Afrodite estava em seu templo, por incrível que pareça, sem nada para fazer. Ela e Eros, já tinham juntado todos os casais do dia, e agora, a deusa não tinha ideia do que ia fazer. "Ares está em uma batalha... O que eu faço?!"- pensou. Resolveu visitar seu marido, Hefesto, nas forjas. Ela não o via muito, na verdade, ela nunca o via! Somente nos conselhos olimpianos.

Se transportou até o trabalho dele, e disse:

– Oi, amor!

– O que faz aqui, Afrodite?- disse Hefesto estranhando a presença da esposa

– Estava no tédio e vim te visitar!

– Eu sabia!- resmungou ele

– Sabia o que, Hefesto?

– Que você nunca me visitaria por livre vontade!

– Você também não me visita por livre vontade!- disse a deusa

– Acha que eu quero te pegar me traindo com Ares de novo?!

– Como se você se importasse! Não sei por que você se casou comigo! Você só sabe ficar nas forjas, nem me dá bola! Aposto que só queria uma esposa bonita...

– E se for?- disse o ferreiro

– Que? I-isso é verdade? Só se casou comigo por eu ser bonita? N-não porque me ama?

– QUEM É VOCÊ PRA DIZER ISSO?! VOCÊ PODE SER A DEUSA DO AMOR, MAS ME TRAI! E EU SOU SEU MARIDO! BELO EXEMPLO!- gritou Hefesto

Ela nunca tinha pensado por esse lado. Ela era a deusa do amor, mas não tinha um bom casamento. E além disso, ela o traía. Não merecia ser o que era! Hefesto tinha razão. Sendo quem era, não devia fazer esse tipo de coisa. Mas Ares era legal e gentil com ela, por mais estranho que isso seja para o deus da guerra.

Já Hefesto, nunca a visitava, e pior... nunca tinha dito que a amava...

Ele a tirou dos seus pensamentos:

– Engolir a verdade dói, não é?!

– Talvez. Mas pelo menos, Ares me dá atenção!

– Se você não me traísse com ele o tempo todo, eu te daria atenção. Mas acho que ia ser cansativo, já que você é uma deusa mimada e fútil! Seria difícil te agradar!- retrucou o deus

Aquilo acabou com o emocional de Afrodite. Hefesto certamente nunca fora tão grosso. Mas ele tinha motivos. Ser traído é ruim. Mas saber disso e "não poder fazer nada", devia ser pior! (n/Hera: vocês não fazem a mínima ideia!) O fato de ela ser considerada mimada e fútil pelo próprio marido, a deixou ofendida!

– NÃO PODE ME OFENDER ASSIM!- ela já queria chorar

– SÓ ESTOU FALANDO A VERDADE!

– EU NÃO SOU NADA DISSO!- lágrimas escorriam pelo rosto da deusa

– É SIM! SEMPRE FOI! E ALÉM DE TUDO, É TRAÍRA COMO ZEUS! E NEM É FILHA DELE!- gritou ele

– SOU SIM!

– NÃO! VOCÊ NÃO É! VOCÊ VOCÊ É FILHA DE URANO! TODOS SABEMOS! VOCÊ NÃO É DESSA FAMÍLIA!!!- Hefesto não percebeu como Afrodite ficou arrasada

Ela não conseguiu mais ficar ali. Aquela foi a gota d'água. Ela odiava quando jogavam na cara dela, que ela não era filha legítima de Zeus. Mas esperava isso de todos. Menos de Hefesto, que não era de fazer essas coisas.

Foi até o jardim dos deuses. O sentia em relação a Hefesto?

Ódio? Tristeza? Ou até mesmo.... Amor?

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Em sua forja, Hefesto não conseguia mais trabalhar, mesmo que que agora, já estivesse calmo. Ele só pensava na briga que havia tido com Afrodite. Não parava de lembrar da reação da deusa: saiu correndo e chorando.

– O que foi que eu fiz?!- perguntou a si mesmo começando a se desesperar

Afrodite era sensível. A mais sensível das deusas. Estava sempre feliz, mas talvez, isso começasse a mudar depois do que tinha acontecido entre os dois. E a culpa ela dele! Fazer um comentário sobre o pai biológico de Afrodite, Urano, era uma coisa muito delicada. E Hefesto fez isso da pior forma! Estava disposto a se redimir com a esposa.

A verdade, era que ele não a visitava mesmo! Mas não porque ele não queria, ou porque não tinha vontade, e sim, porque ele tinha vergonha. Não dela. Ele sentia vergonha de si mesmo! Fora rejeitado quando nasceu, e era o deus mais feio do Olimpo. Ser casado com a deusa da beleza, levava qualquer um a estranhar tal fato. E essas pessoas o olhavam de um jeito estranho, pensando que ele devia estar obrigando a deusa a se casar com ele. No começo, foi mais ou menos isso. Mas o que ele não entendia, era que ela havia continuado casada com ele, mesmo podendo dar um basta na situação se quisesse.

De certa forma, ele ficar sempre longe dela, a levou à achar que ele não a amava. Mas não era verdade . Ele a amava. Amava Muito! Mas como não demonstrou isso nunca, Afrodite procurou alguém que realmente a amasse: Ares.

Ele decidiu que isso ia mudar! Ia deixar a vergonha de lado, e provar à ela que ele a amava!

Por isso, saiu de sua forja, e foi à procura dela. Ele a encontrou sentada em um banco do jardim, chorando. Mas sendo consolada por Apolo, que tinha o braço envolta de seus ombros tentando acamá-la.

"É Hefesto! Enquanto você não faz nada... tem gente que faz!"– pensou.