– Sentirei sua falta, garota! Há! - Tormund disse, animado como sempre, mas ao mesmo tempo a dama pôde ver um brilho diferente em seus olhos. Seria tristeza?, Brienne se perguntou.

– Também sentirei a sua falta, Tormund. Se cuide. - Disse, dando um sorriso sincero.

Levou a sua mão em direção à mão do selvagem, afim de apertá-la como um cumprimento de adeus. Mas foi surpreendida no momento em que o ruivo a puxou para um abraço sufocante.

Brienne emitiu um som quase como um engasgo.

– Tente manter essa cabeça nos ombros, mulher. - Disse Tormund, soltando-a por fim.

A dama de Tarth ficou vermelha da cabeça aos pés e deu um sorriso tímido.

Se virou para Jaime, que também estava no pátio de Castelo Negro, conversando com o Comandante.

– .... Estaremos em Rochedo Casterly. - Ouviu Jaime dizer, por fim.

– Tenham uma viagem segura, senhora. - Jon disse para Brienne, apertando a mão da mesma.

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A dama de Tarth está nua e correndo o que parecia em círculos em uma floresta. Estava nevando, mas ela estava com calor e transpirando. Os ventos gelados estavam uivando palavras como "Natimortos", "Apenas filhos natimortos".

– Não! - Gritava Brienne, para ninguém em especial. - Não! Eu terei meu filho, eu sei que terei!

Em um momento, a garota tropeçou. E então, ao olhar para seu corpo despido, percebeu que sua barriga estava grande. E então sangue começa a correr pelas suas pernas.

"Natimortos", o vento continua a sussurrar. "Amaldiçoada, terá apenas filhos natimortos".

Brienne acorda em um salto. Aos poucos, sua visão começa a se acostumar com a escuridão da noite e logo avista Jaime mais à frente, fazendo a vigília. Ele não percebe que a mesma acordou, e ela prefere que continue assim. Devo contar para Jaime que estou grávida?, se perguntou pela milésima vez, enquanto olhava a silhueta do Lannister.

Fechou os olhos novamente, temendo ter mais algum pesadelo. Não contarei, decidiu.

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Dias depois Jaime e Brienne estavam chegando a Rochedo Casterly. O tempo estava mudando, até mesmo para os locais mais ao sul. Brienne podia sentir o frio que sentiu na Muralha em seus ossos, mas nada se compararia ao frio e calor que sentiu na batalha contra os Outros. Estremeceu ao lembrar dos olhos azuis das criaturas.

Decidiram se hospedar em uma pequena estalagem no fim da estrada. Comeram frango cozido, e Brienne sentiu como se não comesse direito há anos.
Estava de noite, o Lannister deitado na cama enquanto Brienne se banhava. A garota fitava seu reflexo na água.

Passou devagar o polegar em seu rosto, sentindo a cicatriz em sua bochecha, deixada por Dentadas. Passou as mãos molhadas em seus cabelos loiros embaraçados, e se perguntou por que os deuses a fizeram tão feia. Meus olhos, que lembram safiras. A minha parte mais bonita. Se recordava de Jaime ter falado isso alguma vez. Uma parte, talvez a parte mais menina da dama, gostaria de saber se ele ainda pensava dessa forma, ou se a via mais bonita do que realmente era agora que a amava.

Mas isso não importava. Era casada, independente se era bonita ou não, e estava grávida. Olhou de relance para o leão, o mesmo estava de olhos fechados, mas Brienne sabia que estava acordado.

A mulher levou inconscientemente uma de suas mãos até a sua barriga, acariciando-a, sentindo a saliência. Deixou que seu corpo caísse na banheira, libertando-se de toda a tensão que permanecia em seus ombros. Respirou fundo, fechou os olhos. Preciso contar. Ao se dar conta disso, percebeu que seu coração estava batendo mais rápido. Preciso contar a verdade. Não ousava olhar para Jaime, quebrar o silêncio daquele quarto. Uma lágrima foi derramada, respingando na banheira.

Brienne abriu os olhos e se levantou, buscando uma toalha.

– Jaime... - Começou. Seu marido havia aberto os olhos imediatamente. Havia se enrolado na toalha branca que fora deixada no quarto e agora estava sentada na cama, nua por baixo. Não sabia como havia tomado coragem de quebrar o silêncio, mas uma vez feito não poderia voltar atrás. Estou grávida, era só isso que precisava dizer. Qual era o medo? Respirou fundo.

O Lannister sentou na cama, fitando-a curioso.

– Está tudo bem? Você parece estranha há dias. - Disse, sério.

– Jaime, eu preciso... - Parou por um segundo, precisava olhar em seus olhos. De repente, lembrou de seus sonhos. Daquele em que o Lannister a menosprezada, dizendo que ela só havia dado a ele filhos natimortos. E o último, em que corria pela floresta. "Natimortos... Amaldiçoada...". Estremeceu. Garota, pare de ser estúpida, disse a si mesma. Olhou em seus olhos. - Não sei o que isso significa, se é uma boa notícia ou não. Mas estou grávida.

Houve um silêncio de alguns segundos. Para Brienne, pareceu anos.

– Como não seria uma boa notícia? - Perguntou Jaime, não conseguindo disfarçar seu sorriso. - Desde... Desde quando você sabe disso? - Brienne abaixou a cabeça. - Faz tempo? - A Beleza de Tarth não precisava responder para que o Lannister já soubesse que sim. - E por quê não me contou antes?

– Estava com medo. - Brienne abaixou a cabeça novamente, e sentiu lágrimas caindo de seus olhos.

Então sentiu os braços quentes e aconchegantes do Lannister a acolhendo, e logo depois, adormeceu sabendo que havia tomado a decisão certa em contar a verdade.

Se perdesse um filho novamente, sabia que a culpa não seria sua. Sabia que Jaime se conformaria. Não era fraca, tampouco amaldiçoada. Teria seu filho, na hora certa.