Oathkeeper II escrita por Denise Miranda


Capítulo 19
Brienne


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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O berrante soou pela segunda vez.

– Dois sopros significam selvagens. - Sussurrou Jaime. Ambos estavam sentados na cama, nus e no escuro, alarmados. Esperando ansiosamente o desenrolar do som do berrante.

E então ficou silêncio na Muralha, mas não por muito tempo. Logo, o berrante soou pela terceira vez.

– O que três sopros significam? - Perguntou Brienne em forma de um sussurro. Parecia errado dizer algo em tom normal.

Jaime a fitou com seus olhos de esmeralda. Havia um brilho de medo ali, quase impossível de observar. Se Brienne não conhecesse o Lannister direito, não saberia que o mesmo estava um tanto tenso com a situação. Mas, no mesmo lugar que continha medo, também continha determinação e coragem.

– Significa que os Outros estão chegando.

Dito isso, ambos ficaram se olhando por um longo instante. Talvez seja a última vez que verei esse rosto, a Beleza de Tarth se pegou pensando. Levou seu indicador até as bochechas do Lannister, acariciando-o, sentindo sua pele áspera por conta da barba que estava nascendo. Rapidamente, selou seus lábios aos de seu marido. Ao soltá-lo, olhou em seus olhos verdes.

– Precisamos nos preparar.

Disse e se levantou depressa, buscando sua armadura e sua espada. Suas mãos estavam tremendo, mas se obrigou a relaxar. Como será a aparência de um Outro?, se perguntou. Como deve matar um Outro? E então, como se Jaime estivesse ouvido seus pensamentos, a interrompeu:

– Não use a Cumpridora de Promessas. Me encontre no pátio. Jon Snow ordenou que, quando o berrante soasse, era para todos irem para o pátio que ele nos daria armas capazes de matar os Outros.

Armas capazes de matar os Outros?, repetiu Brienne em seus pensamentos. Estava confusa e nervosa, mas tentou não aparentar esses sentimentos para o seu marido. Assentiu séria com a cabeça.

Jaime saiu do quarto apressado, afim de vestir sua melhor armadura.

xxx

Brienne estava, assim como os outros, esperando o Comandante Snow aparecer no pátio. Saía uma fumaça branca de sua boca e de seu nariz toda vez que respirava. Olhou ao redor e não conseguiu achar Jaime, e sentiu que estava ficando tensa.

Após alguns minutos que, para a Beleza de Tarth, pareceram horas, ela teve um pequeno vislumbre do cabelo dourado de seu cavaleiro. Ele passou pelos homens, até que chegou à sua esposa. Ela se permitiu dar um sorriso aliviado, mas nada falaram um para o outro.

Após alguns instantes, Jon Snow apareceu com mais três homens. Dois tinham cabelos e olhos negros como os do bastardo e vestiam mantos negros típico dos homens da Patrulha da Noite. O outro, porém, era bem peculiar. Vestia-se como um selvagem e tinha cabelos e uma espessa barba, ambos ruivos. Eles carregavam todos os tipos de armas: lanças, espadas, flechas, machados, porretes, e outras das quais Brienne não conseguia identificar.

– Peguem apenas uma arma. - Disse Jon Snow, seus olhos contendo um brilho perigoso. Não havia compaixão nem medo neles. Mais uma vez, Brienne se pegou pensando o quanto o bastardo já deveria ter sofrido nesse curto espaço de tempo que estava vivo. É apenas um garoto, pensou. Mas mesmo assim, não tem medo de morrer.– Com sorte, terá armas para todos. - Continuou. - Escolham logo, e vamos encarar os Outros. Se essa Muralha cair, toda a vida em Westeros deixará de existir. Somos o fogo que arde contra o frio. Somos o escudo que defende o reino dos homens. É melhor defendermos essa Muralha hoje, se não os verei no inferno!

Todos gritaram vivas, até mesmo os selvagens. Brienne pôde perceber. Deu um sorriso ao ver que Jon Snow tinha conquistado a confiança da maioria deles.

E então os portões se abriram. Todos os homens, mulheres e até os mais jovens que Brienne nunca julgou que seriam capazes de segurar uma espada, gritaram e correram, determinados. Jaime olhou para a sua Beleza de Tarth. Os olhos de safiras da mesma continham um brilho de preocupação e medo, mas também continham coragem, assim como as esmeraldas do leão.

Depois disso, tudo ocorreu muito rápido.

Brienne sentiu um frio intenso quando saiu pelos portões. Os Outros vêm quando está frio, ou fica frio quando eles vêm?, se perguntou.

O que a dama de Tarth viu naquele dia, ela nunca mais esqueceria. Centenas de cavaleiros, descarnados e duros como ossos velhos, com uma carne pálida como leite. Todos possuíam olhos azuis. Ela tinha consciência que lutaria com Outros e criaturas chamadas Caminhantes Brancos, cujo foram homens em vida. Ela havia lido a respeito disso, mas não sabia diferenciá-los.

Brienne foi em direção à um dos Outros que estava desmontado. Ao enfiar a espada em seu peito, olhou bem nos olhos do demônio. Estremeceu. É um azul sobrenatural, um azul que queima como gelo. Imediatamente, se lembrou dos olhos do bebê de seus sonhos. Eram do mesmo tom de azul. E então, como se fosse feito de vidro, o Outro que Brienne havia acabado de matar se estilhaçou completamente, sem deixar marcas de que alguma vez ele sequer existiu. Sentiu um arrepio percorrer a sua espinha e jogou uma praga em si mesma. Agora não é hora de pensar em sonhos sem sentido, sua garota estúpida. Se obrigou a se focar apenas na batalha que estava ocorrendo bem na sua frente.

Já não via mais Jaime, nem o bastardo Snow. Mas não se importava no momento. Sua prioridade era matar todos os Outros que conseguisse.

As armaduras que os Outros usavam mudavam de cor a cada passo que eles davam e os mesmos caminhavam com uma leveza que surpreendeu a Beleza de Tarth. Percebeu também, ao matar outro, que eles não deixavam pegadas na neve. Esse também se estilhaçou quando Brienne enfiou sua lâmina feita de obsidiana.

– Os Outros são servos do Grande Outro! - Gritou um homem ao seu lado para ninguém em especial. - Precisamos matá-los, em nome de R'hllor! - E outros homens gritaram concordando.

Percebeu que os homens que gritaram eram os homens da Patrulha da Noite.

Então alguns deles realmente viraram fiéis do Senhor da Luz, pensou Brienne, admirada. Ela mesma não sabia o que pensar sobre esse R'hllor. Imediatamente, lembrou-se da Senhora Coração de Pedra e decidiu que esse era realmente um Deus intrigante. De todos que eu conheço, esse parece ser o único que realmente mostra seus poderes.

Brienne se virou para uma das criaturas que a estava atacando pela direita, e desferiu um golpe direto para seu coração. Essa criatura parecia um homem, e sua carne não estava podre. Seus movimentos eram lerdos e, ao morrer, não se estilhaçou. Percebeu então, que esse era um dos Caminhantes Brancos.

Alguns Caminhantes Brancos estavam com aparências de pessoas normais, com a diferença de suas peles brancas e seus olhos azuis sobrenaturais. Outros demônios, porém, estavam podres. Matou mais dois Caminhantes Brancos. Esses são adversários mais fáceis de abater, percebeu.

Logo que se virou para a frente da batalha novamente, Brienne avistou outras criaturas vindo em sua direção. Agora eles estavam montados em cadáveres de cavalos. Alguns estavam em cima de cadáveres de ursos, de mamutes e até de aranhas gigantes. Involuntariamente, a Beleza de Tarth esfregou seus olhos, pensando que, por um segundo, estava tendo um pesadelo. As histórias de terror que eu ouvia quando era criança estão se concretizando, percebeu incrédula, finalmente caindo a ficha.

Brienne percebeu, pela primeira vez, que eles tinham mãos e pés pretos. Assim como o bebê do meu sonho, não conseguiu deixar de pensar, e sentiu imediatamente uma dor no estômago e vontade de vomitar. Segurou seus instintos e levou sua espada de vidro de dragão em direção à um cavalo, que caiu imediatamente no chão. O Outro também caiu, proferindo palavras em outra língua, talvez no Idioma Antigo, e Brienne tinha certeza que nunca saberia o que aquelas palavras significavam. Mas a criatura não pareceu nem um pouco machucada com a queda do cavalo, e seguiu em direção à Beleza de Tarth, a encarando com aqueles olhos assombrosos. Brienne, apesar de estar tremendo de medo e frio, respirou fundo e se permitiu ter calma.

Desferiu um golpe no Outro, mas ele segurou sua espada no mesmo instante, deixando-a com o movimento preso. A criatura soltou outro rugido e levou sua lança até o pescoço da garota, que se desvencilhiou do golpe com alguma dificuldade. O Outro conseguiu atingi-la no ombro. Ela sentiu o sangue quente escorrendo pela sua pele gelada e suja de neve.

Visto que o Outro não largaria sua espada, ela a soltou. Talvez tivesse tomado uma decisão estúpida, mas o fez mesmo assim. Se jogou contra o corpo do Outro, e a criatura mordeu seu braço. Brienne soltou um grito de dor e logo o demônio estava por cima dela. Viu que não tinha mais chances de conseguir matá-lo, então esperou pelo seu fim inevitável.

Mas então, uma luz apareceu. Ela olhou para o lado e vislumbrou Jaime Lannister com sua espada flamejante. O Outro o viu e soltou um rugido e deixou Brienne de lado, fugindo desesperado. Mas o Lannister foi atrás da criatura e enfiou sua espada nas costas dele. Dessa vez, o Outro não se quebrou como se fosse vidro. Dessa vez, ele queimou, e seus gritos fizeram arrepios percorrer pelo corpo de Brienne.

Jaime sorriu para a sua esposa e estendeu a mão para ela. A Beleza de Tarth aceitou a mão do marido e se levantou com dificuldade. Pegou sua espada caída no chão e, dando apenas um sorriso para o leão, voltou para a batalha.

A mordida que o Outro deu nela a preocupava, mas decidiu que não adiantaria nada pensar nisso agora. Então continuou na batalha. Em menos de alguns minutos, perdeu Jaime de vista.

xxx

Não sabia a quanto tempo estava lutando. Duas horas, três? Talvez mais, talvez menos. Havia matado uma boa quantidade de Outros e Caminhantes Brancos, mas eles pareciam não acabar nunca. Seus braços doíam, sua mão que segurava o cabo da espada estava umedecida, estava suando frio e sua pele estava cada vez mais gelada e mais coberta de neve.

E então ouviu gritos vindo do outro lado de onde estava.

– Ajudem! O Lannister está ferido! - Ouviu uma voz conhecida e rouca gritar. Percebeu que ela pertencia à Jon Snow.

– Senhor, acho que ele não vai sobreviver. - Gritou outra voz.

Brienne virou a cabeça imediatamente, percebendo só depois que havia cometido um erro. Uma criatura atingiu a sua cabeça com um bastão.

Imediatamente, a Beleza de Tarth caiu no chão. Ouviu rugidos dos seres, pareciam estar dizendo algo. Sua visão foi ficando turva e, aos poucos, perdeu a consciência.

A última coisa de que se lembrava era de estar sendo arrastada e do seu sangue vermelho fazendo contraste com a neve branca.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :3



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