quilômetros. Você parece ser a única que nunca enxergou.

— Obrigada por ser minha amiga e ter me contado, alertado sobre o que estava acontecendo.

— Bella, eu não podia falar nada. Não podia interferir nos sentimentos, nem nas escolhas do meu irmão. Assim como também não posso interferir agora. Estou ligando para avisar, para que não ocorram mais mal-entendidos depois. Só que não está em minhas mãos tomar qualquer decisão sobre esse assunto. É algo que cabe a vocês e apenas aos dois.

— Tudo bem Alice, me desculpe. Você está certa, obrigada por me avisar.

— E você já sabe o que vai fazer?

— Não, tenho pensado muito, mas os meus sentimentos continuam do mesmo jeito.

— Certo, só te peço que ouça o seu coração e deixe que ele decida o que é melhor, o que realmente sente.

— Eu pensarei, mas agora vou desligar.

— Tudo bem Bella, até mais.

— Até.

De repente se sentiu muito pior do que antes.

Parecia que é a vilã, destinada a destruir o conto de fadas do mocinho, mas não se pode mandar no coração e nem nos sentimentos. É por isso que Edward está sofrendo, porque não pôde controlar o que sentia, assim como ela também não consegue agora.

Ela vestiu o pijama e deitou, na doce ilusão de que conseguiria dormir, mas é claro que o fato não aconteceu, girando na cama avistou o mural de fotos, que é repleto de imagens de Edward, o que é óbvio, já que ele sempre foi figura presente em sua vida.

Todos os momentos de que se tem lembrança, sejam eles bons ou ruins, simples ou especiais, tem guardada a imagem de Edward consigo.

Ele esteve ao seu lado quando arrancou o primeiro dente. Foi ele quem segurou sua mão enquanto o pai puxava o dente por uma cordinha. Ele quem praticamente a ensinou a andar de bicicleta e com isso, puderam percorrer quase toda a pequena Forks.

Na escola, sempre estiveram próximos, mesmo tendo outros amigos, nunca deixaram de ser o alicerce um do outro.

Quando ela fez dezesseis anos, ele foi seu príncipe, sem dúvida a melhor escolha que poderia ter.

Já muito madura naquela idade, disse que não havia ninguém melhor para ocupar o cargo, não que não tivesse alguns garotos pretendentes a ocupar o lugar de namoradinho da época, mas sabia que namoros naquela idade, iam e vinham, com uma velocidade impressionante e ela não queria olhar para as fotos no futuro e arrepender-se da escolha ou ter lembranças ruins do evento.

Então sua primeira e única escolha, foi o melhor amigo, talvez desde sempre ele tenha sido o príncipe dos seus sonhos.

No colégio, quando houve a formatura, como ambos eram da mesma sala, não puderam ser os padrinhos um do outro, mas na faculdade, a escolha foi óbvia. Com Bella sendo madrinha de Edward. E ele sendo seu padrinho.

Os dois viveram tudo juntos, durante muito tempo, não notou a semelhança, mas nesse momento percebeu que sua relação com o amigo mais parece um casamento, ou pelo menos a parte dos votos nele feitos...

Eles estiveram juntos na saúde e na doença, pois todas às vezes que um esteve mal de saúde, lá estava o outro dando apoio, cuidando, ficando ao lado apenas fazendo companhia, até que este melhorasse.

Foram amigos na riqueza e na pobreza, quantas vezes já na fase adulta, um deles esteve mal das pernas financeiramente e o outro fez questão de ajudar. Nunca tiveram problemas em dividir as despesas de tudo o que faziam, mas quando um não podia, tão pouco havia problema no outro assumir o gasto total. E era simples assim, porque ambos sabem que sempre podem contar com o outro.

E claro que permaneceram juntos compartilhando todas as alegrias e tristezas. Bella sorriu ao lembrar-se de quando Edward perdeu um cachorro, a maneira como ficou abatido e lá estava ela, pronta para tentar animá-lo, por todos os dias que seu luto durou.

É nítido como se completam. Como não existe um Edward sem Bella e tão pouco Bella sem Edward.

Então por que tudo tem que mudar?

Por que as coisas não podem continuar simples e tranquilas, sem a interferência de sentimentos terceiros?

Eles prometeram há muito tempo atrás, que quando casassem e tivessem filhos, que seriam os escolhidos para apadrinhas, respectivamente o primogênito do outro.

Eles fizeram planos separados, para vidas com pessoas diferentes, inclusive viveram isso, pois Bella lembra bem da quantidade de meninas que foram loucas por Edward, das que pegou, namorou e de todos os seus relacionamentos.

Ela não gostou da maioria delas, no entanto, mas o fato se deu apenas porque Edward parece sempre ter tido o pior gosto possível para escolher mulheres. Aos olhos de Bella, todas sempre pareceram muito vulgares, interessadas mais no que ele podia oferecê-las, do que na pessoa que é.

Em resumo, eram todas erradas e Bella atribuiu essa circunstância ao fato de nenhum relacionamento do amigo ter dado certo. Porque, no fim, nenhuma delas era boa o bastante para ele, mas nunca chegou a pensar que os relacionamentos de Edward não progrediam, porque ele era apaixonado por ela...

Sua cabeça permaneceu uma bagunça de lembranças, questionamentos e indecisões por toda a noite e quando, por fim, conseguiu pegar no sono, já era quase de manhã e ela ainda não sabia ao certo o que fazer ou como lidar com a nova situação.

Existe algo que está deixando passar, um fato importante, que pode ser capaz de mudar o rumo de tudo, mas infelizmente, por enquanto, ela ainda não está conseguindo enxergar...

 

Bella só despertou de manhã, porque seu despertador era bem potente e o sono não estava tão confortável como nos outros dias, pois apesar das horas dormidas, seu corpo e mente pedem por muito mais descanso.

Mesmo a contragosto, levantou e fez todo o ritual matinal até ir compartilhar o café com o pai, que não comentou mais nada sobre o seu estado, por fim, saiu para o trabalho.

Ao chegar, como em todos os dias, uma das primeiras pessoas que avistou foi Esme, a mulher lhe sorriu da mesma forma gentil de sempre e quando Bella se aproximou, a senhora Cullen a prendeu em um abraço aproveitando para falar.

— Como você está?

— Bem.

— Que pergunta. Estou vendo em seus olhos que não está bem.

— Eu só não dormi muito essa noite, mas estarei melhor depois, não se preocupe. – Esme assentiu, mas permaneceu calada, sabendo que a menina tem mais a dizer. – E como ele está?

— Creio que assim como você. Quando o vi hoje de manhã, ele parecia não ter tido uma noite muito boa também.

— Esme, eu sinto muito, nunca quis magoá-lo, eu jamais queria vê-lo sofrer.

— Eu sei querida e ele também sabe. É só que para nenhum dos dois está sendo fácil. Talvez essa viagem realmente seja o melhor para ele e para você.

— Então é um fato decidido? Ele vai mesmo se mudar?

— Creio que sim, ele comprou a passagem ontem, passou a noite no telefone acertando tudo e hoje de manhã ele disse que ficaria em casa arrumando as malas. Eu estou arrasada por estar perdendo meu filho? Sim. Mas não posso mais decidir por suas escolhas, não é?

Bella assentiu, apesar de desejar muito em seu ímpeto que alguém pudesse convencê-lo a ficar.

As duas tiveram que encerrar o assunto quando o sinal tocou e seguiram até suas salas, Bella tentou agir normalmente, concentrar-se um pouco em outras coisas, colocando o foco em seus alunos e no que precisa lhes ensinar.

Conseguiu por pelo menos algumas horas. Mas somente pelo tempo que passou dentro da sala de aula, pois, ao fim de tudo, seus pensamentos, temores e conflitos voltaram a assolá-la de forma quase que incontrolável.

Ao sair da escola, começou a dirigir sem saber o que fazer ou para onde ir, mas quando seu caminho cruzou com o início da trilha, teve certeza de onde precisa estar. Foi ali que tudo começou e será ali onde terá a chance de fazer o tormento acabar.

O percurso até entrar na clareira foi feito mais rápido do que o normal, talvez sua ansiedade tenha impulsionado suas pernas a chegarem logo ao destino, quando entrou em meio aquela relva florida, uma enxurrada de lembranças lhe abateu.

Ela sabe e não precisa de nada para confirmar, o quanto Edward é importante em sua vida. O quanto sempre foi essencial para que pudesse ser quem é hoje.

Ele sempre foi seu porto seguro, confidente, companheiro e amigo de todas as horas.

Bella sorriu ao se lembrar de seus sorrisos, da forma compenetrada que assume quando está cozinhando. Ela sabe que é um prazer, mas, mesmo assim, Edward sempre mantém o respeito e a pose séria diante da profissão.

E ela ama isso nele, assim como ama o jeito como ele a abraça, a forma como seu corpo sempre pareceu caber perfeitamente entre seus braços. Ama a recordação dos dias de chuva, quando ficavam presos em casa e na maioria das vezes, acabavam deitados e enrolados em cobertores, apreciando algum programa pela televisão. Ou nos dias que era possível sair para brincar e se divertir.

Eles sempre estiveram juntos completando um ao outro...

Ele sempre foi o seu maior parceiro. Aquele em quem pensava poder contar por toda a vida. E não consegue enxergar seu futuro sem ele presente.

Será que isso quer dizer alguma coisa?

Ela sempre acreditou que tudo estava envolto ao laço da amizade, mas será que pode ter se enganado?

É claro que não é cega e notou, mais de uma vez, a beleza física do amigo, que sempre foi lindo, quando garoto, adolescente e hoje como homem, porém nunca se permitiu suspirar por ele dessa forma, pois achava que seria errado, diante da relação fraternal que possuíam.

Então, por que mesmo achando que não devia, o ciúme e o desejo de posse sempre foram tão latentes em seu coração? Apesar de ela mesma ter procurado o amor e o desejo em outros braços, por que nunca gostou quando o amigo o fazia também?

A mente de Bella está incompreensível, suas lembranças misturadas aos sentimentos, deixando-a desnorteada.

Foi então que uma memória, guardada há muito tempo em seu coração, se despertou a lembrança mais profunda e especial que tem de Edward.

Do dia em que ela o amou...

— Edward, eu não queria ir, mas é a minha avó. Não posso faltar nesse momento.

— Eu entendo Bella, não tem problema. Prometo guardar um pedaço de bolo da festa para você.

— Obrigada de verdade, por compreender. Prometo que quando voltar, faremos algo bem especial para comemorar.

— Vou ficar esperando, mas agora você tem que ir. Dê lembranças a sua avó por mim.

— Eu darei, tchau Edward.

— Tchau.

Então Bella passou pelo portão de embarque seguida de seu pai.

Hoje é o aniversário de 21 anos, de Edward e há meses que estavam organizando uma superfesta com o pessoal da faculdade, porém justo Bella, não poderá comparecer, pois sua avó paterna, que esteve muito tempo doente em um hospital, finalmente após passar por uma cirurgia de risco, conseguiu superar tudo e agora passa bem.

Sendo assim, toda a família está indo visitá-la, obviamente Bella está feliz pela recuperação da avó, mas também triste por perder um momento tão especial do amigo.

Será a primeira vez em anos que não passarão o aniversário do outro juntos.

Mas ela tem que se conformar e agradecer pela recuperação da avó, ao invés de ficar se lamentando por algo que não tem solução.

Era o que pensava ao menos...

Depois de um dia corrido por conta da viagem, passar para ver a avó, ficar entretida entre tios e primos, e correr para o hotel, onde passará à noite, Bella considera-se exausta.

Seu pai foi o escolhido para passar a noite em companhia da avó, portanto, ela dormirá sozinha no quarto de hotel. Seus tios que moram na cidade, até ofereceram a casa para que passe a noite, mas como várias outras pessoas dormirão pelas residências também, preferiu ficar em um local mais reservado, por isso, ficou feliz ao entrar no ambiente ouvindo apenas o silêncio.

Imediatamente mandou mensagem a Alice perguntando sobre a festa e a amiga respondeu contando os detalhes e perguntando onde passaria a noite, Bella contou sobre a permanência no hotel e depois se despediu para que ela não perdesse a festa também.

Então decidiu ir tomar banho para relaxar e depois pedirá algo para comer, pois está realmente com fome.

Já de banho tomado e trocada, vestindo um confortável pijama, ficou a espera de ouvir batidas, indicando a chegada da comida.

Quando finalmente ouviu o toque na porta e foi atender, não reparou de pronto em que estava a sua frente, pois sua atenção estava na carteira de onde tirava o dinheiro para dar de gorjeta, porém ao levantar o rosto, notou uma figura conhecida.

— Edward? Mas o que? De onde você veio? Como chegou aqui?

— Se me permitir entrar, eu explico.

— Claro, entre.

Deu passagem ao amigo e fechou a porta, com ambos dentro do quarto, ela indicou para que se explique.

— Então...?

— Eu vim para estar com você.

— Mas não entendo. O que você está fazendo aqui? Nesse lugar? E comigo? E a sua festa?

— A festa era mais um pretexto do pessoal da faculdade para se esbaldar em pegação e bebidas, coisas que fazem sempre, o motivo era o de menos, por isso os deixei lá, aproveitando bem tudo e vim para comemorar com você, que é quem realmente se importa com o meu aniversário ou estou enganado?

— É claro que não. Você sabe o quanto é importante o passarmos juntos. Eu só ainda não consigo acreditar. Mas e como você veio?

— Dirigindo, desde cedo tomei a decisão e sai de casa, durante o caminho, Alice me informou o nome do hotel e aqui estou.

— Meu Deus! Edward, você veio dirigindo de Forks até aqui? Só para passar o seu aniversário comigo? Trancado em um quarto de hotel, com uma amiga vestida de pijama, enquanto poderia aproveitar tudo o que planejamos em casa?

— Bella. – Ele se aproximou tocando seu rosto, fazendo com que o coração da menina amolecesse ainda mais. – Nada no mundo é mais importante do que estar com você. Eu não estaria bem lá sem a sua presença e se era para estar incompleto, não haveria graça nenhuma em aproveitar tudo o que planejamos. Então decidi fazer o que realmente queria, que era estar no dia do meu aniversário, com a pessoa mais especial de todas. Que esteve ao meu lado em todos os outros anos.

Você não existe. — Ambos sorriram. – Mas adorei que tenha vindo e te amo muito mais por isso. O aniversário é seu, mas o presente foi todo meu, obrigada Edward.

Bella o abraçou e mais uma vez encontrou seu lugar, sentiu-se completa por estar entre os braços dele.

— Eu que agradeço. Você sempre será a minha escolha Bella, não importam as circunstâncias. Eu sempre vou querer estar com você.

Ela permaneceu em silêncio e pensou apenas com o coração.

Ela o ama.

O ama por quem ele é, pelo o que diz e faz por ela.

E principalmente, o ama não apenas por ele, mas, sim, por quem é quando está ao seu lado.

Edward mostrou que Bella é sua primeira e maior escolha, seu centro do universo e com essa atitude demonstrou tanto amor que ela não teve alternativa a não ser sentir, sentir que precisa dele também mais do que tudo, mais do que ar, água e dos sinais vitais.

Ela precisa dele para sempre ao seu lado, colocando a intensidade do que sentem em primeiro lugar. E agora que ele fez isso, Bella pôde sentir, teve medo de admitir que precisa de dele mais do que como amigo.

Precisava como o homem que estará sempre consigo, de todas as maneiras e em todas as partes.

Por isso, não compreendendo bem a intensidade da mudança de seus sentimentos, resolveu guardar para si, a constatação lógica da sua mudança de amor...

Como se sua mente realmente tivesse bloqueado o fato durante anos, Bella sentiu muito mais do que já havia sentindo na vida.

Naquele dia, a partir do gesto de Edward, realmente compreendeu a verdade.

Mas por medo de se deixar envolver e acabar magoando-se, preferiu bloquear tudo e manter a pose de boa amiga, mas agora? Agora tudo ressurgiu e talvez, se ainda tiver tempo, não precisará mais esconder ou lutar contra o que realmente sente.

O que o coração quer...

Basta saber se ainda haverá a oportunidade de pedir desculpas e admitir o que sempre precisou por todo o tempo...

~/~

— Eu não vou ficar aqui te vendo fazer a maior burrada da sua vida.

— O que você quer que eu faça Alice? Que fique aqui e continue fingindo que não sinto nada? Eu não posso mais. Você mesma vivia dizendo que devia contar a verdade e agora critica as minhas decisões.

— Edward, não estou criticando o fato de ter dito a Bella que a ama. Estou criticando sua covardia extrema. Você mal disse as palavras a ela e já está fugindo. Você nem ao menos lhe deu chances de pensar e sentir de verdade.

— Não há o que pensar Alice. A decisão dela é uma só e a minha agora também. Eu vou para Chicago. Vou focar na minha carreira e o que houve aqui, com o tempo deixará de importar.

— Pois bem, faça uma boa viagem para essa tão importante Chicago, só que não estarei aqui para aplaudir de camarote tamanha tolice, adeus.

Alice saiu furiosa batendo a porta do quarto de Edward, ele respirou fundo já se sentindo arrependido pela forma como falou com a irmã.

Pelo visto não haverá tempo para uma despedida carinhosa e ele sentirá muito, já que diante da mudança, não tem ideia de quando vai vê-la de novo.

No que sua vida tinha se transformou?

Ontem mesmo ainda era o melhor amigo apaixonado e em menos de 24h tudo mudou, como em um giro de 360º.

Alice tem razão, ele está sendo covarde, mas como poderia não ser? Se arriscou alto em uma furada e perdeu.

Agora não pode simplesmente impor sua presença a amiga, diante do que revelou sentir.

De todo, a proposta de emprego é boa e será uma ótima experiência viver algo assim e também será um modo de acalentar o coração, já tão cansado de sofrer. Ele sabe que será difícil, mas não há alternativa e é assim que irá proceder.

Ouviu batidas singelas na porta, notando que alguns minutos se passaram desde a discussão com Alice, seus pais não estão em casa, virão só na hora de levá-lo ao aeroporto, então só pode ser a irmã, que sendo tão doce veio pedir desculpas, mas o errado na questão é ele, então será o primeiro a se desculpar.

— Alice, me desculpe, eu fui um estúpido...

Suas palavras se calaram quando viu quem realmente está atrás da porta.

— Desculpe, não é Alice. Ela saiu ainda a pouco, mas me deixou entrar, espero que não se importe.

— Claro que não Bella, fique a vontade.

— Vejo que ainda não terminou de ajeitar suas coisas.

— É. Nunca pensei que juntar tudo para uma mudança daria tanto trabalho, mas estou quase terminando.

— Entendo.

Eles permaneceram em silêncio, ele não sabe para que ela veio e não está em condições de perguntar.

— Eu vim conversar com você, já que não nos falamos desde ontem.

— Bella, eu sinto muito. Sei que você ficou chocada com tudo o que ouviu, mas eu não pude me conter, perdão. Era a minha única chance de falar e mesmo sabendo que poderia acabar com a nossa amizade, resolvi arriscar. Erradamente, é claro. No entanto, se tivesse ficado calado, talvez mesmo de longe, nossa amizade pudesse continuar, mas agora creio que tudo se perdeu.

Ele virou as costas não dando chance de resposta novamente, voltou a mexer na mala, mas foi barrado por uma mão doce e pequena pressionando a sua.

— Por favor, para de fazer essa mala.

— Mas eu vou para Chicago.

— Não vai. Me escuta, ontem, quando você falou tudo, foi realmente um choque. Eu não esperava ouvir aquilo, mas Edward, você sempre foi o meu melhor amigo, a pessoa que mais contei durante toda a vida. Eu sempre soube que o meu destino estava traçado a coexistir com o seu. Durante muito tempo acreditei que seria apenas no campo da amizade, mas eu estava errada. A cada pequeno gesto, novo dia, você mostrava que precisava de mais. Ser só sua amiga não seria o suficiente, porque no dia que viesse a se apaixonar, eu perderia tudo. Você falou que não sabe ao certo quando os seus sentimentos mudaram, mas eu, sim. Sei com clareza quando o fato aconteceu comigo. Foi no seu aniversário de 21 anos, quando você largou tudo para ir passá-lo comigo, você pode acreditar que aquilo não foi nada demais, mas nunca pensei assim. Naquela noite, percebi que não haverá no mundo um homem que vá me amar mais do que você. Que jamais haverá alguém que me complete da forma que você faz. Eu senti dentro do peito que as coisas tinham mudado. Você sempre me preencheu por completo, mas a partir dali, ganhou o único espaço que nunca dei a ninguém, porém fui medrosa e decidi guardar tudo a sete chaves, não ousaria perder o que já tínhamos e confiada que não poderia ser retribuída, tratei de nublar, tentar de alguma forma esquecer o que realmente sentia. Até ontem à noite, quando se declarou. Até agora pouco, quando entendi que não podem haver medos e receios no amor. Ele só tem que ser sentindo e vivido em toda sua plenitude. E é o que quero fazer contigo. Se você ainda me quiser, é claro.

— Espera, Bella. Espera. Você está querendo dizer...

— Que eu te amo e sempre te amei. E há algum tempo, o sentimento mudou para algo mais sólido e forte. Que nunca poderei reparar e nem quero. Me perdoe por ter escondido isso e feito com que nos magoássemos. E, por favor, não vá, eu não posso viver sem você. Você é a pessoa que mais amo no mundo. Por favor, não vai. Eu te amo.

Edward simplesmente parou de racionar.

Sua cabeça não manda mais em nada, apenas o seu coração.

E foi regido por ele que impulsionou o corpo e trouxe o de Bella para perto de si, colando suas bocas no exato momento de um beijo.

O primeiro beijo dos dois.

O melhor toque de lábios de suas vidas, como tudo que já compartilharam, a ação também foi simplesmente perfeita.

O encaixe entre as suas bocas, as línguas sedentas que se enroscaram com uma sincronia perfeita. A forma como os corpos parecem mais colados. Como as mãos de Bella pousaram perfeitamente no pescoço de Edward. E como as dele fizeram uma prisão perfeita em sua cintura.

Quando, por fim, depois de minutos perdidos um no outro, se separaram, Edward falou.

— Repete, diz de novo que ainda não posso acreditar.

— Que eu amo você? E que fui uma tola por tentar negar e fugir do que realmente sentia? E que agora, se ainda me quiser, estou pronta para compartilhar realmente tudo contigo?

Edward segurou no rosto da amada antes de falar.

Bella, eu não te quero, eu te amo. E você está me fazendo o homem mais feliz do mundo nesse momento.

— Que bom que se sente assim, pois eu também me sinto a mulher mais feliz do mundo. Por poder libertar o meu coração e entregá-lo totalmente a você.

— Prometo que cuidarei com todo o amor que tenho e vou amá-la sempre.

— Então me ame, apenas me ame.

Os amigos, amados e agora futuros amantes, entregaram-se mais uma vez ao toque do beijo, deixaram que suas bocas falem o que mais existe no coração.

Edward pegou Bella no colo e a depositou delicadamente na cama. As malas e roupas que estavam espalhadas, foram logo jogadas por todos os cantos do quarto, juntamente com as roupas que cobriam os corpos.

Nada importa a não ser os dois, que agora demonstrarão e descobrirão juntos o quão perfeitos ainda podem ser ao deixar o verdadeiro sentimento fluir.

E foi simplesmente terno, pleno, perfeito...

Os toques de mãos e bocas de ambos, ao explorar os corpos intimamente pela primeira vez, os suspiros e gemidos do parceiro na hora do amor e presenciar, sem acreditar que estavam vivendo aquilo, sentindo os corpos abrirem-se e encaixarem-se para receber um ao outro.

Nem por um instante sequer, o casal perdeu o contato entre os olhos, não houveram muitas palavras concretas, eles falaram demais durante toda a vida e não precisaram disso agora.

Eles apenas sentiram e fizeram, ah, como fizeram...

E, ao final de tudo, quando o ápice os alcançou, não imaginaram existir sensação melhor.

Depois de terminarem de fazer amor, Edward aconchegou Bella em seus braços e ficou sentindo o corpo quente e suado sobre o seu, a respiração que aos poucos voltou ao normal, com ela compartilhando tudo.

— Acho que você vai perder o seu voo. – Ela sussurrou.

— Não me importo com o voo. Tudo o que realmente importa está aqui nos meus braços.

Ela sorriu feliz diante da resposta e deu um beijo em seu peito, apoiando a cabeça para poder olhá-lo nos olhos.

— Mas a viagem não era importante para você? A proposta de emprego não lhe agradou?

— Bella, eu disse ontem que ir para lá seria mais uma rota de fuga por não poder ter você, mas agora que estamos juntos, não tenho porque ir embora. Não vou abandonar tudo o que sempre quis. E você, mais do que ninguém, sabe que meu sonho não é ser bem sucedido na cidade grande e longe de casa. Eu quero construir algo meu e sólido, mas aqui, ao seu lado, na nossa casa.

— Edward, eu sei de tudo isso, mas temos que ser objetivos. Você também disse que as coisas não estão saindo do jeito que queria. E não pense que estou dizendo para desistir do sonho do restaurante, mas talvez esse seja o caminho. Se você for para Chicago e agarrar essa proposta com garra de verdade, em pouco tempo pode conseguir prestígio e dinheiro para poder voltar e construir o que realmente quer.

— Então você acha que devo ir?

— Sim, eu acho.

— Mas e nós? Acabamos de nos acertar e você já quer que fiquemos separados?

— E quem disse que vamos ficar separados? Eu creio que Chicago, sendo uma cidade tão grande, deva precisar de professoras também.

— Espera um pouco. Você está dizendo...

— Estou dizendo que posso ir com você. Te apoiar, vê-lo crescer e quando estivermos prontos, voltamos para casa, para construir os nossos sonhos de verdade.

— Bella, eu não posso acreditar. Você não existe, eu te amo.

— Eu também te amo.

E nesse momento, depois de tudo pelo o que passaram, selaram o compromisso com o futuro...

 

Alguns anos depois...

— Matthew, não vá muito ao fundo. Fique onde eu possa vê-lo.

— Tudo bem mamãe, pode deixar.

— Deixe-o brincar Bella. Nós estamos de olho e você sabe que o Matt não é de se arriscar.

Edward falou ao se aproximar da esposa.

— Eu sei, mas cuidado nunca é demais.

Respondeu se aconchegando em seus braços.

Eles se encontram na praia de La Push, aproveitando o clima mais quente com a família.

Edward, Bella, o filho mais velho, com seis anos, Matthew. E a pequena, de apenas três, Luísa.

Quem diria onde a vida os levaria...

Após a primeira tarde de amor dos dois, quando decidiram que morar juntos em Chicago, muitas coisas aconteceram.

Ao comunicar a família sobre suas decisões, Charlie foi muito fatídico ao dizer que apoiava a relação, mas que não gostaria que a filha fosse morar com um rapaz sem estar casada. Mesmo com Bella já sendo uma mulher independente há anos, Charlie não abriu mão do feito.

Foi com dor no coração, que Edward teve que partir na frente para iniciar seu trabalho no restaurante e também organizar pontos, como moradia e procurar um emprego para Bella, enquanto essa ficou em Forks, organizando tudo para o casamento e a mudança definitiva dos dois.

Um mês e meio depois, em uma cerimônia simples, mas regrada de muito amor, a começar pelo local escolhido, sendo a campina, o cenário perfeito para o casal selar seus votos, os amigos finalmente tornaram-se marido e mulher. E com o casamento feito, partirão em definitivo para a cidade de Chicago.

Não só de alegrias construíram a relação, mas por conta dos anos de convivência e cumplicidade, não tiveram muita dificuldade em se acertar quando algo saia do trilho correto.

E Charlie fez bem em optar pelo casamento, já que pouco tempo depois da mudança, Bella descobriu-se grávida de Matthew. Não foi fácil conciliar a vida nova, o emprego puxado de Edward e também o próprio, mas com fé e coragem, tiraram as dificuldades de letra.

A saudade de casa apertava o peito, mas sabiam que era um sacrifício momentâneo e necessário, assim, com muito esforço, dedicação e a graça de Deus, em pouco mais de três anos, voltaram para casa, para sua cidade natal, seu verdadeiro lar.

Edward conseguiu finalmente abrir seu restaurante, na cidade de Seattle, escolhida por ser maior e muito mais movimentada do que Forks. E teve grande êxito no projeto, mas mesmo trabalhando por lá, não abriu mão de continuar morando na pequena cidade fria e chuvosa, pois queria que o filho tivesse os mesmos privilégios que ele e Bella tiveram, a tranquilidade de poder brincar na rua e conhecer a todos os amigos. Ele ama o lugar e não quis abrir mão por mais nada.

Bella, em retrospecto, ao voltar à cidade, teve de volta seu antigo emprego na escola de Forks e assim como foi uma vez em Chicago, tão pronto se reestabeleceram da mudança, logo se descobriram grávidos novamente, dessa vez de uma menina, a pequena Luísa.

Para os dois, seus filhos são uma dádiva, conquistaram muitas coisas pelo caminho, mas a satisfação de ser pais, é sem medidas.

E como casal, só progrediram, como Bella ouviu do pai um dia, o fato de terem sido amigos, antes de se dedicarem ao amor, fez toda a diferença dentro da relação.

Pois simplesmente se completam em tudo e esperam permanecer assim para sempre.

Luly, vem cá. Para a mamãe passar mais protetor em você.

Bella chamou a filha que está brincando a frente deles, com suas coisinhas de praia.

— Tá bom mamãe.

A pequena veio ao encontro da mãe, que prontamente começou a passar o filtro no pequeno corpinho.

— Muito bem mocinha, agora já pode voltar a brincar.

— Eu tô fazendo um castelo mamãe, pala as plincesas.

— Está ficando lindo filha, mas no seu castelo só entram princesas, não é mesmo? Nenhum príncipe.

Edward falou ao pegar a pequena no colo, a enchendo de beijos.

— Edward, por favor.

Bella repreendeu o marido, mas sorriu diante do gesto de carinho dos dois, porém não pode deixar Edward por medo na filha em relação a meninos, só porque ele se mostra excessivamente ciumento.

Pala papai. No meu castelo tem muitas plincesas, mas só o papai e o Matt pode entla de menino.

— Muito bem princesa, por essa ótima ideia vai ganhar mais beijos.

Os dois continuaram com os carinhos, mas logo Edward teve que por a filha no chão para que ela pudesse voltar a brincar.

Voltou a sentar ao lado da mulher observando os filhos brincarem e para si, essa é com certeza, a definição do paraíso.

Ao fim do dia, quando já se preparavam para voltar para casa, Matt veio caminhando de onde estava perto dos amigos que encontrou na praia, porém notaram o menino meio triste e cabisbaixo.

— Matt, aconteceu alguma coisa?

— Não mamãe, não é nada.

— Matthew, sabe que pode contar qualquer coisa a nós, não sabe? Fala, você brigou com algum amigo?

— Não papai, não briguei com nenhum amigo, só fiquei um pouco chateado com a Clara. Ela às vezes prefere ficar com os outros meninos, mas ela é minha amiga, tinha que ficar apenas comigo.

— Matt, meu bem, vocês são amigos e amigos podem ter outros amigos, mas não tem porque você se preocupar com isso, mesmo conversando com outras pessoas, a Clara continua sendo sua amiga.

Bella tentou confortar o filho.

— Mas mamãe, eu sei que amigos podem ter outros amigos, mas sei lá, só não gosto de ver a Clara perto dos meninos, não entendo o que é.

Edward sorriu quando compreendeu o que se passa com seu primogênito.

Parece que o mal é de família...

— Eu sei o que você está sentindo Matt, mas pode ficar tranquilo e não se preocupe com a sua amizade com a Clara, tenho certeza que ela também não gosta de ver você conversando com as outras meninas.

— Mas o que isso quer dizer papai?

— Agora você é muito jovem para entender, mas não fique tão preocupado com a proximidade dela e dos outros garotos. Mesmo assim ela continua sendo a sua melhor amiga, certo? – O menino assentiu. – Pois bem, no futuro vocês vão entender o que fazer.

O menino, mesmo um pouco confuso sobre o que acabou de ouvir, resolveu seguir o conselho do pai e deixar o assunto para lá, por hora pelo menos.

Enquanto isso, Bella virou com uma expressão de choque para Edward.

— Não me diga que ele está gostando da Clara?

— Pelo o que parece. Deve ter algo no nosso sangue que faz com que nos apaixonemos pelas melhores amigas. – Respondeu.

— Só espero que ele não tenha todo o conflito interno e o sofrimento que tivemos.

— Para hoje em dia ter você ao meu lado e com tudo o que conquistei? Eu passaria por aquilo mais cem vezes.

Bella sorriu ao balançar a cabeça, mas entrelaçou os braços em volta do pescoço de Edward, que agarrou sua cintura.

— Você continua impossível, mas realmente o nosso amor antigo valeu a pena. Eu te amo melhor amigo.

— Como eu te amo há muito tempo, minha amiga...

FIM.


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Notas finais do capítulo

N/A: Se chegaram até aqui, meus parabéns. Desde já agradeço por terem tirado um pouco do seu tempo para ler mais uma das minhas doces loucuras. E agora é o momento de dizerem o que acharam. Primeiramente, deixando claro que, é gostoso escrever histórias que relatam amor e amizade, mas creio que sim, existe apenas amizade entre homem e mulher, porém, às vezes, pode vir a surgir o amor também, por que não? Sortudos são os que desfrutam disso...
E sobre a história em si, o que acharam de Beward em particular? Dos momentos, os pensamentos, seus sentimentos guardados e angústias, as lembranças de toda uma vida e a forma como se resolveram. Podem comentar sobre tudo o que acharam de bom e ruim, sobre a escrita em terceira pessoa, estejam à vontade.
Eu dedico essa one em especial a leitoras de Intenso Desejo, porque depois do sufoco que as fiz passar lá, esse conto veio para acalentar os corações e também mostrar que sei escrever romances puros u.u hahahaha.
E acho que é isso, não deixem de comentar e claro, acompanhar os outros projetos. Sigam-me no twitter: @KNRobsten. Nos veremos em breve, em outras emoções.
~Kiss K Nanda.