Pov Ally

Diríamos que hoje, nosso plano de começar o trabalho não deu muito certo; primeiro que Sophie não nos deixava em paz, queria brincar toda hora e segundo que Austin estava muito distraído, vamos dizer que ele estava totalmente perdido em seus pensamentos! Em um momento, eu simplesmente cansei de ficar pensando sozinha e decidi conversar com ele.

– Austin, o que você tem? Está estranho desde a hora que descemos do meu quarto.

– Ah Allycia, é complicado! É que, sabe, o amor é muito difícil! Já esteve apaixonada?- aquela pergunta me abalou muito, será que eu podia confiar na pessoa que estava na minha frente e que conheço a menos de 24 horas? Apesar de eu não querer contar, ao mesmo tempo, me sentia segura perto dele e acho que chegou a hora de contar essa história pra alguém, além de Anne.

– Pra ser sincera, sim, acho que sou uma eterna apaixonada.- disse suspirando e foi assim que ganhei sua atenção.

– Você tem namorado?- ele perguntou curioso.

– Não!- e vi seu olhar de alivio, sem entender isso muito bem- mas e você, me disse que ia contar sobre a Cassidy, por causa dela você está assim?

– Ai credo, Allycia, graças a deus, eu estou livre daquela monstra!

– What?! Mas você não a pediu em namoro hoje em frente a toda escola?

– Pedi e não pedi!- e logo meu olhar fixou confuso e ele riu- vou te explicar, desde o começo, sera que você tem paciência pra me escutar?

– Na França, de acordo com minhas amigas, minha especialização era escutar e saber dar conselhos, então sim, tenho paciência para te escutar!- disse rindo

– Ok, mas prometa que não vai rir quando eu terminar de contar toda a história? Porque, assim, é bem clichê, mas é a minha vida.- mal ele sabe como é a minha vida, mas eu apenas assenti e me pronunciei.

– Mais clichê que a minha vida, impossível, Austin!

– Bom, então é assim: desde meus poucos meses de idade, conheço uma menina e nos tornamos melhores amigos ao longo do tempo e eu me apaixonei por ela, só que como eu era criança, não sabia a real força desse sentimento e eu só percebi a tamanha relevância quando ela se foi, quando eu tinha 7 anos, ela foi embora e eu nunca mais a vi.- para tudo, só eu que vi semelhanças com essa historia? Só pode ser coincidência.

– Mas você nunca mais manteve contato com essa menina? Tipo, ainda fala com ela hoje?

– Não, faz muito tempo que não falo com ela, mas eu achei que tinha conseguido esquecê-la um pouco, mas quando vi a foto no seu porta retrato, relembrei dela e senti saudades, muitas saudades da minha melhor amiga, ou melhor, antiga melhor amiga.

– Nossa, Austin, eu sinto muito, muito mesmo! Já vivi um caso muito parecido, mas sabe o que eu estava pensando? Que tal sermos amigos? Sabe, eu vim da França, não conheço ninguém nessa cidade e preciso de uma companhia.- disse sorrindo e o vi erguer a cabeça, sorrindo também, ahh que sorriso lindo.

– Ótima ideia, talvez você preencha o vazio que vive em mim a 10 anos! Então, amigos?- ele disse dando sua mão para eu apertar e digo que senti um leve choque quando nossas maos se tocaram.

– Fechado amigo! Hahahahaha.- e logo ele me puxou para um abraço, enquanto Sophie corria em volta do jardim.- sabe, eu acho que minha irmã está querendo chamar nossa atenção.

– Por que?- ele disse sem me soltar do abraço, que estava muito bom.

– Olha!- e sem se soltar de mim, ele desvia um pouco o olhar e começa a sorrir.

– Crianças são assim, sempre querem sua atenção e Sophie não vai ser diferente.

– Uau, você por acaso é irmão mais velho?- perguntei curiosa, não sei o porque, mas eu queria saber muito da sua vida, queria saber da sua família, queria saber do meu novo amigo de Miami.

– Na verdade não, sempre quis um irmão ou uma irmã, mas meu desejo nunca se concretizou, meus pais nunca quiseram mais um filho, pois trabalham muito e não têm tempo de cuidar de um bebê.

– Hahahahahahaha sem brincadeira, nossas vidas são incrivelmente semelhantes: meus pais não estão em casa, tipo nunca, mas têm filhos: somos em 5 pra falar a verdade!

– Como?! Você é a irma mais velha, mas cadê os outros 3?

– Estudam em um orfanato e são trigêmeos. E sim, eu tenho que ser a mais responsável, mas diríamos que não tive uma fase tao boa assim para dar como exemplo!- disse envergonhada

– Tudo bem, não vou fazer você me contar sobre isso agora, já percebi que é algo que não se orgulha muito de ter feito.

– Pode ter certeza que não, mas eu prometo que em um outro dia, contarei essa parte constrangedora da minha vida. Mas senhor Austin, você não me contou sobre a Cassidy! Estou curiosa, e sim, uma coisa que você tem que saber, eu sou muito curiosa.

– Ah, desculpe-me senhora curiosa, eu me empolguei em ser seu amigo e esqueci de contar o resto da história.- e não sei porque, isso me fez ficar corada, quase imperceptível, mas eu sabia que eu estava levemente avermelhada- bom, por causa dessa minha antiga melhor amiga, meus pais me fizeram namorar a Cassidy por 2 motivos: negócios de família e popularidade. Eles meio que não gostam do Austin pegador.- uou, ele é pegador? Acho melhor eu tomar muito cuidado com ele, morro de medo de ser iludida por caras assim, mas não sei, pra mim, ele parece ser tao diferente.

– "Austin pegador"?- perguntei confusa e receosa.

– Calma Allycia, essa fase minha já passou, eu prometo. Vou assumir uma coisa pra você, eu fazia apostas em relação a quem pegava mais meninas em uma festa, mas saiba que esse momento já passou.

– E deixa eu adivinhar, você fazia isso pra tentar esquecer sua amiga de infância, mas não deu certo e você se arrependeu?- como somos semelhantes, acho que por isso me senti segura perto dele desde o primeiro olhar.

– Como adivinhou? Bem, foi isso mesmo, mas agora o que eu mais quero é a sua amizade, Allycia, sei lá, sinto que você tem a capacidade de você mudar o mundo só com um sorriso!- meu deus, Austin consegue ser mais fofo que isso? Nem mesmo Charlie, que eu achava ser o menino mais meloso da face da terra, me disse essas coisas e a única demonstração de que havia ficado lisonjeada com essas palavras foi que eu sorri, mas não foi um sorriso tímido, foi um verdadeiro e sincero, algo que não acontecia comigo a tempos.

Pov Austin

Beleza, quem é você e o que fez com aquele menino frio e sem sentimentos que eu criei ao longo dos anos? Desde quando o Austin de hoje diria uma coisa tao clichê assim? "Sinto que você tem a capacidade de mudar o mundo só com um sorriso". Ok, quem é essa morena e o que ela está fazendo comigo? Todos os fortes construídos, todas as barreiras sendo destruídas por conta de uma menina francesa, que eu julguei ser princesinha, mas alem da aparência, não tem nada de " se achar da realeza". Eu acabei de fazer uma coisa que nunca pensei que ia contar pra outra pessoa além de Dez, contei a ela sobre Ally e vi, senti, na verdade, que ela deve ter vivido algo parecido, mas não vou forçar a barra! Conheci a menina faz menos de 24 horas, nunca e nem ninguém me fez sentir tanta felicidade e me encantou em tao pouco tempo.

– Austin, Joshua está nos chamando para tomar um café da tarde, vamos? Ai aproveito para colocar essa pestinha- que estava deitada no colo da morena- na caminha, acho que ela correu muito hahahahaha.

– Claro, vamos! Mas será que poderia ir junto com você, colocar a Sophie na cama? Não sei, me senti um pouco paternal com ela.- e Allycia só sorriu, como sempre, essa menina ainda vai encantar a qualquer pessoa, com seu sorriso único.

– Claro que pode papai Austin! Hahahahaha.

– Se eu sou o papai, você é a mamãe?- perguntei sem pensar e logo vi a morena totalmente corada.

– Er, vamos logo, ela está pesada e como você disse, não sou tão forte como você.- ela disse rindo, tentando disfarçar o nervosismo, assim como eu, que suava frio. Como essa menina me deixa assim? Tao bobo?

Depois de termos colocado Sophie em sua cama, descemos e nos sentamos para tomar o café da tarde, sendo que ficamos um de frente para o outro. Logo o mordomo, que identifiquei ser o Joshua, trouxe o chá e o suco, e logo se retirou do cômodo deixando um clima mais tenso ainda. Comiamos tranquilamente, na verdade, Allycia só esfarelava seu cupcake, então decidi chamar sua atenção. Como?! Jogando um confeito que estava sobre meu cupcake e logo a tirei de seu desvaneio.

– Ahhh, como ousa? Jogar um confeito em mim, Austin? Seu ousado!- ela disse rindo e fingindo estar com raiva, jogou um pedaço de chocolate em mim.

Logo íamos começar uma guerra de comida, mas uma mulher, que aparentava ter uns 40 anos, entrou na sala e pediu para que saíssemos antes que fizessemos uma bagunça enorme e então, obedecemos e saímos correndo para o jardim, enquanto riamos muito. E assim, o clima tenso havia se dissipado no ar. E assim me veio um pensamento na mente: Allycia é nova em Miami, não faz nem 1 semana que está aqui, eu, como seu novo amigo, sinto me responsável em mostrar a cidade pra ela, ou melhor, mostrar os meus pontos favoritos e a vontade de chama-la pra sair era enorme. Estavamos sentados na toalha sobre a grama do jardim, enquanto ela brincava com as flores que estavam no seu cabelo e então, tomei a iniciativa.

– Allycia, faz 2 dias que está em Miami não é?!- e ela assentiu- como seu novo amigo me sinto na responsabilidade de te apresentar a cidade, então, o que acha de saímos hoje? Quero te mostrar um lugar muito especial.- e a única coisa que eu vi foi o seu brilhante sorriso.

– Quer ser meu guia turístico? - ela disse divertida- Oras, é claro que eu aceito sair com você, como celebração de uma nova amizade que eu tenho certeza de que será duradoura.

É, acho que está na hora de arrumar uma nova melhor amiga, não é mesmo?!