Sua cela era tão escura quanto era fria, e já havia perdido a noção do tempo em que estava ali. Brienne estava acostumada a passar frio, calor, fome, a sentir dores. Era uma mulher forte e, ao decidir viver como um cavaleiro, sabia que precisaria sempre ser. Não era por ela mesma que Beleza de Tarth temia.

– Meu filho... - Sussurrou, levando suas mãos até seu ventre, acariciando-o. Sua barriga roncou e logo levou sua mão em punho, com raiva da situação em que se encontrava. É tão injusto.

Um aperto tomou o coração de Brienne ao pensar que poderia perder seu filho novamente. Tinha que tomar cuidado com qualquer necessidade que fosse passar. Pensou em Jaime, como ele reagiria se ela perdesse seu bebê.

Se eu perdê-lo, Jaime não irá tentar mais. Terá medo de se decepcionar, pensou. Não sabia se estava certa ou se estava camuflando seus próprios medos como se fossem os do marido.

Jaime... Pensar nele fazia seu corpo todo se arrepiar. Passava todo momento se perguntando se ele estaria vivo ou morto. Lembrou-se do olhar da Rainha, as ametistas tão furiosas. Não há nada nesse mundo que mude a ideia de Daenerys de não ter a cabeça de Jaime, concluiu. Inconscientemente, voltou a acariciar seu ventre, imaginando se seria um menino ou uma menina. Se sequer nasceria. Se sequer a criança conheceria o pai. Sentiu algo salgado em sua boca e percebeu que eram lágrimas.

Quando viu, já estava chorando baixinho, deixando toda a tensão sair de seu corpo. Parecia que suas pernas já não aguentavam mais o próprio peso e, bambas, deixaram Brienne cair no chão, derrotada.

Em meio de seu choro e seus desvaneios, ouviu o som de passos, e logo prendeu sua respiração. Sua cela se abriu devagar, rangendo. Reconheceu a silhueta de um homem que logo reconheceu.

– Puta do Regicida. - Disse Sor Damião, sua voz áspera, achando graça de sua própria piada. - Ouvi barulhos estranhos. O que está acontecendo?

Brienne enxugou suas lágrimas e se levantou, com a dignidade que ainda lhe restava, olhando-o nos olhos.

– Sor... - Começou, séria. - Por favor. Eu preciso sair daqui.

O homem gargalhou.

– Todos alegam precisar.

– Sor, eu estou grávida. Por favor. - Suplicou a Beleza de Tarth. - Meu filho... - Levou sua mão até seu ventre. - Eu preciso ser bem alimentada. - Outra gargalhada. - Por favor. - Pediu Brienne pela ultima vez, seus olhos úmidos.

Damião a cala com um soco. Seus olhos, antes tristes, se enchem de raiva.

– Espere que eu acredite nisso? Nenhum homem conseguiria ficar de pau duro com você, de tão feia que é.

Brienne se levantou, suas mãos em punho. O homem começou a rir novamente, mas antes que a mesma conseguisse tomar alguma atitude, Damião levou suas mãos até o pescoço da mesma, a deixando sem ar.

Sem pensar muito, a dama de Tarth chuta o sexo do homem, que rapidamente a larga, ficando impotente.

– Puta! - Ele gritou. - Juro pelos deuses, vou te estuprar com sua própria espada... - Brienne, aproveitando a oportunidade, o cala com um soco no maxilar.

A cabeça de Damião foi para trás com o impulso. Ao voltar em si, estava sangrando e furioso.

Empurrou Brienne, e a mesma, cansada e sensível, caiu no chão. Chutou sua barriga, e a mesma gritou de dor.

– O que está acontecendo aqui?! - A voz de outrém interrompeu a briga. Era um soldado. Pelas suas vestes, Brienne julgou ser um Imaculado. - Sor Damião, o que está fazendo?

– Matarei essa puta. - Respondeu o homem, cuspindo sangue.

– Você tem ordens diretas de Vossa Rainha de deixar a Senhora Brienne em paz. - Respondeu o Imaculado, sem mostrar alguma expressão facial.

Sor Damião, então, deu uma ultima olhada em Brienne antes de deixá-la só. A dama sustentou seu olhar. Suas safiras quase rubis de ódio.

Quando os dois homens saíram, Brienne permitiu tranquilizar sua respiração. Ainda sentada no chão, levou sua mão até seu ventre novamente, sentindo as contrações no mesmo. Estava sentindo muita dor pelo tombo. Chorou baixinho novamente, permitindo-se ali, no escuro e sozinha, tirar sua máscara do dia a dia e ser apenas uma mulher comum, sentindo dor, preocupada com seu filho e seu marido.