Ponto de Vista Bella

Sexta-feira, 17:10 horas.

Saí do hospital com um enorme sorriso de satisfação. Não tenho o que reclamar da minha vida, tenho uma filha maravilhosa, e estou noiva de um homem extremamente carinhoso. Adoro meu trabalho, gosto de lidar com crianças, eu definitivamente amo o que faço. É claro, minha vida não é perfeita, nada é perfeito nesse mundo, mas ela está perto de ser.

Peguei o carro e fui direto à escola de Maddie pegá-la, ela sai as 17:30, e o caminho do hospital até a escola é um pouco longo, talvez 15 ou 20 minutos. Maddie é uma menina dócil, e está sempre com um sorriso no rosto.

Depois de alguns minutos de caminho, estacionei no estacionamento da escola, e fui para o portão esperar pela minha pequena. Assim que cheguei, Kayla estava no portão. Kayla é a menina que cuida do portão para evitar que as crianças saiam sem os pais e sofram acidentes ou coisas do tipo.

- Olá Kayla – A cumprimentei com um sorriso.

- Boa Tarde Bella, tudo bem? – Perguntou sorridente.

- Boa Tarde – Respondi – Tudo bem sim, e você? – Perguntei.

- Estou ótima! – Lançou-me um baita sorriso.

Ouvi o sinal bater e automaticamente todas as portas foram abertas. Todas as crianças começaram a correr como se estivesse em guerra. Algumas jogavam as mochilas pelos cantos e corriam para brincar no pátio. No meio de tanta confusão avistei Maddie correr com os braços abertos em minha direção.

- Oi meu amor! – A peguei no colo em um abraço apertado. – Você está boa? – Perguntei encarando seus lindos olhos azuis.

- Estou mãe! – Disse com um enorme sorriso.

- Que bom! – Sorri como resposta. – Vamos? – A coloquei no chão e lhe dei a mão.

- Vamos! – Deu um mini pulinho no chão e sorriu radiante.

Entramos no carro e ajeitei as mochilas de Maddie no banco de trás. Deixei que ela fosse na frente comigo, já que ela adora.

- E aí, porque está tão feliz? – Perguntei enquanto dirigia.

- É porque passei direto mamãe! – Lançou-me uma piscadela e um enorme sorriso. Estamos prestes a entrar nas férias de Julho, e as crianças estão recebendo os resultados de quem fica ou não de recuperação. Maddie é muito inteligente, nunca precisei mandá-la estudar ou algo do tipo, ela é responsável, e as vezes madura de mais para sua idade.

- Parabéns! – Exclamei sorridente – Troféu joinha para você! – Troféu joinha é uma brincadeira que tenho com Maddie. Sempre que fazemos uma coisa muito legal, mandamos troféu joinha uma para a outra. Colocamos uma mão como a base do troféu, e a outra mão em cima fazendo um “joinha” com o dedão.

Fomos para casa conversando, ouvindo música e se divertindo bastante. Chegamos em casa e já passava das sete da noite. A viagem não é longa, mas o trânsito é péssimo nessa hora do dia.

- Papai! – Maddie exclamou assim que entramos em casa, na espera de que seu pai viesse abraçá-la, mas parecia de Jake não estava em casa.

- Jake? – Andamos em direção a cozinha.

- Ué mamãe, cadê o papai? – Maddie olhou-me incompreensiva.

- Não sei… Ele não me ligou, não disse para onde ia. – Disse estranhando a situação.

Maddie subiu as escadas correndo, fui até a cozinha pegar um copo de água quando ouvi seu grito.

- Ahhh, mamãe! – Maddie gritou.

- O que foi Maddie? – Subi correndo.

Ao chegar Maddie estava parada e com cara de nojo na frente da porta do meu quarto.

- O que está… - Não terminei de falar. A cena que vi foi tão lamentável que a única coisa que queria era gritar e matar aquela coisa que estava na minha cama, com o meu homem.

- O que significa isso? – Gritei

- Calma Bella, eu posso explicar… - Jacob disse gaguejando.

- O que você quer explicar? Acho que as coisas estão bem claras aqui! – Gritei extremamente irritada.

Aquela piranha de merda, dos cabelos ruivos estava em cima da MINHA cama, com o MEU homem e ainda ria da MINHA cara. Eu mato essa vadia!

- O que essa piranha está fazendo aqui? – Esbravejei batendo o pé no chão e apontando para aquele ser repugnante que estava em minha frente.

- Não é óbvio? Eu faço o que VOCÊ não pode fazer! – Olhou para Jake, que por acaso ainda estava deitado na cama, com um olhar malicioso.

- Jacob… Eu não estou acreditando… - Disse sentindo-me fraca.

- Calma Bella, eu posso explicar… Me deixa explicar! – Levantou da cama e Maddie gritou.

- Ahhh – Seu gritinho foi agudo e assustado. Tapou os olhos com a mão.

- Maddie, vá para seu quarto. – Pedi séria, mas com a voz falha. Senti as lágrimas virem até meus olhos, mas não as deixei cair.

- Jacob, eu poderia fingir que isso não estava acontecendo… Mas, você fez isso de baixo do meu nariz, cara. Você estava noivo, assim como eu… Olha o que você fez com sua filha – Apontei para a porta do quarto de Maddie que estava fechada. – Você destruiu a família que criamos com tanto carinho… - Disse com nojo.

- Bella, me desculpa, é… Por favor, me dê mais uma chance! – Disse gaguejando e sem qualquer expressão de arrependimento.

- Mas, moranguinho, e nossa relação? – A ruiva olhou para Jake com um biquinho.

- Moranguinho? – Perguntei com nojo – Ahhh, vá para a casa do caralho! Sai da minha casa agora! – Bati o pé no chão ordenando que ambos traidores saíssem.

- Bella, por favor, não faça isso… - Jacob suplicou – E a nossa filha? – Começou com a chantagem.

- Não me venha com chantagem, saia daqui agora! Maddie vai ficar muito bem sem você! – Disse entridentes.

- Por favor Bella - Pegou em minhas mãos .

- Não me toque! – Exclamei irritada.

- Bella, e tudo que sentimos um pelo outro? – Olhou-me nos olhos.

- Eu não sinto nada por você, tudo o que eu sentia, aquele amor que para mim era verdadeiro, se transformou em puro repúdio – Cuspi as palavras em cima dele.

- Okay, se você quer assim, vai ser assim! – Disse sem qualquer cerimônia.

- Nossa! Que sacrifício vai fazer, né? – Disse debochada.

Jacob revirou os olhos e começou a arrumar as coisas, assim como a ruiva. Tranquei-me no banheiro e caí de joelhos no chão. As lágrimas que tanto guardei, deixei cair naquele momento. Era o homem que eu amava, e o homem que eu tinha escolhido para ter ao meu lado. E ele simplesmente pegou meus sentimentos, e tudo o que vivemos juntos, e jogou fora, como se tudo não passasse de pequenas lembranças.

Ouvi a porta da frente ser aberta, e depois ser fechada com força. Levantei-me ainda lamentando o ocorrido. Entrei em meu quarto, peguei as roupas de cama que foram vítimas daquela cena nojenta e corri para o quintal.

Assim que cheguei, taquei fogo em todas aquelas roupas, e deixei queimando. Subi e peguei todas as nossas fotos juntos, tudo tudo. Sei que a atitude é de uma adolescente que acabou o namoro, mas eu não me importo…

Taquei fogo em tudo, inclusive em nossa aliança. Eu não quero mais saber de Jacob. Novamente, sentindo-me derrotada caí no chão, e me perdi em lembranças, perdi-me em um mundo que um dia foi colorido, e que hoje não passa de cinzas.

Senti mãozinhas revestirem meus ombros. Maddie.

- Oi meu amor… - Disse em um suspiro com a voz falha.

- Você está bem, mãe? – Maddie se sentou em meu colo, olhando-me apreensiva.

- Não muito meu amor… Mas vou ficar – Disse forçando um sorriso.

Maddie me abraçou forte, e eu percebi que mais uma coisa de ruim tinha acontecido na infância da minha filha. O que ela se tornaria quando crescesse? Uma adolescente cheia de traumas? Não posso deixar que isso aconteça…

- Maddie, meu amor, arrume suas coisas, ta? – Levantei-me do chão com Maddie no colo.

- Porque mamãe? – Perguntou

- Vamos viajar! – Disse em um tom seguro, e com a voz firme. Eu não vou ficar aqui me afogando em mágoas enquanto ele dorme com aquela piranha não… Eu vou tocar para frente, a fila anda, e a catraca gira.

Subi para arrumar minhas coisas. Ajudei Maddie com as dela. Comprei duas passagens para Forks na internet, já para amanhã. Ajeitei algumas coisas do aluguel da casa, e agora era só começar uma vida nova.

“Pouco dura a dor que termina em lágrimas, e muito longo é o período em que o sofrimento permanece no coração.”