Amar Você é Um Desafio! escrita por FranHyuuga


Capítulo 2
Perdas




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Amar você é um desafio!

 

(Por FranHyuuga)

 

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Um presente à Boneca e Hyuu x3

 

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"Perdas"

 

Capítulo 2

 

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Longos minutos se passaram e a conversa fluiu tranquila entre minhas amigas, mas desde que eu havia aceito o “desafio” de me apaixonar por Kiba não conseguia me concentrar nos assuntos animados que as faziam rir.

 

Eu me agitava sobre a cadeira, incomodada com a possibilidade de fazer meu melhor amigo sofrer. Não seria fácil perdoar a mim mesma se nada daquilo desse certo, e internamente – eu sabia – que provavelmente aquela história não terminaria bem.

 

Meus olhos fixavam-se quase automaticamente sobre Kiba e já se tornava difícil desviar minha atenção. Eu notava as mãos bonitas passarem pelos cabelos castanhos vez ou outra, bagunçando-os ainda mais, como se ele estivesse nervoso. Há duas cadeiras de distância, eu podia visualizar Naruto, sorrindo alegre com aqueles grandes olhos azuis brilhantes.

 

Só de olhá-lo eu sentia meu coração triste. Naruto sempre seria inalcançável, alguém além de minha realidade. Meu coração parecia contrair-se no peito só de imaginá-lo com outra mulher, seguindo com sua própria vida como eu sabia que, muito em breve, ele faria.

 

E eu? Onde eu estaria quando Naruto conhecesse a mulher de seus sonhos? Eu o vigiaria? Sofreria em silêncio por um amor impossível? Suspirei, cansada de pensar em tudo aquilo.

 

- Tudo bem, Hina? – Tenten me perguntou e eu fitei minhas amigas, ciente de que minha expressão não era das melhores.

 

- Estou bem. – Respondi, minha voz era quase um sussurro.

 

- Ótimo! Porque chegou a hora de nos misturarmos aos homens desta empresa! – Temari pronunciou, sorrindo largamente enquanto seus olhos miravam todas nós.

 

Eu me levantei quando todas o fizeram e seguimos para as mesas que estavam próximas dos homens, já reservadas para o momento. Meus olhos encontraram os castanhos escuros de Kiba, nublados com algo que não fui capaz de identificar. Senti meu coração disparar enquanto o olhar intenso acompanhava meus movimentos. Eu estava confusa com minha reação, sentindo-se quente por dentro.

 

Seria aquele desafio estúpido que estava mudando meus sentimentos? Não. Era apenas uma reação física, natural de quando somos alvo do flerte de homens extremamente atraentes. Afinal, eu devia estar carente. Há quanto tempo mesmo não tinha um encontro com alguém? Já tinha dificuldade em recordar.

 

Era certo que minha face corada fosse apenas uma reação corporal perfeitamente compreensível em minha atual condição.

 

- Hina, não vai sentar? – A voz de Sakura despertou meus sentidos e eu notei que estava ainda em pé, sozinha, fitando fixamente os olhos selvagens de Kiba. Constrangida, sentei rapidamente, bufando comigo mesma por uma reação tão estúpida!

 

- Nossa, você nem perdeu tempo, Hinata! – Ino comentou divertida e eu a encarei desconcertada. – Este desafio fez bem para você... Já flertou com Kiba de forma direta e sem vergonha! – Concluiu maliciosa e eu me afundei na cadeira, desejando desaparecer.

 

Droga. Ela tinha razão. O que tinha acontecido comigo, afinal? Estava tão preocupada com minha carência que sequer notei corresponder ao olhar de Kiba. Céus, seria possível que inconscientemente eu já o desejasse?

 

- Há quanto tempo não nos vemos, Hinata! – A voz grave soou como um trovão aos meus ouvidos, invadindo meu cérebro como uma droga viciante. Meus lábios entreabriam-se com total descrença e lentamente elevei meus orbes para encontrar o autor daquele timbre cálido.

 

- N-Naruto... – Balbuciei, atônita porque ele me cumprimentou; idiota com a atenção que os olhos azuis brilhantes me concediam.

 

- Como você está? – Ele voltou a questionar, mas desta vez eu pude notar os lábios que eu tanto desejava colados aos meus movimentarem-se enquanto as palavras fluíam.

 

“Como eu estou?“, questionei a mim mesma, vendo a beleza dos traços fortes daquele loiro. “Satisfeita por você ter se lembrado do meu nome”, era o que pensei em responder, mas meu corpo parecia travado! Eu sentia minhas pernas trêmulas sob a mesa.

 

- Oh, essa música é linda! – Temari exclamou atraindo a atenção. – Naruto, dance comigo! – Convidou, mas as palavras sugeriam ordem.

 

Eu a olhei embasbacada. O que ela estava fazendo? Tirando de mim aquele momento mágico! Podando minhas expectativas! Por um momento, eu voltei meus olhos ao Naruto, esperando que ele negasse e dissesse estar ocupado conversando comigo.

 

- Claro, Tema-chan. – A voz rouca era divertida e o corpo masculino elevou-se, seguindo em direção à loira altiva do outro lado da mesa.

 

O que ele estava fazendo!? Abandonando a mim, naquele estado? E ela? O que pretendia? Minhas mãos cerraram-se nos punhos enquanto meu sangue parecia circular mais rápido. Eu estava frustrada, observando a mão do Uzumaki sobre a cintura da minha amiga, conduzindo-a para o centro do restaurante.

 

- Hina, ela o afastou para o seu próprio bem. – A voz de Sakura era um sussurro, mas eu a ouvi muito bem. – Ele vai embora amanhã. – Ela completou e eu respirei fundo, assentindo levemente.

 

- Ele me cumprimentou, Sakura! – Respondi em tom baixo, apenas para ela ouvir. – Lembrou do meu nome...

 

- Ele apenas foi gentil, Hina. – Ela cortou, um pouco seca. – A pessoa que realmente te ama está triste! Você quase desmaiou só porque o Naruto foi um pouco, um pouco – Frisou. –, atencioso!

 

Eu encarei minhas próprias mãos, sentindo-se a mesma garota estúpida apaixonada. O que Naruto havia feito de mais? Nada. E eu senti meu corpo reagir como se ele fosse uma doença, que me consome e mata.

 

- Ah, vamos todos dançar! – Ino exigiu, fitando os rapazes. – Kiba, você não se importa de dançar com a Hina, não é? – Ela questionou e meu rosto aqueceu com a ousadia. – Provavelmente ela será a única sem par, tadinha. – Completou, olhando para mim com aquele sorriso travesso.

 

Meus orbes fixaram-se novamente em Kiba e seu rosto parecia sem expressão. Algo que acontecia com muita raridade. Imediatamente eu fiquei tensa, com receio do que o havia deixado daquela forma.

 

- Na verdade, Ino... – Ele começou, encarando-me com aqueles castanhos profundos. – Eu pensei em ir embora. – E levantou-se, com aquele porte atlético e dominador.

 

- Ah, Kiba! Você não vai antes que a Hinata possa dançar e se divertir um pouco, não é? – A loira vociferou e seus olhos azuis prenderam-se em mim, como uma ordem silenciosa.

 

Inspirei o ar pesadamente, inflando meus pulmões de coragem, e me levantei. Observei Kiba retesar os ombros largos, fitando minha face com dúvida nos olhos. Andei alguns passos cautelosos até estar de frente com ele e envolvi uma de suas mãos entre as minhas.

 

- E-Eu... adoraria d-dançar com você, Kiba. – Gaguejei, incerta de que ele aceitaria. Eu precisava fazê-lo reconhecer ser importante para mim. Não por aquele desafio estúpido, e sim porque eu não o queria sofrendo.

 

Um sorriso discreto, melancólico, moldou-se nos lábios finos e logo caminhávamos até o centro do restaurante sob os olhares matreiros das minhas amigas.

 

Kiba envolveu minha cintura, tomando uma de minhas mãos entre as suas. Logo, o ritmo lento nos embalou e eu mantive meu rosto elevado, fixando nossos olhos em um contato íntimo.

 

Havia sofrimento naqueles castanhos que me miravam com seriedade. Eu sabia haver algo errado, mas parte de mim desejava ignorá-lo. O calor do corpo de Kiba envolvia o meu como uma carícia e eu me acomodei aproximando-me um pouco mais, deixando que sua mão pressionasse minha cintura.

 

Era como se não houvesse mais nada à nossa volta. Naquele momento, movimentava-nos com um ritmo só nosso, alheios às demais pessoas. Sentindo nossas respirações e o contato entre nossos corpos. E, por um breve momento, eu soube – como um lapso – que ele não era somente meu melhor amigo ou uma companhia agradável. Eu o vi, ao baixar minhas resistências, como um verdadeiro homem. Kiba era um homem, maravilhoso por sinal.

 

Como pude deixar tanto tempo se passar para vê-lo desta forma? É tão idiota que uma mulher, ao ter um amigo, ignore com tanta facilidade seu gênero! Kiba não era somente um grande amigo, mas era também um homem alegre, espontâneo, capaz de amar intensamente! E eu nunca o tinha visto desta forma, nunca o havia sentido realmente. Era tudo tão perfeitamente confuso que não pude controlar a sensação de ser certo estarmos juntos, tão próximos.

 

- Me concede a honra? – Uma voz grave soou ao nosso lado e eu me surpreendi com os olhos negros de Uchiha Sasuke fixos em Kiba.

 

Imaginei por um momento que nada daquilo pudesse ser verdade. Nunca, em meu sonhos mais loucos, o grande amor de Sakura me convidaria para dançar. Apesar de reconhecer nos ônix um brilho entediado, havia algo mais e Kiba parecia entender perfeitamente o que era, pois com um breve pigarro, afastou-se de mim e saiu com passos largos.

 

Eu fiquei confusa, olhando-o se distanciar até as mesas, e quando voltei a mim a mão áspera de Sasuke tomou a minha. Tentei me concentrar nos passos da dança, mas não era capaz de esquecer o sentimento de vazio que parecia me consumir desde que o calor de Kiba abandonou meu corpo.

 

Os orbes negros de Sasuke não me fitavam e eu compreendi que ele não desejava dançar. Tampouco estava interessado em qualquer outra coisa que não fosse a porta de saída do restaurante.

 

- Obrigada, Uchiha-san. – Agradeci a monotonia da dança o melhor que pude e me distanciei, voltando às mesas, procurando um pouco nervosa pelos cabelos castanhos de Kiba.

 

Mas não havia nada...

Ele não estava lá.

 

- Kiba foi embora, Hinata. – Sakura expressou com a voz fria. – Porque você ficou dançando com o Sasuke. – Os verdes miraram o moreno com mágoa.

 

- Desculpe, Sakura... – Pedi, triste porque o moreno sequer a chamou para dançar. – Eu não...

 

- Eu sei, Hina. – Ela cortou e voltou a olhar para mim, com lágrimas que ameaçavam transbordar. – É que... é tão difícil! – Eu a abracei protetoramente, desejando que ela fosse feliz! Ela merecia ser feliz.

 

- A noite acabou para mim. – Ela expressou, afastando-se do meu abraço.

 

- A minha também. – Respondi sincera, decepcionada porque Kiba havia ido embora sem se despedir, sem se preocupar comigo. Eu estava tão habituada com seu cuidado! Eu não podia aceitar perdê-lo desta forma... O que estava acontecendo com ele?

 

- Vem. Eu te dou uma carona. – Eu segui Sakura com a cabeça baixa, derrotada. Não nos despedimos de nossas amigas, porque elas estavam ocupadas se divertindo.

 

O caminho até minha casa foi silencioso. Eu respeitei o momento da Sakura, porque eu sabia que se dissesse qualquer coisa ela desabaria.

 

E ao entrar em meu apartamento, pequeno e aconchegante, não pude evitar as lágrimas que abandonaram meus orbes. Não havia acontecido nada para que eu chorasse daquela maneira desamparada, mas era inútil brigar comigo mesma. Tentei relembrar aquela noite, procurando o que havia me perturbado tanto... E somente uma resposta óbvia invadiu minha mente: Eu senti falta de Kiba.

 

O Kiba que eu conheço, alegre e sorridente, falando o que pensa sem se importar em agradar ninguém. O Kiba que não sai do meu lado, pronto para me defender, exigente por minha atenção.

 

Um Kiba diferente desta noite.

E, mais uma vez, eu chorei. Sem saber onde eu havia errado! Confusa por aceitar um desafio no qual eu só teria que corresponder aos sentimentos do meu melhor amigo, mas agora... Parecia que ele estava distante demais. Parecia que não havia mais nada a corresponder. E isso doeu de uma forma que eu nunca pensei que doeria!

 

~O~

 

O sábado amanheceu com sol. Levantei um pouco tonta pela noite mal dormida e andei com passos vacilantes até o banheiro. Um banho revigorou um pouco minhas energias e eu deixei que a tristeza daquela fatídica comemoração abandonasse meus ombros. Talvez Kiba só estivesse num mal momento. Isso não significaria que tudo entre nós mudaria tão facilmente.

 

Coloquei uma bermuda e camiseta leves, esperando que ele batesse na porta como sempre fazia nos sábados pela manhã. Nós passeávamos com seu cão, Akamaru, pelo parque nos fins de semana, rindo de nossos comentários sobre o passado ou coisas tolas que aconteciam no dia a dia.

 

Eram dez horas, mas ele devia estar um pouco atrasado. Apesar de achar estranho que ele não viesse às nove e trinta como sempre, eu suspirei afastando qualquer pensamento pessimista.

 

Liguei a televisão, mudando aleatoriamente os canais. Dez e trinta. Uma hora de atraso era algo raro. Kiba poderia estar com ressaca, morto de cansado, mas nunca deixava de levar o Akamaru ao parque. Sempre dizia que o cão não poderia ser privado desses momentos ao ar livre porque o dono não estava bem disposto.

 

Certo, eu estava preocupada. Liguei para o celular dele, esperando ansiosamente por ouvi-lo dizer que estava tudo bem. Mas, ninguém atendeu. Ele sempre me atendia! O que aconteceu?

 

Impaciente e temendo que algo grave pudesse tê-lo impedido de vir ou ligar, peguei minha bolsa e segui para a rua, correndo entre as pessoas, até chegar ao prédio que ficava há quatro quadras do meu. Entrei no saguão, cumprimentando o porteiro que já me conhecia, e subi até o décimo quinto andar.

 

Em frente à porta de Kiba, eu hesitei. E foi, então, pela primeira vez que a dor em meu peito pareceu aumentar. E se ele não quisesse me ver? Se estivesse evitando falar comigo? Dei um passo para trás, sentindo mais lágrimas invadirem meus orbes, mas não as deixei cair.

 

- Hina? – A voz confusa de Kiba soou no corredor e eu fitei o corpo masculino, com roupas esporte, parado em frente ao elevador. Os castanhos me observavam com intensidade, mas abaixo dos olhos haviam profundas olheiras. Akamaru estava ao seu lado, arfando pela possível corrida.

 

Por um momento, ignorei meus pensamentos que me alertavam para ir embora. O alívio de vê-lo bem reduziu o peso em meu peito e um suspiro escapou de meus lábios enquanto eu seguia em sua direção e o abraçava, sem me importar se ele me quisesse longe.

 

- Nunca mais... – Minha voz era embargada e somente neste momento notei estar chorando. – Nunca mais me preocupe desse jeito, Kiba!

 

Eu senti que Kiba não correspondeu ao meu abraço, mantendo-se tenso, com a respiração entrecortada. A dor anterior voltou e com muita dificuldade, eu o soltei, evitando olhar os castanhos que provavelmente continham algo que me faria chorar ainda mais.

 

- Quer entrar? – Ele questionou, rouco.

 

- N-Não... – Balbuciei e as palavras pareciam não querer sair de meus lábios. – Não q-quero atrapalhar. – Consegui, enfim, dizer e caminhei até o elevador, pressionando o botão com a mão trêmula.

 

- Hina, eu não vou deixar você ir assim. – Ele se aproximou de mim e com a mão empurrou um pouco minhas costas, conduzindo-me sem resistência até seu apartamento.

 

Eu andei até o sofá macio e deixei meu corpo cair sobre ele, um pouco tonta com todos os pensamentos e dúvidas que me rondavam. O fato de Kiba me pedir para entrar fez renascer uma pequena esperança de que eu estivesse errada em minhas constatações. Talvez o que afligisse Kiba fosse passageiro e ele precisasse de um tempo para si mesmo. Ele poderia me dizer e eu entenderia. Eu poderia dar-lhe o tempo que ele quisesse. Eu tentaria fazê-lo se isso o deixasse feliz.

 

Mas eu não suportaria esquecê-lo! Eu não suportaria que ele me afastasse quando nossas vidas estavam tão entrelaçadas... Seria impossível deixar de ligar quando estivesse triste ou não caminhar ao seu lado todos os dias, após o trabalho. Só de pensar nisso, minha cabeça parecia querer explodir e meus olhos enchiam-se de lágrimas. Como uma criança assustada com um conto de terror, sem saber o que é real ou fantasia, eu chorei novamente, soluçando.

 

- O que aconteceu? – Kiba perguntou, assustado com meu pranto. Minhas mãos esconderam meu rosto. Eu não queria que ele me visse assim, tão dependente de sua presença. Ele era livre! Eu precisava libertá-lo, mas eu me sentia tão incapaz de fazê-lo! – Hina! – A voz grave soou e as mãos tomaram meus ombros, sacudindo-me um pouco.

 

Eu levantei meus olhos e senti um arrepio envolver meu corpo com a expressão preocupada de Kiba, com os castanhos tão calorosos sobre mim.

 

- P-Por que... v-você me deixou? – Questionei, certa de que ele entenderia sobre o que eu falava.

 

- Estava cansado. – Ele respondeu após alguns minutos em silêncio. E o calor de suas mãos abandonou meus ombros.

 

- Kiba! – Eu chamei, fazendo-o me encarar novamente. – N-Não minta! Por favor!

 

Ele cerrou os olhos e minha respiração pausou com a expectativa. De certa maneira eu soube que tudo havia mudado, sem retorno.

 

- Eu não posso mais, Hina! – As palavras eram sibiladas e Kiba tornou as abrir os olhos, repletos de determinação. – Eu preciso me afastar de você.

 

- O... q-quê? – Questionei em um fio de voz. Minha garganta estava seca e se eu não estivesse sentada, provavelmente teria caído. O que eu mais temia havia acontecido! – N-Não, Kiba! – Voltei a falar, levantando-me com dificuldade. – Por favor, s-seja o que for, podemos resolver!

 

Eu caminhei até ele, levando minhas mãos até seu rosto, mas a expressão não se suavizou. A testa vincada me fez tremer. Ele tomou minhas mãos entre as suas e beijou-as, para depois afastá-las de si e ir até o lado oposto da sala.

 

- Eu te amo, Hina. – A voz era dura demais para a declaração e uma expressão incompreensível escapou de meus lábios. – Mas eu desisti de você.

 

“Eu desisti de você”... as palavras pareciam ter vida própria, pois ecoavam em minha mente como um címbalo incessante. Não! Ele não poderia ter desistido! Não quando eu o estava olhando de outra forma. Não agora que eu sabia como minha vida era preenchida com sua presença!

 

- Não consigo dormir tranquilo sabendo que você nunca será minha. – Ele continuou com seu monólogo que já não fazia sentido algum para mim. – Você tinha razão. – Suspirou, cansado. – Sempre teve. Somos somente amigos.

 

Eu quis bater em mim mesma por todas as malditas vezes que tinha dito aquilo! Eu via na expressão dolorosa de Kiba o quanto ele estava sofrendo. Eu desejei mais do que tudo ser capaz de corresponder aos seus sentimentos, mas estava confusa. Eu tinha certeza não ser capaz de viver sem ele. No entanto, era somente isso. Meus sentimentos eram desconhecidos para mim.

 

Mais uma vez, eu me aproximei dele, vendo-o segurar meus ombros sem permitir que eu chegasse mais perto. Isso doeu! A rejeição de Kiba parecia queimar meu interior como brasa. Eu estava prestes a entrar em erupção com meu coração tão apertado do jeito que estava. Mas, ironicamente, não havia calor algum. Era como se eu tivesse tomado litros de água gelada ao ponto de minhas entranhas não funcionarem mais.

 

Eu deixaria Kiba, mas não antes de fazer essa dor horrível extravasar. Não antes de dizer o que eu sentia, com sinceridade, com o melhor de mim.

 

- Kiba, eu não posso viver sem você! – Eu quase gritei e vislumbrei os castanhos surpresos com minha afirmativa. – Você é a pessoa mais importante da minha vida!

 

As mãos de Kiba ainda estavam sobre meus ombros, duras como pedras, mantendo-me afastada de seu corpo. Elas pressionaram minha pele e então os castanhos brilharam, como se uma luz os envolvesse.

 

 

- Por que, Hina!? – A voz era autoritária. – Por que não consegue viver sem mim? – Ele questionou com furor, fazendo-me encolher. Eu tentei me soltar do aperto que eram suas mãos, mas não consegui. – Responda!

 

Havia desespero na voz rouca. Ele exigia o que nem eu mesma sabia responder. Eu queria dizer “porque eu te amo!”, eu sabia que esta era a resposta certa! Mas não poderia enganá-lo! Eu não poderia dizer algo que não sabia se era realmente verdade.

 

Eu desejava apenas que meus sentimentos fossem suficientes para ele ficar comigo, para não se afastar da minha vida. Era puro egoísmo desejá-lo assim. Mantê-lo preso a mim, mesmo que não pudesse oferecer o que ele mais queria.

 

- É por isso! – Ele esbravejou, empurrando-me para longe. Eu quase me desequilibrei com as pernas fracas demais para sustentar meu próprio peso. – Eu não posso mais! – Disse com seriedade, passando as mãos sobre os cabelos arrepiados. – Se você soubesse, Hina! Se você soubesse por que não pode viver sem mim, eu aceitaria continuar.

 

E, finalmente, eu entendi que havia terminado.

Eu entendi que era demais para Kiba manter-se ao meu lado sem que eu pudesse amá-lo. Apesar de me considerar incapaz de viver sem sua presença radiante, eu não podia dizer que o amava... Ainda era pouco para Kiba.

 

- E-Eu... vou embora. – Falei por fim, pegando a bolsa sobre o sofá.

 

Ele não respondeu, limitando-se a me observar em meus movimentos lentos e torpes.

 

Alcancei a porta e envolvi a maçaneta entre meus dedos, esperando um “Fica”, que não veio. E antes de fechá-la às minhas costas, eu olhei o rosto moreno, guardando em minha memória seus traços. Eu adorava aqueles olhos felinos e selvagens, o desenho suave de seus lábios que ao sorrirem deixavam à mostra os caninos salientes. Aquele sorriso já não seria somente meu.

 

- Quando você souber a resposta, Hina... – Ele disse em tom baixo. – Espero não ser tarde demais.

 

Aquela frase dizia nas entrelinhas que ele ainda me esperaria. Dizia claramente que eu poderia descobrir o que eu sentia e procurá-lo, desde que não fosse tarde demais para nós dois.

 

Eu fechei a porta e ignorei as novas lágrimas que saíam de meus olhos, incontroláveis. Caminhei nas ruas de Tóquio sem dar atenção às pessoas, seguindo para minha casa onde eu deixaria que o mundo se explodisse até que tivesse novamente forças para levantar.

 

~O~

 

Aquele final de semana foi o mais difícil. Diversas vezes eu peguei o telefone em minhas mãos, desejando ouvir a voz de Kiba, mas desisti ao questionar “Por que?”.

 

Não é certo forçarmos nossos sentimentos. Isso é impossível. Mas a ausência de Kiba parecia me matar aos poucos e eu me questionava se minha louca vontade de vê-lo era realmente “forçar”. Ela parecia opressivamente natural para mim.

 

Mas, ainda, não era o suficiente.

Por que você não consegue viver sem mim?”, a pergunta de Kiba continuava em minha mente, gritando para que eu me movesse o quanto antes e encontrasse a resposta.

 

Adormeci em meio aos potes de sorvete vazios que eu havia ingerido. Sempre que ficava nervosa era a mesma coisa. Na segunda-feira, sentia-me muito ansiosa. Eu finalmente veria Kiba, quer ele quisesse ou não.

 

Eu senti vontade de me arrumar como não tinha antes, desejando que Kiba notasse a minha presença, mesmo que a evitasse. Não pensei por que fazia isso, sabendo que me arrependeria por não ter a resposta. Um vestido branco, com um cinto largo na cintura, modelou meu corpo. Um casaco preto até os joelhos deixaria parte de minhas pernas à mostra, sem parecer oferecida. Afinal, nem que eu quisesse conseguiria sê-lo, porque em meu guarda-roupa – como Ino sempre dizia – “me faltavam roupas de perua”. Uma leve maquilagem e pronto. Seria o suficiente?

 

Bem, Kiba me amou como a sem graça que eu era... Não seria agora que ele deixaria de me amar, certo? E por que este pensamento me assombra? O fato dele se afastar é justamente para deixar de me amar. E tudo voltará ao normal de novo. Eu já andava com destino à Coorporação Konoha enquanto estes pensamentos vagavam, sem me permitir olhar para os lados. Agora, era difícil me concentrar no que eu fazia quando pensava em Kiba.

 

Atravessei a porta giratória e segui para a recepção, onde deixaria meu casaco. O frio do inverno rigoroso deixava de existir no interior do prédio, previamente preparado para isso. Distraidamente, fui até o elevador, aguardando na fila que ele chegasse ao térreo e somente então eu percebi que ao meu lado estava Kiba.

 

Elegantemente vestido com seu terno escuro, os cabelos castanhos um pouco molhados pelo banho recém tomado. Eu não pude evitar corar ao vê-lo tão másculo em sua postura ereta e séria, tão diferente da espontaneidade que seu rosto geralmente expressava. Ele lia um jornal e talvez por isso não tenha notado minha aproximação.

 

- B-Bom dia, Kiba. – Eu cumprimentei, atraindo os olhos castanhos para mim. Meu coração disparou enquanto eu aguardava o sorriso de sempre, mas ele não veio. O rosto manteve-se sério e minha alegria esmoreceu ao vê-lo daquela forma.

 

- Bom dia, Hinata. – Respondeu seco, contido.

 

Eu suspirei derrotada e quando o elevador finalmente chegou, não tive coragem de partilhar aquele pequeno espaço com Kiba. Deixei-o ir, dando uma desculpa qualquer, observando como os castanhos me evitavam quando as portas de aço se fecharam.

 

O aperto no peito voltou, maior do que nunca. E junto dele veio o medo de perder Kiba definitivamente, de perder sua companhia e atenção. Eu estava com tanto medo que minhas mãos suavam quando apertei o botão chamando o elevador novamente. O saguão estava quase vazio e eu com certeza já devia estar atrasada.

 

- Dia difícil? – Uma voz amigável questionou e eu fitei os olhos azuis de Naruto, confusa com o fato dele ainda estar em Tóquio quando retornaria a Suna para resolver alguns negócios.

 

- E mal começou. – Respondi assentindo, sem ao menos gaguejar! Kiba estava dominando por completo meus sentimentos, massacrando inclusive o que aquele homem loiro por quem eu me apaixonara era capaz de despertar.

 

- Algumas vezes dificultamos mais as coisas, porque não queremos enxergar o óbvio. – Foi mesmo o Naruto quem disse isso? Eu o encarei incrédula por sua afirmativa tão certeira. Parecia que ele sabia o que estava havendo comigo, lendo em meus olhos o que acontecia ou algo mais.

 

Eu lembrei vagamente da noite no Fritz, quando ele me cumprimentou com um sorriso convidativo. Ele nunca havia me cumprimentado! E agora se interessava pela minha vida como se fosse um amigo de longa data. Havia algo muito, muito, estranho. Quando o elevador chegou, eu entrei e Naruto ficou.

 

- Você não vem? – Questionei, um pouco confusa pelo fato dele estar aguardando o elevador e não se mover.

 

- Eu não estava aqui para pegar o elevador. – A voz soou divertida e um sorriso moldou-se em seus lábios. A porta de aço se fechou enquanto eu olhava os azuis travessos, como se tivesse aprontado algo.

 

Cheguei ao meu andar com minha cabeça começando a demonstrar a dificuldade em encarar tudo aquilo. Uma leve dor nas têmporas me incomodava. Aos poucos eu estava compreendendo que devia deixar Kiba viver como queria. Eu precisava parar de pensar nele ou desejar encontrá-lo, porque a cada vez que nos víamos parecia que tudo piorava. O celular tocou e eu o busquei na bolsa, atendendo-o de imediato com uma pequena esperança de que algo melhorasse. Talvez pudesse ser Ino me convidando para sair e rir despreocupada.

 

- Oi, Hina. – A voz grave ecoou no aparelho e eu sorri, satisfeita por ser outra pessoa de quem eu sentia falta.

 

- Shino! – Expressei tão feliz que minhas bochechas doeram pelo sorriso largo. – Que saudade!!! Como você está?

 

- Estou bem. – Ele respondeu e houve uma breve pausa. – Estou em Tóquio.

 

- O quê!? – Eu quase gritei eufórica. – Eu quero muito ver você!

 

- Eu já falei com o Kiba. – A voz grave soou novamente e meu coração disparou somente com a menção do nome. – Combinei de irmos ao Meich. Pode estar lá às 20 horas? – Eu estaria em qualquer lugar para ver Shino, mas ao saber que Kiba estaria junto, hesitei.

 

- Cl-Claro. – Afirmei sem convicção e ouvi a respiração pesada de Shino ao telefone.

 

- Quero saber o que houve com vocês. – Ele expressou. Era incrível como Shino poderia ser perspicaz. Certamente Kiba também deve ter hesitado e ele acabou por relacionar os fatos.

 

- Conversaremos. – Finalizei e sorri, contente por ter meu amigo de volta. – Até mais, Shino.

 

- Até. – E o som do telefone desligando me deixou mais nervosa do que já estava.

 

Quanto mais Kiba tentava se distanciar e eu lutar comigo mesma para aceitar, mais nos aproximávamos. Inspirei o ar procurando me libertar das amarras de pensamentos pessimistas e tentei ignorar o fato de que após algumas horas eu estaria novamente ao lado de Kiba.

 

Este seria um longo dia!

 

Continua...

*Hyuu x3Espero que goste! *-*

 


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Notas finais do capítulo

Olá, povo!!

Haha, Hihi! (alguém notou que esta é a risada do Silvio Santos? rs – piadasemgraça *leva pedrada*)

Então, vamos logo ao que interessaaaa!!!!
O QUE ACHARAM DO CAPÍTULO!?
Uma porcaria!? *alguém levanta a mão*
Bonitinho? *outro alguém levanta*
É, dá pra passar!? *mais alguém levanta a mão*
MUITO BOM!? *cri cri cri*

Eu sei que o capítulo parece meio parado, mas é necessário para a vida KibaHina deste Fanfic. É o que eu sempre digo: UMA OPORTUNIDADE DIFICILMENTE APARECE DUAS VEZES.

E o Kiba foi por muito tempo a oportunidade permanente da Hina.
Uma hora, ela vai embora. T-T

Mas, o que vocês acharam?
PEÇAM o que acham que a Fanfic precisa! E eu verei o que posso fazer

Eu agradeçoooo MUITO aos reviews!! Em breve pretendo respondê-los um a um, com o carinho que merecem!!! Só não o faço agora devido à hora. T-T

...Vocês sabem como sou...
!FLORES ou PEDRAS!
.Reviews.