Oathkeeper II escrita por Denise Miranda


Capítulo 44
Daenerys




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Daenerys estava fazendo seu desjejum ao lado de Missandei e Tyrion, algo que já havia virado rotineiro. Sabia que Missandei não era mais a Mão da Rainha, mas a gostava de tê-la por perto, e adorava ouvir seus sábios conselhos, junto com os de Tyrion.

No momento, porém, não falavam de guerras, nem Reinos, nem de Grandes Casas. Tyrion já estava bebendo e contava algumas piadas, e a Rainha de Prata junto de sua fiel amiga riam com o Duende.

É bom ser apenas uma mulher, por um momento, pensou Daenerys, suspirando de felicidade. Nesse momento não sou Daenerys Targaryen, a última de minha linhagem, nem a Rainha dos Sete Reinos. Sou apenas... Uma mulher.

O som de passos pesados inundaram o Grande Salão. Daenerys avistou seu fiel cavaleiro, Barristan Selmy, vindo em sua direção, com sua armadura e seu manto branco da Guarda Real. Em sua mão direita, havia um pergaminho.

– Vossa Graça, perdão em incomodá-la. Mas chegou um corvo da Patrulha da Noite para a senhora.

Daenerys pegou o pedaço de papel enrolado, contendo um selo intacto do símbolo da Patrulha da Noite. Abriu cuidadosamente o pergaminho e leu em voz alta para seus três confidentes:

"Vossa Graça,

Aqui é o Comandante da Patrulha da Noite. Me disseram que a Senhora tem dragões. Se isso for verdade, eu exijo que os tragam para a Muralha.

Nós, os homens da Patrulha da Noite protegemos o nosso Reino, o seu Reino por direito. Se não vir nos ajudar, não existirá mais Reino e todos estarão mortos em breve, inclusive a Senhora. Temo que uma coroa não pode protegê-la dos Caminhantes Brancos. Para eles, somos todos carnes para seu exército.

Este é meu último aviso,

Jon Snow."

– Jon Snow? - Perguntou, quando terminou de ler. - Esse Comandante da Patrulha da Noite parece um tanto atrevido, exigindo algo da Rainha. - Reparou que Tyrion estava sorrindo. - Disse algo engraçado, Senhor Mão? - Perguntou Daenerys, um tanto irritada.

– Não. Eu... Eu conheço o rapaz. - Respondeu o Duende. - Um bom rapaz. - Concluiu, por fim.

– Sim, Vossa Graça. - Concordou Sor Barristan Selmy. - Era o bastardo de Eddard Stark. É um bom rapaz, mas a maneira como foi escrita a carta... Me parece uma intimação.

– Concordo. - Disse Missandei. - Deveriam ter mais respeito pela Vossa Rainha.

Daenerys sorriu, segurando a mão negra e delicada de sua amiga mais amada.

– Ele pede para ajudá-lo. - Disse a Rainha de Prata, finalmente. - Ajudá-lo no que? E levar meus dragões? O que são esses... Caminhantes Brancos? Não entendo.

– Acho que a Senhora pode ajudá-lo com mais recrutas para a Patrulha da Noite. - Disse Barristan. - Posso olhar nas masmorras, se há alguns ladrões para mandar...

– Não. - Interrompeu Tyrion, com o semblante sombrio. - Ele foi bem claro. Ele quer que Daenerys leve seus dragões para a Muralha.

– Mas isso não faz sentido nenhum. Caminhantes Brancos não existem. - Interveio Barristan.

– Há algum tempo atrás, eu não teria acreditado. Mas... - Começou Tyrion, parando alguns segundos para lamber os lábios. Olhou sério nos olhos da Rainha, parecendo ter ficado sóbrio em questão de segundos. - Vossa Graça, já ouviu falar nesses Caminhantes Brancos que Jon Snow citou na carta?

– Não. - Daenerys estava se sentindo perdida.

– Há muitos livros antigos falando sobre os Caminhantes Brancos. - Começou Tyrion. - Os Starks estavam certos, afinal de contas. O inverno chegou. Os Caminhantes Brancos são descritos como criaturas de gelo, com enormes olhos azuis frios. De acordo com a lenda, eles apareceram pela primeira vez durante um inverno que durou toda uma geração, foi um período de escuridão. Chamado Longa Noite. - Tyrion fez uma pausa, se serviu de mais uma taça de vinho e continuou. - Disseram que foi um caos. Eles eram indestrutíveis, e transformavam pessoas normais em criaturas irracionais com olhos azuis, adestrados como um cão. Eles supostamente foram derrotados pela Patrulha da Noite e nunca mais voltaram. Eu tive uma conversa com Jeor Mormont, porém, a muitos anos. Ele me disse que os Caminhantes Brancos foram avistados por pescadores na costa próxima de Atalaialeste do Mar. Na época, então, eu não acreditei. Se pescadores dizem ver sereias, porque não um Caminhante Branco? - Respirou fundo antes de continuar. - Eu achava que era uma lenda, e Jon Snow também, na época. Se ele está insinuando que o Reino está em perigo e querendo que a senhora leve os dragões para a Muralha, bem... Estou começando a ter minhas dúvidas do que realmente devo acreditar.

– E por que meus dragões? - A Rainha de Prata quis saber.

– Por que, de acordo com os livros, há três maneiras de matar um Caminhante Branco. - Tyrion fez uma pausa para beber seu vinho. - Com uma espada chamada Luminífera, que a lendária reencarnação de Azor Ahai forjaria. Isso, com certeza, é lenda. Então, a segunda maneira é com o chamado vidro de dragão, ou pedra obsidiana. Essas pedras estão praticamente extintas e, como seria possível forjá-las em espadas, lanças, e flechas? Impossível. A terceira e, parece a mim que a única, é por meio de fogo. Ter três dragões, com certeza, facilitaria as coisas.

A cabeça de Daenerys estava girando. Devo acreditar que isso realmente existe?, se perguntou. Caminhantes Brancos, que são seres sobrenaturais que saíram que livros antigos para assustar crianças?

– E o que eu devo fazer? - Perguntou Daenerys, por fim.

– Você é a Rainha. Faça o que quiser. - Respondeu Tyrion. - Você pode acreditar nas baboseiras que acabei de te contar, ou simplesmente ignorar o apelo de Jon Snow.

– Você acredita ou não nos Caminhantes Brancos, Tyrion? - Perguntou a Rainha de Prata.

– Não sei no que acreditar, Vossa Graça. - Respondeu o anão.

Daenerys olhou para Barristan, em busca de alguma resposta. Ele estava com o rosto indecifrável, como sempre, mas havia uma ruga no meio de suas sombrancelhas demonstrando que ele estava diante de sua situação perturbadora.
– Vossa Graça... - Começou Sor Barristan, o Ousado. - Como disse, Jon Snow é um bom rapaz. Não mentiria sobre isso. Acho que a Senhora deveria atender seu pedido.

E se for tudo uma mentira?, se perguntou. Eu sou a Mãe de Dragões, se lembrou. Meus dragões são pura magia. Por que, então, não acreditar nos Caminhantes Brancos?

– Primeiro preciso achar meus dragões. - Concluiu, por fim. Sempre que lembrava do momento em que seus filhos estavam voando para longe de Porto Real, ficava cabisbaixa. A Mãe de Dragões que não sabe controlar seus filhos.

Mordeu o último pedaço de uma maçã e se levantou da mesa, sem olhar para nenhum de seus três conselheiros.

xxx

Daenerys sempre quis voar. Achava que dessa maneira, poderia se sentir viva. Mas o que sentia ao realmente voar em cima do dorso de Drogon era inexplicável.

A Rainha de Prata soltou uma gargalhada de alegria enquanto sentia o vento bater em seu rosto. Drogon silvou, e Daenerys sorriu, acariciando a pele grossa e escura do mesmo.

Um silvo despertou a atenção da mulher, e ela olhou para o lado, avistando Rhaegal. Em cima dele, havia um homem de capa, olhos, cabelos e barbas negras. Franziu o cenho.

– Quem é você? - Perguntou, mas o homem pareceu não ter ouvido, pois sua voz estava sendo abafada pelo vento. - Quem é você? - Tentou novamente, gritando dessa vez. Mas novamente, o homem não a ouviu, nem sequer a viu.

Do outro lado, Daenerys avistou Viserion, e em cima dele, havia um garoto. Seus olhos eram púrpuras e seu cabelo prateado, como o dela. Ele lembrava seu irmão, Viserys, quando era novo.

– Não estou entendendo... - Daenerys disse para si mesma, franzindo o cenho. - Quem são vocês? - Gritou, mas nenhum dos dois parecia ouvi-la.

Ela tentou, então, se aproximar mais do homem de capa negra. Tentou tocar sua capa, ver se, de alguma maneira, conseguia chamar sua atenção. Queria respostas. Mas isso só a fez perder o equilíbrio e cair do dorso de Drogon.

Ao perder o controle e cair, ouviu o silvo de seu dragão negro.

Se sentou na cama, ofegante. Foi só um sonho, disse para si mesma. Olhou para o lado e avistou Quentyn. Preciso voltar a dormir, pensou, tentando se acalmar.

Mas, ao olhar para a frente de sua cama, avistou Quaithe. Seu coração começou a bater mais rápido.

– Lembre-se. - Disse a mulher. - O dragão tem três cabeças. Uma delas está próxima...

– Não compreendo. - Diz Daenerys.

– Com quem está falando, minha Rainha? - Pergunta Quentyn, sonolento.

Daenerys vira para olhá-lo. Está apoiado com seu braço esquerdo na cama, permitindo-o que fique meio sentado, com o cabelo castanho bagunçado e só com um dos olhos abertos.

Não sabia o que responder. Olhou para frente novamente, mas Quaithe já havia sumido. Será que estou enlouquecendo?, se perguntou.

– Volte a dormir. - Daenerys pediu, e se virou para o lado, tentando fazer o mesmo.

A Mãe dos Dragões achou que seria difícil dormir depois daquele sonho real e perturbador, mas estava enganada. Dormiu rapidamente, e dessa vez sonhou com uma coroa azul crescendo na Muralha.


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